Believe In Magic: Um novo começo. escrita por Gab Murphy


Capítulo 7
Capítulo 06




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Amélia acordou no dia seguinte com a mão esquerda dolorida e ainda enrolada no pano não mais branco da noite anterior. Como Granger ainda estava se arrumando, perguntou se ela podia esperar e, surpresa, ela disse que sim. Saíram juntas do dormitório e desceram para o Salão Comunal, onde Harry e Rony esperavam Hermione.

— O que você está fazendo com ela? - perguntou Ronald surpreso para a amiga.

— Você é educado como um martelo, Weasley. Bom dia, Harry!

— Como está a mão? - ele perguntou para Amélia enquanto caminhava atrás dos seus amigos em direção ao Salão Principal.

— Dolorida, e a sua?

— Não sei, não a sinto mais.

Ele riu e Amélia acompanhou. Não sabia bem o que era aquilo, ou como tinham chegado até ali, mas era bom e, por hora, ela não pretendia fazer nada para impedir a aproximação do garoto. Passaram pelo corredor da biblioteca e Belmont perguntou se o garoto poderia ir com ela até lá, pois precisava devolver um livro.

— Pelo visto você gosta de ler - comentou ele quando a menina terminou de contar a história de um livro trouxa que acabará de ler e ela concordou animada, já estavam indo para o salão das comidas dos Deuses.

Assim que chegaram na mesa da Grifinória, Angelina encostou Harry contra parede, e gritava tão alto que a Profª McGonagall se levantou da mesa dos professores e correu para os três. Por algum motivo, Angelina não parecia disposta a deixar Amélia sair dali.

— Srta. Johnson, como se atreve a fazer um estardalhaço desses no Salão Principal? Cinco pontos a menos para Grifinória!

— Mas, professora, ele arranjou outra detenção…

— Que história é essa, Potter? - perguntou a professora rispidamente, virando-se para Harry. - Detenção? De quem?

— Da Profª Umbridge - murmurou Harry, sem encarar os olhos penetrantes por trás dos óculos de aros quadrados.

— Você está me dizendo - perguntou ela, baixando a voz para que o grupo de alunos curiosos da Corvinal atrás não pudessem ouvir - que depois do aviso que lhe dei na segunda-feira passada você se descontrolou outra vez na aula da Profª Umbridge?

— Sim, senhora - murmurou Harry, olhando para o chão.

— Potter, você precisa se controlar! Você está caminhando para uma séria encrenca! Menos cinco pontos para Grifinória outra vez!

— Mas... quê... professora, não! - exclamou Harry, indignado com a injustiça. - Já estou sendo castigado por ela, por que a senhora precisa nos tirar pontos também?

— Porque as detenções parecem não produzir o menor efeito em você! - respondeu a professora, azeda. - Não, nem mais uma palavra de reclamação, Potter! E quanto à Srta. Johnson, no futuro restrinja os seus gritos ao Campo de Quadribol ou se arriscará a perder a função de capitã do time!

A Profª McGonagall voltou à mesa dos professores. Angelina lançou a Harry um olhar de profundo descontentamento e foi embora, permitindo que Amélia pudesse sair, quase que correndo, daquela confusão indo na direção de Lisa, que hoje comia sozinha, mas não sem antes bater fracamente nas costas do Potter.

— Será que você pode me explicar? - perguntou Lis, olhando profundamente curiosa para a amiga, que riu.

— Pode ser que eu não desgosto mais do Potter - falou como quem não quer nada.

Depois de muita insistência, Belmont contou a amiga tudo o que tinha acontecido na noite anterior, excluindo o castigo da professora, e o que aconteceu naquela manhã. E depois de uma breve discussão sobre os sentimentos de Amélia em relação ao Harry, cada uma foi para sua aula.

Quando Amélia entrou na sala de Transfiguração viu que a Profª Umbridge achava-se sentada a um canto, com sua prancheta, e essa visão apagou tudo o que estava em sua mente, a não ser do sorriso maroto de Benjamin. Foi se sentar pensando no quanto o amigo iria adorar estar nessa aula, com certeza contaria a ele no mínimos detalhes.

A Profª McGonagall entrou decidida na sala, sem dar a menor indicação de que sabia que a Profª Umbridge se achava presente.

— Agora chega - disse ela, e os alunos fizeram imediato silêncio. - Sr. Finnigan, tenha a bondade de vir até aqui e entregar esses deveres aos seus colegas... Srta. Brown, por favor, apanhe esta caixa de ratinhos... não seja tola, menina, eles não vão lhe fazer mal... e dê um a cada aluno…

— Hem, hem - fez a Profª Umbridge, usando a mesma tossezinha boba que usara para interromper Dumbledore na primeira noite do ano letivo. A Profª McGonagall, se ouviu, fingiu que não. Simas devolveu o trabalho, que exibia um belíssimo "O", de Amélia, que apanhou fazendo uma careta engraçada que foi retribuída antes dele se sentar do ao lado esquerdo.

— Muito bem, ouçam todos com atenção... Dino Thomas, se fizer isso outra vez com o ratinho lhe darei uma detenção... a maioria da turma conseguiu fazer desaparecer as lesmas, e mesmo aqueles que as deixaram com vestígios do caracol entenderam o objetivo do feitiço. Hoje, vamos…

— Hem, hem - fez a Profª Umbridge.

— Sim? - disse a Profª McGonagall se virando, as sobrancelhas tão juntas que pareciam formar uma linha única e severa.

— Eu estava me perguntando, professora, se a senhora teria recebido o meu bilhete avisando a data e a hora da sua insp…

— Obviamente que a recebi, ou teria lhe perguntado o que está fazendo na minha sala de aula - disse ela, dando as costas com firmeza à Profª Umbridge. Amélia trocou olhares de alegria com Dino e Simas. - Como eu ia dizendo: hoje, vamos praticar o Feitiço da Desaparição em ratinhos, que é bem mais difícil. Bem, o Feitiço da Desaparição…

— Hem, hem.

— Eu me pergunto - disse a Profª McGonagall numa fúria gélida, virando-se para a outra - como é que você espera avaliar os meus métodos de ensino habituais se continua a me interromper? Em geral, eu não permito que as pessoas falem quando eu estou falando, entende?

A Profª Umbridge pareceu que tinha levado uma bofetada no rosto. Não falou, mas endireitou o pergaminho em sua prancheta e começou a escrever furiosamente. Parecendo supremamente indiferente, a Profª McGonagall se dirigiu mais uma vez à turma.

— Como eu ia dizendo: o Feitiço da Desaparição se torna mais difícil quanto maior a complexidade do animal a se fazer desaparecer. A lesma, como invertebrado, não apresenta grande desafio; o ratinho, como mamífero, oferece um desafio muito maior. Não é, portanto, um feitiço que se possa realizar com a cabeça no jantar. Vocês já conhecem a fórmula cabalística, então vejamos o que são capazes de fazer…

A Profª Umbridge não acompanhou McGonagall pela sala; talvez tenha percebido que a colega não permitiria. Fez um grande número de anotações, sentada em seu canto, e quando McGonagall finalmente disse aos alunos para guardarem o material e sair, ela se levantou a expressão muito séria no rosto.

Quando os alunos saíam enfileirados da sala, Amélia viu a Profª Umbridge se aproximar da escrivaninha da McGonagall; cutucou, quase que involuntariamente, Harry, que cutucou Rony, que, por sua vez cutucou Hermione, e os quatro intencionalmente ficaram para trás para escutar.

— Há quanto tempo você está ensinando em Hogwarts? - perguntou a Profª Umbridge.

— Trinta e nove anos, agora em dezembro - respondeu McGonagall bruscamente, fechando sua bolsa com um estalo. Umbridge fez uma anotação.

— Muito bem, você receberá o resultado da inspeção dentro de dez dias.

— Mal posso esperar - respondeu McGonagall, com uma voz fria e indiferente, e se encaminhou para a porta. - Andem depressa vocês quatro - acrescentou, os empurrando à sua frente.

Amélia pensou que só tornaria a ver Umbridge à noite, na detenção, mas estava muito enganada. Quando iam descendo os gramados em direção à Floresta, para assistir à aula de Trato das Criaturas Mágicas, encontraram com ela, com a prancheta, ao lado da Profª Grubbly-Plank.

— Normalmente não é você que ensina esta disciplina, correto? - Amélia a ouviu perguntar quando se aproximaram da mesa de cavalete, onde o grupo de tronquilhos capturados se atropelava para apanhar bichos-de-conta como se fossem gravetos vivos.

— Correto - respondeu a Profª Grubbly-Plank, com as mãos nas costas e o corpo balançando sobre a planta dos pés. - Sou uma professora substituta, ocupando o lugar do Prof. Hagrid.

Malfoy estava cochichando com Crabbe e Goyle; ele certamente adoraria essa oportunidade para contar histórias sobre Hagrid a uma funcionária do Ministério.

— Humm - fez a Profª Umbridge, baixando a voz, embora Amélia ainda pudesse ouvi-la muito claramente. - Eu estive pensando... o diretor me parece estranhamente relutante em fornecer informações: você poderia me dizer o que está causando a prolongada licença de afastamento do Prof. Hagrid?

Malfoy ergueu a cabeça com uma velocidade impressionante.

— Creio que não - disse a professora em tom despreocupado. - Sei tanto quanto você. Recebi uma coruja do Dumbledore, gostaria que eu desse aulas durante umas duas semanas. Aceitei. É tudo que sei. Bom... posso começar, então?

— Claro, por favor - disse a Profª Umbridge, escrevendo em sua prancheta. Umbridge adotou uma abordagem diferente nesta aula e caminhou entre os alunos, fazendo perguntas sobre criaturas mágicas. A maioria soube responder bem.

— De um modo geral - perguntou a Profª Umbridge, voltando para perto da Profª Grubbly-Plank depois de interrogar Dino longamente -, o que é que você, como membro temporário do quadro docente, uma observadora externa, suponho que poderíamos dizer, que é que você acha de Hogwarts? Você acha que recebe apoio suficiente da diretoria da escola?

— Ah, sim, Dumbledore é excelente - disse a Profª Grubbly-Plank com entusiasmo. - Estou muito feliz com o modo com que a escola é administrada, realmente muito feliz.

Com um ar de educada incredulidade, Umbridge fez uma minúscula anotação na prancheta e continuou:

— E o que é que você está planejando cobrir em suas aulas durante o ano, presumindo é claro, que o Prof. Hagrid não volte?

— Ah, repassarei com os alunos as criaturas que são pedidas com maior freqüência no N.O.M. Não há muito mais a fazer: eles já estudaram os unicórnios e os pelúcios. Pensei em abordar os pocotós e os amassos, me certificar de que são capazes de reconhecer os crupes e os ouriços, entende…

— Bem, em todo o caso você parece saber o que está fazendo - concluiu a Profª Umbridge, escrevendo em seu pergaminho.

Amélia não conhecia Hagrid muito bem, mas nas poucas vezes em que conversaram o homem havia sido extremamente educado e fofo com a garota, por isso não gostou nem um pouco quando a professora fez a pergunta seguinte a Goyle:

— Agora, ouvi dizer que tem havido alunos feridos nesta classe.

Goyle deu um sorriso idiota. Malfoy se apressou a responder.

— Foi comigo. Levei uma lambada de um hipogrifo.

— Hipogrifo? - repetiu a Profª Umbridge, agora escrevendo freneticamente.

— Só porque ele foi burro demais e não deu ouvidos às instruções de Hagrid - comentou Harry, zangado.

Rony, Hermione e Amélia gemeram ao mesmo tempo. O Potter nunca vai entender que ele está caindo no jogo dela? A Profª Umbridge virou a cabeça lentamente na direção de Harry.

— Mais uma noite de detenção, creio eu - disse brandamente. - Bem, muito obrigada, Grubbly-Plank, acho que é tudo que preciso saber. Você receberá o resultado de sua inspeção dentro de dez dias.

— Que bom! - disse a Profª Grubbly-Plank, e a Profª Umbridge começou a subir o gramado para voltar ao castelo.

O único momento em que Amélia e Harry conversavam era no caminho para a detenção ou quando estavam saindo dela, mas, naquele dia em especial, os amigos de Belmont resolveram fazer programas com seus outros amigos ou em casal, então a garota ficou sozinha, lendo um livro qualquer, no Salão Comunal até o trio chegar, Hermione foi a primeira a notar sua presença e disse para os outros dois, e assim que a viu, Harry a chamou para perto deles. Jogaram xadrez de bruxo e apesar de perder para Rony todas as vezes, acabou com o Harry e Hermione.

Amélia e Harry saíram juntos para a detenção e só foram liberados quando o relógio indicava quase meia-noite. A mão da garota agora sangrava tanto que manchava o lenço em que Potter a enfaixara, assim como fez na sua.

A garota achava que a sala comunal estivesse vazia quando voltassem, mas Rony e Hermione estavam acordados à espera. Ficou sinceramente feliz em vê-los, principalmente porque Hermione segurava algo que suspeitou ser para melhorar a dor na mão.

— Tomem - disse, ansiosa, estendendo uma tigelinha para cada um com um líquido amarelo -, encharquem as mãos nisso, é uma solução de tentáculos de murtisco em salmoura e depois peneirados, deve ajudar.

Amélia colocou a mão, que sangrava e doía, na tigela e experimentou uma maravilhosa sensação de alívio. Depois de se enrolar nas pernas de Harry, o gato de Hermione, ronronando alto, saltou para o colo da garota e se acomodou.

— Obrigado - Amélia disse, agradecida, coçando atrás das orelhas do gato com a mão direita.

— Eu ainda acho que vocês deviam reclamar - disse Rony em voz baixa.

— Não - disse Harry categoricamente.

— McGonagall ia endoidar se soubesse…

— Provavelmente ia. E quanto tempo você acha que levaria para Umbridge aprovar outro decreto dizendo que quem reclamar da Alta Inquisidora será imediatamente despedido? - Amélia falou, sensata. - O Ministério estava intervindo em Hogwarts e Umbridge está aqui para supervisionar como está o andamento do plano, se acontecesse algo de errado, ela tinha total direito de tomar decisões drásticas, mesmo que absurdas. 

Rony abriu a boca para retorquir, mas não emitiu som algum e, passado um instante, tornou a fechar a boca, derrotado.

— Ela é uma mulher horrível - disse Hermione baixinho. - Horrível. Sabe, eu estava dizendo ao Rony quando vocês entram... temos de fazer alguma coisa a respeito dela.

— Eu sugiro veneno - disse Rony com ferocidade, Amélia balançou a cabeça, concordando.

— Não... quero dizer, alguma coisa para divulgar que é uma péssima professora, e que não vamos aprender Defesa alguma com ela - explicou Hermione.

— Bom, e o que é que podemos fazer? - perguntou Rony bocejando. - Já é tarde à beça, não é não? Ela foi nomeada e veio para ficar, Fudge vai garantir isso.

— Bom - disse Hermione hesitante. - Sabe, estive pensando hoje... - Lançou um olhar nervoso a Harry, e então prosseguiu: - Estive pensando... talvez tenha chegado a hora de simplesmente... simplesmente nos virarmos sozinhos.

— Nos virarmos sozinhos fazendo o quê? - perguntou Harry, desconfiado, mantendo a mão flutuando na essência de murtisco.

— Bom... aprendendo Defesa Contra as Artes das Trevas sozinhos - concluiu Hermione.

— Ah, corta essa - gemeu Rony. - Você quer que a gente faça trabalho extra? Você tem ideia do quanto Harry e eu estamos outra vez atrasados com os nossos deveres e só estamos na segunda semana de aulas?

— Mas isto é muito mais importante do que os deveres de casa - Harry e Rony arregalaram os olhos para ela, Amélia apenas balançou a cabeça, concordando com a garota

— Pensei que não houvesse nada mais importante no universo do que os deveres de casa! - caçoou Rony.

— Não seja bobo, claro que há - rebateu Hermione, o rosto da garota se tornará inesperadamente radioso - Trata-se de nos prepararmos, como disse o Harry na primeira aula da Umbridge, para o que nos aguarda lá fora. Trata-se de garantir que realmente possamos nos defender. Se não aprendermos nada o ano inteiro…

— Não podemos fazer muita coisa sozinhos - disse Rony com um quê de derrota na voz. - Quero dizer, tudo bem, podemos ir procurar azarações na biblioteca e tentar praticá-las, suponho…

— Não, concordo, já passamos da fase em que podemos aprender apenas com livros - disse Hermione. - Precisamos de um professor, de verdade, que possa nos mostrar como usar os feitiços e nos corrigir quando errarmos.

— Se você está falando do Lupin... - começou Harry.

— Não, não, não estou falando de Lupin. Ele está ocupado demais com a... as coisas dele e, de qualquer jeito, o máximo que poderíamos vê-lo seria nos fins de semana em Hogsmeade, e eles não acontecem com tanta freqüência assim.

— Quem, então? - perguntou Harry, franzindo a testa para a amiga. Amélia deu um suspiro muito profundo e dramático.

— Será que não está óbvio? Ela está falando de você, Harry.

Houve um momento de silêncio. Uma leve brisa noturna sacudiu as vidraças atrás de Rony, e o fogo oscilou.

— Falando de mim, o quê? - perguntou Harry.

— Estou falando de você nos ensinar Defesa Contra as Artes das Trevas.

Harry encarou a amiga e a Amélia. Depois se virou para Rony, mas o garoto estava com a testa ligeiramente enrugada, em aparente reflexão. Então disse:

— É uma ideia.

— O que é uma ideia? - perguntou Harry.

— Você. Nos ensinar.

— Mas…

Harry estava sorrindo agora, parecendo certo de que estavam gozando com a cara dele.

— Mas eu não sou professor, não sei…

— Harry, você foi o melhor do ano em Defesa Contra as Artes das Trevas - disse Hermione.

— Eu? - Harry agora estava com um sorriso maior que nunca. - Não, não fui, você me bateu em todos os testes…

— Não é verdade - respondeu Hermione calmamente. - Você me bateu no terceiro ano: o único ano em que nós dois prestamos exames e tivemos um professor que realmente conhecia o assunto. E não estou falando de notas, Harry. Pense no que você já fez!

— Como assim?

— Sabe de uma coisa, não tenho certeza se quero alguém burro assim como professor - disse Rony as duas garotas, com um sorriso afetado. Em seguida virou-se para Harry. - Vamos raciocinar - disse, fazendo uma cara igual à de Goyle quando se concentrava. - Uh... primeiro ano: você salvou a Pedra Filosofal de Você-Sabe-Quem.

— Mas aquilo foi sorte - retrucou Harry. - Não foi habilidade…

— Segundo ano - Amélia interrompeu - você matou o basilisco e destruiu Riddle.

— É, mas se Fawkes não tivesse aparecido, eu…

— Terceiro ano - disse Rony, ainda mais alto -, você enfrentou e pôs para correr uns cem Dementadores de uma vez só…

— Você sabe que aquilo foi por acaso, se o Vira-tempo não tivesse…

— No ano passado - Amélia continuou, agora quase aos gritos -, você tornou a enfrentar Você-Sabe-Quem…

— Escutem aqui! - disse Harry, quase com raiva e provavelmente era porque agora os três, Rony, Hermione e Amélia, estavam rindo tolamente. - Querem me escutar um instante? Parece muito legal quando vocês falam, mas foi tudo sorte: metade do tempo eu nem sabia o que estava fazendo, não planejei nada, fiz apenas o que me ocorreu na hora, e quase sempre tive ajuda…

Continuavam a rir tolamente, e a irritação de Harry pareceu começar a crescer.

— Não fiquem aí sentados com esse sorriso bobo como se soubessem mais do que eu, era eu quem estava lá, ou não? - perguntou, indignado. - Eu sei o que aconteceu, está bem? E não me safei de nada porque era genial em Defesa Contra as Artes das Trevas, me safei porque... porque recebi ajuda na hora certa ou porque tive um palpite certo... mas fiz tudo às cegas, não tinha a menor ideia do que estava fazendo... E PAREM DE RIR!

A tigela de essência de murtisco caiu no chão e se partiu. Amélia pulou de susto e Bichento disparou para baixo de um sofá, seu sorriso foi sumindo aos poucos.

— Vocês não sabem como é! Vocês, nenhum dos três, vocês nunca tiveram de encarar Voldemort, não é? Vocês pensam que é só decorar uma pá de feitiços e lançar contra ele, como se estivessem na sala de aula ou coisa parecida? O tempo todo você sabe que não tem nada entre você e a morte a não ser o seu... o seu cérebro ou sua garra ou o que seja... como se alguém pudesse pensar direito quando sabe que está a um nanossegundo de ser morto ou torturado, ou está vendo seus amigos morrerem... nunca nos ensinaram isso nas aulas, como é que se lida com essas coisas... e vocês três ficam aí sentados, achando que sou um garotinho sabido por estar em pé aqui, vivo, como se Diggory fosse burro, como se tivesse feito besteira; vocês não entendem, podia muito bem ter sido eu, e teria sido se Voldemort não precisasse de mim…

— Não estávamos falando nada disso, cara - disse Rony, estupefato. - Não estávamos falando mal do Diggory, não... você entendeu tudo ao contrário... - Ele olhou desamparado para Hermione, cujo rosto exibia uma expressão de choque.

— Harry - disse ela timidamente -, você não está vendo? É por isso... por isso mesmo que precisamos de você... precisamos saber como é realmente... enfrentar ele... enfrentar o V-Voldemort.

Era a primeira vez que ela dizia o nome de Voldemort, estava na cara. Ainda ofegante, ele tornou a se sentar na poltrona.

— Bom... pense no assunto - disse Hermione baixinho. - Por favor?

Concordou com a cabeça. Hermione se levantou.

— Bom, vou me deitar - disse, no tom mais natural que pôde. - Você vem, Amélia? - a garota concordou com a cabeça, se levantando. - Hum... noite.

Rony se levantou também.

— Você vem? - perguntou, sem jeito, ao amigo.

— Vou. Num... num minuto. Vou limpar essa sujeira.

Ele indicou a tigela partida no chão. Rony assentiu com a cabeça e foi embora, junto as duas.

Amélia e Hermione acabamos ficando mais próximas nas duas semanas seguintes, Lisa não gostou muito da novidade, pois não se dava muito bem com a companheira de dormitório da amiga, mas logo ela se acostumou. Hermione falou que não mencionou sua sugestão para Harry ensinar Defesa Contra as Artes das Trevas durante as duas semanas inteiras. 

Quando, finalmente as detenções de Amélia com a Umbridge terminaram a cicatriz na sua mão começou a desaparecer, mas na noite anterior, por um descuido, acabara recebendo mais algumas noites, e quando essas noites acabassem a garota duvidava que sua mão voltasse a ser o que era antes. 

E com a ajuda de Hermione, Belmont já estava adiantada nas atividades e feitiços, agora já tentava desaparecer gatinhos, mas na maioria das vezes acabava ficando com pena e não fazia nada.

Quando o assunto das aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas foi novamente abordado, em uma noite de violenta tempestade, no final de setembro, os quatro estavam sentados na biblioteca procurando ingredientes de poções para um dever passado por Snape.

— Eu estive me perguntando - disse Hermione, de repente - se você já voltou a pensar na Defesa Contra as Artes das Trevas, Harry.

— Claro que pensei - disse Harry rabugento -, não consigo esquecer, e não daria mesmo, com aquela megera ensinando a gente…

— Estou falando da ideia que Rony e eu tivemos... - Rony lançou a Hermione um olhar assustado e ameaçador. Ela fechou a cara para ele. - Ah, tudo bem então, a ideia que eu tive... de você nos ensinar.

Harry não respondeu imediatamente. Ficou examinando uma página de Contra Venenos Asiáticos, atrasando ao máximo para responder.

— Bom - disse lentamente depois de um tempo -, é, eu... pensei um pouco.

— E? - Amélia perguntou, apressada.

— Não sei - disse o garoto e olhou para Rony.

— Achei uma boa ideia desde o começo - interveio Rony, que parecia mais interessado em entrar na conversa agora que tinha certeza de que o amigo não ia recomeçar a gritar.

Harry mexeu-se pouco à vontade na cadeira.

— Vocês prestaram atenção quando eu disse que muita coisa foi sorte?

— Prestamos, Harry - confirmou Hermione gentilmente - , mas não adianta fingir que você não é bom em Defesa Contra as Artes das Trevas, porque é. Você foi a única pessoa no ano passado que conseguiu se livrar completamente da Maldição Imperius, você é capaz de produzir um Patrono, você sabe fazer uma quantidade de coisas que bruxos adultos não conseguem, o Vítor sempre disse…

Rony se virou tão depressa para Hermione que pareceu dar um mau jeito no pescoço. Esfregando-o, falou:

— É? Que foi que o Vitinho disse?

— Ho, ho - caçoou Hermione com a voz entediada. - Disse que Harry sabia fazer coisas que nem ele sabia, e olha que estava cursando o último ano de Durmstrang.

Rony ficou olhando Hermione, desconfiado.

— Você continua em contato com ele?

— E se continuar? - perguntou Hermione, calmamente, embora seu rosto estivesse um pouco corado. - Posso ter um correspondente se…

— Ele não queria ser só seu correspondente - Rony a contradisse em tom de acusação.

Hermione sacudiu a cabeça exasperada e, ignorando Rony que continuava a observá-la, dirigiu-se a Harry:

— Então, que é que você acha? Vai nos ensinar?

— Só você, Amélia e Rony, está bem?

— Bom - disse Hermione, tornando a parecer um tantinho ansiosa. - Bom... agora não vai perder as estribeiras outra vez, Harry, por favor... mas acho realmente que você devia ensinar qualquer um que quisesse aprender. Quero dizer, estamos falando em nos defender de V-Voldemort. Ah, não seja patético, Rony. Não parece justo que a gente não ofereça essa oportunidade a outras pessoas.

Harry refletiu por um momento, depois disse:

— Tá, mas duvido que mais alguém além de vocês três me queira como professor. Sou pirado, lembram?

— Bom, acho que você ficaria surpreso com o número de pessoas que estariam interessadas em ouvir o que você tem a dizer - Amélia falou séria. - Escute - se curvou para Harry, Hermione a imitou; Rony, que continuava a observar Granger de cara amarrada, curvou-se para frente também para escutar -, você sabe que o primeiro fim de semana de outubro é o da visita a Hogsmeade? E se dissermos a quem estiver interessado para se encontrar com a gente na vila e discutir o assunto?

— Por que temos de fazer isso fora da escola? - perguntou Rony.

— Porque sim - Amélia respondeu, voltando a sua atividade incompleta. - Acho que a Umbridge não ficaria muito feliz se descobrisse o que estamos tramando.

A garota Belmont aguardava com ansiedade a viagem de fim de semana a Hogsmeade. Olívio disse que poderia ir vê-la, mas ela sabia que teria que dar um jeito de fugir dele por um tempo, teria de ir a reunião. Lisa, Benjamin e Caleb confirmaram presença no segundo que a amiga terminou de contar a ideia de Hermione.

— Pode colocar meu nome na lista - disse Ben. - Se aquela mulher não nos dá aula, vamos atrás de alguém que faça isso.

Caleb concordou com a cabeça.

— O problema é que - Amélia disse - o Olívio vem me ver no mesmo dia da reunião.

— Olíviiiiio, meu doce e amado Olívio, está vindo me visitar e pedir minha mão em casamento - debochou Benjamin.

— Oh! Olívio, Olívio! Mas porque és tu Olívio? Renega o teu pai, o teu nome; ou, se o não quiseres fazer, jura apenas que me amas e deixarei eu de ser uma Belmont - Lisa ajudou, citando um dos livros favorito da amiga.

— Deixem ela em paz - Caleb falou com um sorriso sacana nos lábios. Depois acrescentou. - Não ligue, Mel, eles estão com inveja, pois você e o Olívio vão ter uma tarde romântica.

— Vocês ainda conseguem me surpreender na chatice. Tchau.


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