OMNITRANIL (Ben 10 - Força Alienígena) escrita por TarryLoesinne


Capítulo 42
Vazio




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/789396/chapter/42

Dentro da cúpula de cristal, o confronto entre Albedo e Max Tennyson se intensificava. O Magistrado reduziu a luminosidade de sua armadura e utilizava da escuridão para esconder sua presença. Seu visor lhe permitia enxergar em meio ao breu como se estivesse num belo dia de verão de tonalidade verde. Albedo, por sua vez, era incapaz de enxergar qualquer coisa além do feixe de luz que advinha da clarabóia no teto. Seu corpo de cristal cintilava como um vagalume, denunciando constantemente sua posição. 

Albedo ouviu um chiado ressoar pelas suas laterais, virou a cabeça para ambos os lados em busca da fonte do som, quando um brilho surgiu à sua frente. Um pequeno foco de luz azul que crescia e se tornava mais evidente que se tratava de um disparo de canhão laser. Posicionou as mãos cruzadas em frente ao corpo e deixou o laser lhe atingir. A energia do disparo passou a ser absorvida pelo seu corpo de cristal, transformando-se num brilho arco-íris. 

― É só isso, velho? ― disse Albedo ― Eu achei que dessa vez você conseguiria me entreter pelo menos um-

A frase de Albedo foi interrompida com o impacto de dois mísseis que vieram pelas laterais, um de cada lado. 

Max deu um leve sorriso de canto.

O alienígena cambaleou por alguns segundos mas conseguiu firmar sua postura. Ergueu a cabeça e exibiu um brilho no olhar proporcional ao seu ódio. Emitiu um urro de fúria e seu corpo brilhou intensamente. Como resposta, as paredes da cúpula começaram a reluzir progressivamente do solo ao topo, dissipando momentaneamente a escuridão dali.

Sendo por um instante capaz de enxergar a posição de Max, Albedo ergueu as mãos e agachou afundando os braços no solo. 

Max sentiu o solo tremer abaixo de si e saltou para trás milésimos antes de uma pilastra que lembrava uma árvore de natal erguer-se da terra. Com os propulsores de suas costas, pairou no ar por alguns instantes depois elevou sua altura para se desviar das novas pilastras que surgiam. Quando atingiu altitude o suficiente para não ser alcançado pelos pilares do solo, posicionou-se com os braços frente ao corpo. Os braços da armadura transformaram-se em tambores de múltiplos disparos e começaram a disparar pequenos mísseis.

Projetada a partir do teto, uma coluna pontiaguda atingiu as costas do Magistrado, lançando-o contra o solo com violência. Max viu janelas de urgência aparecerem em seu visor informando dano importante nos propulsores de voo e que o processo de reparo já estava sendo iniciado. Ele levantou a cabeça e viu, ao longe, Albedo preparando-se para disparar um feixe de energia em sua direção. Ergueu o tronco, mantendo-se de joelhos, e levantou os escudos. O feixe atingiu a proteção, empurrando Max continuamente para trás. A câmera traseira em seu visor mostrava que estava se aproximando dos espinhos de uma das pilastras. 

Com dificuldade, apoiou um pé de cada vez no solo, sem conseguir impedir a força de arrasto. Na lateral de seu braço e perna direita, pequenas aberturas surgiram expondo pequenos propulsores na superfície da armadura. Inclinou levemente o lado direito do corpo para trás e, utilizando da força do empuxo junto ao impulso dos propulsores, girou sobre o próprio eixo, escapando da linha de disparo. 

Os impulsores em seu lado direito inclinaram-se para a parte posterior do corpo, junto com o surgimento de propulsores em seu lado esquerdo. Lançou o corpo à frente, correndo em alta velocidade em direção ao alienígena. 

Albedo disparou um novo raio de energia contra Max, que desviou para a direita. Atacou novamente e Max esquivou-se para a esquerda. Irritado, começou a jogar feixes curtos sucessivos de ambas as suas mãos. Mas para deixá-lo ainda mais nervoso, os ataques múltiplos não estavam sendo suficientes para parar o avanço do Magistrado. 

Em um das esquivas, a imagem de Max dividiu-se em duas, continuando seu avanço. Outro desvio e mais uma vez a imagem separou-se em duas. Albedo não demorou muito para entender o que estava acontecendo: O velho estava usando hologramas! E estava se aproximando.

Albedo ergueu uma parede entre si e o Magistrado. Por se tratar de hologramas, Albedo viu a primeira imagem atravessar a parede à sua direita, em seguida, viu passar a ilusão por sua esquerda. Ou seja, resta apenas o velho do meio! 

Um som misto de metal e vidro ressoou dentro da cúpula quando Max atingiu a mandíbula de Albedo pela direita com um forte soco. Sua mão estava transformada numa manopla acoplada com intensificadores de impacto.

O alienígena foi arremessado de lado contra o solo, arrastando por vários metros até chocar-se contra um rocha que ali já existia. Apoiou uma mão no chão e a outra tocou a lateral de seu rosto, onde jazia uma rachadura em sua pele de cristal. 

― Mas como esse desgraçado… ― disse Albedo que, em seguida, compreendeu. 

Ele se escondeu atrás do primeiro holograma, a uma distância que a perspectiva não me permitiu vê-lo…” ― pensou ele. 

― O que está esperando!? ― gritou Max ― Vamos, se levante! 

― Ah, está tão empolgado assim para morrer? ― respondeu Albedo. ― O que te faz querer ser tão suicida?

― Você machucou meus netos…

― Quem são eles mesmo?

― Quero ver se vai continuar engraçadinho desse jeito quando eu acabar com você.

Albedo levantou-se e ergueu as mãos lateralmente ao corpo. Das paredes da cúpula, dois feixes de energia foram emanados e atingiram suas mãos. O alienígena aproximou-as frente ao corpo, unindo os feixes num único e longo raio horizontal. Por fim, disse:

― Estou morrendo de medo.

◇───────◇───────◇

A uma certa distância dali, Gwen, Kevin, Eunice e Encantriz escutavam sons abafados de impacto e explosão. Cada ruído era acompanhado de um tremor que se espalhava pelo solo da floresta.

― O que raios é isso!? ― perguntou Kevin, enquanto ajudava Gwen a se levantar do chão.

― Provavelmente o Magistrado Tennyson já deve estar confrontando o Albedo ― disse Eunice.

― Como é? ― disse Gwen. ― Mas como o Vovô conseguiria derrotar ele sozinho?

― Eu também não concordei com esse plano ― disse Eunice, ― mas prometi a ele que viria aqui buscar vocês e que os levaria para a nave dele.

― Não! A gente tem que ajudar ele e-

Kevin interrompeu a fala quando a dor em fisgada em sua panturrilha lhe atingiu. Sua perna estava envolvida em rocha, mas era possível ver dois buracos na pedra.

― O que foi isso!? ― disse Gwen.

― Acho que eu forcei demais na hora que fui correr pra colocar as jóias no seu casulo.

― Foi eu que fiz isso!?

― Não! Relaxa, Gwen, não foi você! ― respondeu Kevin ― Foi da minha batalha com o verme de cabelo branco. Cobri de pedra para parar de sangrar, mas preciso fazer um curativo decente…

― Venha ― Gwen ofereceu o ombro pra Kevin apoiar. ― Eu te ajudo até chegarmos à nave.

― Valeu, Gwen.

― É sério isso? ― perguntou Encantriz com descrença.

― O que foi? ― disse Gwen.

― Porque você não cura a perna dele logo e resolve isso?

― Eu não sou boa em feitiços de cura.

― Você não é boa em um monte de coisa, isso tá na cara, garota.

― Ei, não fale assim dela! ― Kevin apontou o dedo na cara de Encantriz.

― Quer saber? Tem razão ― disse Encantriz. ― Deixa ele com essa perna desse jeito, quem sabe sem ela, ele fique menos irritante.

― Como é?

― Pare com isso, Kevin! ― Gwen olhou para Eunice e pediu ― Poderia segurar ele pra mim, por favor?

― Claro.

Gwen aproximou-se de Encantriz e disse:

― Você pode curá-lo?

― Posso, mas não vou ― Encantriz respondeu.

― Mas que desgraç- ― disse Kevin que foi interrompido por Gwen que novamente pedia calma.

― Você pode me ajudar? ― disse Gwen.

― O que eu ganho com isso?

― Eu te deixo ficar com a jóia que você escondeu.

Encantriz apoiou a mão na bolsa e colocou-a para trás de si. Franziu o cenho, incomodada.

― E então? ― perguntou Gwen.

Encantriz ergueu a cabeça e desviou o olhar. Pensou por alguns segundos então encarou Gwen pelo canto dos olhos. Por fim, disse:

― Ainda está com o livro de feitiços que você roubou de mim?

― Não, mas sei ele de cor.

― Exibida ― Encantriz fez desaparecer seu cajado e cruzou os braços. ― Qual magia de cura você tentou fazer?

Cureta Zhart Dae, página 47.

― Pra começar, está pronunciando errado. É Vhart não Zhart.

― Sua caligrafia é péssima, sabe disso, né?

― Ai, cala a boca, garota! Segundo, quando você foca sua mana, qual o caminho que você faz?

― Meridiano de Chien, sigo pelo ponto de Thud e avanço em espiral pelo terceiro caminho até chegar ao influxo de Portalis descendente.

Nesse momento, Kevin e Eunice olharam um para o outro com a mais perfeita expressão de “mas do que elas estão falando?

― Taí seu erro ― disse Encantriz ― seguir pelo terceiro caminho te faz perder energia perto do ponto de Whiztark e desequilibra o influxo. Tente seguir pelo segundo caminho, vai ver que é muito mais efetivo.

― Faz sentido, vou tentar do seu jeito ― Gwen virou-se para Kevin e agachou-se próximo à perna machucada.

― Espera um pouco aí! O-o que você vai fazer com a minha perna?

― Eu vou tentar te curar, agora tenta ficar parado, por favor!?

― M-mas como você sabe que ela não está tentando te enganar e fazer você arrancar a minha perna o-ou transformar ela em, sei lá, um bicho o-ou q-quem sabe em pedra?

― Sua perna é pedra nesse exato momento! ― disse Gwen.

― Eu sei disso! ― disse Kevin ― Mas ela é pedra agora porque eu quero, não porque essa doida fanática por estátuas quer.

― Kevin, fica parado só um instante, por favor.

― Gwen… ― Kevin mantinha as sobrancelhas arqueadas e uma voz mais fina do que gostaria.

― Quando eu disser, desarbsorva a pedra.

Kevin acenou com a cabeça.

A jovem anodita fechou os olhos um instante, inspirou profundamente e deixou o ar escapar com calma. Abriu os olhos, posicionou as mãos por sobre o ferimento e disse:

― Agora.

Kevin deixou a pedra de sua perna deslizar e cobrir a superfície do solo em que estava pisando. No mesmo instante, a ferida em sua panturrilha começou a escorrer sangue de ambas as aberturas.

Cureta Vhart Dae ― disse Gwen.

Um círculo mágico apareceu de cada lado da perna de Kevin, girando em direções opostas e iluminando a área entre elas. Aos poucos a ferida começou a se fechar, repondo músculo, gordura e pele perdidos.

― Eu consegui! ― Gwen ergueu-se saltitante de alegria.

― Conseguiu? ― Kevin estava com os olhos fechados durante o processo de cura, abriu uma fresta com o olho direito para ver o resultado e disse ― Você conseguiu! ― E abraçou Gwen junto com Eunice.

Gwen comemorou por alguns instantes e, ao perceber que Encantriz estava se distanciando do grupo, afastou-se do abraço e segurou o braço da feiticeira.

― A gente precisa da sua ajuda! ― disse Gwen.

― Como é que é? ― disse Encantriz ― Você enlouqueceu?

― Albedo é perigoso demais e precisamos de toda ajuda possível!

― Eu sei que ele é perigoso, por isso mesmo que estou indo embora nesse instante.

― Eu não sei se o Vovô Max conseguiu destruir a bomba dele, mas mesmo que ele tenha conseguido, nada impede que ele não tente explodir toda a cidade novamente .

― E daí?

― E daí que a sua biblioteca também seria destruída e você sabe que isso seria uma perda inestimável para o mundo da magia.

Encantriz lembrou-se do soar do sino da torre inexistente com sua promessa de fim iminente. Um sinistro Nadabom que ecoava na alma.

― Eu devo ter perdido o juízo… ― disse Encantriz. Olhou para baixo e viu que Gwen ainda segurava seu braço ― O que é isso, me solta! ― E puxou o braço bruscamente.

― Vamos, pessoal! ― gritou Eunice ― O Sr. Azmuth já está nos esperando faz tempo!

Os quatro jovens começaram a correr floresta rumo à espaçonave encanadora. 

◇───────◇───────◇

Max mantinha-se pronto para reagir ao menor movimento de Albedo e seu longo bastão de energia. Em seu visor, uma mensagem dizia que os propulsores de voo estavam reparados e prontos para uso. 

Albedo apoiou uma das mãos no longo feixe de energia e empurrou-o para a frente. O raio moveu-se em linha reta como uma enorme guilhotina em direção à Max.

O Magistrado levantou voo, deixando o feixe de energia passar por debaixo de si. No alto, viu a linha de energia aproximar-se da parede da cúpula e reduzir de tamanho até quase sumir, no entanto, a linha mudou seu percurso e começou a vir novamente em linha reta em sua direção.

Max disparou no ar com o feixe de energia em seu encalço. Olhou para Albedo que no solo regia o movimento da guilhotina como um maestro de orquestra. Voou por entre as pilastras de cristal que eram cortadas uma a uma como vegetais com a passagem do feixe de energia. Sentia o calor do raio aproximar-se dos propulsores de seus pés. 

Max sobrevoou Albedo e deixou cair de compartimentos de seu tórax esferas que ao tocar no chão, explodiram numa onda concussiva. O impacto acertou o alienígena em cheio, que em uma demonstração de dor, levava as mãos à cabeça, tremendo. 

O feixe de energia desacelerou seu movimento e Max conseguiu afastar-se dele por alguns instantes. Transformou suas mãos em canhões concussivos e mirou em direção ao seu oponente. Disparou duas esferas que partiram rumo ao seu alvo, percorreram um terço do trajeto esperado, quando Albedo ergueu a cabeça e mais uma vez lançou sua guilhotina em direção à Max.

O raio atravessou ambas as esferas no ar que explodiram numa poderosa onda de choque, lançando Max contra o topo da cúpula com grande violência. O chão arenoso levantou uma enorme nuvem de poeira que revestiu a cúpula. O Magistrado chocou-se contra o teto de cristal e caiu no solo inerte, sendo envolvido pela névoa de poeira.

Albedo mantinha uma das mãos apoiada na cabeça e a outra em frente ao rosto. Encarava o local onde Max havia caído. Sua visão estava trêmula e prejudicada devido a poeira. De repente, viu a silhueta da armadura avançar de dentro da névoa em sua direção. Moveu seu braço erguido e, puxando-o para si, deu o comando para que seu feixe de energia viesse em sua direção e cortasse Max pelas costas.

O raio horizontal atravessou Max cortando-o em duas metades e continuou avançando até tocar a pele cristalina de Albedo. O brilho do feixe resplandeceu no cristal e expandiu-se, iluminando o alienígena como um grande pilar de luz em meio à escuridão. Por alguns segundos foi possível ver todo o interior da cúpula, inclusive Max Tennyson que se agachava atrás de Albedo com sua manopla saturada de energia.

― O quê!? ― disse Albedo.

Max socou diagonalmente para cima bem no meio das costas do alienígena. Com o impacto, Albedo foi arremessado para cima em uma trajetória parabólica. Seu corpo chocou-se contra o teto e atravessou-o, criando um buraco na cúpula e voando alguns metros antes de cair na floresta. 

Do rombo criado pelo corpo de Albedo, a estrutura semi-esférica começou a estilhaçar-se numa chuva de cristais que esfarelavam antes de tocar o solo. 

Max levantou a cabeça e encarou o céu azul sem nuvens que se abria em seu campo de visão.

◇───────◇───────◇

― Vamos, pessoal, é por aqui! ― disse Eunice, acenando para os três jovens que a seguiam.

― Como é que você conseguiu chegar daqui até onde estávamos tão rápido? ― disse Kevin ofegante.

De repente um estrondo de vidro estilhaçando-se ecoou pelo céu. Os quatro jovens olharam para cima por um espaço entre as árvores e viram a imagem de um crystalsapien arremessado numa trajetória curva. Alguns segundos depois e o som de algo pesado caindo no solo.

― Eu não acredito, ele conseguiu! ― disse Gwen.

― Isso aí, Vô Max! ― disse Kevin!

― Precisamos avisar o Sr. Azmuth! ― disse Eunice correndo rumo à nave que já era possível de ser vista por entre as árvores.

Os quatro se aproximaram da rampa de acesso da espaçonave e embarcaram na mesma. Gwen e Kevin caminhavam à frente no corredor, seguidos por Eunice e Encantriz. Ao entrarem na ponte de comando, viram a figura de costas de um conhecido jovem de cabelos castanhos, trajando sua típica jaqueta verde. Seu pulso esquerdo, onde sempre esteve um relógio esquisito grudado, agora estava vazio.

― Ben? ― disse Gwen.

O jovem virou a cabeça levemente por sobre o ombro esquerdo e os encarou. Gwen continuou:

― O-o que você…


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "OMNITRANIL (Ben 10 - Força Alienígena)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.