ONE-SHOT American Bliss escrita por unalternagi


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi,

Tentei fazer uma coisa aqui meio diferente.

Para mim, é um pouco de reparação histórica. Verdadeiramente, eu acho que se a Bella um dia escolhesse o Jacob ao invés do Edward, esse seria verdadeiramente o que teria acontecido então, não sei... Espero que gostem de qualquer forma.

Boa leitura!



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Capítulo Único

Isabella Swan conheceu Edward Masen quando ela estava na sexta série e ele era um aluno da sétima. Apesar de ser apenas alguns meses mais velho que Bella, a mãe de Edward era uma mulher sozinha e, desde muito bebê, Edward frequentava escolas, então poderia estar considerado sempre um ano à frente do que as outras crianças de sua idade.

Elizabeth Masen era uma mulher muito decidida, sempre teve o sonho de encontrar seu grande amor e ter um filho. Se envolveu com um homem casado e, depois de alguns meses do caso, engravidou e viu ali o sonho de sua vida nascer. Apesar de ter sido abandonada, Elizabeth sentia que poderia fazer aquilo sozinha, já estava próxima dos quarenta anos e talvez aquela fosse sua única chance, então a abraçou com todo o amor que teve em seu peito.

Foi como ela descobriu o grande amor de sua vida.

Edward era um garoto muito pacífico e educado, constantemente as pessoas elogiavam Elizabeth por aquilo, mas ela não saberia ao certo dizer o porquê ele era daquela forma, sentia que ele saíra assim de sua barriga, não fizera grandes esforços para o rapaz admirável que criou e a enchia de orgulho.

Eles moravam em uma vizinha boa em Phoenix, no Arizona. Eram um conjunto de casas muito familiar e onde o aluguel não era nada muito extremo, por isso não era difícil ser um local onde pais solteiros apareciam com crianças. Eles conheciam Vasilli, por exemplo, ex-esposa de um diplomata que tinha três filhas: Kate, Tanya e Irina.

Bella Swan e Renée chegaram na vizinha um pouco antes do início do ano letivo. A casa delas era quase em frente à dos Masen. Desde que o caminhão de mudanças parou ali na frente, Edward ficou interessado em observar.

Ansioso por ganhar um novo amigo, o garoto passou a manhã espiando a mulher com roupas excêntricas e uma voz alta falando para os homens onde eles deveriam levar os móveis. Ele demorou para reparar que na árvore lateral da casa, onde demarcava o final do terreno delas e o inicio do vizinho de lado, uma garota nova lia um livro, ligeiramente distraída quando corrigia a mãe sobre os móveis.

Edward certamente faria novas amizades naquele dia, ele pensou animado.

Desceu apressado as escadas de sua casa e incentivou sua mãe a assar uma torta para levarem para as novas vizinhas, disse que elas pareciam ocupadas com a mudança, tinham tanta coisa. Elizabeth acatou o pedido do filho e, no começo daquela tarde, os dois atravessaram a rua e se encaminharam até onde a garota lia atenta seu romance, lançando olhares esporádicos para a mãe falante.

—Mamãe, deixe que eles montem a cozinha primeiro, os móveis dos nossos quartos podem ser mais fáceis e, se não der tempo, dividimos um dos nossos colchões. A cozinha é prioridade – Bella disse numa voz pacífica.

A mãe sorriu amplamente, concordando e dizendo o mesmo aos homens da mudança.

Edward sorriu ao som da voz da nova amiga.

—Boa tarde, querida – Elizabeth falou escondendo o sorriso ao ver a feição boba do filho em direção à nova vizinha.

—Ó, olá – a garota sorriu corando – Desculpe, não os havia visto – ela murmurou se levantando.

Sem razão nenhuma aparente, Bella deu um leve tropeção para o lado e corou ainda mais, como se fosse possível. Limpou as folhas do short jeans que usava e olhou para os dois desconhecidos a sua frente.

—Sou Isabella Swan, mas podem me chamar de Bella – ela sorriu – Minha mãe e eu chegamos hoje na vizinhança, estão incomodados com o barulho? – ela perguntou sem conseguir encarar nenhum dos dois.

—Não, boneca, não se preocupe com isso – Elizabeth sorriu maternalmente – Viemos lhes trazer uma torta para que comam alguma coisa, não sei se já almoçaram.

—Certamente não – Bella murmurou apenas para si, mas Edward ouviu e sorriu de canto com a espontaneidade da garota – Eu agradeço, vou chamar minha mãe para se conhecerem.

Renée era uma mulher muito feliz e animada, estava muito feliz por poder estar em um lugar tão ensolarado e a vizinhança era ótima.

Depois de seu primeiro contato, Renée e Elizabeth começaram a desenvolver uma relação de amizade, grande parte dada a aproximação dos filhos. Bella era muito tímida e Edward, apesar de ser mais na sua, era um tagarela nato, falava sobre tudo o tempo todo e não foi difícil virar um grande amigo de Bella.

A esperava todos os dias de manhã para caminharem juntos até o ponto onde o ônibus os buscava e, depois, a esperava na escola para voltarem. Elizabeth reparou que Renée era, certamente, uma negação na cozinha, então sempre deixava comida o bastante para Edward e Bella almoçarem juntos na casa dele e, depois daquilo, passavam a tarde toda juntos fazendo lição de casa, conversando, brincando, qualquer coisa que pudessem fazer juntos.

Renée amava Edward e Elizabeth era louca por Bella.

Apesar da adoração óbvia que um sentia pelo outro e eles, verdadeiramente, não estarem interessados em fazer nenhuma outra amizade, não foi até o verão em que Edward ia completar quinze anos que ele teve a coragem de fazer algo.

Elizabeth os tinha deixado na praia e prometeu voltar mais tarde para pegá-los, Renée também passaria o dia todo trabalhando, mas não se preocupavam com os dois adolescentes extremamente responsáveis que elas criaram.

Edward colocou o pequeno cooler na areia, ao lado da cesta que Bella deixou ali.

—Você pode passar protetor nas minhas costas? – Bella pediu corada pelo clima quente.

Edward concordou e ela tirou sua camiseta, fazendo o amigo engolir em seco a vendo apenas de biquíni, não era a primeira vez, mas ele sempre tinha a mesma reação e seus hormônios quase sempre ganhavam a luta contra sua racionalidade.

O treinador Clapp transando com a senhora Cooper, ele pensava enquanto tocava as costas de Bella com a mão leve demais.

—Edward, faça isso corretamente, eu vou ficar realmente queimada se você for displicente e se você acha que eu não vou toda a noite na sua casa para você aplicar o gel de queimaduras, você está pensando errado – Bella falou em um tom debochado.

Edward não tentou disfarçar daquela vez, bateu a testa no ombro de Bella.

A imagem dele passando gel no corpo sensível de Bella era demais para seus hormônios.

—Que foi? – ela perguntou preocupada.

—Você não pensa no que você fala – ele suspirou.

Passou o protetor com maior rapidez e precisão, precisava acabar logo com aquilo e cavar um buraco para enfiar sua cabeça na areia. Bella o agradeceu e terminou de aplicar o filtro solar em si mesma antes de virar para Edward.

—Sua vez – ela falou antes dele conseguir fugir dela.

Aplicou com cuidado no rosto do amigo e depois em suas costas. Edward respirava com dificuldade, achando extremamente injusto que ele era um refém dos seus hormônios. Claro que achava Bella linda, ele sequer negaria aquilo, mas ela não precisava descobrir o interesse dele pelo volume de sua bermuda.

—Por que está tão calado? – ela perguntou curiosa, concentrada nas largas costas do melhor amigo.

Edward não era forte, muito pelo contrário, mas fazia natação desde muito garoto, por isso tinha uma bela costa e Bella sempre amou aquilo.

—Eu estou tentando não explodir – ele murmurou.

Não costumavam mentir um para o outro, era a regra número um da amizade deles.

—Explodir?

—Você não vai querer saber – ele garantiu e a garota o virou de frente para ela.

—Edward, achei que contássemos tudo um para o outro – ela disse chateada.

—Tem coisas que você não merece saber.

—Eu não mereço?

—Não – ele disse rapidamente segurando as mãos dela – Desculpa, eu me expressei mal. Quis dizer que você é muito pura para alguns pensamentos que eu tenho – ele disse corando no segundo em que fechou sua boca.

Os dois ficaram se encarando com os olhos arregalados e bochechas vermelhas.

—Vamos para o mar – Edward disse rapidamente.

Bella o segurou no lugar.

—Temos que esperar o protetor secar – ela o lembrou.

Edward assentiu, as mãos dos dois ainda firmes na do outro. Não era uma novidade, eles costumavam segurar as mãos, mas sempre houve aquela corrente elétrica passando de uma para a outra? Os olhos de Edward sempre brilharam daquela forma enquanto ele encarava Bella?

—Bella – Edward sussurrou fazendo as borboletas da barriga de Bella acordarem – Eu posso te beijar? – ele pediu deixando a garota estática – Não quero estragar nada entre nós dois, mesmo, mas eu sempre quis isso e só posso saber se daria certo se eu tentasse, não estou disposto a perder você, mas se você estiver disposta também, talvez possa dar certo, caso não dê, a gente volta a ser amigo... Eu não sei, mas vamos tentar? Só se você quiser, só se você sentir algo – ele tagarelava.

Era sempre assim, Edward falava demais e Bella agia, eram um complemento do outro, por isso não foi estranho para Edward quando Bella se esticou puxando a nuca dele para baixo, era a forma dela de dizer que tudo bem.

Desde aquele dia, Bella e Edward dividiram muitas primeiras vezes. Primeiro beijo, primeiro encontro, primeira briga, primeira reconciliação, primeira sexo, primeiro baile, primeira comemoração – quando Edward descobriu que tinha entrado na NYU para cursar jornalismo, como ele sempre quis –, então a primeira separação.

—A gente pode fazer isso, é só um ano – ele dizia acariciando o rosto dela.

Os dois estavam deitados na cama dele, Renée e Elizabeth não foram contra o relacionamento, mas Elizabeth teve uma séria conversa com o filho sobre responsabilidade e Renée levou a filha ao ginecologista, tudo foi conversado entre eles e as mães.

—Você estará cercado de universitárias lindas – Bella murmurou.

—E a mais linda vai chegar em um ano – ele sorriu beijando os lábios de Bella – Vou sair para conhecer as melhores festas e melhores restaurantes, não vou me privar de nada, amor, não vou mentir a você quanto a isso, em verdade, não vou te mentir sobre nada, mas não quero terminar tudo apenas por medo. Eu juro te contar tudo, todas as experiências que eu tiver e, caso eu me interesse por alguém, eu também juro te contar. Nós somos amigos, Bella, antes de qualquer coisa. Podemos fazer isso, só temos que ser sinceros um com o outro, sim? Você promete? – ele pediu e a garota sorriu, assentindo.

—Eu prometo – ela disse dando um selinho no namorado.

—Então pronto – ele sorriu – Vamos todos os passos juntos, nada vai dar errado.

.

—-Treze anos depois--

Bella acordou com o despertador alto tocando ao lado de sua cabeça e suspirou sentindo os olhos pesarem, se espreguiçou com calma passando seus planos daquele dia e se levantou em um átimo ao lembrar o que faria naquele dia.

Saiu de sua cama deixando seu marido ressonando baixo e se apressou para o banheiro, depois de um banho rápido e dentes bem escovados, ela foi nas pontas dos pés até o closet, vestiu roupas frescas com um casaco pesado por cima. Alcançou sua mochila e desceu os degraus de dois em dois.

—Mamãe? – ela escutou no topo das escadas e enxergou Seth ali.

—Oi, minha vida – ela deixou a mochila ao pé da escada e subiu de volta – A mamãe vai sair, lembra que te contei ontem? Eu volto logo – ela jurou e ele bocejou, coçando os olhos.

—Não quero dormir sozinho – o garoto disse manhosamente e Bella sorriu de canto.

—Vamos, vou te colocar ao lado do papai – ela disse e Seth se ajeitou no colo da mãe.

Bella acariciou os cabelos lisos do filho até ele adormecer e sorriu, beijando a testa dele.

Voltou a se apressar para fora do quarto, ansiosa para sair logo dali. Dirigiu uma hora até Port Angeles e, depois de duas horas e meia no avião, sentou-se no táxi, sentindo a mudança drástica no clima. Estava nervosa com tudo o que estava próxima a enfrentar, fazia anos que não ia até ali.

—É aqui? – o taxista perguntou na porta do amplo local tão verde com piscinas e uma ótima estrutura, ela tinha realmente se empenhado em achar aquele lugar há alguns anos.

—É sim, muito obrigada – ela sorriu para o taxista e o pagou antes de sair com sua mochila nas costas.

Na recepção do local, ela percebeu o sorriso ao dizer quem tinha ido visitar.

—Ó, que bom que você veio, Bella – a mulher disse como se fossem velhas amigas, mesmo que Bella nunca tivesse visto ela.

A mulher a indicou para onde ela deveria ir e Bella se sentou no sofá confortável enquanto uma enfermeira simpática foi buscá-lo.

—Isabella Swan – ela escutou a voz dizer e sorriu amplamente ao se virar dando de cara com seu melhor amigo.

Edward não tinha mudado tanto desde a última vez que Bella o havia visto. Claro que seu rosto não estava coberto de sangue por uma recente briga, mas os olhos verdes eram o mesmo, o cabelo estava um pouco mais comprido do que o usual, mas o amplo sorriso estava ali, exatamente como ela se lembrava.

—Eddie – ela sorriu se aproximando apressada e o dando um abraço.

—O que faz aqui?

—Eu vim te buscar, é claro, não ache que eu esqueci que você falou que me deixaria te ajudar quando estivesse pronto para ir embora – ela disse com o olhar sério e a bochecha de Edward corou ligeiramente.

—Eu quem achei que você estava blefando – ele confessou.

—Não estava, estou aqui e vou te levar comigo para Washington. Sua vida de homem bronzeado acabaram, bonito – ela disse zombeteira.

Edward anuiu, tentando conter a animação que o tomou. Há anos ele não morava perto de Isabella e aquilo, certamente, era animador para ele. Bella foi com sua mochila e uma de Edward para fora da clínica de reabilitação com Edward logo em seus calcanhares carregando suas malas. Os dois pegaram um táxi até um motel barato.

—Nosso voo sai amanhã de manhã – Bella contou.

—Como está Seth? – Edward perguntou sorridente ao pensar no garoto.

—Bem, certamente ficará feliz por finalmente conhecer o tio Eddie que compra presentes caros demais todo o aniversário dele e natal – Bella disse com o tom acusatório.

—Você conta para ele que são meus? – ele perguntou curioso.

—Claro que sim, ele adora escutar nossas histórias de criança – Bella contou sorrindo – Meus pais embasam, você é tipo um personagem para ele, então ele está mesmo ansioso para ver seu rosto.

Edward sorriu amplamente.

—Eu mal posso esperar para encontrar com ele também – ele comentou.

O resto do dia foi simples para os dois, como sempre tinha sido. Fácil como respirar. Eles passearam em alguns lugares que gostavam, almoçaram e jantaram fora. Se forçaram a ficar fora do quarto o máximo que conseguiram. Bella se lembrava muito bem da última vez que tinham ficado sozinhos e era tudo o que Edward não conseguia parar de pensar ao sair do banheiro e encontrá-la deitada em sua cama de solteiro no quarto do motel.

Edward respirou fundo enxergando a silhueta, dobrou a roupa e colocou em sua mochila.

—A gente tem que conversar – Bella disse se sentando na cama.

A camiseta regata que ela usava não deixava muito para imaginação, ao menos não para a de Edward que conhecia o corpo dela tão bem, por isso ele engoliu em seco antes de se sentar na ponta mais distante da cama dela.

—Pode dizer – ele falou sem graça.

Desde a única grande briga que eles tiveram na vida, a briga que acabou com tudo, Edward pisava em ovos quando conversava com Bella, não conseguia conceber a ideia de perdê-la outra vez.

—Eu consegui um emprego numa serralheria de Forks para você. Meu pai falou com o Mark, é um homem que trabalha com ele na delegacia, e tem um pequeno apartamento em Forks, não é nada de extraordinário, mas acho que é um lugar onde você conseguiria recomeçar a sua vida. Eu sei que ama Phoenix, mas...

—Eu quero ir – ele falou rapidamente – Ficar mais perto de você, de Charlie... Parece uma ótima ideia, Bella – ele sorriu de canto segurando a mão da amiga – Se você me aceita de volta assim, eu quero.

—Você é o meu melhor amigo, claro que te quero por perto – ela sorriu docemente para ele, esperando que ele houvesse escutado que espaço ela tinha separado para ele na vida dela.

Não era o que ele realmente queria, mas há anos ele tinha deixado o espaço aberto. Não iria e nem poderia sair clamando por algo a mais, não era justo.

—Então a gente tem um plano – ele sorriu.

—É só que, Mark está ajeitando algumas coisas no apartamento. Ele me garantiu que estará pronto na semana que vem, mas até o fim dessa semana... Você se importa de ficar na minha casa? – ela perguntou insegura.

Edward encarou os olhos chocolates de Bella, inseguro também.

—Jacob...

—Ele não tem problema com isso – Bella disse rapidamente.

Não que ela houvesse pedido permissão para ele ou perguntado se o marido tinha alguma oposição, mas ela também não verdadeiramente se importava. Metade da casa era dela.

—Se não for um incômodo...

—Não vai ser – ela garantiu e Edward sorriu, assentindo.

Seria um novo início e Bella estava ali.

Era a segunda chance que ele clamou por tanto tempo e, mesmo que não fosse no formato com o qual ele realmente sonhava, era o que estava disponível e Edward estava feliz em aceitá-lo.

.

No ano em que Edward entrou no último ano do colegial e Bella entrou no penúltimo, Renée já estava com Phil Dwyer por alguns meses. Ele era um jogador de baseball pouco conhecido que viajava demais. Bella começou a passar mais tempo na casa dos Masen enquanto Renée dava suas viagens e foi na metade do segundo semestre que Elizabeth sugeriu que Bella ficasse com ela.

Edward logo iria para a faculdade, Renée poderia viajar com Phil sem se preocupar e Elizabeth não gostaria de ficar sozinha de qualquer forma. Ganhar companhia por mais um ano antes de ter que ficar completamente sozinha em Phoenix parecia música para seus ouvidos e, mais do que contente, Bella aceitou. Renée acabou por concordar.

Então, por quatro meses, Bella e Edward viveram juntos.

Elizabeth deixou que eles dividissem o quarto, com as mesmas recomendações de sempre e tudo correu bem. O final do ano letivo, assim como o verão daquele ano, foi o pico do amor dos dois, reforçando que estariam animados para viver aquilo quando a hora chegasse para Bella ir para Nova Iorque, mas o destino preparou outra coisa para os dois.

Três meses depois da partida de Edward, Bella começou a reparar como Elizabeth parecia estranha, mais fraca, e acabou a levando para um médico onde elas descobriram o câncer no fígado. Então Bella começou em uma força-tarefa entre estudar para entrar na NYU, terminar o colegial, acompanhar Elizabeth em seus tratamentos e – a pior parte na concepção dela – esconder de Edward a doença.

—Querida, você o conhece, ele irá se preocupar demais e ele não terá como me ajudar mais do que você já o está fazendo. Eu não o quero perdendo seu ano por mim, por favor, prometa que não vai contar, Bella — a mulher pediu assim que saíram da consulta que confirmou.

Bella se sentia péssima, odiava mentir e mentir para Edward era ainda pior, mas Elizabeth a pediu e ela amava e respeitava aquela mulher, não tinha como realmente estragar as coisas para Edward e, por cinco meses, ela segurou tudo. Edward pulou as festas de fim de ano porque economizava para ir para Phoenix em abril, no aniversário de sua mãe.

Mas foi em uma terça-feira chuvosa de março que ele recebeu a ligação de sua namorada contando tudo o que ela vinha escondendo.

Edward chegou no Arizona na manhã seguinte, choroso. Não quis falar com Isabella, ficou sentado ao lado da mãe por toda sua última semana de vida. Renée voltou para a cidade para o enterro de sua melhor amiga e, com pressa, Edward vendeu a casa da mãe com todos os móveis, doou as roupas dela, tudo feito com pressa para sair daquele lugar.

A grande briga aconteceu um dia depois do enterro de Elizabeth.

—Você não tinha o direito de fazer isso comigo.

—Ela me pediu.

—Ela estava doente e sensível – Edward disse irritado – Você não tinha o direito de fazer isso comigo, Bella, você mentiu para mim. Por meses – ele falou com a voz embargada.

—Eu estava tentando fazer o certo – ela murmurou magoada.

—Você me tirou os últimos meses de vida da minha mãe, Isabella – ele acusou com a voz cortante.

Bella estava com os olhos arregalados, mas não tinha como contrapartir aquela ideia. Ele estava falando a verdade.

O fim dos dois foi mais silencioso do que qualquer um imaginaria.

Naquele ano, mesmo que faltasse pouco tempo para se formar, Bella se mudou para a casa de seu pai em Forks e aplicou para a faculdade de Seattle.

.

—Você quer me contar mais sobre o seu filho? – Edward perguntou quando eles pegaram o carro de Bella no aeroporto de Port Angeles.

Bella sorriu alcançando seu celular e entrando na pasta em que tinha fotos do garoto.

—Veja por si mesmo – ela sorriu cheia de orgulho.

Seth Anthony Black era uma xerox de Bella, ainda que o sorriso de Jacob estivesse nele e o garoto, certamente, tivesse uma cor de pele mais bonita que o tom pálido de semi-morta da mãe dele.

—É um gênio, eu imagino? – Edward brincou se lembrando de como Bella sempre foi uma pequena nerd.

—É o meu filho, afinal de contas – ela riu cheia de si.

Já perto de sua casa na reserva, Bella estava gargalhando de Edward – como ela sempre estava quando eles se juntavam.

—Falo sério, Edward, há lindas mulheres na reserva e você está na idade de ter uma senhora Cullen e um balanço em seu jardim. Estou te falando, eu conheço o segredo para a felicidade americana— ela falou sorrindo de uma forma irônica.

Era um sorriso amplo que mostrava cada singular dente da boca dela, Edward revirou os olhos para a afirmação da mulher.

Edward refletiu sobre o que Bella inferiu sobre a dita “Felicidade Americana”.

Dois anos após a finalização da Primeira Guerra Mundial, a América viu a ascensão de sua energia juvenil no período de tempo glamourosamente conhecido como o rugido dos anos 20. Dentro dessa configuração, foi criado um termo conhecido como “A Felicidade Americana” onde eram demonstrado na televisão nos mais diversos tipos de propagandas, a idealização de um mundo perfeito onde havia um homem muito bem casado, com filhos, uma bela casa, um balanço no seu jardim traseiro e a cerca branca que faria uma bela combinação com todos seus vizinhos, como se, uma vez que sua vida alcançasse todos aqueles padrões hétero-normativos impostos à humanidade, você seria completamente feliz sem questionamentos feitos.

Edward nunca, realmente, viu aquilo. Nunca teve um pai que chegava e beijava sua mãe e brincava com ele, o ensinava coisas. Mas não significava que ele nunca tivera aquela felicidade, sua infância foi maravilhosa demais e, depois, mais adolescente ele ganhou uma segunda mãe em Renée, e uma companheira em Bella, mas talvez a Felicidade Americana, não fosse algo para ele.

—Penso que meu tempo passou – falou sério, encarando a vista que tinha da praia.

—Nunca é tarde demais para idealizar a sua felicidade, Edward. Estou te dando o grande segredo, escuta a voz da experiência – ela dizia rindo tolamente.

Para Bella aquilo era uma piada, para Edward era uma lembrança de que ela tinha encontrado tudo aquilo e ele não estava dentro da projeção.

Ele quis desviar do assunto.

—Os trinta anos te deixaram mais tola que o normal, Bella, um acompanhamento neurológico talvez seja necessário – Edward riu da careta da amiga.

—Eu te odeio, alcança nosso último cigarro antes de chegarmos – ela pediu e Edward obedeceu.

Os dois costumavam fumar juntos, desde o primeiro cigarro da vida deles. Era um costume tolo entre os dois, mais do que um sério vício em nicotina, faziam como uma espécie estranha de piada.

Edward se livrou do final do cigarro no momento em que ela estacionou seu carro do lado de fora de sua casa.

—Eu vou tomar um banho, você fica a vontade. Daí fazemos o almoço juntos e, sim, isso significa você fazendo o molho dos Masen para o macarrão que eu vou cozinhar, daí vamos buscar o Seth na escola mais tarde, tudo bem? – ela perguntou e, apesar do final dar a entender que Edward tinha uma escolha, ele sabia que não tinha, por isso seguiu Bella.

Edward ficou um bom tempo sentado na sala lendo notícias, depois respondeu a uma mensagem de Charlie e sete de Renée, a deixando ter certeza que os dois haviam chegado bem em La Push.

Então se levantou, encarando as fotos dispostas em cima da lareira dos Black, sorriu ao ver que em um dos porta-retratos, tinha uma foto de Bella e Edward no casamento dela.

O vestido dela e o traje formal dele deixavam a mente dele viajar para um local perigoso, um local que ele não visitava desde aquele dia da foto, desde que Bella se tornou legalmente esposa de alguém.

Mesmo assim, o casal sorridente que dançava ali na foto era feliz. Edward ficou feliz de ver as outras fotos dispostas, outras memórias, memórias felizes de Bella com sua família. Sua felicidade americana. Ele reparou que a foto deles destoava ali no meio, era a única foto que não era a da família dela, então ele colocou o porta-retrato na mesinha de cabeceira do seu quarto, tomando como uma lembrança que era dele.

.

Edward se levantou com os músculos doendo pelo esforço que vinha fazendo em seu novo emprego, na serralheria de Forks, mas ele certamente não achava razões para reclamar do trabalho que Bella conseguira para ele.

Ainda nos primeiros raios da manhã ele já estava tomando seu banho. O apartamento pequeno era perfeito para as necessidades de um homem solteiro e sozinho.

A sombra dele lhe jogou doente em pensar que ele era um homem sozinho.

O celular soando alto em sua cama parecia querer lhe provar o contrário, ainda mais quando ele enxergou o nome e a foto que brilhava na tela. Ele sorriu para si mesmo antes de atender o telefone.

—Pois não? – ele sorriu.

Apenas ligando para checar se você ainda se sente uma destruição amarga— Bella indagou risonha do outro lado da linha.

—São cinco e vinte da manhã, você não tem coisa melhor para fazer do que ficar checando no seu vizinho órfão e sem amor de outrem? – ele perguntou bem humorado, apesar das palavras parecerem ácidas em seu paladar, já que a verdade foi expressa livremente naquela colocação.

Não realmente— Bella riu sem se importar com o humor dolorido do amigo – Ainda vamos almoçar juntos?

—Todo santo dia – Edward falou rapidamente – Não gosto de gastar dinheiro com comida e você cai como uma luva com suas marmitas – o homem falou sinceramente.

Bella era professora de álgebra do quinto ano e a escola de Forks que ficava perto da serralheria em que Edward trabalhava, eles sempre juntavam o útil ao agradável. Edward preferia comer cercado de professores do que de homens suados.

Tente não ter um dia muito divertido antes de me encontrar, sim?— a mulher ridicularizou arrancando uma risada sonora do amigo.

—O mesmo, Swan, a gente se vê logo – ele disse desligando o telefone.

Na porta de seu quarto ele reparou sua gafe.

A chamou por seu nome de solteira, de novo, e não o de casada e aquilo não estava certo, ele sabia muito bem onde aquilo poderia os levar e Jacob o corrigira mais do que uma vez por sua gafe.

Ele tinha que se forçar a lembrar que ela era uma mulher casada, que ela escolheu Jacob.

Respirando fundo tentando escapar daquele pensamento, Edward demorou mais do que o usual para ficar pronto, mas chegou no serviço no tempo perfeito para bater o ponto e poder sair no horário de sempre para almoçar.

Mais perto do fim do dia, Edward foi com Bella até a escola de Seth, juntos eles esperaram o menino serelepe aparecer e, assim que os viu, Seth disparou até onde o casal estava sentado conversando sobre as mais diversas amenidades e rindo de antigas memórias.

Depois dos devidos cumprimentos, Bella convenceu Edward a ir jantar com eles e, assim, ele foi dirigindo o carro dela de volta para a reserva – aproveitando que seu encontro seria lá naquela noite.

Padrinho, você vai dormir lá em casa hoje? – Seth perguntou animado.

O garoto estava completamente apaixonado por Edward. Aquele vinha sendo um pedido constante, desde que Edward se mudou da casa deles para a cidade e, apesar de ele certamente preferir que Seth fosse dormir no apartamento com ele, sabia que era completamente fora da realidade fazer aquilo acontecer. O apartamento era muito pequeno e tinha mofo, não era lugar para crianças.

—Eu... – Edward mordeu o lábio inferior pensando.

—Seth, a mamãe já disse que o padrinho é adulto e adulto gosta de dormir em sua própria casa – a mãe disse se virando para olhar para o filho.

—Era só um dia, mamãe, para eu dormir com ele enquanto a gente assiste filme – o menino disse com a feição triste.

—E como vocês vão dormir se estiverem assistindo aos filmes? Não dá para fazer as duas coisas ao mesmo tempo, amor da mamãe – Bella riu abertamente para a feição de Seth ganhando um brilho de curiosidade e confusão quando a mãe lhe apontou aquilo.

—Certo – ele murmurou – Então quero que assistamos o filme e depois peguemos no sono. Você pode participar, mamãe, e também pode fazer pipoca e chocolate quente – o garoto esperto sugeriu.

Para alguém com apenas quatro anos, Seth certamente tinha seu caminho rolando para uma boa e justa argumentação e Edward sabia exatamente de quem o garoto tinha puxado aquilo.

Com um sorriso aberto, ele olhou sugestivamente para Bella.

Edward, verdadeiramente, não se importava em dormir com Seth. Seria apenas uma noite e com os lanches que tinham sido sugeridos, as coisas melhoraram na perspectiva geral do evento.

Bella revirou os olhos conseguindo ler, exatamente, o que Edward tinha pensado.

—Claro, querido, você tinha que citar o chocolate quente da mamãe, agora seu padrinho vai querer mudar de novo para nossa casa – a mulher falou risonha quando Edward deu de ombros estacionando o carro.

—Eu tenho lugar no quarto do meu favorito – Edward disse sorridente.

Ele saiu do carro pegando a mochila de Seth enquanto Bella pegava o garoto, os três se encontraram ao lado do carro, Edward segurou a outra mão de Seth e, com uma simples troca de olhar, Bella e Edward levantaram Seth o balançando entre os dois.

O garoto gargalhava no jardim da casa dele.

Jacob correu para a varanda de frente da casa perfeita que ele dividia com Bella. O homem não conseguiu esconder o descontentamento em ver o melhor amigo de sua esposa ali.

—Edward – Jacob falou perdendo o sorriso que carregava ao sair de casa.

—Jacob – Edward respondeu com um balançar de cabeça.

—Papai, papai – Seth correu animado até o homem que o pegou no colo – O padrinho vai dormir comigo e a mamãe, ele e eu vamos assistir filmes e comer pipoca e tomar chocolate quente – o garoto contava animado com os planos que tinha feito.

Edward arregalou os olhos quando escutou o quão ruim aquilo soava, como se ele – de alguma forma doentia – tentasse tomar o lugar de Jacob ali.

Bella reparou o mesmo, mas manteve a feição impassível.

Embry é o seu padrinho, filho – Jacob disse descontente para o garoto.

—Mas ele nunca está aqui e o tio Eddie sempre está, quero que ele seja meu padrinho – Seth falou com um beicinho.

Jacob o explicou que não era assim que as coisas funcionavam enquanto Bella, corada até o último fio de seu cabelo, se virou para Edward para o tirar daquela conversa que acontecia na varanda de sua casa.

—Vai trabalhar no sábado? – ela perguntou a Edward continuando a caminhar o obrigando a fazer o mesmo.

—Eu ainda não tenho certeza, mas penso que não, por quê? – ele disse tentando esconder seu desconforto.

—Acho que sexta-feira será perfeita para a nossa sessão de filmes – ela disse com um sorriso simpático no rosto – Irá participar conosco, Jake? – Bella peguntou ao marido.

—Vamos ver – ele falou esticando sua mão e tirando a mochila de Seth do ombro de Edward, talvez com uma força bruta desnecessária, mas ele não estava se importando com aquilo naquele momento – Obrigado por acompanhá-los, Edward.

Não era difícil saber que ele não era bem vindo, nem que o Black estava irritado com a constante presença de Edward, mas – se ele fosse cair em si e ser realmente sincero, Edward assumiria que também se sentiria ridiculamente irritado com um homem que já foi envolvido com sua mulher a rondando o tempo todo, mesmo que apenas como um amigo.

—Jake – Bella guinchou, mas Edward segurou a mão dela delicadamente, evitando que uma briga começasse ali por conta dele.

—Não se preocupe, eu vou jantar no restaurante de Harry e  tenho mesmo que ir. Vou naquele encontro do AA que te contei no almoço – ele falou baixo e Bella respirou fundo, concordando ao se lembrar que ele tinha mencionado aquilo mais cedo.

—Se precisar de alguma coisa...

—É só te ligar, eu sei disso, exageradinha – ele riu depositando um beijo na cabeça da melhor amiga antes de se virar para o homem irritado – Sempre um prazer, Jacob – Edward disse educadamente antes de levantar o braço e bater punhos com Seth – Nós nos vemos amanhã, campeão, tio Eddie ama você.

—Eu te amo, padrinho – Seth falou se jogando em Edward que o pegou, beijando o cabelo dele e se abaixando para o deixar no chão, mesmo que o tivesse tirado do colo de seu pai.

Jacob travou o maxilar com a atitude singela do homem.

Edward saiu da casa dos Black sem saber o incêndio que tinha se iniciado ali.

—Por que você está sempre com ele? – Jacob perguntou para Bella, irritado.

—Ele trabalha ao lado da escola, Jake – Bella bufou entrando em casa.

Era difícil encarar Jacob depois de passar o dia com Edward. Não era questão de não amar o marido, era questão de amar cada singular detalhe de seu melhor amigo, de o conhecer melhor do que jamais conheceria seu marido.

Edward era transparente, sempre o foi. Entregava tudo o que tinha em seu peito, enquanto Jacob criava camadas como “todo o homem deveria fazer”, era o que ele constantemente defendia quando Bella o cobrava conversas e compreensão, qualquer tipo de empatia que ele pudesse a oferecer, Bella aceitaria, mas ele não demonstrava nenhuma.

Na verdade, a masculinidade frágil do marido refletia até mesmo na tratativa que o homem dava ao filho do casal. O que Edward fizera agora de beijar Seth e dizer que lhe amava, Jacob parou de fazer quando Seth fez dois anos e o pai começou a lhe ensinar “cumprimentos de menino”, Bella não suportava aquilo.

—Seth, vai brincar no seu quarto – Jacob pediu.

O garoto olhou confuso para o pai pensando o que tinha feito de errado. Bella respirou fundo com a atitude do marido.

—Amor da mamãe, faz o que o seu pai pediu, sim? Eu já vou – ela disse sorridente.

Seth recebeu o beijo da mãe antes de se apressar para seu quarto.

—Corte a merda para cima de mim, Isabella – Jacob falou com as mãos em punho – Ele não para de te rondar.

—De me rondar? Eu sou carniça e Edward um urubu? É com essa analogia que quer começar essa conversa, Jacob? – Bella demandou irritada.

Jacob enfiou suas mãos em seu cabelo liso e respirou profundamente para não fazer nada do que se arrependeria depois, virou para Bella com o maxilar travado e as narinas infladas, ele sentia seus músculos tremendo.

—O que aconteceu nessa viagem de vocês? – Jacob demandou baixo.

—De novo isso? – Bella bufou – Nada, Jacob, não aconteceu nada, eu não sei mais de quantas formas eu posso te dizer isso. O Edward é o meu amigo, eu tenho o conhecido quase que pela minha vida toda, ele sempre vai ter um espaço especial na minha vida, ele é importante e você sempre soube disso – ela falou esgotada por ter tido aquela discussão mais vezes do que gostaria, desde que começou a namorar Jacob.

O clima estava tenso na sala. Jacob não estava confiante, nunca estava quando Edward voltava para a vida de Isabella daquela forma, sempre presente, sempre ao redor. Era para ele que Bella desabafava, contava todos os seus planos.

Poderia soar infantil, mas sim, Jacob se mordia de ciúme do melhor amigo de sua esposa.

—Eu nunca vou poder competir com ele, Bella, não me faça tentar – ele falou de costas para ela, reparando pela primeira vez que a foto dos dois não adornava mais sua lareira – Eu nunca tive meia chance contra ele, você sabe disso melhor do que ninguém. Talvez eu devesse ficar feliz, porque tenho certeza que é o único segredo que é meu e seu sem Edward ter o conhecimento.

—Jacob-

—Não mente – ele pediu voltando a encarar os olhos castanhos da esposa – Você sabe que eu falo a verdade – ele suspirou – Não ouse tentar negar, Bella, por favor.

—Eu escolhi você, eu me casei com você – ela falou rapidamente.

A risada que saiu do peito de Jacob foi rouca e não continha humor nenhum nela.

—Porque você achou que eu era uma escolha mais segura, não porque você me amasse mais – Jacob assumiu para si mesmo – Sempre foi ele, Bella, nunca houve a competição no seu coração e você sabe disso. Sua voz muda o tom quando você fala o nome dele, eu sinto como você se afasta toda vez que eu faço ou falo algo que te lembra ele, como você me beija diferente quando ele está ao redor, é estranho, eu nunca me atentei a nada disso até dessa vez, mas os sinais sempre estiveram ali. Às vezes você me beija, mas pensando nele – Jacob acusou.

—Não seja injusto – Bella grunhiu – Eu amo você, Jacob, eu me casei com você, nós temos um filho juntos – ela apontou séria todas as coisas que eles construíram, todas as razões pela qual era era grata ao seu companheiro de vida. Ela tinha escolhido Jacob.

Ele sorriu de canto, negando devagar com a cabeça.

—Eu sou sua propaganda de margarida, mas é o nome dele que você sussurra quando dorme.

Bella sentiu todo o sangue sumir de seu rosto ao escutar o que Jacob dizia.

—Você consegue me olhar e dizer que não o ama? – Jacob pediu.

Bella abriu a boca, mas nunca fora boa em contar mentiras, então sua boca se fechou com o pedido, ela abaixou o rosto sem graça por se sentir acuada. Jacob respirou profundamente, voltando a se virar de costas para Bella, sabendo que era o tudo ou nada.

—Consegue ao menos me dizer que me ama mais? – ele pediu.

Jacob sempre foi um bom amigo, esteve ali quando Bella chegou em Forks depois de tudo. Voltou para a vida de Bella quando foi estudar engenharia mecânica no mesmo campus que ela em Seattle. A convidou por meses para sair com ele até ela aceitar, por insistência. Ela nunca aceitou, de fato, namorar com ele, as coisas só foram acontecendo até que ele a pediu em casamento e ela aceitou, mas não feliz, tudo foi calculado e planejado para ela, todas as coisas com Jacob, Bella pensou muito antes de fazer, antes de aceitar e concordar.

—Com você, é fácil como uma respiração, Jake – ela disse como um suspiro, andando para mais perto dele.

Jacob riu ironicamente, negando com a cabeça.

—Com ele o é, comigo são aceitações e cessões, você sofre aqui – ele acusou fazendo a esposa arregalar os olhos, antes dela ter a chance ele voltou a falar – Tudo bem, não sofre conscientemente, mas todas as vezes que ele sai daqui você solta um suspiro desgostoso, toda manhã, antes de olhar para mim, é para ele que você liga – Jacob demonstrou – Eu sei que você forçou em sua mente essa coisa de eu ser a escolha certa, mas nem você acredita mais nisso e começou a me fazer duvidar também – o homem falou desgastado.

.

Edward se deitou na cama com Seth em seu peito enquanto assistiam Mogli – o filme favorito do garoto. Seth tagarelava sobre como ele se pareceria com Mogli, que pediria para sua mãe para ela deixar o cabelo dele crescer um pouco mais, mas ao mesmo tempo, o garoto não gostava do cabelo tão comprido porque sentia muito calor e com as gargalhadas de Edward foi que Bella chegou no quarto do filho com uma bandeja nas mãos.

—Eba! – Seth comemorou sentando no peito do padrinho que riu se ajeitando melhor e colocando a criança sentada ao seu lado.

—Cada um tem sua caneca, quem quer a do homem-aranha? – Bella indagou sorridente para o filho.

—EU – Edward respondeu rápido, vendo um bico se formar no lábio de Seth.

—Padrinho, eu sou o homem-aranha – Seth reclamou.

—Achei que fosse o Mogli? – Edward o provocou e Seth bufou.

—Não, eu só pareço... Mamãe, eu posso vestir o meu pijama do homem-aranha? – Seth pediu e Bella olhou para Edward com os olhos semicerrados.

—Está lavando, filho – Bella disse entregando a xícara marrom para Edward.

—Não, eu quero a do homem-aranha, é o meu super-herói preferido – o homem provocou fazendo Bella bufar, mas ele não mentia.

—Padrinho, é o meu também – Seth disse levantando para encarar Edward com maior facilidade – Eu tenho até o pijama, ah, você me deu padrinho, lembra? Foi você que deu, eu sou o homem-aranha – o garoto dizia agitado.

Edward fingiu chateação.

—Está bem, você pode ser o homem-aranha hoje, mas sente-se, sim? – ele pediu e Seth pulou animado, se aninhando ao lado do padrinho.

A noite foi tranquila depois daquilo, Seth dormiu no meio do segundo filme da noite: Vida de Insetos. Edward tentou se ajeitar na cama, mas reparou que o corpo de Bella também estava pesado em seu outro lado e sorriu suspirando.

Só por um minuto.

Edward fechou os olhos sentindo Seth dormindo em seu peito e Bella em seu ombro, imaginou como as coisas poderiam ter sido diferentes, ele conseguiu ver tudo.

O belo casamento deles, Seth sendo seu filho, tendo seus olhos e maxilar, mas ainda sendo a cópia fiel de Bella, talvez um pouco mais pálido do que ele o era agora, mas exatamente aquela criança. Bella cantando no primeiro andar da casa deles como ela costumava fazer todas as manhãs – mesmo que ela não fizesse mais aquilo, como ele reparou pelos últimos dias que morou com ela, ela costumava fazer quando era adolescente e ele amava, certamente a teria encorajado a continuar se fossem casados.

Bella se mexeu abruptamente e Edward abriu os olhos para ver a amiga ajeitar sua postura, coçou os olhos e se virou encontrando os olhos verdes brilhantes, sorrindo para ela. Ele colocou o indicador em frente a sua boca e apontou para Seth.

Depois de ajeitarem o garoto na cama infantil dele, Bella desligou a TV e Edward ligou a luz noturna que Bella pediu, então eles beijaram a criança e saíram do quarto dele. Edward sentia todos seus músculos protestarem por ter passado tempo demais parado em uma posição, mas ele não se arrependia.

—Jacob ainda não chegou – ele avisou Bella.

Ela engoliu em seco, assentindo, então desceu com a bandeja para a cozinha, Edward franziu o cenho para ela a seguindo apressado.

—Bella? Aconteceu algo? – Edward demandou na entrada da cozinha.

Bella ajeitava as coisas com calma na máquina de lavar-louças moderna de sua cozinha.

—Jacob está passando um tempo na casa de Billy – ela falou simplesmente.

Edward ficou um tempo parado escutando o que ela disse se repetir dentro de sua cabeça enquanto ele tentava encontrar o sentido e verdadeiro significado das palavras dela.

—Seu quarto está pronto para ser usado, eu troquei os lençóis – ela avisou ao ligar a máquina.

Edward assentiu devagar, pensando naquilo.

—Vocês estão se divorciando? – Edward perguntou sem passar no filtro de sua mente, mas eles eram melhores amigos? Não eram?

—Estamos tirando um tempo para pensar – Bella suspirou apagando a luz da cozinha.

Ela subiu as escadas devagar e Edward a seguiu, apenas um passo atrás dela.

—Bom, boa noite – ela sussurrou na primeira porta do corredor, o quarto de visitas.

Edward segurou a mão dela, a corrente elétrica era a mesma que sentiram logo quando seguraram as mãos a primeira vez depois de adolescentes. Sem conseguir conter ou pensar direito, Edward puxou a mulher para o quarto em que ele dormiria naquela noite e fechou a porta em suas costas num baque surdo.

—O que aconteceu? – ele perguntou.

—Nada – ela falou rapidamente.

Edward revirou os olhos negando com a cabeça.

—Por que vocês brigaram? – ele indagou.

Poucos dias atrás Jacob estava ali, aquilo tinha que ser recente.

Bella estava perdida, não sabia que resposta ela poderia dar para Edward, francamente não tinha o que falar sem se comprometer por completo.

Edward enxergou algo nos olhos dela.

—Me fala – ele sussurrou se aproximando dois passos e, em resposta Bella deu um passo para trás.

—Você sabe – ela respondeu baixo.

O breu do quarto deixava tudo mais dramático, as vozes pareciam mais altas, por isso eles continuavam a suspirar respostas um para o outro.

—Eu estou te pedindo para me falar.

Isabella sempre odiou ser o tipo de pessoa que as outras conseguiam ler, mas – apesar do que Edward achava – ele sempre teve uma leitura excelente de tudo o que ela sentia, por isso ela decidiu que deixaria ali toda a dificuldade que ela levantou pelos últimos meses desde que ele voltou para a vida dela, não é como se ela tivesse um casamento para o qual ser fiel.

—Você. É claro – ela suspirou se sentando na cama.

Edward respirou fundo, deu mais um passo para Bella.

—O que eu fiz? – Edward perguntou meio confuso.

Por anos, anos intermináveis, ela tinha contado mentiras atrás de mentiras. Ela mentiu para Edward, para ela mesma, para seus pais, mas Jacob tinha percebido. Ele realmente sempre soube. Ele não mentiu. Bella não o enganou nem por um dia.

Bella sentiu o choro chegando e a tomando, doía tanto.

—Porque você me estragou para sempre – ela chorou sem querer se conter – É o que você quer escutar, Edward? Você me ensinou a amar tanto, tanto, que eu não consegui suprimir você para encaixar ninguém, nunca mais. Não importa o quanto eu amei Jacob, o quanto me entreguei para ele, o quando me dispus, ele nunca foi você – ela acusou começando a caminhar de um lado para o outro – Eu vivi anos me dizendo que ele era mais, que era diferente porque Jacob era melhor, porque você me machucou, porque você me destruiu, porque você não foi quem eu achei que seria perfeito para mim, mas você nunca realmente deu a chance para qualquer outra pessoa – ela cuspiu.

—Eu te destruí? O que caralhos eu fiz? – ele perguntou ofendido.

Bella o encarou procurando alguma insegurança ali, não era possível que ele não sabia.

—Eu não quero falar sobre isso, por favor, eu não quero – ela murmurou negando com a cabeça.

—Bella, acho que já passamos do ponto em que isso é uma escolha, agora é uma necessidade – ele disse se sentando na ponta da cama.

Bella sentou no outro extremo da cama de casal, suspirando pesadamente.

—Você não me deu meia chance – ela contou – Você tomou um erro meu de tal forma que eu nunca consegui verdadeiramente me perdoar, parece que estou constantemente em débito com você, que tudo o que de ruim que aconteceu foi, de certa forma, culpa minha também. Nós dois nos destruímos, não pareceu correto, não estava certo – ela dizia acelerada.

—Bella, minha mãe tinha morrido e... – ele expôs sentindo o gosto amargo daquela frase.

—E eu estava lá. Eu passei por cada fase com ela-

—Porque vocês escolheram dessa forma – ele disse se exaltando um pouco, mas enxergar Bella se encolher o colocou de volta em seu lugar – Eu não te culpo, desculpa, me perdoa por deixar você pensar por esse tempo todo que a culpa foi sua, eu entendi o seu lado. Ela era um pouco sua mãe também, eu faria o mesmo por Renée, mas eu era imaturo e eu tinha perdido tudo o que eu tinha, Bella, minha mãe era tudo o que eu tinha – ele falou com os olhos enchendo de água e um bolo sendo formado em sua garganta.

—Eu sei, eu aceitei sua decisão, eu ainda te esperei – a garota respondeu igualmente emocionada.

—Não completamente – ele murmurou.

Bella enterrou o rosto nas mãos, sentindo uma tonelada em seus ombros.

 —Eu não fui para a NYU porque você tinha voltado para Phoenix – ela disse rapidamente.

—Se você tivesse ido eu teria também – ele confessou.

Bella o olhou com raiva naquela hora.

—Eu não tenho a porra de uma bola de cristal, Edward, você me ignorou por meses...

Ele respirou fundo, as mãos enterradas em seu coro cabeludo, ele tentava não pesar tudo o que ele deixaria de lado para poder voltar naquele momento, mandar um e-mail para ela, embaixo de toda a sua dor, deixar o amor por Isabella o salvar.

—Eu deixei minha transferência para a NYU pronta por um ano inteiro depois de tudo – ela suspirou – Quando tudo passou e eu ainda não havia escutado de você, eu soube que você não voltaria mais, se você não tinha vindo até aquele momento, você não voltaria mais.

—Foi por isso que começou a sair com Jacob? – ele perguntou curioso.

Bella não respondeu, não saberia dizer com precisou. Ainda precisou de uns meses, mas talvez sim, talvez fosse a consciência da falta de Edward que a empurrou para Jacob.

Edward abaixou a cabeça, forçando os olhos fechados ao sentir sua mente doer. Uma informação fez Bella se encolher, depois de anos, ela finalmente tinha que saber, aproveitar que eles estavam se abrindo.

—Foi porque minha mãe te contou sobre Jacob que você foi detido e me ligou? – ela indagou.

Bella se lembrava de receber a ligação de Edward depois de anos, era um pedido de ajuda, ele tinha sido detido por beber e dirigir e Charlie foi para Phoenix pagar sua fiança, foi quando Bella e Edward se reconectaram, a amizade foi restabelecida. Anos depois, Renée assumiu que nunca deixou de conversar com Edward.

Ele levantou os olhos para ela, nunca realmente houve uma dúvida sobre aquilo.

—Eu percebi que você tinha encontrado alguém que te merecia, foi quando a ficha começou a cair.

—Que ficha? – ela perguntou confusa.

—A de que a gente não ia achar um caminho de volta um para o outro – ele murmurou.

Bella se levantou parando de frente a Edward, puxou a franja dele para a encarar.

—Foi somente por culpa sua – ela jurou e ele bufou.

—Não me diga – ironizou se levantando também.

Os corpos se colaram por um momento antes de Edward se afastar dela.

—Por que você transou comigo quando foi me contar sobre seu noivado?

—Não foi para contar do meu noivado que eu fui, foi para pagar sua outra fiança. Eu ainda não estava noiva – ela lembrou.

Edward era um alcoólatra, a segunda detenção dele foi quando ela assumiu aquilo para si mesma e Charlie a encorajou a oferecer de interná-lo em uma clínica de reabilitação.

—Por que fez aquilo? Por que transou comigo antes de me contar que se casaria? – ele voltou a indagar.

—Não foi premeditado – ela disse ofendida com o que ele inferia – Estávamos juntos e sozinhos e aconteceu, então eu te contei que aquela havia sido a última vez, porque eu ia me casar com Jacob – falou meio evasiva.

—Você ainda não tinha aceitado – Edward acusou fazendo sentido de tudo em sua mente.

Bella encarou Edward com a expressão séria, decidida a não contar meias verdades.

—Não, mas quando eu dormi com você eu entendi que não ficaria melhor do que você, eu nunca mais ia amar daquela forma e, bom, Jacob era bom para mim – ela contou sem vergonha ou arrependimento – Se não fosse você, eu deveria aceitar o segundo melhor...

—Eu te disse que te amava naquele dia – ele lembrou chateado.

 

Bella voou para Phoenix sozinha quando Edward foi detido novamente, dessa vez por uma briga perto de um bar. O cara que Edward quebrou o maxilar prestou queixa e Bella pagou a fiança. Edward se sentia um lixo, jurou pagar cada centavo a ela e, naquela noite, os dois acabaram na cama podre do vergonhoso apartamento de Edward, sem roupas.

Edward teve uma esperança plantada em meu cérebro antes de Bella contar a ele que Jake a tinha pedido em casamento e ela pretendia aceitar assim que se formassem. Aquela noite tinha sido uma espécie de despedida para os dois, segundo ela.

Ele ficou perdido por um tempo, sem conseguir pensar de forma racional.

—Não faz isso – implorou em tom baixo para ela escutar.

—Edward... – ela pediu se levantando enrolada no lençol.

Sem a cobertura Edward ficou nu na minha cama em seu estado mais vulnerável sem sequer se importar.

—Por favor, não casa com ele, baby, não era isso que tinha que acontecer – o homem chorou desesperado por assisti-la escorrer por entre seus dedos – Eu te amo.

Foi a primeira vez que ele falou aquilo depois de tudo o que acontecera entre os dois e Bella caiu numa crise de choro.

—Não fala isso, você não tem o direito de fazer isso – ela chorava quando se ajoelhou perto de Edward – Fala que é uma piada, fala que você só está tentando me fazer rir, Edward, não joga isso em mim agora – ela implorou.

Edward negou com a cabeça, não ia tomar a afirmação de volta depois de anos tentado confessar aquilo. Ao invés daquilo, ele arrancou o lençol que tampava o corpo de Bella antes de a deitar na cama e amar cada centímetro de seu corpo ao reparar que aquela era mesmo a última vez, ela não estava brincando, ela ia casar com outra pessoa.

Edward a deixou no aeroporto de Chicago na manhã seguinte. O pênis machucado e ela assada, mas nenhum dos dois arrependido de nada, ele sentia que tinha deixado seu amor marcado dentro dela e ela fez o mesmo nele, mesmo que uma boa foda fosse somente o que ele tinha a oferecer.

Bella o abraçou amorosamente na entrada do portão de embarque, sussurrou que ela precisava que ele, verdadeiramente, começasse a se cuidar. Pelo bem dela.

Edward sorriu acenando para ela, mesmo que sentisse como se estivesse morrendo a cada passo que ela dava para longe dele e para perto do futuro dela, futuro esse que não era ao lado dele.

 

—Você não me conhecia mais, Edward – ela contrapartiu séria.

A cabeça dele virou, sua feição surpresa com a colocação dela. Realmente ofendido com a frase da mulher.

Sem pesar as consequências ele deu passadas longas enquanto Bella andava para trás. O corpo dela alcançou a parede fria antes de sentir o corpo quente de Edward a prensar.

—Eu nunca “não te conheci”, Isabella Swan Black— ele falou com a voz rouca – Eu podia não saber a sua música do momento, o último filme que tinha assistido ou o seu horário na faculdade, mas meu coração sempre conheceu o seu. Eu sempre conheci completamente a sua essência, e ela ainda não mudou, você pode estar mais velha, mas ainda é a minha vizinha e primeira namorada. Eu conheço tudo o que fez você ser quem é hoje – ele se defendeu rapidamente daquela acusação absurda – Quer saber a verdade? Quer saber meu pensamento sobre o Jacob fora da sua casa? – ele murmurou abaixando para alcançar a linha dos olhos dela – Final-porra-mente. Seu coração é tão profundo quanto o meu, Isabella, quer saber por que eu não tenho uma senhora Cullen? Porque ela é você desde que você se mudou para a casa perto da minha.

—Cala a sua boca – ela demandou chorosa.

—Não – Edward suspirou se afastando dela – Eu não vou ficar quieto se você continuar aqui, então a sua saída é agora. Fique para me escutar, ou saia e a gente esquece o final da noite.

Bella respirava fundo. Tentada a aceitar a fuga, mas ao invés daquilo ela voltou a sentar na cama, abraçando seus joelhos como proteção.

—Você acha que era o que eu queria? Ficar a porra da vida inteira apaixonado por uma pessoa que merecia três de mim? Nunca ter a força para lutar mais por mim mesmo porque eu sabia que nunca chegaria ao que você de fato merecia? – ele indagava retoricamente, vendo lágrimas rolarem pelo rosto de Bella – Sabe por que eu te fodi daquela forma insana quando me contou sobre o seu noivado?

Bella engoliu em seco, Edward não deixou de perceber aquilo.

—Porque era o que eu tinha para te oferecer, Bella, era meu jeito de dizer que não te tocaria mais depois daquela noite, mas deixaria no seu corpo a lembrança do meu.

Soltando uma lufada de ar, Bella encarou o homem a sua frente.

—Tem mais algo para me dizer?

Um milhão de coisas, Edward pensou ansioso.

—Eu te amo, todos os dias eu te amo. Eu aceito qualquer espaço que tiver na sua vida para mim, me deixa ser seu melhor amigo, seu companheiro, seu carteiro... Inferno, Bella, contra tudo o que eu acredito aceito até ser seu amante – ele suspirou – Me diz o espaço que eu ocupo e eu ficarei nele, eu te quero feliz, sempre, o mais feliz que você conseguir ser, eu tomo qualquer canto que tiver para mim – Edward jurou acariciando o rosto dela – Mas me fala agora, me diz o que significa o seu tempo com Jacob, me fala o que quer de mim. Eu te dou, eu sou seu.

O hálito mentolado relaxou Bella.

Ela se sentiu leve, realmente leve, era só ela, era só Edward, era apenas o seu coração acelerado e sua excitação que deixava seu centro quente.

—Eu não quero, mas eu te amo – Bella assumiu por fim, fazendo Edward suspirar – Você faz o que eu quiser? – ela indagou baixinho.

—Sempre fiz.

Bella segurou a mão dele com carinho, Edward tinha os olhos presos nos dela, mas sentiu quando ela o fez espalmar a mão na barriga dela, antes dela começar a empurrar a mão dele para dentro de sua calcinha.

—Me fode forte, Edward, que nem da última vez, faz meu corpo lembrar, não deixa ele se esquecer de você – ela clamou ansiosa.

Edward escorregou dois dedos para a intimidade dela, sentindo o centro quente que clamava por atenção. Bella gemeu com o contato. Sem demora, ele pesou a mão forçando a calça e a calcinha para fora do corpo de Bella.

Ele a empurrou para a cama, beijando os lábios dela de forma furiosa enquanto seus longos dedos a estimulavam. Ele sentia que a qualquer momento seu pênis quebraria seu zíper, mas ele teria que esperar, Edward estava em outra missão, numa de reconhecimento, teste de lembrança.

Ele estimulava a mulher como se lembrava, beijou os pontos sensíveis ganhando gemidos e murmúrios de aprovação e sorriu convencido ao perceber que se lembrava. Ele colocou seu rosto no meio das pernas dela, lambeu toda a extensão das cochas dela, sem nunca deixar o indicador parar seu trabalho no clitóris da mulher, logo sua boca substituiu a mão e ele gemeu com o gosto que não parecia diferente.

Eles não voltaram a conversar naquela noite, Edward fez o que jurou que faria, marcou o corpo dela novamente, cada centímetro de pele recebeu atenção até que, nas primeiras horas da madrugada, no quarto de hóspedes, Edward se enterrou em Bella e ambos engoliram o gemido um do outro, o beijo era salgado pelas lágrimas dos dois.

.

—Você poderia ter sido o único – Bella sussurrou em seu sono.

Edward a apertou com mais força em seus braços, ele escutou aquela verdade a engolindo como um ferro em brasa que passava lentamente por sua garganta. Ele não conseguiu dormir naquela noite.

Nos primeiros raios da manhã, Edward saiu da casa de Bella nas pontas dos pés.

Às sete da manhã o sol parecia claro demais no quarto e Bella sentiu a frustração de procurar alguém ao seu lado e não encontrar ninguém, mas ela sabia que tudo foi real, ela ainda o sentia dentro de si, sentia a verdade de tudo.

Depois de um banho quente e uma troca de roupas, ela sabia que Seth não demoraria para acordar, então desceu para preparar o café, mas foi impedida por batidas urgentes na porta de sua casa, ela abriu sorrindo amplamente para a pessoa que estava parada ali. Com uma cesta de café da manhã no braço.

—Eu sei que não é o meu espaço para pedir nada, eu tenho consciência de tudo o que perdemos, mas também ganhamos muito. Temos Charlie na nossa vida agora, o que não aconteceria se tivéssemos ido para a NYU, você tem bons amigos, estamos nessa simpática cidade e temos Seth. Eu o amo também, Bella, ele não é meu, mas é uma parte sua. Eu não estou falando para nos casarmos, estou pedindo só uma chance de tentar seguir o que começamos em Phoenix, o que nos prometemos desde os dezesseis anos. Desculpe pelos catorze anos de atraso...

Bella negou com a cabeça, disse que não se importava, mas o choro a impediu de dizer muito mais.

—Acho que o que eu realmente quero dizer é que eu preciso que você receba-me de volta, eu juro que valho a pena – Edward suplicou com o olhar ansioso na mulher.


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Notas finais do capítulo

Sou maluca por histórias que nos mostram por tudo o que as pessoas passaram e nos deixam decidir como achamos que acabou hahahaha Claro que a Bella aceitou, mas será que o Jacob ficou de boa? Como o Charlie e a Renée reagiram? Beward conseguiu fazer funcionar? Tiveram mais filhos? E o Seth, gostou de ter Edward de padrasto?

Tudo aberto para a interpretação de vocês.

Por favor, não se esqueçam de comentar e me deixar saber o que acharam da história!!

Estou adorando escrever one-shots, então é muito importante para mim saber o que vocês acham delas.

Espero, verdadeiramente que tenham gostado.