Believe In Magic: Um novo começo. escrita por Gab Murphy


Capítulo 3
Capítulo 02




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1995

Não importava o quanto tentasse Amélia Belmont não conseguia voltar a dormir, não depois daquele pesadelo terrível. A garota podia afirmar com toda a certeza, que era diferente do que tivera no ano anterior, mas o medo que sentia agora era tão parecido quanto o que já tinha sentido. Não sabia como, porém sentia em todos os seus ossos que não era simplesmente fruto da sua imaginação.

Nunca conversou por mais de cinco minutos com Cedrico Diggory, mas só parou de chorar sua morte dias depois. Nunca conversou mais que o necessário com Harry Potter, mas não se deixou levar pelo Ministério. Se alguém lhe perguntasse não saberia responder, entretanto ela podia descrever tudo o que aconteceu naquele encontro fatal para o lufano.

Amélia poderia criar mil teorias, porém nenhuma lhe dava um motivo coerente para aqueles pesadelos tão reais terem começado, nunca passara de uma colega de casa para o trio de ouro e nem queria, estava feliz assim, com Lisa e Benjamin Oliver e Caleb Booth como melhores amigos, e apesar de não falar com seu primo, Alexandre, desde o que ele havia feito, estava feliz, conseguiu diminuir o vazio que inexplicavelmente sentia antigamente.

Conseguiu passar pelos dois primeiros anos de Hogwarts com apenas algumas brigas, detenções e notas ótimas, mas foi no seu terceiro ano que as coisa começaram a ficar estranhas. Começou com a notícia de que um famoso e cruel Comensal da Morte havia, misteriosamente, fugido de Azkaban e a partir de então uma espécie de pânico dominou o mundo bruxo -e até mesmo os trouxas. E foi aí que os pesadelos de Amélia começaram. Já no seu quarto ano na escola, os pesadelos pareciam ter dado uma trégua até a noite do anuncio do Torneio Tribruxo.

Amélia não sabia mais o que esperar daquele ano.

Soltando o ar com força, decidiu que se fosse para ficar acorda, que fosse fazendo algo de útil, com sua pena e alguns pergaminhos desceu para o Salão Comunal, talvez escrevesse para os seus pais ou até mesmo para Olívio Wood, seu melhor amigo que sairá do colégio e, apesar de tê-lo visto quase que as férias todas, sentia sua falta.

Caro Olívio,

Como anda os treinos com o Puddlemere United? Gostaria muito de ver seus treinos, mas, infelizmente, estamos longe um do outro.

Minha primeira noite em Hogwarts está sendo um fiasco, meu jantar foi uma piada e perdi o sono por causa de um pesadelo. Não foi igual aos que tive nos anos anteriores, mas parecia tão real quanto e Potter apareceu de novo -será que ele está envolvido em tudo o que acontece nesse mundo?

Você acredita no Potter sobre Voldemort ter voltado, não é? Eu acredito, mas estou com medo. Não quero parecer uma garotinha frágil, mas estamos falando sobre Voldemort e seus seguidores. Não sei mais como reagir a isso.

Mudando de assunto, tenho uma novidade, para variar, nada boa, aparentemente o Ministério está começando a interferir aqui. Uma tal de Dolores Umbridge será a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, mas está disposta a lutar com unhas e dentes contra a história do Potter e de Dumbledore. Meu alívio é saber que nenhum professor dessa disciplina dura mais de que um ano no cargo.

Acho que é só isso. Mande lembranças para Chad, também estou com saudades dele. Venham me visitar quando puderem.

Afetuosamente,
Amélia Belmont.

Só quando terminou de escrever percebeu que já amanhecerá e as pessoas começavam a ir para o café da manhã, subiu para se trocar e quando voltou ao Salão Comunal, ele estava quase que vazio novamente.

Encontrou Lisa a esperando para ir ao Salão Principal, os garotos tinham ido na frente. Com a carta de Olívio no bolso, entrelaçou seu braço com o da amiga e juntas passaram pela Mulher Gorda e foram para o Salão Principal. 

— Como eu amo essa escola - falou Caleb depois de uma mordida gigantesca na sua torrada.

— Não fale de boca cheia - Amélia reclamou. - Lis, você tem que dar mais educação ao seu namorado.

— Ele é meu namorado, não meu filho.

Fez uma careta para a amiga, mesmo que soubesse que ela tinha razão, e olhou para o lado, no intuito de mandar o Oliver lhe defender, mas ele comia tão rápido que ela via à hora dele se engasgar.

— Você tem que comer mais devagar, Ben, assim vai acabar se…

Foi interrompida por uma crise de tosse do garoto ao seu lado e não conseguiu segurar a gargalhada, logo sendo acompanhada pelo casal de amigos. Ficaram fazendo piada de Benjamin e rindo até a Profa. Minerva se aproximar, entregando seus respectivos horários. Amélia fez uma careta assim que viu suas aulas.

— Quem faz esse horário mesmo? Quero encher essa pessoa de porrada - perguntou Benjamin disse, ainda vermelho pela crise de tosse.

— Acho que é a própria McGonagall - respondeu Caleb, o repreendendo com o olhar e fazendo as garotas rirem da careta do Oliver.

— Eu até que gostei - Benjamin disse enquanto sorria sem graça.

Depois de um tempo se levantaram e foram pegar suas coisas para então seguirem para suas respectivas aulas.

A História da Magia era, por consenso, a disciplina mais chata que a bruxidade inventara. Binns, o professor fantasma, tinha uma voz asmática e monótona que era quase uma garantia de provocar grave sonolência em dez minutos, cinco em tempo de calor. Ele jamais variava a maneira de dar aulas, falava sem fazer uma única pausa, enquanto a turma anotava suas palavras, ou melhor, mirava sonolentamente o vazio. Até agora aquela era a disciplina que Amélia mais sofria para passar, as vezes acabava não prestando atenção ao que o professor dizia ou simplesmente apagava. Apenas Hermione Granger parecia capaz de resistir ao poder soporífico da voz de Binns.

Hoje, eles sofreram quarenta e cinco minutos de cantilena sobre as guerras dos gigantes. Amélia não sabia o certo por quanto tempo se obrigou a ouvir, mas a partir de uma certo momento seu cérebro se desligou, e ela passou restantes da aula divagando sobre seus pesadelos e criando mais teorias para aquela situação ter começado.

Passou o intervalo antes da aula de Poções sentada próxima as masmorras, lendo o livro que havia começado no trem, no dia anterior. Entrou na sala de aula apenas quando todos já haviam entrado.

— Quietos - disse Snape friamente, fechando a porta ao passar. 

Não havia real necessidade de dar essa ordem; no momento em que a turma ouviu a porta fechar, o silêncio se instalou e todo o bulício terminou. A mera presença de Snape era, em geral, suficiente para garantir o silêncio da classe. 

— Antes de começarmos a aula de hoje - disse o professor, caminhando imponente até a escrivaninha e correndo os olhos pelos alunos -, acho oportuno lembrar a todos que em junho próximo prestarão um importante exame, no qual provarão o quanto aprenderam sobre a composição e o uso das poções mágicas. Por mais debilóides que sejam alguns alunos desta turma, eu espero que obtenham no mínimo um "Aceitável" no seu N.O.M., ou terão de enfrentar o meu... desagrado. 

O seu olhar recaiu desta vez sobre Neville, que engoliu em seco. 

— Quando terminar este ano, naturalmente, muitos de vocês deixarão de estudar comigo - continuou Snape. - Só aceito os melhores na minha turma de Poções preparatória para o N.I.E.M., o que significa que alguns de nós certamente vamos dizer adeus. 

Seu olhar pousou em Harry e seu lábio se crispou. O garoto encarou-o de volta, o desafiando. 

— Mas ainda teremos um ano antes do feliz momento das despedidas - disse Snape suavemente -, portanto, pretendam ou não tentar os exames dos N.I.E.M.s, aconselho a todos que se concentrem em obter a nota alta que sempre espero dos meus alunos de N.O.M. 

"Hoje vamos aprender a misturar uma poção que sempre é pedida no exame dos Níveis Ordinários em Magia: a Poção da Paz, uma beberagem para acalmar a ansiedade e abrandar a agitação. Mas fiquem avisados: se pesarem muito a mão nos ingredientes, vão mergulhar quem a beber em um sono pesado e por vezes irreversível, por isso prestem muita atenção no que vão fazer." 

— Os ingredientes e o método - Snape fez um gesto rápido com a varinha - estão no quadro negro - eles apareceram ali -, encontrarão tudo de que precisam - ele tornou a agitar a varinha - no armário do estoque - a porta do armário mencionado se abriu -, e vocês têm uma hora e meia... podem começar. 

Snape não poderia ter passado para os alunos uma poção mais difícil e demorada. Os ingredientes tinham de ser acrescentados ao caldeirão na ordem e quantidade precisas; a mistura tinha de ser mexida o número exato de vezes, primeiro no sentido horário, depois no anti-horário; o calor e as chamas em que a poção ia cozinhar tinham de ser reduzidos a um nível exato, por um número específico de minutos antes do último ingrediente ser adicionado. 

— Um vapor claro e prateado deve se desprender da poção - avisou Snape - dez minutos antes de ficar pronta. 

Amélia, que suava profundamente, correu o olhar pela masmorra, diferente do caldeirão de alguns alunos, a superfície da sua poção tinha uma névoa prateada de vapor, o que resultou, assim como quando passou na de Hermione, um olhar silencioso de Snape.

Feliz com o seu ótimo resultado na aula, apesar do momento constrangedor de Snape com Harry, Amélia se juntou aos amigos no Salão Principal assim que a sineta tocou. Passaram o almoço contando uns aos outros como tinham sido suas primeiras aulas e suas expectativas para as seguintes. 

Quando se despediu dos amigos depois do almoço, Amélia foi em direção a biblioteca, iria aproveitar aquele intervalo antes da próxima aula para adiantar um dos deveres do dia. 

O primeiro pensamento que Amélia teve ao entrar na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas naquele dia foi em como uma mulher conseguia ser tão rosa. Sentou-se ao lado de Hermione Granger, atrás do Weasley e Potter, já que não tinha outro lugar vago. A sala estava em completo silêncio, ninguém conhecia aquela professora, era uma incógnita.

— Boa tarde, classe! - disse ela finalmente, quando todos estavam sentados.

Alguns murmuraram "boa tarde", Amélia foi uma das que ficou calada.

— Tss- tss - muxoxou a professora. - Assim não vai dar, concordam? Eu gostaria que os senhores, por favor, respondessem: "Boa tarde, Profa. Umbridge." Mais uma vez, por favor. Boa tarde classe!

— Boa tarde Profa. Umbridge - disseram monotonamente.

— Agora sim - disse com meiguice. Amélia e Hermione trocaram um olhar enojado, sorrindo uma para a outra logo depois. - Não foi muito difícil, foi? Guardem as varinhas e apanhem as penas.

Enquanto trocava um olhar assustado com Granger e Amélia viu que alguns outros fizeram o mesmo; nunca à ordem "guardem as varinhas" se seguia uma aula interessante. Enfiou sua varinha na mochila e pegou a pena, tinta e pergaminho enquanto a professora abria a bolsa e tirava sua própria varinha, que era excepcionalmente curta e com ela deu uma pancada forte no quadro-negro; imediatamente apareceu ali escrito:

Defesa Contra as Artes das Trevas

Um retorno aos Princípios Básicos

— Bom, o ensino que receberam desta disciplina foi um tanto interrompida e fragmentária, não é mesmo? - afirmou Umbridge, virando-se para a turma, com as mãos perfeitamente cruzadas diante do corpo, seus olhos pousaram em Amélia. - A mudança constante de professores, muitos dos quais não pareciam ter seguido nenhum currículo aprovado pelo Ministério, infelizmente teve como conseqüência os senhores estarem muito abaixo dos padrões que esperaríamos ver no ano dos N.O.M.s.

"Os senhores ficarão satisfeitos de saber, porém, que tais problemas agora serão corrigidos. Este ano iremos seguir um curso de magia defensiva, aprovado pelo Ministério e cuidadosamente estruturado em torno da teoria. Copiem o seguinte, por favor."

"Como assim em 'torno da teoria'?", Amélia pensou.

Ela tornou a bater no quadro; a primeira mensagem sumiu e foi substituída por "Objetivos do Curso".

1. Compreender os princípios que fundamentam a magia defensiva.

2. Aprender a reconhecer as situações em que a magia defensiva pode legalmente ser usada.

3. Inserir o uso da magia defensiva em contexto de uso.

Por alguns minutos o único som ouvido era o de penas arranhando pergaminhos. Depois que todos terminaram, ela perguntou:

— Todos têm um exemplar de Teoria da magia defensiva de Wilbert Slinkhard?

Alguns murmuraram baixo em concordância.

— Acho que vou tentar outra vez - disse ela. - Quando eu fizer uma pergunta, gostaria que os senhores respondessem: "Sim, senhora, Profa. Umbridge" ou "Não, senhora, Profa. Umbridge". Então: Todos têm um exemplar de Teoria da magia defensiva de Wilbert Slinkhard?

— Sim, senhora, Profa. Umbridge.

— Ótimo. Eu gostaria que os senhores abrissem na página cinco e lessem o capítulo um, "Elementos Básicos para Principiantes". Não precisam falar.

— Nem pensar - Amélia falou para si e Hermione a olhou como se concordasse.

Umbridge deu as costas ao quadro e se acomodou na cadeira, à escrivaninha, observando com aqueles olhos empapuçados de sapo, Amélia abriu seu livro, mas não se deu ao trabalho de ler, ficou olhando Granger que nem abrira o livro e mantinha uma mão levantada.

Vários minutos depois e ela já não era mais a única que olhava Hermione. O capítulo devia ser tão tedioso que tinha um número cada vez maior de alunos preferindo observar a muda tentativa da garota ser notada pela professora a continuar penando para ler os "Elementos Básicos para Principiantes".

Quando mais da metade da classe estava olhando para Hermione e não para os livros, a professora pareceu decidir que não podia continuar a ignorar a situação.

— Queria me perguntar alguma coisa sobre o capítulo, querida? - perguntou ela a Hermione, como se tivesse acabado de reparar nela.

— Não, não é sobre o capítulo - respondeu.

— Bem, é o que estamos lendo agora - disse a professora, mostrando seus dentes estranhos. - Se a senhorita tem outras perguntas, podemos tratar delas no final da aula.

— Tenho uma pergunta sobre os objetivos do curso - disse Hermione.

Umbridge ergueu as sobrancelhas.

— E como é o seu nome?

— Hermione Granger.

— Muito bem, Srta. Granger, acho que os objetivos do curso são perfeitamente claros se lidos com atenção - respondeu em um tom de intencional meiguice. 

— Bem, eu não acho que estejam - concluiu Hermione secamente, e Amélia teve que se segurar para não rir. - Não há nada escrito no quadro sobre o uso de feitiços defensivos.

Houve um breve silêncio em que muitos viravam a cabeça para reler.

— O uso de feitiços defensivos? - repetiu Umbridge, dando uma risadinha. - Ora, não consigo imaginar nenhuma situação que possa surgir nesta aula que exija o uso de um feitiço, Srta. Granger. Com certeza não está esperando ser atacada durante a aula, está?

Sim!

— Não vamos usar magia? - perguntou Weasley, em voz alta.

— Os alunos levantam a mão quando querem falar na minha aula, Sr...?

— Weasley - respondeu Ronald, erguendo a mão no ar.

A professora, ampliando o seu sorriso, virou as costas para os alunos. Harry, Hermione e Amélia imediatamente ergueram as mãos também. Os olhos empapuçados da professora de detiveram por um momento em Harry, antes de se dirigir a Hermione.

— Sim, Srta. Granger? Quer me perguntar mais alguma coisa?

— Quero. Certamente a questão central de Defesa Contra as Artes das Trevas é a prática de feitiços defensivos.

— A senhorita é uma especialista do Ministério da Magia, Srta. Granger?

— Não, mas…

— Bem, então, receio que não esteja qualificada para decidir qual é a "questão central" em nenhuma disciplina. Bruxos mais velhos e mais inteligentes que a senhorita prepararam o nosso novo programa de estudos. A senhorita irá aprender a respeito dos feitiços defensivos de um modo seguro e livre de riscos…

— Para que servirá isso? - perguntou Harry, em voz alta. - Se formos atacados, não será em um…

Mão, Sr. Potter! - entoou a Profa. Umbridge.

Harry empunhou o dedo no ar. Mais uma vez, a professora prontamente lhe deu as coisas, mas agora vários outros alunos tinham erguido as mãos.

— E o seu nome é? - perguntou a professora a Dino.

— Dino Thomas.

— Diga, Sr. Thomas.

— Bem, é como disse o Harry, não é? Se vamos ser atacados, então não será livre de riscos.

— Repito - disse a professora, sorrindo para Dino de modo muito irritante -, o senhor esperar ser atacado durante as minhas aulas?

— Não, mas…

A Profa. Umbridge interrompeu-o.

— Não quero criticar o modo como as coisas têm sido conduzidas nesta escola - disse ela, um sorriso pouco convincente distendendo sua boca rasgada -, mas os senhores foram expostos a alguns bruxos muito irresponsáveis nesta disciplina, de fato muito irresponsáveis, isto para não falar - ela deu uma risadinha desagradável - em mestiços extremamente perigosos.

— Se a senhora está se referindo ao Prof. Lupin - Amélia disse, zangada, esganiçando a voz -, ele foi o melhor que já…

Mão, Srta...?

— Belmont - ela respondeu num resmungo.

— Como eu ia dizendo: os senhores foram apresentados a feitiços muito complexos, impróprios para a sua faixa etária e potencialmente letais. Alguém os amedrontou, fazendo-os acreditar na probabilidade de depararem com ataques das trevas com freqüência…

— Não, isso não aconteceu - Amélia protestou -, só que…

— Sua mão não está erguida, Srta. Belmont!

Amélia então ergueu a mão, mas a professora simplesmente virou as costas.

— Pelo que entendi o meu antecessor não somente realizou maldições ilegais em sua presença, como chegou a aplicá-las nos senhores.

— Ora, no fim ficou provado que ele era um maníaco, não foi? - respondeu Dino, acalorado. - E veja bem, ainda assim aprendemos um bocado.

— Sua mão não está erguida, Sr. Thomas! — gorjeou a professora. - Agora o Ministério acredita que um estudo teórico será mais do que suficiente para prepará-los para enfrentar os exames, que, afinal, é para o que existe a escola. E o seu nome é? - acrescentou ela, fixando seu olhar em Parvati que acabara de erguer a mão.

— Parvati Patil, e não tem uma pequena parte prática no nosso N.O.M. de Defesa Contra as Artes das Trevas? Não temos de demonstrar que somos capazes de realizar contra feitiços e coisas assim?

— Desde que tenho estudado a teoria com muita atenção, não há razão para não serem capazes de realizar feitiços sob condições de exame cuidadosamente controladas - respondeu Umbridge, encerrando o assunto, mas Amélia era teimosa.

— Sem nunca ter praticado os feitiços antes? - perguntou, incrédula. - A senhora está nos dizendo que a primeira vez que poderemos realizar feitiços será durante o exame?

— Repito, desde que tenham estudado a teoria com muita atenção…

— E para que vai servir a teoria no mundo real? - perguntou Harry em voz alta, seu punho mais uma vez no ar.

A Profa. Umbridge ergueu a cabeça.

— Isto é uma escola, Sr. Potter, não é o mundo real - disse mansamente.

— Então não devemos nos preparar para o que está nos aguardando lá fora?

— Não há nada aguardando lá fora, Sr. Potter.

— Ah, é? - a raiva de Harry, que parecia borbulhando sob a superfície o dia todo, agora começou a atingir o ponto de ebulição.

— Quem é que o senhor imagina que queira atacar crianças de sua idade? - perguntou a professora, num tom horrivelmente meloso.

— Humm, vejamos... - disse Harry e dava para perceber sua voz fingidamente pensativa. - Talvez... Lorde Voldemort?

Rony ofegou. Lilá Brown soltou um gritinho. Neville escorregou pelo lateral do banco. A Profa. Umbridge, porém, nem sequer piscou. Estava encarando Harry com uma expressão de sinistra satisfação no rosto.

— Dez pontos perdidos para a Grifinória, Sr. Potter.

A sala ficou parada e em silêncio. Todos olhavam para Umbridge ou para Harry.

— Agora gostaria de deixar algumas coisas muito claras.

A Profa. Umbridge ficou em pé e se curvou para a turma, suas mãos de dedos grossos e curtos abertas sobre a escrivaninha.

— Os senhores foram informados de que um certo bruxo das trevas retornou do além…

— Ele não estava morto - protestou Harry zangado -, mas, sim senhora, ele retornou!

— Sr-Potter-o-senhor-já-fez-sua-casa-perder-dez-pontos-não-piore-as-coisas-para-si-mesmo - disse a professora sem parar para respirar e sem olhar para ele. - Como eu ia dizendo, os senhores foram informados de que um certo bruxo das trevas está novamente solto. Isso é mentira.

— NÃO é mentira! - disse Harry. - Eu o vi, lutei com ele.

— Detenção, Sr. Potter! - disse a Profa. Umbridge, em tom de triunfo. - Amanhã à tarde. Cinco horas. Na minha sala. Repito isso é uma mentira. O Ministério da Magia garante que não estamos ameaçados por nenhum bruxo das trevas. Se os senhores continuam preocupados, não se acanhem, venham me ver quando estiverem livres. Se alguém está alarmando os senhores com lorotas sobre bruxos das trevas renascidos, eu gostaria de ser informada. Estou aqui para ajudar. Sou uma amiga. E agora, por favor, continuem sua leitura. Página cinco. "Elementos Básicos para Principiantes".

A Profa. Umbridge sentou-se à escrivaninha. Harry, no entanto, se levantou. Todos o olhavam; Simas parecia meio apavorado, meio fascinado.

— Harry, não! - sussurrou Hermione, em tom de alerta, mas Amélia não prestou muita atenção, num impulso ficou em pé, alguns olharam para ela, surpresos.

— Então, segunda a senhora, Cedrico Diggory caiu morto porque quis, foi? - Amélia perguntou e se assustou, não era a sua intenção falar aquilo, mas aquela mulher estava lhe dando nos nervos.

A turma prendeu coletivamente a respiração, porque ninguém desconfiava que ela o conhecesse muito menos que soubesse de algo. Hermione, Harry e Ronald a olharam como se nunca tivessem realmente visto a garota. Alguns olhavam avidamente para Harry, outros olhavam Amélia curiosamente, a professora ergueu os olhos e encarava tanto a ela como a ele sem o menor vestígio do falso sorriso no rosto.

— A morte de Cedrico Diggory foi um trágico acidente - disse ela, com frieza.

— Foi assassinato - disse Harry. Amélia olhou para ele atentamente, nunca o ouviu falar nada sobre esse assunto. - Voldemort o matou, e a senhora sabe disso.

O rosto da Profa. Umbridge estava inexpressivo. Por um momento, Amélia pensou que ela fosse berrar. Então ela falou, com a sua voz mais macia, mais meiga e mais infantil:

— Venha cá, Sr. Potter, querido.

Ele chutou sua cadeira para o lado enquanto Amélia se sentava, contornou a ela, Hermione e Ronald e foi à escrivaninha da professora. Toda a sala prendia a respiração.

A Profa. Umbridge puxou um pequeno rolo de pergaminho cor-de-rosa da bolsa, esticou-o sobre a escrivaninha, molhou a pena no tinteiro e começou a escrever curvada sobre o pergaminho. Ninguém falava. Passado um minuto e pouco, ela enrolou o pergaminho e lhe deu um toque com a varinha; ele se selou, sem emendas.

— Leve isto à Profa. McGonagall, querido - disse estendendo a ele o bilhete. Harry apanhou-o sem dizer uma palavra e saiu da sala, sem olhar para ninguém, batendo a porta ao passar.

— Acho que o Sr. Potter precisa ir visitar o St. Mungus - comentou Umbridge como quem não quer nada.

Amélia sentiu Hermione ficar tensa ao seu lado e escreveu em um pedaço de pergaminho: "Pode parecer meio óbvio, mas eu acredito nele". Ela sorriu de lado.

— Voltem a leitura - mandou a coisa rosa e o resmungo de protesto da sala toda pode ser ouvido, mas voltaram a ler. Exceto Amélia e Hermione fizeram o que Umbridge mandou, ficaram conversando pelo pergaminho.

Quando a sineta tocou, Hermione esperou Amélia em frente a porta e a acompanhou até o Salão Principal em silêncio, mas quando Amélia fez menção de ir até onde seus amigos estavam, a garota a puxou para onde Potter, Ronald e seus irmãos gêmeos conversavam.

— O que você acha que está fazendo? - Amélia perguntou se soltando dela. Nunca se falaram e só porque odiavam a mesma professora, ela acha que eram melhores amigas? Por Merlin, essa garota só pode estar tendo alucinações.

— Achei que você podia passar o almoço com a gente.

— Me desculpe lhe decepcionar, mas estou muito bem com meus amigos e sem esses olhares horrorizados direcionados para mim - disse, apontando descaradamente para as pessoas que a olhavam horrorizados, como se estar com eles não fosse algo para ela. - Posso acreditar no que Potter diz, apoiar vocês contra a Coisa ou até mesmo forma um fã clube contra ela com vocês, mas não quer dizer que somos amigos.

Virou e saiu de perto de Hermione.

A maioria das pessoas olhava para Amélia com os olhos arregalados e a boca aberta num perfeito 'O' enquanto passava indo na direção dos seus amigos, se não estivesse com raiva teria rindo.

Sentou ao lado de Ben e colocou um pouco de tudo que tinha ao seu redor no prato, colocou meio copo de suco de abóbora e quando levantou a cabeça para beber, percebeu que seus amigos ainda a olhavam -por trás deles viu o trio de ouro conversando entre sussurros e o Potter a olhando com as suas sobrancelhas arqueadas, como se tentasse desvendar o grande mistério que ela era com o olhar. Boa sorte!

— O que aconteceu ali? - Lis quebrou o silêncio, fazendo Amélia acordar do seu pequeno transe.

— Nada.

Ninguém falou nada e aos poucos voltaram a se concentrar nas suas respectivas comidas. Ficaram assim, calados, até dar a hora de irem para as respectivas aulas.


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