O Véu Negro escrita por ZibettaLiv, KittyDr


Capítulo 3
Sala Comunal.




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P.O.V. Ravena Castellyn.

Eu odiava esperar. Ficar ali parada, em frente às enormes portas do meu tão sonhado Salão Comunal, era uma tortura. Noah, ao meu lado, parecia ter o mesmo pensamento que eu. Me peguei pensando aleatoriamente se Neji estava bem, se haviam cuidado direito dele ou cuidaram deles igual cuidavam das malas (coitado, iria aparecer morto no meu quarto). Tentei me acalmar e pensar em outra coisa, olhando em volta as outras pessoas que me cercavam.

Tão ansiosas quanto eu. Eram tantas crianças que comecei a imaginar se faria amizade com alguma delas - e não sabia dizer se sim. Era muito introvertida com pessoas que não conhecia e, só de pensar naquele monte de gente amontoado no mesmo lugar, comecei a me sentir pior. Isso tinha que começar logo!

Como se ouvisse minhas preces, o Sr. Flitwick, um meio-duende baixo com os cabelos bem grisalhos, voltou sorrindo ao anunciar que estava tudo pronto. Ele abriu as portas e entramos. E valeu a pena esperar: era melhor do que eu imaginava!

Além da beleza do céu estrelado com a lua que brilhava alegremente, além das nuvens que fazia com que tudo parecesse tão real, ainda possuía as velas que sobrevoavam sem ajuda de nada além da magia. As quatro mesas eram enormes, cheias de alunos trajando as vestes de sua casa; as cores eram fortes e, em cima das mesas, havia algo como um fogo que brilhava de acordo com a cor de sua casa.

Em frente estava a mesa dos funcionários e, antes dela, subindo alguns degraus, havia dois banquinhos; um ficava mais afastado e outro exatamente no meio, com um chapéu velho em cima. A minha animação era tanta que nem prestei atenção em tantas pessoas que nos observavam.

Quando nos acomodamos em sua frente, o chapéu começou a cantar. O Sr. Flitwick subiu no outro banquinho, provavelmente para que todos o vissem

 

“Ah, vocês podem me achar pouco atraente,

mas não me julguem pela aparência

Engulo a mim mesmo se puderem encontrar

Um chapéu mais inteligente do que o papai aqui.

 

Podem guardar seus chapéus-coco bem pretos,

suas cartolas altas de cetim brilhoso

porque eu sou o Chapéu Seletor de Hogwarts

E dou de dez a zero em qualquer outro chapéu.

 

Não há nada escondido em sua cabeça

que o Chapéu Seletor não consiga ver,

por isso é só me porem na cabeça que vou dizer

em que casa de Hogwarts deverão ficar.

 

Quem sabe sua morada é a Grifinória,

casa onde habitam os corações indômitos.

Ousadia e sangue frio e nobreza

destacam os alunos da Grifinória dos demais;

 

Quem sabe é na Lufa-Lufa que você vai morar,

onde seus moradores são justos e leais

pacientes, sinceros, sem medo da dor;

ou será a velha e sábia Corvinal,

 

A casa dos que tem a mente sempre alerta,

onde os homens de grande espírito e saber

sempre encontrarão companheiros seus iguais;

ou quem sabe a Sonserina será a sua casa

 

E ali fará seus verdadeiros amigos,

homens de astúcia que usam quaisquer meios

para atingir os fins que antes colimaram.

Vamos, me experimentem! Não deverão temer!

 

Nem se atrapalhar! Estarão em boas mãos!

(Mesmo que os chapéus não tenham pés nem mãos)

porque sou o único, sou um Chapéu Pensador!”

 

A cantoria acabou e todos no salão bateram palmas. Flitwick avisou que chamaria nomes, que colocaria o Chapéu Seletor em suas cabeças e os designaram para suas casas. Eu sabia que para muitos aquele era o momento mais esperado, entretanto para mim não fazia diferença. Aceitaria qualquer casa com prazer, só estar ali já era algo ótimo e, claro, todas as casas tinham coisas boas para oferecer. Só esperava ficar na mesma de Noah (como não havíamos conversado sobre isso, não sabia qual a Casa que ele queria).

E, assim, a Seleção das Casas começou. Não prestei atenção nos nomes chamados, que nada me traziam. Logo no começo, ouvi chamarem Noah.

— Belmonte, Noah - anunciou.

Ele pareceu travar, talvez de nervoso, e dei um pequeno empurrãozinho para que ele andasse e foi mais que suficiente. Subiu as escadas com sua cabeça erguida e sua pose de superior que, até aquele momento, não havia percebido o quanto era natural.

O chapéu ficou dois minutos em sua cabeça antes de anunciar:

— Grifinória! - E ele correu para a casa designada. Aplaudi junto com todos os Grifanos sentados naquela mesa com chamas vermelhas, feliz pelo meu amigo.

E, não muito tempo depois, ouvi o meu nome.

— Castellyn, Ravena!

Subi sem pensar duas vezes e quase saltitando. Sentei no banco e Flitwick colocou o chapéu velho em minha cabeça. A primeira coisa que pensei é se tinha piolhos, o que não foi muito educado, percebi após o chapéu reclamar em minha mente:

“Piolhos?” Sua voz mental parecia chateada. “Oh, vejo que tem talento, uma vontade de brilhar, capaz de seguir por qualquer meio para mostrar o motivo de estar aqui.... astuta, pelo que vejo, então não tenho dúvidas onde por você, mocinha”.

E, sem eu pensar em mais nada e em menos de um minuto, o chapéu já se pôs a gritar para todo o salão:

— Sonserina! - A mesa verde se pôs a aplaudir, não com tanto clamor como a da Grifinória, mas não fazia diferença para mim.

A única coisa ruim era não conhecer ninguém.

A seleção continuou e só anotei nomes que me atraiam atenção; em outras palavras, famosos. Alice Longbottom foi para a Lufa-Lufa, Alvo Potter me fez companhia na Sonserina (causando muitos murmúrios) junto com Scorpius Malfoy, ambos se sentaram na minha frente. Lorcan Scamander, que me chamou bastante atenção com seus cabelos loiros e olhar distante, foi para a Lufa-Lufa; Lysander Scamander, praticamente iguais se não considerar o brilho no olhar, foi para a Corvinal. Rose Weasley foi animadamente para a Grifinória.

Antes de jantarmos, McGonagall nos convidou para cantar o hino de Hogwarts. Eu o sabia de cor, então não tive problema, mesmo que percebesse o tanto que aquele povo era desafinado, dando uma dor nos meus ouvidos e alma. Ao terminar e darem nossa comida depois de avisos que eu igualmente não dei atenção, comi o máximo que consegui - o que não foi muito com a barriga cheia de doces.

Não demorou para o jantar terminar e sermos convidados a nos retirarmos. Eu esperei que todos levantassem antes para ser a última, assim não teria contato desnecessário com aqueles alunos - não me leve a mal.

E, uma coisa que não esperava, fiquei bem perto de Alvo. Ele era da minha altura, com cabelos castanhos escuros e olhos azuis. Não parecia gostar da atenção que recebia - olhares sorrateiros, parecendo julgá-lo a todo momento. Estava tenso, quieto e, na maioria do tempo e caminho até as Masmorras, olhava para o chão.

Não aguentei muito tempo. Tive que dar um oi.

Ele respondeu seco.

— Nossa, que mal-humor. Deveria estar mais feliz por ser da Sonserina - comentei, mais por saber que era isso que deveria o afligir. Um Potter, filho de Harry, na casa onde Voldemort cresceu? Não era algo muito bem-visto.

Ele riu irônico.

— É? E por quê?

— Por que estamos na mesma casa que o maior bruxo de todos os tempos!

Ele me olhou assustado, então antes que ele falasse qualquer besteira, acrescentei:

— Merlin! Estamos na mesma casa em que Merlin estudou! Fala sério, isso é maravilhoso.

Ele não respondeu, mas pareceu se animar um pouco mais. Pelo menos começou a olhar para frente, ao invés de encarar o chão. Como ele não continuou uma conversa, eu não insisti. Continuei meu caminho como se ela nunca houvesse existido.

Paramos em frente há uma parede comum. O Monitor-Chefe, um garoto com olhar arrogante, alto, de cabelos negros e olhos de mesma cor, avisou que a senha durante essa quinzena era “Bafo de Cobra” e acrescentou que quem esquecesse dormiria para fora.

Que grosseiro. Adorei.

Ao dizer essas palavras, a parede se moveu e entramos em uma sala maravilhosa. Era alta, com escadas que levavam à andares superiores, mesmo que o meio dela ia até uma luz verde que iluminava-a toda; abaixo e em nossa frente, tinha uma bela lareira acessa com vários sofás e poltronas espalhados, luxuosos, um luxo que nunca tive em toda a minha vida. Acima da lareira, o retrato de Salazar Slytherin com seu belo medalhão e sua cara fechada, frio como as águas do Lago Negro que dava-se para ver pelas janelas. Por ali também entrava uma luz verde maravilhosa; a primeira coisa que fiz foi subir os pequenos cinco degraus e ir até a janela da esquerda. Eu consegui ver algumas criaturas se movendo, mesmo que não pudesse dizer quais eram. Fiquei maravilhosamente encantada. Tão encantada que, novamente, não ouvi nada sobre a explicação.

Então, quando todo mundo começou a sair e se dissipar, fiquei perdida. Olhei para a pessoa mais próxima de mim, um garoto de cabelos brancos que estava simplesmente parado observando todos se moverem. Scorpius, deveria ser seu nome. Cheguei perto com um pouco de frio na barriga e soltei antes que perdesse a coragem:

— O que ele disse? Eu perdi tudo.

Ele me encarou com seus olhos cinzas, me fazendo arrepender um pouco de tê-lo escolhido para perguntar. Seu olhar era frio, combinado com seu rosto imóvel e seus cabelos penteados para trás com tanto gel que parecia nunca mais se mover.

— Por que não ouviu a explicação do Monitor-Chefe?

Pensei em várias respostas plausíveis que talvez melhorassem minha imagem; após isso, joguei todas no lixo, dei de ombros e apenas disse:

— Por que não era interessante ouvi-lo falar. Estava distraída.

Ele me encarou por alguns segundos, parecendo me analisar. Chapéis me analisam, pessoas me analisam… não estava gostando muito daquilo. Prestes a sair andando sem dar nem um tchau, me surpreendi ao ouvi-lo falar:

— O dormitório das meninas é subindo as escadas direitas. Seu nome vai estar em alguma porta do primeiro andar.

Sorri.

— Muito obrigada - então, tentei me fazer de desentendida: - Como é seu nome?

Não sei se ele caiu na conversa, já que sua expressão era sempre a mesma.

— Scorpius Malfoy. E o seu?

— Ravena Castellyn. Prazer - disse, sem esperar outra resposta, descendo as pequenas escadas para subir mais pequenas escadas e me dirigir as escadas maiores que davam ao primeiro andar superior.

Havia um corredor com muitas portas. Concentrada e tentando disputar com outras garotas, demorei cerca de dez minutos para achar meu quarto - estava quase desistindo. Ao entrar, percebi que minhas colegas já estavam nele e… meu Merlin, como era luxuoso!

A cama era um pouco maior que uma de solteiro comum, porém um pouco menor que uma de casal. As cortinas que traziam privacidade ao seu lado do quarto eram verdes com desenhos de cobras em prata, além de mais detalhes maravilhosos. O guarda-roupa era consideravelmente mediado para uma escola, ao lado de minha cama havia uma enorme escrivaninha e, no chão, um tapete. Todas os lados eram iguais e dividia o quarto com mais três meninas.

Elas já haviam escolhido seu canto, então fiquei com o que sobrou. Meu malão estava em cima do tapete e minha coruja em cima da escrivaninha, me olhando com cara de ódio.

É, eu não havia pensado direito. Não era um quarto que tinha como abrir a janela para deixá-la voar livremente, mas no dia seguinte a deixaria no corujal.

As garotas apenas me encararam com julgamento e voltaram a conversar sobre sei lá do que - pareciam já serem amigas, o que me deixaria sobrando. Dando de ombros e nem um pouco interessada, fechei as cortinas para me isolar. Não arrumei nada, apenas me joguei em minha cama incrivelmente macia, agradeci por ter uma janela inteira só pra mim e deixei meus pensamentos de alegria me transbordarem por inteira.

Eu estava em Hogwarts!


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