Leopoldina era uma moça muito atenta, por sua curiosidade natural e avidez para aprender, e se tinha uma coisa que chamava sua atenção com certeza era Pedro. Ela veio prestando atenção nele durante algum tempo do trajeto que fizeram de carro desde a mansão até o aeroporto.

O rapaz estava atipicamente calado, sua testa começou a suar, as gotas de suor certamente frias, as mãos acostumadas ao volante estavam levemente trêmulas. Leo por sua vez, achou melhor não incomodá-lo, sabia o motivo para todo aquele nervosismo, era a primeira vez que Pedro encontraria com seus parentes pessoalmente. Ela entendia a gravidade da situação, o suficiente para causar tudo aquilo. De certa forma, Leopoldina podia ter uma noção de como era isso tudo se lembrando de como foi sua chegada ao Brasil.

Ela e Pedro então chegaram ao seu destino final. No aeroporto, sua noiva notou mais sinais de nervosismo, ele umedecia os lábios constantemente, ajeitava a gola da camisa polo, peça de roupa que ele raramente usava, um sinal de que queria parecer mais elegante. Preocupada com tamanha inquietude, Leopoldina resolveu confortá-lo.

— Não fica assim, eles são ótimos, eu garanto - ela fez questão de dizer, enquanto o afagava pelas costas.

— Eu sei disso, não duvido nada disso, sua família deve ser tão maravilhosa quanto você é, eu só fico nervoso por mim mesmo - Pedro confessou - eu não sei se estou à altura deles.

— Pedro, não pense assim, só seja cordial e seja você mesmo - sua noiva aconselhou - demonstre o amor que tem por mim e tudo vai ficar bem, eu garanto.

—Está bem - ele sorriu e conseguiu sentir ao menos os ombros relaxarem, enquanto trazia Leo para mais perto de si.

Então, de mãos dadas, esperaram pelos Habsburgo. O sorriso de Leopoldina era encantador, os lábios se abriram de forma convidativa ao ver sua família ao longe. Seu pai, sua madrasta e seus irmãos pareciam ótimos, ao ver dela não tinham mudado nem um pouco. Pedro a deixou ir, liberando sua mão enquanto ela corria até a família.

— Eu nem acredito que vocês estão aqui! - ela disse ao abraçar o pai, Fernando e Luísa.

—Que saudades suas! Você não faz ideia do quanto faz falta em casa - disse seu pai docemente.

—É, imagino, mas estou muito bem aqui, apesar de tudo ser tão diferente, estou me adaptando bem e eu amo esse país, de verdade - ela declarou.

Pedro deu mais um pouco de espaço a eles enquanto Leopoldina contava mais novidades.

—Está tão bem adaptada que vai se casar e morar aqui, não é? E onde está o responsável por se comprometer? - Fernando quis saber.

—Bom, Pedro está bem aqui - ela se virou para ele, que então se aproximou - vocês o conheceram pela vídeo chamada.

—É um prazer conhecer todos vocês pessoalmente - ele arriscou um pouco de alemão que Leo o tinha ensinado - sejam bem vindos ao Brasil.

—Muito obrigado, Pedro, agradecemos sua acolhida - devolveu seu sogro em português.

—Quero pedir que fiquem na minha casa, por favor - continuou o rapaz.

—Ah não, não queremos incomodar - Francisco negou, não querendo dar trabalho - vamos procurar um bom hotel.

— Não será necessário, a Quinta é enorme, há espaço de sobra pra todos, e meu pai fez questão de preparar tudo para vocês - Pedro acrescentou.

—Sendo assim, não tem como recusar - Francisco acabou sorrindo.

Um táxi com os Habsburgo seguiu o carro de Pedro até a casa dele. Era claro como o tamanho da propriedade chamou a atenção da família de Leopoldina.

—É um lugar e tanto - elogiou Maria Luísa.

— Vocês não viram nada ainda, a floresta ao redor é encantadora - Leo comentou.

—Por tudo que vimos até agora durante o caminho, dá pra entender porque você amou esse lugar, é realmente lindo - disse Fernando.

Levaram as malas para dentro enquanto conversavam mais um pouco, até que João e Teresa vieram se apresentar para eles.

—É um prazer tê-los conosco, fiquem à vontade - João os recebeu.

Depois de bem instalados, os Habsburgo puderam desfrutar de um delicioso jantar que surpreendeu até Leopoldina.

—Isso é maravilhoso, meu sogro! - agradeceu ela, encantada.

— Eu achei que nossos hóspedes gostariam de comer algo com que estão acostumados e sei que você também sente falta da culinária austríaca - João justificou o cardápio diferente.

—E agora, como você fez com nossa comida, vamos experimentar um pouco da comida do seu país - Pedro disse alegremente.

—Essa foi uma grata surpresa, obrigada - ela agradeceu mais uma vez, realmente feliz por aquela iniciativa.

Juntos, as duas famílias comeram, conversando e se engajando num bom convívio, o que deixou Pedro e Leopoldina muito felizes, ansiosos ainda mais por sua união.