—Espero não ter chegado atrasada...

—Com certeza não.

Rapidamente a mulher se juntou ao grupo de seis pessoas espalhados confortavelmente na sala de estar. Sentou-se no pufe disponível e começaram a compartilhar suas histórias. Após ouvir duas, chegou a vez dela.

"Eu pensei bastante ontem sobre isso. Chegou a vir na minha mente uma análise do relacionamente que eu tinha e que tenho hoje com os envolvidos nas memórias. Mas esse não é foco. 

Então eu só comecei a pensar numa memória mais simples. Sem complicação. Lembrei de uma que por muitos anos fiquei pensando se foi um sonho ou se realmente aconteceu. Quando eu tinha por volta de uns 3 anos, eu costumava ficar na rede com o meu pai durante aquelas chuvas com raios. Toda vez que a gente via um relâmpago, meu pai começava a contar. Ele me explicava que assim que eu visse o relampago ou o raio em si, para eu começar a contar. Quanto mais demorado, mais distante tinha sido o raio.

Alguns anos depois eu descobri que eu quase calculava a velocidade do som.

Isso é basicamente um conjunto de memórias, porque acontecia algumas vezes. Toda vez que chovia, a gente ia para a rede ficar observando a chuva e esperando os raios.

Por ser algo meio comum, ainda tenho dúvidas se realmente foi um sonho ou se foi real: a vez que eu acordei de madrugada e vi a porta da sala aberta. Todos em casa estavam dormindo, mas o meu pai tava lá fora na rede. Ele me chamou e só deitei lá com ele até dormir de novo. De manhã eu acordei na minha cama, por isso a dúvida se foi um sonho. E como qualquer sonho, não teve muito diálogo. Não tem muita coisa de especial nessa memória, mas é realmente a minha favorita."