Avalon escrita por Strife
Tomoyo, Masumi, Mitsuru e Kai dirigiram até o local que Higashi havia indicado. Ao chegarem lá, viram que era um prédio de 6 andares, que estava com algumas luzes ligadas e outras apagadas. Havia uma única janela no último andar, e conseguia ver uma silhueta de alguém que parecia estar olhando por ela.
— Lá está ele. - Tomoyo apontou pra última janela.
— Lá está o que? - Perguntou Masumi.
— Na janela. Tenho certeza que é o Higashi ali. Ele está esperando pela gente. - Disse ela.
— Bom, não vamos perder tempo. Não da pra saber o que ele pode fazer com o Kentaro. - Disse Kai.
Tomoyo abriu a porta da frente, e viu que o primeiro andar estava vazio, e totalmente escuro. Eles andaram até uma escada e subiram para o segundo, dali ouviram algumas vozes, e uma delas era bem familiar para a jovem. Ela abriu a porta, e encontrou um bando de capangas, junto com um homem que ela conhecia muito bem.
— Kaito?! - Disse Timoyo, surpresa. - Quer dizer que seu chefe é o.....
— Não acreditou quando eu disse que meu chefe era perigoso, né? - Disse Kaito, segurando uma espada diferente da outra. - To vendo que trouxe uns amigos junto com você.
— Quem é esse cara, Tomoyo? - Perguntou Kai.
— É um maluco qualquer, que não consegue ganhar uma no pôquer.
— Em circunstâncias comuns eu me estressaria com isso, mas agora é diferente. Dessa vez, eu vou rir por último, e não você!
— Essa frase é bem clichê, mas se você diz.... - Ela entrou em posição de luta. - Só saiba que, se entregar o Kentaro, nós vamos embora e vocês ficam com todos os seus ossos intactos.
— Isso não é negociável. Se o chefe manda, eu tenho que fazer. É assim que funciona. - Kaito apontou sua espada para ela, e avançou.
Ela desviou do golpe, e acertou um chute em Kaito. Masumi usou suas pistolas e atirou em dois capangas, cujas balas deram uma descarga elétrica que os derrubou. Kai avançou contra um deles com a parte de trás de seu machado, que não era afiada, e os derrubou com um só golpe. Mitsuru acerta um capanga na perna com seu cano, e Tomoyo aproveita pra finaliza-lo. Kaito ataca Mitsuru, que bloqueia a espadada com o cano, e acerta um chute em sua barriga, seguido por um soco de Tomoyo. Kaito corre para o andar de cima, e eles o seguem. Ao chegarem lá, haviam mais 4 capangas, e Kaito aproveitou essa distração para subir ao próximo andar. Kaito usou o foguete de seu machado para dar um golpe que acertou 2 capangas ao mesmo tempo, os jogando na parede com força. A jovem avançou contra um dos capangas com um soco forte em seu peito, que o jogou para longe, e em seguida acertou um chute no rosto do último capanga. Eles correram para o próximo andar, e encontraram Kaito em uma das salas.
— Chega de fugir, Kaito! - Gritou Tomoyo.
— Belo grupo que você tem ai, garota. - Kaito parecia estranhamente confiante.
— Você já tá me irritando! - Disse Kai. - Larga logo essa espada, ou você não vai segurar mais nada com essa mão, nunca mais.
— Ameaças? Cuidado com o que você diz, garoto. - Kaito apontou a espada para Kai.
Kaito pressionou um botão no cabo da espada, que ninguém havia notado, e ela começou a se modificar. O tambor de um revólver surgiu em seu cabo, e um cano apareceu logo abaixo da lâmina. Tomoyo correu e empurrou Kaito, o tirando da linha de fogo. Kaito atirou, mas errou. Ele então mirou em Tomoyo, e atirou novamente. Ela desviou, e saltou em sua direção. Kaito desviou de seu golpe, e tentou acertar um golpe nela. Ela se abaixou antes que tivesse sua cabeça decepada, saltou e acertou um chute giratório em seu rosto. Kaito se recuperou e tentou atirar na jovem varias vezes, e quase a acertou. Masumi atirou em suas costas, e Kaito ficou atordoado. Mitsuru acertou um golpe em seu rosto, seguido de um chute de Tomoyo no seu peito. Ele se recuperou rapidamente e mirou em Mitsuru. Tomoyo conseguiu tirá-lo do caminho também, e decidiu acabar com aquilo logo antes que algo de pior acontecesse. Ela lançou varias rajadas de eletricidade seguidas de chutes rápidos em seu rosto, enfim o nocauteando com um forte chute finalizador.
— Droga, saudades de quando ele mal acertava um soco. - Disse a jovem.
— Onde ele arranjou uma porra de uma espada dessas? - Perguntou Kai.
— Não faço ideia. Só o Miles conseguiria fazer algo desse tipo, ou talvez alguém da Stigma.
— Acha que ele ou o Higashi tão com a Stigma também? - Perguntou Masumi.
— Que tal perguntarmos para o chefe em si? - Disse Masumi.
— É uma boa ideia. Vamos logo pro quarto andar e acabar com isso de uma vez. - Disse Tomoyo.
Os 4 subiram, e encontraram 4 capangas novamente. Tomoyo decidiu os derrubar rapidamente, pois não queria perder tempo. Porém, ouviu varias pessoas subindo as escadas, e imaginou que reforços haviam chegado. Tinham mais de 10 homens ali, e conseguiu ouvir ainda mais subindo.
— Pod deixar eles com a gente. - Disse Kai.
— Mas...tem certeza? - Perguntou Ryoko.
— Nós seguramos eles. A prioridade é salvar o Kentaro, não é? Faça isso por nós! - Gritou Masumi.
— Ta, vocês que sabem. - Disse Tomoyo. - Só tomem cuidado, e não sejam capturados! Chega de sequestros por hoje.
Ela subiu para o último andar, e notou que ele estava vazio. Haviam apenas 2 salas ali, e resolveu ir na que ficava no fim do corredor. Ao abri-la, encontrou Higashi e Kentaro. Os dois sentados em cadeiras de escritório, porém Kentaro estava amarrado e com uma mordaça na boca, e Higashi sentado com as pernas cruzadas, quase caindo no sono. Seus olhos brilharam ao vê-la, e ele se levantou rapidamente.
— Ai está você. - Disse Higashi, com um sorriso no rosto. - Tive tanto medo de demorar a te ver novamente, ou de até nunca mais vê-la, mas você está aqui agora.
— Realmente precisava colocar o Kentaro no meio? - Perguntou Tomoyo. - Achei que você quisesse a mim, não ele.
— Tem razão. Eu não poderia me importar menos com esse garoto inútil, mas ele se voluntariou para servir de isca, e não pude recusar uma oferta tão tentadora. Fez isso em troca da vida dos amiguinhos dele.
— Então, ele veio aqui de livre e espontânea vontade? - Ela perguntou, olhando para Kentaro.
— Pra mim soou tão ridículo quanto esta soando pra você, mas sim, foi escolha dele.
— Sendo assim, eu vim até aqui a toa. - A jovem se virou para a porta, e andou em direção a ela.
— Espera, o que você ta fazendo?! - Perguntou Higashi, confuso.
— Ora, achei que ele tivesse sido sequestrado, foi por isso que eu vim até aqui. Se ele esta aqui por querer, então só perdi meu tempo vindo pra cá. - Ela se virou para Higashi, olhando no fundo de seus olhos.
— Mas que merda você tá falando?! - Higashi notou que Tomoyo estava com um pequeno sorriso em seu rosto, e parecia estar zombando dele. - Por acaso ta zuando com a minha cara?!
— Desculpa, mas eu não aguento. - Tentou segurar o riso, mas não conseguiu. - Você ao menos consegue ouvir o que você tá falando? Fala como se fosse um vilão de alguma história em quadrinhos, sequestrando pessoas pra atrair o "mocinho" até uma armadilha. Foi só eu quebrar seu joguinho, que agora você tá com essa cara de tacho. É de dar dó.
— Bem, eu não sou o único que fez uma jogada dessas essa noite, muito menos o único que usou isso contra você. - Higashi tentava fingir que as palavras de Tomoyo não haviam o afetado.
— O que quer dizer com isso?
— Bem, eu posso te contar, e talvez o povo lá de cima queira mesmo que eu te conte isso logo, mas, pra que estragar a surpresa agora? Devíamos continuar aquilo que começamos antes, e dessa vez pra valer.
— É exatamente isso que eu estava esperando. - Ela entrou em posição de combate.
— Dessa vez, eu prometo a você, isso vai doer e muito.
— É bom manter suas promessas.
Higashi lançou um soco contra Tomoyo. Ela o aparou, e deixou sua guarda aberta. Ela atingiu um chute em sua barriga, seguido de um soco em sua bochecha. Higashi avançou, e tentou acertar alguns golpes. Um deles acertou o nariz da jovem, e a fez cair no chão. Ela se levantou rapidamente e acertou um chute no rosto de Higashi como contra-ataque. Ele a segurou pelo braço, e tentou quebrá-lo. Teria conseguido, se Kentaro, enquanto ainda estava amarrado, não tivesse acertado um chute em sua perna. Isso deu uma abertura para que Tomoyo se soltasse e acertou um soco em seu peito. O soco o deixou tonto, e ela aproveitou para acertar um chute certeiro em seu rosto, ouvindo algo estralar, ou quebrar. O chute o jogou sentado na cadeira, e as rodinhas o fizeram girar por quase toda a sala. Ele se levantou, um pouco tonto, e agarrou aquela cadeira e tentou acerta-la com ela. Desviando dos golpes, Tomoyo agarrou a cadeira e a tirou das mãos de Higashi, e o atacou com ela. A cadeira se despedaçou com a força da pancada, e Higashi caiu no chão. Ele se levantou com dificuldade, e se jogou em sua oponente. Ele já tinha feito isso antes, e Tomoyo soube como evitar o golpe. Ela apenas deu um passo para o lado e acertou um chute nas costas desprotegidas de Higashi. Ele quase caiu, se agarrando na parede como apoio. Ela tentou tentou finaliza-lo com um chute, que caso acertasse, o faria bater a cabeça com tudo na parede. Higashi saltou para trás e desviou, fazendo com que a garota chutasse a parede. Ela aproveitou que já estava apoiada ali, e se impulsionou usando seus poderes, se jogando na direção de Higashi. Ela acertou um chute certeiro em seu nariz, e ouviu algo quebrar. Para sua surpresa, isso não fez Higashi desmaiar, muito menos cair no chão. Ele agarrou Tomoyo enquanto ela estava com a guarda baixa, e acertou uma cabeçada nela. Enquanto ela estava tonta pelo golpe, Higashi acertou um soco em seu rosto, e tentou lançar um chute. Ela conseguiu bloquear, e decidiu acabar com aquilo de uma vez. Rapidamente, ela o agarrou pelo pescoço, e o lançou pra cima. Enquanto Higashi estava no ar, Tomoyp acertou rápidos chutes que o mantiveram "voando", e enfim finalizou com um chute final que o jogou com força na parede. O golpe o fez bater as costas, e abriu um buraco no concreto.
— É, manteve a promessa. - Ela limpou o sangue que saía de seu nariz. - Dessa vez doeu.
— Ah...é? - Disse Higashi, tentando se levantar.
— Agora, que tal manter a outra promessa? - Tomoyo agarrou Higashi pela gola da camisa. - O que você quis dizer com aquilo?
— Aquilo....o quê?
— Você sabe. "Não sou o único usando essa jogada", o que quis dizer com isso?!
— Eu não sei se deveria falar. - Disse Higashi.
— Ah, você vai falar. - A voz de Kai veio da porta que abria. - Nos atrasamos?
— Não, chegaram na hora certa. Soltem o Kentaro, eu me resolvo com ele. - Disse Tomoyo. Kai, Masumi e Mitsuru foram até Kentaro para desamarra-lo.
— Agora, que tal falar? Ou então, meu amigo com o machado pode ter uma conversa com você.
— Merda, não tenho escolha né? - Falou Higashi. - Bom, viu a espada nova do Kaito, né?
— Sim, o que tem ela? - Perguntou a jovem.
— Um homem chamado Miles a produziu, a mando da Stigma.
— Miles?! A mando da.....Stigma?!
— É, mas pelo que eu soube, ele fez elas por livre e expontânea pressão. O coitado tá sendo mantido em algum lugar daquele prédio enorme. Soube que vocês dois tem alguma relação, é verdade?
— Merda, isso só pode ser brincadeira! - Disse Tomoyo, soltando Higashi.
— Ei, e como fica - Higashi foi cortado por um forte soco no rosto, que o desmaiou na hora.
— Já ouvi sua voz o suficiente pra essa noite. - Disse a jovem, se levantando. - Ei, Kentaro. Você tá legal?
— Na medida do possível. - Ele respondeu. - Ei, foi mal, ok? Eu que fiz você vir aqui, eu não devia.....
— Relaxa. Você preferiu proteger seus irmãos ao invés de proteger uma garota que conheceu a menos de 5 horas. Fez o certo, não precisa se culpar. - Disse Tomoyo, com um sorriso amigável no rosto.
— Uh....é, tem razão. - Kentaro ficou vermelho ao vê-la sorrindo pra ele. - Ok, já chega disso tudo, né? Quero ir embora daqui logo.
— Nem me fale. A gente lutou contra um exército pra chegar até você, Kentaro. Tá me devendo uma rodada quando as coisas acalmarem. - Disse Kai.
— Ei, eu salvei a pele de vocês varias vezes também! Quem deveria receber algo em troca aqui sou eu!
— É, mas nenhuma dessas vezes se compara a essa. - Disse Mitsuru. - Considero esse evento em particular uma grande exceção, pelas circunstâncias dele. - Seu olhar se voltou para Tomoup.
— O quê? Ta falando de mim? - Disse ela. - Qual é, gente! Eu sou uma pessoa normal, igual a vocês.
— Uma pessoa normal que solta raios das mãos. - Respondeu Mitsuru.
— É, ok, chega desse papo. Bora sair desse lugar de uma vez, e cuidado com o peso morto no chão. - Disse Tomoyo, andando para a porta. Ela passou por cima do corpo de Higashi, mas "acidentalmente" acabou pisando em sua mão com força. - Opa, foi mal.
— Essa garota é mais maldosa que nós 4 juntos. - Disse Masumi.
— Nem me fale. - Respondeu Kai.
— É por isso que eu amo ela. - Disse Kentaro, sem pensar. Ele automaticamente tapou a própria boca ao dizer isso.
— Como é que é? - Disse Kai, surpreso.
— Como se alguém tivesse dúvidas. - Riu Mitsuru
Kentaro se levantou da cadeira e correu pra fora da sala, e os outros o seguiram. Resolveram não comentar sobre aquilo, pelo menos não naquele momento, mas não conseguiram conter sua surpresa e suas risadas.
Alguns minutos depois
— E agora, mais uma vez, alguém foi sequestrado e precisa de ajuda.
— Qual é, já é a terceira só essa noite. Se isso aqui fosse um livro, eu diria que o autor não tem nenhuma criatividade.
— Pois é, mas o fato é que eles sequestraram um amigo meu dessa vez. Bom, amigo não, talvez tio, padrasto, sei lá. Preciso tirar ele de lá logo antes que decidam se livrar dele.
— E nós vamos - Disse Kentaro, sendo cortado por Ryoko.
— Vocês vão junto, é, eu imaginei. Não queria que fossem, na verdade nunca quis que se envolvessem comigo ou com o Miles, é perigoso demais.
— Quem é esse tal Miles, afinal? - Perguntou Kai. - Na verdade, quem é você, Tomoyo? A gente não sabe praticamente nada de você até agora.
— É, acho que devo algumas explicações a vocês, né? - Ryoko apertava suas mãos uma contra a outra com força, deixando claro sua ansiedade.
— Ei, sabe que não precisa falar, né? É um direito seu. - Disse Kentaro.
— Não queremos que se sinta pressionada, né Kai? - Disse Mitsuru, o encarando com um olhar de reprovação.
— Eu sei, eu sei, mas eu quero contar. Nunca contei isso pra ninguém, e agora vou contar pra pessoas que eu conheci não fazem nem 5 horas. - Disse a jovem, e sua frase acabou arrancando risadas de todos.
— Então, quando quiser. - Disse Kai.
— Ok, ok. Meu nome é Tomoyo, Tomoyo Arakaki. Eu sou filha de Yusuke Arakaki, o grande herói da guerra.
— Yusuke Arakaki?! Espera, O Yusuke Arakaki?
— É, ele mesmo. - Disse ela.
— E sua mãe? Eu me lembro de ter ouvido o nome dela em algum lugar. - Disse Kentaro. - Mako...Maki....
— Makoto. Makoto Tanimura. Ela morreu ao me dar a luz, e meu pai acabou me criando sozinha.
— Complicações no parto? - Perguntou Kazuma.
— É, mas não foram complicações comuns. No nono mês de gestação, ela foi atacada por Yuke Arakawa. Sim, o homem que tentou acabar com essa dimensão inteira.
— Eu vi imagens desse cara nos noticiários, o olhar dele assombra meus pesadelos até hoje. - Disse Masumi. - Eu queria estar brincando, mas é verdade.
— Enfim, agora a história fica estranha. Yuke Arakawa era, na verdade, meu pai. Bom, na outra dimensão, claro. Digamos que aquela dimensão tinha alguns valores trocados. Quem é bom nessa nossa dimensão, na outra era o completo oposto, sendo uma pessoa muito ruim. Esse era o caso de Yuke. Enquanto meu pai queria ajudar o mundo, Yuke queria o destruir. Eles travaram varias batalhas, se tornaram inimigos mortais, e o ataque contra minha mãe foi quase como uma vingança. Após isso, meu pai supostamente o matou. Porém, como todos sabem, ele voltou quase 20 anos depois, muito mais poderoso, usando como fonte de seu poder, e até seu suporte de vida, um artefato que o dava a habilidade de distorcer a realidade como bem entendesse. Ele tentou tomar essa dimensão para ele, e isso resultou na grande guerra, que todos sabem como acabou. Yuke foi finalmente morto, e meu pai se sacrificou para o derrotar.
— E, como seu pai se tornou esse grande herói? Ele chegou a te contar, né? - Perguntou Kai.
— Sim, ele me contou. Meu pai, em sua juventude, era um soldado da empresa Zeta, uma grande corporação que vendia tecnologia avançada e, supostamente, protegia toda a região. Sua base era na cidade de Big Square, que agora não passa de escombros em uma grande cratera. Naquela época, ele conheceu minha mãe, Miles, Shun, e outros de seus amigos, que ficaram junto dele até o fim. O diretor da empresa, Raymond Becker, escolheu seu melhor soldado para participar de um certo experimento, que prometia começar uma nova linha de evolução para o ser humano. Claro, meu pai foi escolhido, e esse experimento o deu poderes de super-velocidade, atrelados a uma certa manipulação do vento.
— Assim como você, né? - Disse Anne.
— É, bom, não diria que minha velocidade chega ao nível da do meu pai, na verdade eu to bem abaixo dele nesse quesito, apesar do relâmpago ser mais rápido que o vento. - Respondeu Tomoyo. - O experimento acabou não dando tão certo, pelo menos foi o que Raymond acreditou, e meu pai ouviu falarem que o colocariam em um sono criogênico, já que estava sabendo demais, e poderia atrapalhar caso vazasse alguma coisa. Meu pai conseguiu escapar antes que isso acontecesse, e começou a ser caçado pela Zeta. Após conseguir fugir, ele e um grupo de soldados, que incluíam Miles e minha mãe, se rebelaram contra Raymond, e ali iniciou-se uma batalha que durou por quase 20 anos, que teve um fim na grande guerra que quase destruiu o mundo. Algo que eu nunca soube ao certo, e nem meu pai ou Miles quiseram me contar, era como Yuke veio até essa dimensão. Esse é um mistério que nunca me foi revelado.
— E quanto aos seus poderes? Como conseguiu eles? - Perguntou Anne, mesmo já sabendo da resposta.
— Eu.... - Ela não conseguia falar, e Anne se arrependeu de ter feito a pergunta.
— Raymond Becker morreu na guerra, né? - Perguntou Mitsuru, tentando continuar a discussão, notando que Tomoyo estava abalada. - E então a empresa Zeta se tornou a Stigma, e o resto é história.
— Basicamente, é isso. Os amigos do meu pai foram embora depois de tudo isso, e eu fiquei morando com o Miles, o melhor amigo do meu pai. Sabe de uma coisa? Eu sempre tive raiva do Miles, ele nunca me deixava sair sozinha e não me deixava em paz, nunca mesmo. Porém, não era culpa dele. Meu pai pediu para que ele me protegesse, e foi isso que ele tentou fazer. É sua tentativa de honrar o último pedido de seu melhor amigo.
— Seu pai devia ser uma pessoa incrível. - Diz Anne, que estava quase chorando. - E o Miles também parece ser incrível. Você precisa salvar ele enquanto der tempo! Sabe-se lá o que vão fazer com ele!
— Isso mesmo. - Diz Kentaro. - E nós vamos junto!
— Isso aí! - Diz Kai, Mitsuru e Masumi. - Você nos ajudou a salvar o Kazuma e o Kentaro, é o mínimo que podemos fazer.
— Eu iria junto, mas infelizmente não estou em condições pra isso. - Diz Kazuma. - Mas, pode me colocar na próxima missão.
— Pode deixar. - Responde a jovem.
— Já chegamos muito longe pra abandonar o barco agora. O que importa foi que você nos contou a verdade, Tomoyo. Quer saber de uma coisa? Você tem potencial pra superar seu pai, e se tornar a maior heroína do mundo. É o que eu acho, pelo menos. - Diz Kentaro.
— Vai começar com discurso motivacional agora? - Disse a jovem, debochando do que Kentaro falou. - Eu não quero ser uma heroína, só queria poder viver em paz, apenas isso, mas parece que os problemas me perseguem, é como uma maldição na família. - Ela se lembrou de algo. - Ei, Kentaro, ainda não te entreguei a sua arma, né?
— Arma? Espera, quer dizer que eu vou ganhar uma também?!
— Não deixaria você de fora, né?
Todos, com exceção de Kazuma, saíram da casa, e andaram até o carro. Tomoyo pegou novamente sua mochila, e tirou a arma de lasers de dentro dela, e a entregou para Kentaro.
— O que achou? - Ela perguntou.
— O que dizer? Me sinto realmente um soldado do futuro, atirando lasers por ai. - Diz Kentaro.
— Ei, Mitsuru. Acho que no prédio da Stigma você terá bastante utilidade pra esses óculos. Lá praticamente tudo é automatizado, pode acabar sendo útil. - Disse Tomoyo.
— Assim espero, já cansei de ser o único cuja arma é um cano enferrujado. - Respondeu Mitsuru.
— Ei, e quanto a mim?! - Perguntou Anne. - Eu não ganhei nada até agora!
— Bom, não tinha nada que você pudesse usar, infelizmente. Mas, quando o Miles voltar, ele vai fazer algo especialmente pra você. O que acha?
— Ok, me convenceu. E sabe que eu vou junto, né?
— Ora, jura? Isso é uma surpresa pra mim. - Diz Tomoyo, em um tom irônico. - Bom, essa é a última chance de vocês desistirem, pessoal. Quando entrarem nesse carro novamente, não tem mais volta. E ai?
— Já sabe a resposta, né? - Diz Kentaro.
— Então, chegou a hora. - Diz a jovem, com um tom determinado em sua voz.
—
— E agora, eles estão vindo até aqui para tentar resgatar Miles. - Diz Becker.
— Então, tá esperando o que? Prepare a festa logo, porra! Anda, eles devem chegar rápido. - Disse Satsuki(Mikasa)
— Será que posso usar minha invenção? Fiz alguns ajustes, acho que dessa vez vai funcionar. - Pergunta Becker, parecendo ansioso.
— Ta, faz o que quiser. Ah, e avise seu amiguinho que eles estão vindo.
— Fala do Takumi? - Perguntou Becker.
— É, ele mesmo. Acho que ele vai querer se preparar para quando chegarem.
— Pode deixar, madame. Vou avisar. Se me der licença. - Becker saiu da sala.
Satsuki se sentou em sua cadeira, e apenas esperou. Aguardou pacientemente até que Tomoyo e a gangue chegassem, e enfim, começassem a grande festa. Ela esperou a noite toda por isso, e finalmente ocorreria.
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