Passaram-se três dias desde que Alyssa tinha sido levada para o Hospital. Sua mãe fazia questão de ficar, mas no entanto passava apenas poucas horas com sua filha dentre seu horário apertado de professora. Snape por outro lado agradava ela com doces e livros que eram também enviados pela sua mãe. A menina imaginava diariamente o dia em que realmente poderia ser livre, para andar com sua família ao invés de ter que fingir para as pessoas ao redor sobre seu pai, garantindo a sua própria segurança.
  Um vazio profundo se abria dentro de Alyssa conforme os dias passavam, acordava mais cedo do que o costume devido aos pesadelos frequentes com sua irmã, o que fazia a contar até dez, respirar fundo e levantar da cama resmungando xingamentos baixos para não acordar as pessoas ao seu redor, ela continuava a fazer isso até no dia em que a Molly Weasley entrou em êxtase pelo quarto.
 — Olá, minha querida, como você está se sentindo?
 — Muito bem senhora Weasley — cantarolou Alyssa enquanto tentava ajeitar uma posição confortável na maca estranhamente dura.
 — Fico feliz em ouvir isso, querida — se aproximou com olhar tão materno que Miller se sentiu acolhida diante desse gesto — tenho uma surpresa para você.
 Um cabelo ruivo surgiu assim que entrou no quarto, o sorriso simpático no rosto, e as diversas sardas no rosto comprova que ele é um Weasley, mas Alyssa podia jurar que a pele dele está mais bronzeada e o corpo bem mais corpulento desde a última vez que eles se viram, ela não hesitou, correu em sua direção e o abraçou, e se arrependeu assim que sua dor no corpo insistiu em aparecer novamente devido ao esforço.
 — Bom, vou visitar uma amiga no quarto ao lado, se precisar querida é só me chamar.
 — O que você aprontou dessa vez?
 — Parece que alguém não gosta muito de mim e ousou envenenar meus chocolates — ela deu de ombros enquanto encarava o menino — mas alguém me ensinou a não ligar para isso, e foi o que eu fiz, vemos que não deu certo, não é mesmo Carlinhos?
 — Você é uma pessoa maravilhosa demais para ligar para a opinião dos outros, além do mais, estamos falando de uma Capitã da Corvina e monitora, só alguém sem juízo faria isso com você! Por acaso descobriram quem foi?
 — Não, mas pode ter certeza que quando descobrirem, é melhor essa pessoa não estar perto de mim.
 — Desde quando se tornou tão vingativa assim? Aly que eu conheço não falaria isso!
 — As pessoas mudam Carlinhos, e definitivamente eu não sou mais a menina de quatro anos atrás — explicou Alyssa enquanto caminhava até a janela — o que você fez durante esses anos?
 Dentre todas as perguntas que ela ensaiava para esse momento, com certeza essa não fazia parte da lista. Apesar de saber da resposta decorada, fez o possível para manter se manter atenta e escutando pacientemente, mas fez uma anotação mental em repreender Fred e Jorge na próxima vez em que eles começarem a falar sobre o irmão mais velho, ela sorriu diante desse pensamento. Por Merlin! Como ela está com saudades do caos que era sua vida em Hogwarts com eles.
 — ...Mas então papai ganhou o prêmio anual da loteria do profeta diário, e viajamos ao Egito, foi muito bom sair da Romênia um pouco.
 — Fred e Jorge me mandaram uma enorme carta, dizendo como tinha sido a viagem e fizeram questão de mostrar o jornal com a foto de vocês.
 — E como eu estava?
 — Decididamente lindo, lógico que agora você parece estar com mais cicatriz do que antes — comentou segurando o braço do menino e passando a mão sobre cada cicatriz até que ela parou ao ver a mais recente — tem certeza que gosta do que faz Carlinhos? Você era um apanhador tão incrível.
 — Isso é inegociável Alyssa — a voz dele soou rouca mas delicada ao mesmo tempo conforme ele brincava com os cabelos de Miller — Nessas férias vou vim ver a Copa Mundial de Quadribol, esse é o máximo que eu vou fazer pelo quadribol.
 Alyssa observou ele mais uma vez, e tentou de alguma forma argumentar contra Carlinhos, mas em vez disso memórias surgiram em sua cabeça a fazendo lembrar de como acabava as discussões deles, o que a fez gargalhar e se controlar para não acordar os outros pacientes.
 — Vejo que você não mudou nada, é o mesmo cabeça dura de sempre — ela falou tirando um sorriso dele.
 O sorriso tão tímido que a fez corar, encarou o chão por um milésimo de segundos e se lembrou de Cedrico, ela enrijeceu diante desse pensamento, uma das últimas pessoas que tinha visto antes de a mandarem para o Hospital, nenhuma carta, durante esses dias. Alyssa sentia a falta de estar distraída e ser surpreendida pelo seus abraços e beijos nos intervalos da aula, receber o sorriso durante a aula quando ela se animava em responder os professores, e os estudos interrompidos na biblioteca pela as perguntas curiosas dele.
 — Aly?
 — Desculpe, me distraí, o que estava falando?
 — Vamos nos ver na Copa de Quadribol? Diz que sim Alyssa, quero ver a sua cara quando a Irlanda ganhar.
 — Ah é? Agora vou fazer questão de ir, a Irlanda não tem o Vitor Krum.
 Ele riu com escárnio, o que fez Alyssa mostrar a língua. Carlinhos saiu da sala sem antes murmurar algo como: “Até logo.” e ela agradeceu imensamente por ele ter ido, e voltou sua atenção para o livro deixado, pela sua mãe, em cima da sua mochila. Não era um dos que seu pai fazia questão que ela lesse, a capa com detalhes delicados em azul compunha o preto fosco do livro, as páginas amareladas igual ao sol no alvorecer soavam como a mais bela canção. Ela folheou, mas assim que chegou na primeira página analisou a letra que já está bem familiarizada e sorriu.

…………….

Assim que Carlinhos fechou a porta, suspirou aliviado. Ver Alyssa tinha se tornado prioridade assim que ele saiu de Hogwarts após uma longa reunião com o Dumbledore que revisava os últimos detalhes do torneio, mas ele não esperava que aquela sensação aparecesse novamente.
 Por Merlin, como ela estava linda!
 Ele tentou evitar em analisar o modo delicado como ela andava e o brilho em seus olhos que parecia dançar em meio a tantos sentimentos, ou como ela realmente mudou desde a última vez que eles tinham se visto. Conforme Carlinhos caminhava pelos corredores, o cheiro de suave de lavanda ainda estava presente em sua blusa o que faz ele fechar os olhos e recordar de cada momento.
 Quando por fim, ele finalmente procurava desesperadamente por um papel e caneta naquele hospital, a fim de escrever uma carta aos seus irmãos mais novos, querendo saber mais sobre Alyssa. Franziu a testa ao se questionar se teria outra pessoa pela qual ela está apaixonada e torceu para que não estivesse, pois já não conseguia pensar em outra pessoa a não ser ela.