Em Notting Hill, um bairro do distrito de Kensington e Chelsea, em Londres, o som das pessoas conversando e buzinas de carros na rua fizeram Joseph Alwyn despertar de seu sono. Abriu os olhos com dificuldade e olhou para o relógio ao lado de sua cama, 8:40 AM, hora de levantar. Após tomar seu banho e cuidar de sua higiene matinal, Joseph desceu as escadas de sua pequena casa indo em direção a cozinha preparar seu café da manhã. A mesa estava arrumada, sinal de que seu colega de “quarto”, Robert, já havia saído. Após preparar seus ovos mexidos e café preto, Joe, como gostava de ser chamado, sentou-se e começou a ler o jornal de todas as manhas.

— Mais um dia cheio de tragédia, que surpresa! – disse em tom de ironia.

Após ler as noticias, acabou parando na coluna de fofocas e algo lhe chamou atenção. “Taylor Swift, atriz americana premiada, esta em Londres! A queridinha de Hollywood está filmando seu próximo longa, “Orgulho e Preconceito... e ZUMBIS”!”, Joe revirou os olhos e balançou a cabeça.

— Para que estragar um livro tão bom?! – exclamou para si mesmo com certo rancor.

Leu mais algumas coisas sobre a família real, o novo álbum de uma banda inglesa em ascensão e era isso, hora de ir trabalhar. Joe trabalhava na livraria da família e era quem gerenciava o lugar desde que seu pai faleceu. Ela ficava a poucos minutos de sua casa e, como todo sábado, passou pela feira de rua do bairro, onde se vendia frutas, compotas, biscoitos feitos em casa com receitas de família, coisas artesanais, flores e tudo mais que você possa imaginar. Comprou alguns biscoitos e seguiu seu caminho.

The Notting Hill Book Shop era a velha livraria que estava na família Thompson a quase três gerações, possuía uma fachada azul índigo e o nome escrito em preto e dourado, duas vitrines expondo os best sellers do momento e uma porta que fazia barulho de sininho quando abria. Por dentro era antiga, mas muito bem cuidada, cheia de prateleiras recheadas de livros sobre tudo o que se pode imaginar e possuía um segundo andar com estoque, cozinha e era onde Joseph e seu pai restauravam os livros. Bom, agora era só Joe e seu único funcionário, Thomas, um jovem de 17 anos.

— E ai chefe, tudo beleza? – falou o rapaz saindo de trás de uma prateleira assim que ouviu o sininho da porta. Sua principal função ali era atender os clientes e, claro, organizar os livros que eles tiravam do lugar.

— Bom dia Thomas – respondeu Joe com um sorriso simpático. – Ó, seu café da manhã! – e lhe entregou os biscoitos que acabara de comprar.

— Opa! Já falei que você é o melhor chefe do mundo? – disse o jovem já abrindo o saco de papel cheio de biscoitos caseiros e Joe riu enquanto o observava.

— Vá pra cozinha comer, não quero que você atenda os clientes de boca cheia – falou com falso tom autoritário e seguiu para o balcão do caixa, onde passava a maior parte do tempo em que estava na livraria.

Enquanto esperava o computador iniciar, foi ajeitando alguns documentos e recibos que haviam ficado fora do lugar ontem. Notting Hill era um lugar relativamente turístico, então eles recebiam uma ótima quantidade de clientes, especialmente no verão, que era o caso. A grande maioria estudantes em intercambio ou pessoas de mais idade e às vezes as coisas ficavam bem bagunçadas.

 – Oh céus, onde foi que deixei aquela porcaria... – resmungou Joe. – Thomas, você viu a minha agenda? – gritou do primeiro andar e ouviu um “NÃO” em resposta. – Merda!

Enquanto procurava sua agenda nas gavetas do balcão e murmurava sozinho, escutou a porta da frente abrir e fechar. Levantou-se rápido e bateu a cabeça na parte mais alta do balcão. MERDA!, exclamou novamente.

— Jesus, você está bem? – perguntou uma voz suave e preocupada. Era ela.