Segunda chance para o nosso amor escrita por Denise Reis


Capítulo 4
Capítulo 4




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Desde que as buscas do Castle foram interrompidas por ordem da polícia, Kate reservava uma parte do seu dia para ficar com a Alexis.

Conversar e abraçar a Alexis se equivalia a um remédio poderoso, pois o sorriso e a vivacidade daquela criança a fortalecia.

Kate se sentia da mesma forma com relação a Martha. As duas estavam juntas nesta tarefa de cuidar da Alexis. Na verdade, uma fortalecia a outra.

Logo no início, Kate e Martha decidiram não contar a Alexis sobre o sumiço do pai da garota, pois ambas tinham certeza que ele estava vivo. Preferiram dizer que ele estava em viagem do lançamento do livro e como a adolescente de doze anos não tinha por hábito assistir noticiário de TV, não tinha acesso a revistas de fofoca ou de notícias ou mesmo encontrava pessoas estranhas, então não teria como saber sobre o desaparecimento do pai.

Depois do sumiço do Castle o relacionamento entre Kate e Martha, que sempre foi bom, ficou melhor ainda e Martha tinha a detetive como se fosse sua filha e o inverso também aconteceu muito rapidamente e pareciam mãe e filha, já que Kate amava os conselhos e o jeito leve de ser da idosa.

Quase todos os dias, Kate também ia desabafar com a mãe.

Kate até comentara com Martha que sua mãe era do mesmo jeito: forte, dinâmica, extrovertida, comunicativa e muito altruísta.

Deste modo, a detetive se sentiu confiante para revelar sobre seu amor pelo Castle e, para surpresa da Beckett, a sorridente senhora ruiva dissera que já sabia daquele amor.

— Ah, querida, desde que eu percebi o modo como você olhava para o meu filho, eu sabia que era amor.

— Mas nem eu mesma sabia que o amava... Além do mais, eu era tão ríspida com ele, Martha... Até peço desculpas...

— Minha criança... – Martha deu um sorriso maternal para a detetive – Ele se queixava comigo da forma que você falava e ralhava injustamente com ele. Algumas vezes eu presenciei isso aqui em casa, mas eu sou muito atenta aos olhares, aos trejeitos e a respiração das pessoas, principalmente quando se trata de quem eu amo e logo vi que seu modo de falar e brigar como ele não passava de uma proteção sua... Seu jeito quase rude de tratar o meu filho era fruto do seu medo em revelar seu amor para um homem como ele, que antes de te amar, tinha uma vida amorosa muito desregrada e com uma vasta lista de mulheres.

— Estou pasma com a sua capacidade de percepção aguçada, Martha!

— Ah, Kate, uma mulher digna e desinteressada como você, jamais se arriscaria a se entregar a um homem com um passado assim tão conturbado... E foi o que você fez. Você tentou afastá-lo de todo jeito. Você não corria atrás dele. Ele que corria atrás de você e até moveu céus e terra para te seguir no seu trabalho, diariamente. Mas sabemos que isso nunca acontecia com as outras que ele encontrava por aí afora... Todas se jogavam sobre ele. Todas interessadas na conta bancária do meu filho e louquinhas para terem os quinze minutos de fama ao aparecerem em fotos e reportagens das diversas revistas de fofoca, ansiosas para fazer parte da vasta lista de casos amorosos dele.

A expressão de ciúmes de Kate não passou despercebida a Martha.

— Ah, darling... – Martha ficou sensibilizada com a situação – E você morria de ciúmes de todas elas, eihm... Ainda é visível o ciúme... Até hoje.

 - Acho que “raiva” seria uma palavra mais adequada. – Kate retrucou e logo começaram a rir, só que o sorriso de Kate foi, aos poucos, se transformando em choro e as lágrimas desciam livremente pela sua face.

— Eu morro de saudades dele, Martha, e ainda não consegui me perdoar... ainda morro de raiva de mim por não ter tido coragem de mostrar, pelo menos um pouquinho, que eu gostava dele, só para quebrar aquele gelo e, quem sabe, ele abriria o coração dele para mim...

— Então, você está me dizendo que se você tivesse dado uma chance para o meu filho, ele abriria o coração para você...

— Sim, Martha...

— E você acreditaria nele, querida? – Martha indagou de modo bem maternal.

Kate ficou pensativa, mordeu os lábios, franziu a testa e deu um olhar encabulado para a idosa – Acho que não... Na verdade, eu acho que eu daria uma bronca nele.

Kate sorriu só de pensar na bobagem que faria e as lágrimas cessaram.

— Eu sou mesmo uma idiota, né?

— Não, querida! – Martha piscou o olho para a moça – Acho que “tolinha” seria uma palavra mais bem empregada! Aliás, vocês são dois tolos! – Martha afirmou e as duas deram boas risadas, sendo que Kate ria e chorava – Eu sempre aconselhei meu filho a se declarar, mas vocês dois são muito teimosos e medrosos.

— Você fala do Castle sempre no presente, Martha...

— Você também, querida. – Martha concordou.

— Sou igual a você, viu, Martha... Eu acredito que ele conseguiu nadar até uma das praias desabitadas e está tentando de todo jeito sair de lá. Ele é muito inteligente e tem ideias incríveis. Ele vai conseguir chegar até nós... Mas não significa que eu vou ficar esperando...

— Você não vai ficar esperando? — Martha a interrompeu — Como assim...

— Eu não vou ficar esperando sentada. Eu vou atrás dele. – Kate explicou.

— Entendo... – Martha mostrou-se entristecida – Não sei se concordo com essa sua devoção eterna ao meu filho, querida. Tudo bem que você ainda acredita que vai encontra-lo. Lógico que eu também acredito nisso, até porque, como mãe eu quero fazer a mesma coisa. Mas o que pesa, é saber que já se passaram cinco meses... Acho que você ainda é muito nova e deve procurar um novo amor...

— Você está falando sério ou está me testando, Martha? – Kate falou meio triste.

— Estou falando sério, querida. Ele é meu filho e eu nunca vou desistir dele, mas você é uma jovem... Eu seria louca se concordasse que você ficasse procurando eternamente por ele. Logo você vai desistir dele.

— Desistir do Castle? – Kate arregalou os olhos e encheu o peito de ar, demonstrando expectativa e confiança – Jamais! – ela falou firme, levando alegria aos olhos de Martha.

— Mas... – Martha tentou falar, mas foi interrompida pela jovem.

— Sei que tenho que obedecer às ordens do Comissário de Polícia e não posso fazer as buscas sozinha pelas praias da região dos Hamptons, mas, como cidadã, eu posso me valer do meu direito de ir e vir e, obviamente, posso muito bem fazer muitos passeios naquelas praias mais isoladas para me divertir, catar conchinhas, conversar com as pessoas, perguntar sobre os moradores novos, pessoas feridas que apareceram por lá nos últimos meses... – Kate deu uma piscada de olho para Martha, de forma divertida, com os olhos brilhando de amor e esperança.

— Hummm! Acho que alguém aqui anda vendo muito filme de náufragos. – Martha brincou com Kate – Mas estou gostando das suas ideias.

— Eu vi o modo como o barco ficou, Martha. Não entendo muito desses assuntos, pois sou detetive de homicídios, no entanto, acredito que o Castle pode, sim, ter se machucado quando isso aconteceu, sei lá... Mas sei também que ele não entregaria os pontos assim tão fácil. Eu e ele já passamos por muitas situações difíceis durante as investigações dos casos de homicídios, algumas até inacreditáveis, como cenas de filmes, e sempre nos salvamos, todas as vezes com as ideias brilhantes do seu filho. Ele é o homem mais inteligente que conheço. Ele é o máximo!  Acredito que ele está vivo. Está próximo o meu período de férias e vou passar os trinta dias fazendo essa busca, não como policial, mas como uma turista que quer conhecer novas praias. – ela sorriu.

— Boa ideia! Ficaremos na casa dos Hamptons e durante o dia faremos as buscas.

— Isto mesmo que eu estava pensando, Martha.

— Essa é a Detetive Beckett incansável, brilhante, corajosa, firme, teimosa e vibrante por quem o meu filho se apaixonou e não queria desgrudar os olhos. – mas logo ficou preocupada – Mas querida, não acho que seria bom você se entregar assim, de corpo e alma nesta busca pelo meu filho, pois, infelizmente, ele pode estar mort...

Kate colocou as mãos nos seus ouvidos e a interrompeu – Nem quero ouvir esta palavra, Martha, por favor! – Kate retirou as mãos dos ouvidos – Óbvio que eu sei que você fica preocupada de eu perder meu tempo e minha juventude nesta busca, mas te juro que eu vou me esforçar para saber o momento de parar. Mas te juro também, que vou me empenhar ao máximo para encontrar o seu filho que, como eu já disse, é o amor da minha vida. E eu vou dar o meu melhor, não somente porque eu quero ver a Alexis e você felizes. Eu vou fazer isso também porque eu preciso e quero viver este amor. A vida vai nos dar esta segunda chance e eu vou agarra-la com unhas e dentes. Ah, se vou!

A partir daquele momento o convívio entre as duas ficou ainda mais próximo e saudável. Martha sempre a convidava para passar os finais de semana no loft. Alexis adorava a presença de Kate. Elas se davam super bem.

Kate disse a Martha que nunca se separaria dela e da Alexis.

Lembrando-se do pedido que Castle fizera pouco tempo antes de desaparecer, Kate buscou um jeito de tocar no assunto com Martha sem que a idosa ficasse magoada.

Em uma noite de sábado, logo depois que Alexis dormiu, Kate deu um jeito de falar sobre aquele assunto delicado com Martha.

— Martha, sem querer invadir sua privacidade, mas já invadindo... eu sei que você costuma viajar com seus alunos para apresentações das peças, então eu me disponho a passar mais tempo aqui para você continuar fazendo isso. Eu poderia até passar um tempo aqui, caso você e a Alexis não se incomodassem.

— Eu adoraria, querida... E a Alexis então... Maravilha!

— Durante o dia eu trabalho na Delegacia e à noite você vai para suas aulas de teatro enquanto eu fico com a Alexis. Quando for necessário, você viajaria tranquila. Eu e a Alexis somos muito ligadas uma a outra e não teria problema algum. Então, Martha, qual a sua opinião sobre isso?

— Ah, minha criança! Eu já disse. Adorei!

— Devo confessar que certa vez o Castle falou que, na ausência dele, ele gostaria que eu te ajudasse a cuidar da Alexis... – os olhos de Kate e de Martha encheram-se de lágrimas – Preciso confessar que eu ralhei com ele por causa disso, claro, né, senão não seria eu... Eu achei o tema muito mórbido! Mas depois ficamos bem. Eu briguei com ele porque achei o assunto muito agourento. Só que hoje eu vejo que fazer o que ele pediu seria a coisa mais normal do mundo para mim. Não vejo isso como uma coisa difícil. Lógico que preferia fazer isso ao lado dele. Só que no momento ele não está aqui, então, se você permitir, eu posso te ajudar a cuidar da Alexis até o Castle retornar. Depende de você, Martha. O que é que você me diz, eihm...

Emocionada, Martha ficou sem fala, mas logo se recuperou – Eu já disse, querida. Maravilha! Achei esta ideia ótima e concordo. Você pode, inclusive, ficar com o quarto do Richard... – Martha piscou o olho para a moça – Pena que ele ainda não vai estar lá com você, querida.

— Martha! – Kate ficou rubra, mas logo sorriu. No entanto, o sorriso foi se desfazendo e a tristeza tomou conta da moça e ela começou a chorar. Passou as mãos nos olhos para enxugar as lágrimas – Sim, pena que ele não está lá...

 

Mesmo comovida, Martha tentava animar a jovem – Katherine, não devemos nos desanimar! Força!

— Verdade, Martha. Eu tenho que me fortalecer e te ajudar a não desanimar e o mesmo deve acontecer com você. Uma fortalecendo a outra.

— Isso! Tenho certeza que meu filho vai aparecer e que vocês serão muito felizes e... – Martha franziu a testa e se emocionou – ... E sou capaz de apostar que vocês formarão uma linda família, e darão uns dois ou três irmãozinhos para a Alexis. 

Limpando as lágrimas que desciam pelo rosto, Kate deixou escapar um sorriso de felicidade ao se imaginar naquele sonho de Martha – Deus te ouça, Martha! – ela deu um longo suspiro sonhador ao passar as mãos pelo abdome reto e depois expressou sua vontade de vivenciar aquele sonho – Deus te ouça, Martha, que muito em breve esta barriga vai abrigar seus netinhos!

— E eu aqui pensando que você era cética...

— Pois é... – Kate deu uma risada e fez uma careta divertida – Veja como são as coisas... Quando o Castle desapareceu eu me peguei fazendo uma oração, acredita? No começo, eu confesso, que fui muito dura com Deus e até o desacatei. Mas depois eu fui abrandando meu modo de falar. Abri meu coração para Deus e quando me dei conta já estava pedindo para Ele encontrar o Castle para mim, para a Alexis e para você, Martha e, lógico, falei que o Castle é um homem jovem que tem muita coisa para viver ainda. Eu confessei a Deus o meu amor pelo Castle e implorei que eu precisava declarar o meu amor a ele. Falei também que precisávamos viver juntos este amor. Do fundo do meu coração eu pedi uma segunda chance para o nosso amor.

Ao término do relato de Kate, Martha novamente estava com os olhos cheios d’água. Estavam passando por dias difíceis onde a saudade e a incerteza estavam sempre presentes.

— Eu já passei da metade da história e já vi e vivi coisas que Deus duvida. Já encenei peças com textos intensos e cheios de nuances fortes e inimagináveis... Enredos de estilos variados... guerra, comédia ou de amor. No entanto, eu te juro que ainda não tinha visto nada parecido com a força do seu amor pelo meu filho, nem mesmo na ficção, onde o amor acontece com mais facilidade, mais leveza e tudo se resolve com uma simplicidade incrível. – Martha passou as mãos pelas lágrimas do seu próprio rosto – Já está tarde, minha jovem. Estamos cansadas. Eu preciso me recolher. Que tal você ir dormir também, eihm. Vá para o quarto do Richard e ao se deitar na cama dele, que um dia, se Deus quiser, será de vocês, faça suas orações, querida, porque eu vou subir para o meu quarto e tenha certeza que vou ter uma conversa muito franca com Deus e vou virar meu coração pelo avesso e Ele há de saber a importância do meu pedido... Do nosso pedido. Deus é bom, querida, e devemos confiar nEle. – Martha deu uma piscada de olho para a detetive.

— Você é incrível, Martha!

Martha e Kate se apoiavam – Sabe, Katherine, eu criei o Richard sem a ajuda de ninguém. Ele podia não ter brinquedos ou comer comidas sofisticadas, mas, consegui bolsas de estudo para que ele estudasse em excelentes escolas. Mesmo muito ocupada, ensaiando e encenando peças, eu consegui passar para ele a importância dele não se envolver com más companhias. Uma luta, viu, mas acredito que fiz um bom trabalho, pois ele se tornou um homem digno, honrado e um ótimo pai de família. Sempre tive que matar um leão por dia e nunca tive tempo para chorar minhas derrotas, mas confesso que estou cansada. E o desaparecimento do meu filho é algo muito maior do que tudo que eu já sofri. Impossível eu não sofrer. Impossível eu segurar todas as lágrimas.

— Você é uma guerreira, Martha! Castle teve sorte de ter uma mãe como você, Martha, e eu me considero afortunada por poder estar aqui e receber toda essa energia maravilhosa que emana de você.

Abraçaram-se e depois dos cumprimentos de despedida, com votos de uma ótima noite de sono, Martha encaminhou Kate para o quarto do Castle e logo se retirou para ir para o seu próprio quarto.

Antes de dormir, Kate fez orações, pediu pelo Castle e prometeu a si mesma que no dia seguinte iria falar com a mãe.

Sempre que podia Kate ia se desabafar com a mãe, mas, neste período difícil, ela estava indo todos os dias. 

Johanna Beckett sempre fora uma mulher intensa, forte, sábia, inteligente, corajosa e sempre tivera comentários estimulantes. Ela sempre soube, como ninguém, dar força para Kate continuar a seguir em frente e driblar as adversidades.

Katherine Beckett precisava da mãe.

 

 

... Continua...

 

 


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Notas finais do capítulo

Muita tenção, né, e muita adrenalina... eu sei.
Para seu coração não ficar muito ansioso, decidi postar 5 capítulos de uma só vez... Então, que tal você me presentear com um comentário para cada um dos capítulo, eihm?
#SóUmPedido


Em 26/04/2020, às 02:58



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