A Filha da Rainha Má escrita por Amanda Luz


Capítulo 5
Capítulo 5 - Esperança


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores!
Mais um capítulo, espero que gostem!
Tenham paciência que logo teremos mais enfoque na nossa Regina.



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O pequeno grupo se encontrava diante da loja de antiguidades que possuía uma leveza luxuosa e ao mesmo tempo rustica. Mas a surpresa não atingiu aquelas pessoas ao confirmarem que a loja estava fechada.  

— Vamos arrombar! - Emma disse para ninguém em especifico.  

E com suas habilidades facilmente abriu a porta, apenas para encontrar um ambiente vazio. Os artefatos ainda permaneciam quase intocados, o cofre estava aberto e esvaziado. Não havia sinal do Rumplestiltskin, o que significava que coisas ruins estavam prestes a acontecer. 

E no silencio todos se perguntavam qual seria o próximo passo.  

O seu mundo parecia girar de forma errada, ela sentia que a sua vida estava errada. Os seus olhos percorriam aquele bosque observando todos os detalhes, a brisa fria que batia em seu rosto secando as lagrimas que desciam por ele. A neve que ainda cobria o chão, as arvores com as suas folhas verdes envolvidas pela neve branca e os poucos animais que encaravam sair de suas casas em busca de alimento para sobreviver. E era o que Elizabeth estava fazendo dia após dia, sobrevivendo.  

As suas mãos apertavam com força o livro de capa dura vermelho aveludado, sem título. Ela o abriu e no verso da primeira página uma dedicatória. “Elizabeth Mills, o seu futuro será poderoso e lembrado!”, e assinado logo abaixo um “C.”, a palavra lembrada soava tão irônica em sua mente, porque ninguém se lembrava dela, ninguém estava procurando por ela. As autoridades a informavam todas as vezes que ela os procuravam para atualizações. O seu choro aumentava, a sua tristeza parecia ser acolhida por aquele lugar, o eco do seu choro e soluços soavam como uma lamuria ressoando naquela pequena vastidão de neve e verde desbotado. 

Ela folheava as páginas daquele livro que não fazia o menor sentido, muitas delas já haviam sidos escritas, outras continham desenhos em formatos estranhos, algumas mapas e localizações, e restavam algumas páginas em branco. Concluiu que aquele livro era uma espécie de diário, um bem diferente do habitual. E o que mais incomodava aquela jovem era o fato de todas as páginas terem sido escritas por ela exceto a dedicação, ela descobriu, mas escondeu o fato de todos para não piorar a situação. A maneira como foi achada e todo o contexto já eram estranhos o suficientes, e quase não conseguiu ficar com o livro, se contasse que ela havia escrito aquelas espécies de “feitiços” como o policial se referia por não conseguirem descobrir qual era o idioma ou decifrar o significado duvidava que continuaria com a única prova que tinha sobre o seu passado.  

O choro se acalmava em seu coração, e em súbito teve a sensação de ser observada, podia sentir o impacto de olhos famintos sobre si, olhos maus que emanavam escuridão. Os pelos de todo o seu corpo se arrepiaram a alertando sobre algum tipo de perigo que espreitava por entre as arvores. Ela não daria sorte ao azar, enfiou o livro na mochila e em seguida disparava em direção a sua casa.  

As suas passadas eram depressa, olhando a todos os instantes para trás, e para as arvores que pareciam envolvidas por sombras que sorriam, um sorriso estridente e devorador que se alargava à medida que a noite se aproximava, e ela chegava rapidamente. As passadas deram lugar a uma corrida, sentia que corria pela sua vida, e avistou o portal de saída no bosque. E por um instante percebeu que não corria por receio a sua vida, era novamente aquele instinto básico de sobrevivência e preservação que o seu corpo acionava automaticamente todas as vezes que parecia que iria descobrir algo sobre o seu passado. Era uma proteção involuntária que não conseguia controlar, sempre bloqueando e rebatendo aqueles trechos que a guiariam para a verdade.  

O pavor aflorou em sua face, mas não parou de correr, a sua respiração estava ofegante e cortada quando atravessou a saída do bosque, e mesmo assim não parou. Ela correu ainda que suas pernas doessem, e doíam, apenas quando atravessou a entrada da sua casa parou, e olhou uma última vez para trás, e atentou para o fato que aquela sensação de ser observada ainda estava lá, a vigiando intimamente. Entrou e trancou a porta com suas três fechaduras, mas algo gritou em seu peito que não seria nem de perto o suficiente para manter o quer que fosse longe. 

Quando deitou em sua cama o seu coração batia acelerado, a sua mente rodopiava pensamentos e questionamentos mais rápido do que conseguia organizar, e tentou em vão respirar calmamente para apaziguar o seu ser. A garota sentia que estava ficando louca, a paranoia dominando a sua sanidade, ela havia sentido várias coisas entranhas e sem explicação, mas começar a se sentir perseguida?  “É loucura, falou baixinho para si.  

E outra vez, e ininterruptamente ela se lembrou daquela mulher dos seus sonhos, o sentimento de amor que a envolvia, mas que não admitia. Não poderia admitir, não suportaria, não merecia, não poderia e não permitiria sofrer mais, ela se quebraria completamente com esse sofrimento. As frequentes perguntas surgiram como explosões em sua mente.  

Quem é essa mulher? 

“Quem eu sou? 

O que aconteceu comigo? 

Uma tontura atingiu a sua cabeça e uma ânsia o seu estomago, o quarto parecia girar, e girar, e girar. O relógio marcava quase duas da manhã, e Elizabeth tentava controlar o surto a qual estava vivenciando sozinha em seu quarto.  

Quem eu sou...?” 

Naquela noite chorou até dormir. 

Essa era a noite que daria sequencia as drásticas modificações que se sucederiam na vida dos moradores de Storybrooke, e na vida daquela garota cujos pensamentos rodopiavam dentro da sua mente em um loop infinito.  

Ela sentiu o sussurro do vento batendo em sua janela, leves batidas pedindo para entrar em seu quarto e esfriar seu corpo porcamente aquecido pelas finas cobertas. A janela desbotada tremia em protesto, e com suas estruturas fracas demais pelo tempo para resistir se entregou a aquela densa corrente de ar frio se escancarando no vazio da noite. Elizabeth se sobressaltou em sua cama com os olhos arregalados e incrédulos, permanecia sentada e ponderava se seria prudente ir até a janela ou se deveria chamar alguém, ou ainda se deveria apenas ignorar fingindo que nada de anormal havia acontecido. E indagou o que poderia acontecer em cada opção. A primeira envolvia o acontecimento sobrenatural da sua janela ter sido escancarada por um vento que nesse momento não passava de uma brisa, ela nunca viu um vento agir como se tivesse um objetivo a atingir, temia que algo estivesse a esperando do lado de fora. A segunda era desanimadora, os seus tutores jamais acreditariam em suas palavras sobre um vento magico, e ainda poderiam a acusar de mentir, uso de álcool ou drogas. E a terceira era a mais racional a ser seguida, poderia simplesmente ir dormir no sofá e fingir que aquilo tudo não passou da sua fértil imaginação, porém, também significaria fechar os olhos para a verdade, ainda que não soubesse qual fosse. E seu último pensamento foi “eu não tenho nada a perder, o que a impulsionou para a decisão final de ir até a aquela janela. 

E juntando toda a sua coragem caminhou a passos lentos até a extremidade da janela. Ela conseguia ouvir as batidas do seu coração quando parou diante daquela abertura e avistou a sombra do outro lado da rua que a encarava. Ela a encarou de volta sem desviar, sem hesitar, porque ela seria forte independente do que acontecesse em seguida, ainda que fosse seu fim. Ela olhou para aquele par de olhos que brilhavam na escuridão e percebeu que a sombra se movia, caminhava em sua direção. E diante da luz fraca que iluminava as ruas pode ver a silhueta masculina se formando, um homem de estatura padrão, cabelos pretos e olhos castanhos que mancava e contava com uma bengala para se movimentar com firmeza. E ignorando a sua aparência normal ele exalava uma escuridão que fez com que o coração de Elizabeth disparasse ferozmente outra vez. O homem parou na calçada exatamente a frente de sua janela e sorriu. Aquele sorriso congelou o seu coração, e por um segundo pensou em correr, as suas mãos seguravam com força a barra do pijama. Nenhuma palavra. Nada. Eles se encararam por alguns segundos quando enfim o silencio se rompeu. 

— Quem é você?... O que você quer!? - Ela perguntou quase em um sussurro.  

Ele apenas sorriu, e começou a soprar algo de sua mão e gesticular palavras que ela não conseguia compreender, mas aquela voz a assustava. Em sequência sentiu novamente o vento se formando em um percurso ordenado em sua direção, e dessa vez trazia algo. O ventou veio em ondulações, passou carinhosamente quase beijando o seu rosto e repousou sobre a janela o que naquele momento ela compreendeu ser uma carta. O seu rosto transparecia a perplexidade do que acabara de testemunhar, olhou para a carta a sua frente a segurando e direcionou o seu olhar novamente para o homem misterioso que fez uma leve inclinação com sua cabeça como despedida e retornou para as sombras como se pertencesse junto a elas.  

Elizabeth permaneceu imóvel encarando o exato local que o homem desapareceu. E em suas mãos a carta. O envelope era simples em seu tom branco amarelado e não dizia nada. E com muita contradição ela se afastou da janela e abriu o envelope retirando uma folha rustica que mais parecia um pergaminho. E leu aquelas palavras mal podendo acreditar que era real. 

Querida Elizabeth, 

Está na hora de voltar para casa!” 

 Rumple  

Acordou assustada, as estrelas ainda enfeitavam o céu noturno. A sua janela estava fechada, intacta e o vento uivava timidamente do lado de fora. Ela não soube dizer se tudo não passou de um sonho ou se efetivamente a loucura havia atingido o seu equilíbrio mental por sentir que aquilo foi real. E todos os seus pensamentos se desmancharam quando percebeu que segurava o pequeno pedaço de pergaminho em sua mão.  

“Está na hora de voltar para casa”, ela não sabia quantas vezes havia lido aquelas linhas que diziam tudo e nada respectivamente, e sentada em sua cama com as pernas cruzadas fitava sem desviar daquela carta.  

A racionalidade não estava funcionando, não havia explicação para justificar um bilhete que recebeu em seus sonhos por um homem misterioso e mágico estar ali, diante dos seus olhos.  

Ela não sabia o que fazer.  

A única certeza que pulsava em seu coração era que o homem do seu sonho conhecia exatamente quem ela era, e ela sabia precisamente onde o encontraria. Não sabia como, apenas sabia.  

Ele sabe quem eu sou! Ele realmente sabe quem eu sou? 

A sua mente dizia para rasgar aquele pedaço de papel inútil e esquecer, a fatalidade era eminente se seguisse por aquele caminho. Ela imaginou uma matéria de jornal dizendo: adolescente encontrada morta em bosque depois de dias. E talvez demorasse um pouco mais visto que aquele bosque era tampouco frequentado. Ele deve ser um louco tentando se aproveitar da situação, utilizando minha vulnerabilidade para me atrair, pensou tentando fielmente se convencer. 

Se eu fosse levada, alguém notaria? 

“Ele pode saber algo... 

Em contrapartida, o seu coração gritava fervorosamente para que não desperdiçasse a sua única chance de descobrir a verdade. Ela sempre soube que era diferente, e que sentia as coisas diferentes, o seu mundo não era aquele. Ela sentia com cada pulsar do coração que não pertencia aquele lugar. O seu lar não era aquele rodeada de pessoas que não se importavam com ela, ou com quem ela era. Tudo que queria era encontrar o seu lugar no mundo. 

Voltar para casa... 

As lagrimas começaram a se formar ao imaginar ter as respostas da sua vida, entender o que aconteceu em seu passado. Entender a dor e amargura que fazem morada no seu coração, e as trevas que a mergulham em um mar de solidão e angustia.  

Ela desejou com todo o seu coração que significasse o fim daquilo tudo. E mais do que tudo, o seu coração implorava para descobrir quem era a mulher com quem sonhava todas as noites. Elizabeth não sabia, mas a sua escolha naquele momento definiria o resto de sua vida.  

Os primeiros raios do sol despontavam no céu quando apressadamente Elizabeth terminava de arrumar a sua mochila, a decisão havia sido feita.  

Casa... 

E sorriu. Naquela noite não havia dormido. E ainda sim, sonhou novamente o mesmo sonho, mas dessa vez com olhos vibrantes, cheios de vida e esperança. Esperança.  

Casa! 


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Notas finais do capítulo

Obrigada de coração por cada um que está acompanhando!!
Deixem os seus comentários, galera!



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