Recomeços escrita por Fê Weasley


Capítulo 7
Capítulo 7 - Hermione


Notas iniciais do capítulo

Heey pessoal, tudo bem?

Acabei percebendo que, durante todo esse tempo, acabei esquecendo de atualizar a fic aqui no Nyah! e só percebi agora que ia publicar o capítulo novo. Desse modo, vou tentar atualizar por aqui todos os dias até que cheguemos no mesmo capítulo presente nas outras plataformas. Peço perdão, pessoal.
Espero que gostem e comentem ;)



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Deitada na cama do quarto de hóspedes de Tory, Hermione via mais um nascer do sol e se perguntava até quando os dias seriam exatamente iguais. Desde que saiu fugida da casa do namorado, ou ex-namorado, não conseguia dormir direito e, por isso, sempre acompanhava o espetáculo das manhãs. 

    Parecia até ser algum tipo de castigo, uma vez que o sol sempre aparecia, com o céu em tons laranjas e amarelos com uma mistura da noite escura em diversos tons de azul e os passarinhos sempre cantarolavam durante horas. Se olhasse para fora, com certeza veria algumas pessoas correndo, outras indo trabalhar, algumas levando seus filhos a escola. Uma típica manhã feliz de verão. 

    Naquele dia, em especifico, completara um mês em que vivia com a amiga, e não poderia se sentir mais mal por depender tanto dela naquele momento. Já havia ido a psicóloga algumas vezes e, depois de algumas sessões contando a história dela, começara a perceber que as coisas com Viktor não haviam sido tão bonitas e românticas como ela achara até então. Entretanto, a angústia e a tristeza em seu peito em nada diminuía, muito pelo contrário, se sentia perdida em meio a toda aquela situação. O que fazer agora? era a pergunta que mais lhe vinha à cabeça. 

    O barulho que se fez presente, finalmente a despertou de seus sonhos conscientes e a fizeram se perguntar se Tory já estaria indo trabalhar, mesmo sabendo que a amiga só saia para a clínica no fim da manhã, como a promessa que fizera anos antes, ou se algo havia acontecido. Preocupada com a morena e vencendo a força que queria mantê-la na cama, Mione resolveu levantar-se, vestir o moletom dobrado na escrivaninha e se dirigir até a cozinha. 

    Chegando no cômodo, percebeu que, por mais incrível que parecesse, Astoria estava de pé, arrumada e com uma loira de aparência engraçada sentada a sua frente, do outro lado do balcão. 

— Mi, que bom que acordou! Estava apenas terminando o café da manhã para te acordar. – Disse a amiga enquanto ajeitava o balcão para a refeição. – Essa aqui é a Luna. Minha amiga da faculdade, se lembra? 

Hermione se lembrava, claro. Lembrava que a amiga sempre lhe falava sobre a loira e sobre como ela tinha uma aura tranquila e que a deixava em paz, mesmo em momentos tensos e estressantes como uma prova ou uma simulação. No fim, a morena nunca tivera a chance de conhecê-la pessoalmente, até porque, aos poucos foi parando de encontrar seus amigos e familiares, até ter se separado deles completamente. 

— Oi Luna… Me lembro, sim. Você me falava muito dela. 

— Prazer, Hermione. É uma honra conhecer você, saiba que ouvi muito falar em você também, sempre coisas boas. – Após ouvir a voz da loira, mione passou a concordar com a amiga, a mulher a sua frente realmente compartilhava de uma paz incrível. 

— Bem, agora que as duas já se conheceram oficialmente, acredito que faremos um excelente trio. Eis que meu sonho finalmente se tornou realidade. – Disse Astoria fingindo emoção, fazendo Luna rir e tirando uma risada leve de Mione, pela primeira vez em um mês. 

A amiga, olhando pra loira rapidamente, ficara muda de repente e, com lágrimas nos olhos, sorriu largamente. 

— Ah não, Astoria… Depois de velha deu pra ficar sensível? – Resolveu brincar. 

— Acho que ela perdeu o posto. – Disse Luna, continuando a brincadeira. 

— Vocês são ridículas. Não apresentei vocês para se juntarem contra mim. – Respondeu Tory, se virando para a pia e limpando os olhos rapidamente. 

Hermione sabia bem porque a amiga ficara emocionada e, por mais que negasse, ela própria também ficara. Como sentira falta das piadas e maluquices da melhor amiga, naquele momento, lembrou-se do quanto amava aquela mulher, como se ela fosse sua irmã gêmea. 

— Afinal, porque iam me chamar? – Perguntou Hermione, depois de um tempo de risadas entre as três. 

— Ah, sim… Claro. Luna faz aniversário no sábado e ela veio nos convidar – Começou a amiga. 

— Não vai ser nada demais, apenas uma pequena reunião no meu apartamento. Vinho, cerveja, umas pizzas… – Completou, luna. 

— Então quer dizer que você também não é de festas? – Perguntou a morena, curiosa. 

— Nem um pouco… Não sei como Astoria continuou sendo minha amiga. 

— Acho que eu tenho um problema em só fazer amizades com pessoas caretas. – Resmungou fazendo careta. – Sem ofensas, meninas. Amo vocês. – Completou, rapidamente, fazendo o seu gesto típico de beber algo com a cara mais inocente que conseguia fazer. 

— Bem, por mais que eu tenha me decidido por uma pequena reunião, ainda preciso comprar certas coisas, como algumas flores e os doces e o bolo para o dia. 

— Exato! Mas, eu não consigo ir, como você bem sabe. Tenho aquelas sessões bem no meio do dia de hoje. Pensei que seria interessante que vocês duas fossem, aproveitar o dia de verão e tal. 

Hermione desconfiara de que aquela atitude nada tinha haver com a festa de Luna e sim com uma tentativa da amiga de tirá-la de casa. Se sentiu, mais uma vez, com a dualidade de sentimentos dentro dela e, escolhendo por dar uma chance para aquela nova rotina e uma chance para procurar a resposta da pergunta que fizera mais cedo, sentiu que deveria aceitar, mesmo que aquela saída fosse armada. 

(...) 

Hermione sentia que todo o seu corpo estava sendo calmamente beijado pelos raios de sol e pelo calor que fazia naquele início de fevereiro. Para muitos, inclusive para a sua companheira daquele dia, estava sendo mais um dia insuportável de verão, para ela, entretanto, aquele era um dos primeiros dias, depois de muito tempo, que sentia o calor em seu corpo. Pensou se aquela seria a sensação de um bebê conhecendo as coisas e fez uma nota mental para perguntar a sua terapeuta na sessão seguinte. 

Luna e ela haviam realmente se dado bem. Descobrira que a loira amava pintar, ler livros clássicos – Dos quais Hermione a fizera prometer lhe emprestar o mais rápido possível – E adorava cozinhar também. Assim como ela, ou assim como ela fora, não conseguia identificar bem, a mulher parecia gostar das coisas simples e dos momentos cotidianos.

Finalizando a manhã, Luna resolvera levar a morena até uma feira de flores da cidade. Sabia que só precisava comprar um ou dois pequenos arranjos e que podia fazer aquilo perto de sua casa, mas, como combinado com a amiga, tentaria fazer com que essa saída fosse a mais simples possível, porém prazerosa, para que a ajudassem a sair daquela situação que se encontrava, que as duas hipotetizaram ser o início de uma depressão. 

Ao adentrarem na feira, famoso Ceagesp¹, a morena ficara verdadeiramente impressionada. Já tinha ouvido falar no lugar, claro, mas nunca havia sequer tido o interesse em visitar. Sempre imaginou que fosse um local claustrofóbico, tumultuado e escuro, mas a visão que se seguiu foi a de um lugar espaçoso, iluminado, colorido e que cheirava como uma manhã de primavera no campo. 

— E aí, o que achou? – Perguntou a loira, percebendo o brilho que Hermione emanava. 

— É… incrível. – Disse simplesmente – Obrigada por me trazer até aqui. – Agradeceu, sorrindo para Luna. 

— Bem, esse é um lugar que poucas pessoas, que não são do ramo de floricultura, conhecem ou passeiam. – Começou a explicar, já andando por entre as primeiras flores. – Eu amo esse lugar… Minha mãe sempre trazia a mim e ao meu irmão pra cá. Ela adora flores. 

— Acho que todas as mães adoram. 

— Acho que você tem razão – Disse luna enquanto analisava os arranjos de amarilis. – O que acha dessas aqui? 

— Eu acho elas lindas. Mas acredito que não combinam com você. Acredito que essas combinam com você.  – Disse a morena apontando para os girassóis do lado oposto as amarilis. – Você pode fazer um arranjo com essas folhas de costela-de-adão, também… 

— Hermione, acho que seremos grandes amigas – Brincou, enquanto abraçava a morena. 

No início, Hermione não sabia como reagir ao abraço da loira. Há muito tempo não recebia um abraço assim, espontâneo e feliz e foi como se uma partezinha dela própria tivesse sido recolocada. Abraçou a loira de volta e, pela primeira vez, agradeceu por Astoria ter lhe tirado da casa de Viktor. 

 – Bem, como minha mãe sempre dizia… – Começou a loira, após se separar do abraço. – Não existe como vir pra cá e não levar uma plantinha com você. Vamos procurar uma que combine com você?     

    Aceitando a proposta de Luna, a morena logo passou a procurar alguma planta que a chamasse atenção, mesmo que ela nunca tivesse cuidado de nada na sua vida. Talvez, aquele fosse um bom tipo de recomeço, inverter os papéis. 

    Após algumas voltas na feira e de pararem um tempo para comer um dos famosos pasteis do lugar, uma pequena flor, ainda nascendo, lhe prendeu os olhos. Se tratava de uma flor roxa, que ficava mais clarinha até chegar no branco, próximo ao caule e que tinha, em seu centro, a cor amarela. Não sabia qual era o nome daquela, mas após perguntar para o vendedor, descobriu se tratar da íris, uma flor rara. 

— Foi uma belíssima escolha, moça. – Disse o homem, enquanto embalava para a viagem – essa daqui tem o significado de sabedoria e você me parece muito inteligente. 

— E ela é mesmo!! – Exclamou a loira a seu lado. – lembro-me bem de Astoria ter me dito que passou na USP de primeira. 

A morena corou com o comentário. Será que ainda poderia se considerar inteligente? Teria que descobrir. 

— Entretanto, o que poucos sabem dessa daqui é que ela tem um outro significado. – Continuou o senhor, sério, como se tivesse lhe contando o segredo dos sete estados. 

— Jura? qual é? – Perguntou, Luna empolgada. Hermione nada dizia, apenas aguardou o que aquele homem tinha a dizer sobre a planta da qual cuidaria. 

— Ela tem significado de esperança e recomeço. 

Hermione gelou e seu mundo parou por um instante. Como aquele homem poderia saber? Será que havia ficado tão transparecido assim? Um tempo depois, percebeu que fora ela quem escolhera a flor e talvez tivesse ouvido falar no significado da flor antes e não se lembrava ou talvez aquele lhe fosse um sinal claro. 

Ao saírem da feira, com Luna carregando os arranjos de sua festa e Hermione abraçada a sua flor e fazendo mil e uma perguntas a loira sobre como cuidar de uma planta, a morena se surpreendeu com o clima. O tempo, diferente daquela manhã, havia fechado completamente e, naquele momento, grossas gotas de chuva caiam pela cidade mais movimentada do Brasil. Finalmente, aquele dia não seria igual a todos os outros.

            Observando, em silêncio, Luna logo percebeu que, diferente daquela manhã, a morena tinha os olhos brilhando, um sorriso tímido nos olhos e uma motivação para cuidar da pequena plantinha que tinha nos braços. Sorrindo com a evolução em tão pouco tempo, a loira pensou que mal poderia se aguentar para contar para a amiga o quanto aquele dia tinha sido produtivo.


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Notas finais do capítulo

¹ O CEAGESP é um mercado aqui de SP que vende de tudo, inclusive flores. Muitas noivas debutantes e etc compram lá por sem beeem mais barato. Entretanto, além de ser um mercado, acabou virando um marco da cidade e agora também virou turístico. Ele geralmente funciona nas madrugadas, mas às quintas ele funciona até as 14h.



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