Dinastia 1: O Sonho Real escrita por Isabelle Soares


Capítulo 39
O National Day


Notas iniciais do capítulo

No capítulo de hoje vamos ter um vislumbre de Bella participando do evento mais importante do país. Será que ela vai conseguir se sair bem? Leiam e descubram! ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/789242/chapter/39

Quando as assinaturas chegaram ao fim, tiramos a tal foto com o juiz e voltamos para o altar novamente. Formos recebidos pelo som de várias trombetas que eclodiam por toda a Igreja. Porém, dava para se ouvir do lado de fora da abadia o som dos gritos das pessoas lá fora. Eles sabiam que a cerimônia estava no fim e aguardavam ansiosos para verem os “noivos reais” surgirem diante dos seus olhos. Assim como foi na minha estreia no National Day, o maior evento do ano em Belgonia. Jamais poderia esquecer esse dia também.

Com tantas coisas rodando em minha mente no momento, nem me lembrei que o dia primeiro de julho estava chegando. Se não fosse por Nick, talvez eu nem comparecesse a cerimônia do National Day. Eu sabia que ia ser algo grande. Esse é o evento que comemora o aniversário do país é também um evento extremamente político para a monarquia. É o único momento em que toda a família real comparecia reunida no na varanda do palácio do parlamento e assistia todo o evento. É o momento de aparecer e ser visto por todos.

Na verdade, eu nunca ligara muito para o National Day. Nos anos em que eu estive em Belgonia e depois que passei a morar aqui, eu achava um evento normal como qualquer outro. Foi no ano passado que eu resolvi assistir a cerimônia por causa de Edward e tinha sido horrível por que estávamos brigados. Mas esse ano ia ser diferente. Tinha que ser especial.

Acordei cedo na manhã do dia primeiro e tratei logo de me aprontar, pois a cerimônia começaria pontualmente as oito e eu deveria estar arrumada no palácio antes disso. É claro que como eu tinha esquecido do evento não tive tempo para pensar numa roupa mais elaborada para a minha estreia e resolvi recorrer a Alice, como sempre. Enquanto ela chegava a Frogmore Cottage, minha nova casa provisória, resolvi ligar a TV e ver as notícias.

“- Hoje é um dia especial para todos nós em Belgonia. O dia que nosso país completa 151 anos. O National Day desse ano vai ser ainda mais importante aos olhos do público, por que teremos a estreia da Isabella Swan, a noiva do príncipe Edward, nesse evento tão importante. Vamos agora falar com a nossa repórter que está em frente à praça dos três poderes, onde acontecerá toda a festa, para ver como está o clima. Fala Cintia Swin! – anunciou o apresentador que iria transmitir o evento.

— Olá para todos que estão nos assistindo aqui pela TVI! Estou exatamente aqui em frente ao palácio dos três poderes onde está montada a tenda onde ficará a família real e os políticos. Como vocês podem ver, são exatamente 6:40 da manhã aqui em Belgravia, mas já está lotado de pessoas que aguardam ansiosas pelo início da celebração. Vou me aproximar aqui da multidão e perguntar a eles o que eles esperam desse National Day.

A jornalista se aproximou da multidão e pôs o microfone em frente a uma jovem que estava aguardando atrás das grades protetoras.

— Olá o que você espera desse National Day?

— Eu estou louca para ver a Bella! Eu adoro ela e o príncipe Edward! Eles são o meu casal favorito!

— E você? Quem quer ver no National Day desse ano?

— Eu quero ver toda a família real, mas especialmente a Isabella. Ela linda! – falou uma senhora na multidão.

— Como vocês podem ver, a Isabella será a sensação desse National Day. Voltamos para o estúdio.

— Obrigado Cíntia! Vamos conversar com os nossos comentaristas aqui no estúdio. Como vocês acham que será a estreia da Isabella nesse National Day?

— Acho que esse ano, como todos os outros que marcam a estreia de um novo membro da família real no evento, vai ser um dos mais assistidos e comentados. Na verdade, eu nem queria estar na pele da Isabella hoje. Todas as atenções vão estar nela.” — falou uma jornalista que se identificava como especialista em família real.

Na verdade, nem eu queria estar no meu lugar agora. Continuei a assistir o que diziam na TV para me manter informada sobre o que as pessoas estavam pensando, mas confesso que quanto mais eu ouvia mais nervosa eu ficava.

Fui até o enorme closet e peguei um dos vestidos que Alice tinha me dado e o vesti. Quando ela chegou, vi o quanto estava estonteante. De repente me senti ainda pior, me achando super sem graça. Argh! Quanto era difícil escolher roupas para se usar ainda mais para quem nunca se preocupou com isso como eu.

— Ok. Acho que acertei em escolher esse vestido para lhe presentear. – falou Alice. – Ele ficou lindo em você!

— Não acha que estarei sem graça demais? Você está tão bonita!

— Obrigada Bella. Mas não. Pela primeira vez eu acho que fez a escolha certa. É um vestido simples e dentro dos protocolos. Hoje todas as expectativas e os olhares estarão em você, então é melhor apostar na simplicidade e não pecar na extravagância.

— Como devo me comportar?

— Tente agir naturalmente. O segredo do evento é parecer calma e feliz. Acene algumas vezes quando estiver na carruagem e na varanda do palácio. Não olhe para as câmeras e nunca vire de costas para o povo ou para o papai e mamãe.

— Alguma reverência?

— Não será necessário. Só sente ou levante quando papai e mamãe assim o fizerem e relaxe! Vamos fazer o mesmo.

Assenti e ela me pediu para eu sentar e começou a fazer uma escova no meu cabelo. Enquanto isso eu continuava de olho nas notícias e rezando para que o dia de hoje passasse logo.

— “Há algum protocolo para o evento de hoje? – perguntou o apresentador para a especialista em família real.

— Não. Só o básico, como o respeito à hierarquia entre os membros da família real. Mas acredito que Isabella terá um lugar especial no evento de hoje. Eles sabem o quanto ela é a sensação do momento e devem tirar proveito disso.

— Será como há trinta anos na estreia da rainha Esme?

— Acredito que será um pouco diferente. A rainha Esme claramente não era bem aceita pelas suas majestades na época e foi posta em segundo plano durante o desfile real, mesmo que a intenção fosse mostrá-la como uma grande dama. Porém, acho Isabella terá mais destaque por ser bastante querida pelo povo e pela família também, mostrando o quanto ela está sendo bem acolhida.”

— Incrível como esse povo sabe das coisas nos mínimos detalhes. Deve ser alguém no palácio que sopra esses detalhes para eles. – falou Alice enquanto terminava de dar um trato no meu cabelo.

— Eu vou ter destaque hoje?

— Claro! Mamãe fez questão de colocar você junto com eles e Edward na mesma carruagem. Acho que isso é uma questão de honra para ela, como se fosse uma forma dela de dar a volta por cima, sabe como é...

Fiz uma cara de surpresa com um misto de assombro. Comecei a sentir o meu estômago borbulhar e a ânsia de vômito vir de tanto nervoso.

— Ai Alice! Eu quero morrer!

Alice fez uma massagem nos meus ombros para tentar me acalmar, mas não estava funcionando. Só de pensar que milhares de pessoas estariam me esperando e olhando para mim já me dava calafrios. Comecei, espontaneamente, a bater os pés no chão, fazendo Alice me dar um cutucão toda vez que eu fazia isso. Mas o que eu poderia fazer? Eu estava nervosa.

— Se acostume Bella! Isso é só o começo.

— Eu sei...

— Mas, por outro lado, deve pensar no evento em si. O National Day é bem divertido!

Alice pôs um chapéu em minha cabeça e em seguida passou para a minha maquiagem. Tentei pensar em outras coisas, mas estava difícil. Para mim o National Day sempre foi monótono e cheio de coisa velha e confesso que não pensava diferente no momento. Eu teria que me concentrar o tempo inteiro para não errar e nem cometer nenhuma besteira.

— Bom... Acho que está pronta! – Ela deu uns pulinhos e trouxe um espelho para que eu pudesse me olhar. – O que achou?

Ao ver a minha imagem senti um pouco mais de segurança. Já que Alice me deixara realmente diferente e bem apresentável. A maquiagem “clean” dava a mim a imagem que eu queria mesmo passar, a de simplicidade. Sorri satisfeita.

— Você é um gênio Alice!

— Ah obrigada! Eu adoro lhe arrumar, mas acho que daqui para frente temos que ter profissionais a sua disposição já que você vai ter que estar apresentável sempre que tiver algum compromisso oficial, o que vai ser diariamente a partir de agora.

— Isso vai ser ótimo!

— Eu posso conseguir alguns.

Ela olhou para o relógio e falou:

— Sete e meia. Peter deve estar vindo nos pegar para irmos ao palácio.

O mordomo de Frogmore Cottage surgiu na porta para nos avisar que Peter, o motorista, estava a nossa espera. Calcei os sapatos e tentei me equilibrar com o tamanho daqueles saltos. Era difícil acompanhar o ritmo acelerado de Alice, por que eu tinha que ir devagar para não cair, já que eu não era acostumada com sapatos altos. Outra coisa chata que eu teria conviver diariamente.

No caminho até o palácio, Alice foi me dando outras dicas preciosas e eu ia prestando atenção em tudo para mais tarde não cometer nenhuma gafe. Ao mesmo tempo, eu observava as ruas de Belgravia e via a agitação que estava. Eu poderia sentir um clima diferente no ar. As pessoas estavam mais alegres e sorridentes. Enquanto balançavam as bandeiras vermelho e laranja, eu podia sentir o espírito de nacionalidade presente nelas. Era algo bonito de se ver. Dava até orgulho de ser Belgã.

Quando desci do carro pude logo ver Edward me esperando na porta de entrada. Ele estava tão lindo com a sua farda oficial e com uma aparência ainda melhor do que estava no ano passado. Corri até ele, pelo menos eu tentei já que estava com aqueles saltos horríveis, e fui recebida calorosamente com um abraço. Em seguida, ele me puxou para um canto mais reservado dentro do palácio e me beijou calorosamente. Deus! Como eu tinha sentido falta desse beijo. Aliais, eu vinha sentindo falta de absolutamente tudo relacionado a Edward. Nos últimos dias, nós dois estávamos ocupadíssimos com nossos compromissos e mal sobrava tempo para ficarmos juntos. O apertei ainda mais tentando trazê-lo ainda mais perto de mim e captar o seu calor e o seu cheiro gostoso.

— Como pode dois noivos tão longe um do outro como nós dois, Edward? Não éramos para estarmos juntos?

Ele colou a testa na minha e falou próximo a minha boca.

— Eu sei, meu anjo, também sinto horrores a sua falta. Vamos ter que encontrar um jeito de conciliar as coisas.

— Vamos sim, por favor.

— Hoje à noite faremos um programa legal.

— Combinado! Mesmo que seja algo em casa mesmo por que acho que hoje vai ser bastante cansativo.

— Dá se um jeito. Agora deixa eu ver você.

Edward segurou as minhas mãos e me afastou para que ele pudesse ter uma visão minha completa.

— Está linda! Me lembre de agradecer a Alice por esse espetáculo!

— Ela tem sido incrível, Edward. Sem ela, eu seria um completo desastre!

— Não se cobre tanto! Hoje, eu vou ser o homem mais invejado desse país por que ao meu lado está a mulher mais linda do mundo!

— Você é um galanteador, sua alteza real!

Íamos nos beijar novamente quando formos interrompidos por Carter, o mordomo do palácio, que trazia em suas mãos uma caixa preta de veludo.

— Com licença. Desculpe-me atrapalhá-los, mas a sua alteza precisa pôr a sua tiara.

— Sim. Obrigado Carter.

Edward pegou a caixa das mãos do mordomo e abriu na minha frente. Havia diante dos meus olhos uma tiara masculina muito bonita. Toda de prata com vários rubis em formato de círculos incrustados nela. Parecia ser uma peça bastante antiga também e trazia características medievais, apesar de eu ter certeza que não era antiga a tal ponto. Edward se ajoelhou diante de mim com a caixa na mão e eu fiquei bastante surpresa com esse gesto.

— Milady, me daria à honra de colocar essa tiara em minha cabeça?

— É claro, alteza.

Peguei a tiara com bastante cuidado e a coloquei na cabeça de Edward, isso sem desgrudarmos os nossos olhares. Ele levantou-se e beijou as minhas mãos como um cavalheiro.

— Essa tiara é linda!

— É a tiara do príncipe herdeiro. Foi produzida especialmente para o meu falecido tio avô, Lourenzo, e se perpetuou para todos os primeiros na linha sucessória. Fui coroado com ela no dia da minha investidura.

— Bacana! Isso é uma das coisas legais que eu acho na monarquia. Manter tradições.

Ele piscou para mim concordando e em seguida Emmett passou por nós também com a sua farda e tiara e começou a rir alto.

— É melhor retocar o batom Bella. Ninguém vai querer saber que esteve de amasso com o meu irmão.

Revirei os olhos e peguei o batom na minha bolsa. Edward segurava o espelho enquanto eu me ajeitava. Em seguida, formos lá para fora e encontramos as carruagens alinhadas em nossa frente. Era magnífico olhar para todas elas era como voltar no tempo. Num século onde cavalos e carruagens eram bastante comum e necessárias. Como leitora de clássicos, eu sempre me imaginei dentro de uma carruagem e agora eu estava ali realizando esse sonho. Fazendo uma viagem no tempo mesmo que por um instante ao ouvir o trotar dos cavalos. Seguimos para frente do palácio, onde Carlisle e Esme recebiam as homenagens da banda municipal. Quando nos aproximamos, a banda parou de tocar por uns minutos enquanto Carlisle e Esme se juntavam a nós na carruagem para seguirmos no cortejo até a praça dos três poderes.

— Pronta para a grande aventura, Bella? – Carlisle me perguntou.

— Estou sim. Na verdade, estou bem nervosa.

Esme pôs sua mão na minha num gesto de conforto.

— Foi exatamente o que eu senti quando participei pela primeira vez do National Day. Mas saiba que não há nenhum bicho de sete cabeças.

— Espero que não.

Quando começamos a seguir pelas ruas de Belgravia, só podíamos ver um mar de pessoas nas ruas que expressavam uma felicidade estonteante. Elas gritavam e riam. Era tudo tão magnífico! Me senti grandiosa nesse momento e tocada por toda aquela energia positiva. Meu nome era gritado por quase toda a multidão. Era tão acolhedor! Nunca pensei que seria tão amada. Sorri de orelha a orelha e acenei em agradecimento enquanto com a outra mão segurava a de Edward.

— Veja Carl, nós não somos mais as majestades aqui. – Esme falou após ver as pessoas gritando o meu nome e o de Edward a cada instante.

— Eu acho isso maravilhoso! É como tirar férias! – brincou Carlisle.

Mas ao mesmo que era emocionante também era meio doido ver tantas pessoas chorando ao lhe ver, com placas com seu nome escrito e hiperventilando por uma pessoa que eles nem conheciam. Era absolutamente muito diferente do que eu já tinha se quer pensado em ver antes.

Quando chegamos à tenda em frente ao palácio do parlamento, os gritos das pessoas não diminuíam, era muita paixão e amor pela família real. Eles olhavam atentos e silenciosos durante o discurso de Carlisle e pareciam hipnotizadas ao ouvi-lo. Mas o mais fascinante era olhar aquela multidão lá de cima da varanda do palácio do parlamento. Quando as portas se abriram e foi revelado diante dos meus olhos aquele mar de pessoas fiquei ainda mais surpresa.

— Ual! Quanta gente!

— É mágico, não é? – Perguntou Edward ao meu lado.

— É incrivelmente diferente e um pouco assustador.

Edward discretamente colocou um braço em torno das minhas costas e eu me juntei ainda mais a ele para que não percebessem esse gesto de carinho. Não podíamos expressar sentimento em público. Acenamos mais algumas vezes e aguardamos a queima de fogos.

— Você está prestes a ver uma das coisas mais mágicas desse evento. – afirmou Edward enquanto apontava para o céu.

Era realmente mágico. Jamais ninguém poderia imaginar que poderia haver queima de fogos coloridos pela manhã. Mas aqui em Belgonia era possível. Com o incentivo da rainha Mary, em 1922, um cientista belgão inventou fogos semelhantes aos de artifícios, mas que poderiam ser vistos pela manhã. Eram espécies de gases coloridos que quando explodidos no céu deixava tudo mais iluminado e alegre. Desde esse tempo, virou tradição a queima desses fogos para marcar o fim do National Day, após o desfile e a apresentação dos militares. Eram divinos!

 Mais tarde, seguimos para a tradicional festa de jardim da realeza em comemoração ao aniversário de Belgonia. O jardim interno palácio estava lotado de gente, pessoas da nobreza, políticos, empresários e toda a família real, é claro. Um momento ideal para aqueles que desejavam ascender socialmente pudessem aparecer e conseguir ótimos contatos. Era a parte mais chata que eu achava. Detestava essa hipocrisia que havia em muitos. Sorriam, elogiavam, mas dentro do coração sentiam outra coisa.

Diferente do ano passado, no aniversário de Edward, as pessoas me olhavam diferente. Não era mais o desprezo que eu encontrava em suas feições, mas curiosidade e uma necessidade de se aproximar de mim e falar comigo. Ignorei boa parte desses olhares e segui com a minha mão apoiado no braço de Edward.

Porém, era inevitável não ter que falar com algumas pessoas, sorri e apertei diversas mãos durante a festa. Afinal de contas, eu seria a esposa do príncipe herdeiro e futura rainha desse país. Tinha que conviver com essas pessoas nem que eu não quisesse. Teria que aprender a ser hipócrita também, nem que fosse apenas nesses momentos. Edward me apresentou a um montão de gente, como o primeiro ministro, parlamentares, duques, marqueses, barões e membros de sua família que eu ainda não tinha tido a chance de conhecer pessoalmente ainda, como a princesa Carmen e seu marido, o Duque de Denali.

Ela era a única irmã de Carlisle e mais nova do que ele. Diferente do irmão, ela não era loira, mas sim trazia traços morenos típicos dos espanhóis. Eu sabia que a família real de Belgonia tinha muitas misturas com diversas monarquias de outros países da Europa e que permitia esses diferentes traços físicos. Já o marido dela também não parecia muito um europeu raiz. Pelo seu título, duque de Denali, eu poderia sugerir que talvez ele tivesse ligado ao Canadá.  

— Edward, tenho que lhe parabenizar pela sua noiva. – falou o tal duque. – Ela é muito bonita!

Corei e Edward respondeu enquanto acariciava as minhas costas:

— Obrigado Eleazar. Bella é linda por dentro e por fora.

— Sabe que vê-la aqui, Bella, me dá uma nostalgia. Até parece que foi ontem que Esme Platt surgia por aquelas portas com os braços dados com o meu irmão. – Carmen falou sonhadora.

— Acho que é meio nostálgico para ela também. – sorri.

— E o que está achando da vida na realeza? – perguntou Eleazar.

— Confesso que o pouco que convivi me deram a perceber que é bem agitada.

Carmem sorriu e tocou o meu braço. Ela parecia ser bastante simpática e muito bonita também.

— No começo é assim mesmo, querida. Mas logo você se acostuma.

— Eu, por exemplo, não conseguiria viver longe dessa vida. –afirmou Eleazar com certo orgulho.

— E as meninas, tia Carmen? Vi apenas Tanya hoje.

— Bom... Irina, você sabe, está sempre prá lá e prá cá e Kate está em Londres, terminando as provas finais do semestre do curso de Direito.

— É verdade que ela está namorando firme com um inglês? – perguntou Edward.

— Está sim, infelizmente. – Eleazar respondeu. – Não é o pretendente que eu queria para ela, mas fazer o que? Ainda tenho esperança com Tanya. Já que ela é uma verdadeira lady e saberá encontrar um noivo a altura.

Carmen corou envergonhada e Edward deu um sorriso amarelo. Agora eu entendia onde Tanya tinha puxado esse lado ardiloso. A princesa Carmen era um doce, mas Eleazar era osso duro de roer.

— Bom... Se nos dão licença... Bella e eu vamos dar uma circulada.

— Tem toda, querido. – disse Carmen ainda meio sem graça e tentando se recompor do comentário do marido.

Nos distanciamos deles e formos um pouco mais para longe das pessoas. Discretamente, coloquei os braços em torno da cintura de Edward e o trouxe um pouco mais para perto de mim. Ele levantou o meu queixo e me deu um selinho.

— Esse seu tio postiço parece ser um homem ambicioso.

— E é. Tadinha da tia Carmen! Nós o aturamos por que é necessário, mas ninguém suporta esse jeito dele interesseiro.

— E por que sua tia ainda continua com ele?

— Conveniências.

Sim. Claro! Por que todos que viviam no cinturão da realeza tinham que demonstrar uma vida perfeita, mesmo não sendo. Aguentando tudo e todos pela santa aparência do lar bonito e sagrado. Isso me enojava até a alma. Deus me livre de um dia ter que passar por isso com Edward.

— Está com sede? – perguntou ele. – Posso pegar algo para bebermos e comemos.

— Oh sim, por favor! Estou faminta!

Ele sorriu e voltou a me beijar. Depois, foi atrás de algo para nós dois comermos, me deixando a sós pela primeira vez nessa manhã. Fiquei observando a multidão e pensando que era até meio clichê ter um membro da família que era ambicioso e tentava ascender dentro da hierarquia monárquica a qualquer custo. Tentei não pensar muito sobre Eleazar e colocá-lo num lugar distante da minha mente quando alguém se aproximou de mim. Olhei para ver quem era e sorri.

— Harry! Oi!

— Oi Bella! Deixe eu apresentar a você a minha melhor amiga, Emma.

— É um prazer Emma. – falei. – Ouvi muitas coisas boas a seu respeito.

— Que bom! Eu também ouvi bastante a seu respeito. Na verdade, você é o comentário da vez. Estava ansiosa para conhecê-la.

Sorri e apertamos as nossas mãos amigavelmente. Emma era bastante bonita e parecia ser bem simpática também. Tinha longos cabelos castanhos e com a minha altura. Poderia apostar que tinha mais ou menos a mesma idade que Harry e eu. Me direcionei a ele e perguntei baixinho:

— Harry, como você conseguiu sobreviver a esse ambiente por tantos anos. Acho que eu vou sufocar. – falei colocando as mãos no pescoço com uma pitada de exagero fazendo Harry e Emma sorrir.

— É tudo uma questão de diplomacia, Bella, ou na maioria das vezes desprezo mesmo. Fiquei anos participando de festas como essa sem me deixar afetar pelo que eu via ou ouvia.

— Harry é muito bom em ignorar coisas que estão bem próximas dele, ás vezes. – Emma completou o argumento de Harry, mas com um leve duplo sentido na frase.

— Acho que finalmente consigo entender Emmett. Esse ambiente deixa qualquer um louco do juízo.

— Ah, por favor, Bella não abdique também! – Harry falou sorrindo e depois tornando a ficar sério. – O que Emmett fez não foi totalmente correto. Sou inteiramente a favor de seguir compromissos até o fim. Ainda mais quando se tem pessoas que fariam de tudo para tomar o seu lugar...

Segui o olhar de Harry e ele estava olhando justamente para Eleazar. Então, será que ele tinha feito alguma coisa para tentar usurpar o trono? Se sim, a cobra ainda estava à solta e pronta para dar o bote a qualquer momento.

— Acredite, temos uma visão muito boa do ambiente quando estamos olhando de fora.

Estremeci com esse comentário. O que mais Harry poderia saber? Tenho por mim que ele sabia muito mais do que estava falando, mas queria se manter de fora do conflito. Quer saber? Eu não o culpo. Faria o mesmo.

Esme veio até nós e sorriu de orelha a orelha ao ver o sobrinho ali presente.

— Oh meus queridos, vocês estão por aqui! Emma! É um prazer em revê-la!

Emma fez uma reverencia a ela e eu a imitei já que o ambiente estava cercado de olhares para nós, eu não poderia vacilar, mesmo Esme sendo já bastante próxima a mim.

— É um prazer também, majestade.

— Sem formalidades, querida. Agora me contem... Vocês dois aqui juntos... É o que eu estou pensando?

— Não tia. – Harry falou sem jeito ao mesmo tempo que Emma corava envergonhada. – Emma e eu continuamos bons amigos.

— Está certo então. – Esme concordou reticente. – Bella, acho que encontrou uma ótima companhia. Emma também é uma leitora voraz.

— É mesmo? – Perguntei a Emma.

— Sim. Ler é minha vida.

— Então, teremos muito o que conversar.

Todos nós rimos e antes que eu iniciasse uma conversação com Emma. Um guarda se aproximou de nós e entregou um papelzinho branco para Esme. Ela recebeu com um sorriso, mas que depois desapareceu ao ler o conteúdo, ficando branca feito um papel. Alguma coisa me dizia que nuvens negras estavam se formando no ambiente e logo cairia a tempestade.

 

—-------------------------------------------------------------------------

Saiba algumas curiosidades sobre o National Day lendo a fanfinc: "Curiosidades - Dinastia". Saiba mais apertando aqui.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí gostaram? O que acham desse novo mistério no ar? Comentem bastante!

Mas antes de ir embora quero agradecer a Érica, lelinhacullen, Aika, Cupcakeimperfeito, Talita Martins, Anna pelos comentários.

Até a próxima pessoal!