Avalon escrita por Strife


Capítulo 15
Capitulo 15




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 Satsuki largou a garota, e olhou para a porta aberta do elevador, que ficava no segundo andar. Dali, saiu a pessoa que ela tanto queria ver. Tomoyo, que enquanto descia as escadas, olhou primeiro para seus amigos caídos no chão, e depois virou-se para Satsuki. As duas se encararam por longos 10 segundos, esperando que enfim alguma atacasse primeiro. Porem, Satsuki apenas sorriu. Sua aparência a deixava desconfortável, uma mulher alta, magra, longos cabelos brancos, um sorriso torto e olhos amarelos animalescos que a seguiam por toda a sala.

 

— O que achou da nossa festa? - Perguntou Satsuki(Yuko). - Fizemos tudo exclusivamente pra você.

 

— Bom, não se compara com meu aniversário de 10 anos, mas tá quase lá. 

 

— Conhecendo o Becker, ele deve ter te contado tudo, né?

 

— Sobre vocês estarem atrás da safira? É, ele me contou.

 

— Imaginei. E o que fez com ele? Matou o pobre rapaz?

 

— Não, pelo menos não dessa vez. Ele escapou. 

 

— Escapou....ou você deixou ele escapar?

 

— Ele escapou, obviamente. Acha que eu deixaria ele fugir?

 

— Bem, você tem um histórico de não finalizar seus oponentes. Higashi, por exemplo. Se você tivesse o matado, seu amigo Kentaro não teria sido sequestrado, e seus problemas teriam sido cortados pela metade. Aliás, você não o finalizou na segunda vez também, né? Saiba que ele vai vir atrás de você de novo. 

 

— O que quer dizer com isso? Tá falando que eu sou fraca, mole, algo assim?

 

— Claro que não....na verdade, é, isso mesmo que eu quis dizer. Jesus, você não é nem 10% do que seu pai era. 

 

— Não é como se eu quisesse ser igual ele. - Retrucou Tomoyo. - Então, já chega dessa discussão, né? Se quiser lutar, é só falar.

 

— Eu quero, mas antes disso, me ouça.

 

— Não. - Ela respondeu.

 

— Por favor, vai ser rapidinho. 

 

— Huh....tá, que seja.

 

— Nós não somos os caras maus, Tommy.

 

— Droga, esse apelido pegou pro resto da minha vida, né?  E não me vem com esse papo, não vai colar.

 

— To falando sério. Eu e Becker não queremos exatamente a mesma coisa que o falecido Raymond queria. Nossa intenção não é criar uma ditadura e mandar no mundo inteiro.

 

— Bom, é exatamente isso que fizeram com essa cidade, não é? Se isso aqui não for uma ditadura, então seus conceitos são bem diferentes dos meus.

 

— Nós queremos apenas obter a safira para proteger nossa dimensão de outras ameaças, e de uma possível segunda guerra. Aposto que não quer que algo daquele tipo ocorra novamente, quer?

 

— Cala a boca.

 

— Nos ajude, Tommy. Com a sua ajuda, nós vamos tornar esse mundo melhor pras pessoas viverem. Elas vão viver em paz, harmonia, não terão que se preocupar com dinheiro, comida, nem nada do tipo. O planeta se tornará o lugar perfeito pra se viver. - Satsuki estendeu sua mão para ela. A forma de falar de Yuko, uma de suas personalidades, era capaz de convencer quase todos, e quase convenceu Tomoyo por um segundo, até ela perceber a besteria que estava ouvindo. 

 

— Cala a boca! - Acertou um soco em seu rosto, e ela caiu para trás. - Eu conheço esse papinho. É sobre o tal Projeto Avalon, não é? Bem, adivinha quem criou isso? Raymond Becker, o homem que você mesma disse que não se igualava. É, ele dizia que iria criar um mundo perfeito, sem falta de recursos, assim como a lenda da ilha de Avalon falava. Mas, as intenções dele eram o completo oposto. Ele só queria liderar a humanidade, e ter tudo que ela tinha de melhor para si. Bom, eu diria que essa cidade representa exatamente tudo que ele queria. O sonho do papai do Becker se realizou, e estamos dentro dele nesse exato momento.

 

— Qual é, Tommy, você sabe que não é verdade. Claro, a cidade tem o mesmo nome do projeto, essa foi a intenção, mas as coisas saíram do controle.  Nós só estamos atrás de um mundo perfeito, e se for necessário, as pessoas irão sofrer por isso sim!

 

— Ah, é? Quer ajudar as pessoas fazendo elas sofrerem?

 

— Elas irão sofrer, para que no futuro possam viver decentemente. É um pequeno preço a se pagar, e vai valer a pena.

 

— E enquanto isso, quem está em busca dessa "vida perfeita" tá sofrendo? Acho que não, né? Da uma olhada nesse lugar. Metade da mobília desse saguão daria dinheiro o suficiente pra alimentar a cidade toda por anos e anos. Mas, pra que se importar com eles, né?

 

— Como espera que façamos uma mudança dessas sem recursos? O mundo gira em torno do dinheiro, Tommy. É assim que o mundo funciona.

 

— Bom, não é assim que o meu mundo funciona. Aquela mineração toda, é pra encontrar a safira, né?

 

— Até onde sabemos, após a morte de Yuke, ela sumiu do mapa. Estivemos detectando grandes fontes de energia vindas do subsolo por esse continente. Acreditamos que alguém a enterrou, e bem fundo. Só não sabemos quem.

 

— Seria uma pena se eu atrapalhasse vocês com isso, né?

 

— Ah, não seria não. Qual a graça de conseguir as coisas sem obstáculos? Aliás, vai fazer isso só pra me provocar, ou por querer "salvar o mundo"?

 

— Pra que eu salvaria o mundo? Ele só tirou coisas de mim até agora. Eu só......não quero te dar o gostinho de vencer.

 

— Você..... - Tomoyo notou o olhar de Satsuki ficar distante. - Você é incrível, Tommy. - Sorriu Satsuki(Mikasa).

 

— É, eu sei. - Ela provocou. - Bom, mas já chega disso, né? Eu vou levar os meus ami......eu vou levar esses muleques embora, ok?

 

— Ah, vai? Tem razão, você vai. Mas antes....- Ela puxou sua faca de seu bolso. - Não vai embora da festa sem cantar os parabéns, né?

 

— Huh, sei. Devia ter imaginado. Então, se eu ganhar, podemos ir embora?

 

— Se ganhar, eu deixo vocês em paz até passarem pela porta da  frente. Dali, meus homens decidem o que vão fazer. Combinado? 

 

— Melhor que nada. - Tomoyo entrou em posição de combate. 

 

— Sendo assim..... -  Um grande sorriso se formou em seu rosto. - Vamos acabar a festa com estilo, Ryozinha! - Ela gritou, a plenos pulmões.

 

Acabou esboçando um pequeno sorriso, e Satsuki avançou com um golpe focado em seu peito. Tomoyo desviou por pouco, e tentou acertar Satsuki com um chute. Ela desviou rapidamente, sem ao menos ver o golpe, e a atacou novamente. Ela desviou das facadas, e tentou acertar outro golpe. Satsuki bloqueou seu chute com sua própria perna, fazendo o mesmo movimento que Tomoyo fez. Ryoko deu um salto pra trás, e reavaliou a situação. Era claro que a presidente da Stigma seria uma lutadora formidável, e ela não devia esperar menos.

 

— Parece estar se divertindo. - Tomoyo comentou.

 

— Tá brincando? Isso é o que eu sempre quis, é um sonho realizado! - Satsuki riu.

 

Ela avançou, e enfim conseguiu acertar um chute no rosto dela. Satsuki deu um passo pra trás, e revidou com um chute idêntico. Ela enfim conseguiu acertar uma facada em Tomoyo, que tentou desviar, e acabou levando o golpe em seu braço esquerdo. Mais um segundo, e o golpe acertaria seu coração em cheio. Ignorou a dor e empurrou Satsuki, fazendo a faca sair de seu braço, e sangue escorrer por ele. Ela correu em sua direção, e tentou acertar varios golpes, que emanavam um pouco de eletricidade. Satsuki conseguiu desviar de todos, e tentou acertar uma facada no rosto de Tomoyo. Ela desviou movendo sua cabeça pro lado, e segurou o braço de Satsuki. Em um movimento curto e rápido, ela arrancou a faca de suas mãos e a jogou pra longe.

 

— Uma luta justa é bom as vezes, sabia? -

 

— Tem razão. Qual seria a graça de não usar minhas mãos com voce?

 

Satsuki lançou varios socos e chutes rápidos, que Tomoyo mal conseguia acompanhar. Acabou sendo pega em uma sequência deles, e levou varios chutes no nariz, peito, e barriga. Caiu no chão, quase cuspindo sangue, e de repente foi levantada por Satsuki, cuidadosamente. 

 

— A luta ainda não acabou, Tommy! - Ela exclamou.

 

Tomoyo sorriu, e avançou contra Satsuki novamente, seus dentes brancos realçavam o sangue em sua boca. Ela carregava seu poder aos poucos, e seus cabelos lentamente se espetavam, enquanto seus olhos começavam a brilhar. Aquilo parecia dar um prazer bizarro para Satsuki, que não parava de dar pequenas risadas enquanto via sua oponente brilhar como uma lâmpada acesa. Enfim descarregou tudo agarrando Satsuki pelo pescoço, e acertando uma sequência interminável de socos em seu rosto. Foram aproximadamente 500 socos antes de enfim finalizar com um chute giratório no ar, que acertou Satsuki em cheio no rosto, e a jogou com força no chão, quebrando muito mais que apenas o porcelanato do chão. Tomoyo, enfim, descansou um pouco.

 

— Acha que.....acabou? - Questionou Satsuki.

 

— Já contei até 3, e você não levantou. Em termos técnicos, eu sou a campeã. - Disse Tomoyo. Satsuki demorou um pouco a responder, e notou que seu olhar estava distante novamente.

 

— Bem, não é assim que funciona. - Disse Satsuki(Yuko). - Isso só acaba quando uma das duas morrer.

 

— Não quero matar você, Stigma. Não me obrigue a - Ela foi interrompida.

 

— Ah, você vai me matar sim! - Satsuki(Mikasa) alcançou sua faca que estava no chão, se levantou, e a colocou na mão de Tomoyo. - Vamos lá! Você ganhou, agora me finalize! 

 

— Droga, eu não quero matar você! - Gritou Tomoyo, olhando no fundo de seus olhos. Ela foi a primeira que olhou para os verdadeiros olhos de Satsuki sem ter medo, e isso a deixou, ao mesmo tempo, animada e irritada.

 

— Precisa de um empurrãozinho? Pois que seja então.

 

Satsuki, em um movimento rápido, arrancou a faca da mão de Tomoyo, e antes que ela percebesse que o objeto havia sido retirado de suas mãos, ela a cravou com força em seu ombro direito. Ela gritou de dor, e Satsuki esboçou novamente aquele sorriso torto e sarcástico. Antes que revidasse, as duas ouviram o som de uma moto, e notaram que Masumi, Mitsuru, Kai, Kentaro, Miles e Anne não estavam mais ali. Ao mesmo tempo, ouviram um carro vindo da entrada. Sincronizadamente, viram Kentaro, pilotando sua moto roubada, vindo direto da sala de exposições, correndo em direção a Satsuki, e o carro de Miles invadindo as portas do edifício, pilotado por Masumi. Kentaro jogou a moto com tudo em Satsuki que, com o impacto, voou até o balcão da cafeteria, bateu as costas nas prateleira, e caiu no chão, atrás da bancada. 

 

— Sentiu minha falta? - Perguntou Kentaro, com um sorriso no rosto.

 

— Na verdade, não. - Respondeu ela, retirando a faca de seu ombro e a jogando no chão.

 

— Tá, eu tava esperando por essa. Mas, se tem alguém que estava sentindo falta, era eu da minha amada motinho! - Disse Kentaro, abraçando o guidão dela.

 

— Ei, Tommy! Entra logo, precisamos ir! - Gritou Masumi.

 

Tomoyo desistiu de reclamar do apelido, e apenas aceitou ele. Teria questionado Masumi estar pilotando o carro, mas se lembrou que Miles estava ali dentro também, portanto, caso algo acontecesse, não seria culpa dela. Ela viu Satsuki se levantar, e as duas se encararam uma última vez, antes de Ryoko entrar no carro, e eles enfim fugirem daquela grande fortaleza. 

 

— Então você vai me impedir, Tommy? - Disse Satsuki, que caiu na gargalhada logo em seguida. - To ansiosa pra te ver de novo.


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