No altar, iniciou-se o coro cantando um cântico religioso acompanhado pelo som do piano e do saxofone. A música era tão bonita e envolveu a todos para cantarem também. Eu estava simplesmente emocionada. Edward olhou para mim com um sorriso torto lindo e senti a emoção nos olhos dele também.

— Você está tão linda!

— Obrigada. Você está estonteante!

Ele tocou minha mão levemente e eu senti o meu corpo inteiro esquentar.

— Estou ansioso.

— Eu também.

Se pudesse o beijaria ali mesmo, mas diante de tantos olhares só o que podíamos mesmo era esperar, pois faltava muito pouco para estarmos unidos para sempre.

***

Lá no fundo eu escutava um barulho insistente. O que seria? Abri os olhos levemente ainda meio sonolenta e senti o braço de Edward me envolvendo. Quando a minha consciência começou a acordar, percebi que era o celular dele que tocava estridentemente. O que teria acontecido?

— Edward. Edward acorde. Seu telefone não para de tocar.

Ele abriu os olhos e me olhou um pouco espantado e entendeu o meu recado. Pegou o celular e estranhou o número que viu.

— Olá Nick. O que houve? – falou com uma voz ainda sonolenta. – Claro que não vi. Eu acabei de acordar.

Observei a expressão dele mudar drasticamente e ficar bastante preocupada. Com rapidez, ligou o notebook e abriu a internet, estava em todas as notícias fotos nossas, juntos, no show de ontem. Estremeci ao ver que tínhamos sido descobertos. Agora tudo viraria de cabeça para baixo.

— Eu não entendo como isso pôde acontecer. Nós nos cuidamos para não sermos vistos.

Passei a mão pelo meu rosto não querendo imaginar o que iria acontecer.

— Eu não quero saber disso Nick. Eu também tenho direito de fazer o que eu quiser ao lado da minha namorada. Não eu não vou e ponto final. Quer saber? Não dê nenhuma declaração. Vamos deixar quieto. Uma hora eles vão cansar.

Edward desligou o telefone furioso e olhou para mim. Eu ainda estava atônita com tudo.

— Era Nick, o meu secretário. Como você pode ver, nós somos o tema de todas as notícias do momento.

— O que ele acha que nós devemos fazer?

— Ele quer que eu desminta tudo.

— E não acha que possa ser o caso, só para despistá-los.

— Não, Bella, eu estou cansado de esconder o meu relacionamento com você. O que eu menos queria era lhe expor desse jeito, porém eu não quero ficar mentindo e me escondendo o tempo inteiro.

— Nem eu meu amor, mas será que os seus pais não vão ficar com raiva?

— Claro que não, meu bem, mas nós vamos ter que ficar atentos e preparados agora por que não vai ser fácil.

O abracei com força ainda temerosa sobre o que poderia acontecer. A ficha estava caindo aos poucos. Agora eu fazia parte do mundo dele e deveria estar preparada para tudo, os paparazzis só seriam o começo de tudo.

— Edward, eu não quero que o nosso relacionamento se prejudique com isso. Não quero que viremos um produto nas mãos deles e não quero que nos tornemos parte de uma história com valor de entretenimento.

— Eu sei, meu amor, acha que não me preocupo com isso? Eu quero lhe proteger o máximo que posso e nosso relacionamento também, mas isso iria acontecer em algum momento.

— Seja lá o que acontecer... Você me promete que tudo isso que construirmos, o nosso relacionamento vai ser só nosso? Promete?

Ele pegou o meu queixo e me deu selinho.

— Claro que sim. Eu mais que todos quero que o nosso amor seja preservado. Só temos que ter mais cuidado agora e deixar os dados rolarem.

Não teve fim, acho que nunca mais teria. Edward e eu resolvemos chutar o balde e aparecer juntos de mãos dadas no refeitório pela primeira vez. Agora não havia mais nada a esconder. Todos nos olhavam como se tivessem vendo o show mais maravilhoso do mundo. Eu sabia que muitos até já desconfiavam do nosso romance, mas agora era real. Tudo era muito fascinante para eles. Éramos o brinquedo novo.

— Estão todos nos olhando. – falei enquanto nos sentávamos sozinhos numa mesa distante.

— Bella é isso que vai acontecer daqui pra frente.

— Eu sei... – Abaixei a cabeça meio tímida. – É que eu nunca gostei de muita atenção. Eu sempre fui o patinho feio e não uma princesa dos contos de fada.

Ele pegou a minha mão e a beijou sem se importar muito com os olhares alheios.

— Eu sei bem o que está sentindo. Eu mesmo passei por isso quando me tornei o próximo na linha sucessória. Como lhe contei antes, não foi nada fácil. Mas confesso que estou até contente por estar comigo nesse inferno. Assim eu não me sinto tão sozinho.

Acaricie as mãos dele e senti que elas estavam um pouco tremulas. Eu queria muito saber o que tinha acontecido para Edward se sentir tão mal ao relembrar desse período.

— Sabe Edward, eu sempre tive curiosidade em saber mais sobre o que aconteceu a você e a sua família.

— Bom... Como já deve saber... Meu pai é o Rei de Belgonia. Ele conheceu a minha mãe, Esme, quando eles estudavam juntos aqui mesmo. Isso é até engraçado por que ao meu ver a história está se repetindo. Minha mãe também sofreu bastante com a perseguição da imprensa e os meus avós também não aprovavam o namoro dela com o papai.

— Por que?

— Por que ela não era da realeza e nem de uma família nobre. Isso importava muito para eles na época.

— É mesmo? Eu não sabia disso. Eles tiveram que ser bem fortes então.

— Tiveram. Meu pai era meio rebelde na adolescência e não tinha lá um relacionamento muito bom com o meu avô por que eles tinham ideais completamente diferentes e o meu pai teve que brigar por mais isso também. Minha mãe e ele sempre foram loucos um pelo outro, não iam desistir assim tão fácil.

— Tanto que se casaram.

— Sim, mas depois de muita insistência do meu pai. Foi aquele ditado: “água mole pedra dura tanto bate até que fura”. É engraçado que mesmo depois de tantos anos eles ainda se olham como tivessem se conhecido ontem.

— Que bonito! Quero que sejamos assim.

Ele deu um sorriso torto e acariciou o meu rosto. Queria tanto beijá-lo, mas sabia que isso seria um maior furdúncio na universidade. Tínhamos que nos preservar, mesmo que aqui dentro nada pudesse ser revelado para o público lá fora devido a um acordo de proteção a privacidade de Edward feito entre o reitor e o rei.

— Então, quer dizer que eu não corro o risco de ser rejeitada...

— Pelos meus pais? Claro que não! Eles querem a minha felicidade acima de tudo.

— Isso é o que importa. E quando foi que ele se tornou rei?

— Em 1999 quando o meu avô faleceu.

— E seu irmão acabou se tornando o próximo a sucedê-lo.

— Sim, mas isso só pode acontecer aos 18 anos, quando a pessoa se torna responsável por si mesma. Ele desistiu do trono quando completou a idade necessária.

— Foi seu pai que pediu em favor a você?

— Não... – A voz de Edward ficou meia tremula. Eu sabia que tinha muita coisa nessa história. – Meu pai jamais faria isso, pelo contrário, ele pediu a Emmett que não fizesse o que ele queria fazer, mas Emmett era muito irresponsável na época, não queria se livrar dos prazeres da vida.

— Isso é algo realmente impressionante! Eu nunca tinha ouvido algo assim antes...

— Nossa História é assim cheia de reviravoltas.

— Os tabloides devem ter amado isso.

— Era exatamente o que eles queriam. Espremeram até onde não podiam mais para conseguir a melhor matéria para as capas de jornais.

— Imagino o quanto deve ter sido difícil!

Edward colocou o copo de suco na mesa de uma forma trêmula. Estava claro para mim que isso tinha sido um problemão não só para ele, mas para toda a família. Mais coisas tinham acontecido que tinha o deixado assim tão sensível. Ele olhou para os lados e capturou na mesa que eu costumava ficar antes. Lembrei-me da história de Mike e me irritei com o que ele dissera mais uma vez. Edward voltou a olhar para mim, mas não continuou o assunto anterior. Também não prolonguei, ele me contaria no tempo certo.

— Seus amigos devem estar com raiva de mim agora por ter tirado você deles.

— Eles vão superar.

— Especialmente Mike... Ele parecia gostar de você.

— Ele é um abusado e intrometido.

— Por que tanta raiva? Pensei que gostasse dele.

Virei o rosto zangada. De repente veio a minha mente o que ele havia dito: “Isso daria um bom dinheiro”. Será que havia sido ele que tinha dado as nossas coordenadas para os paparazzis?

— Edward, eu tenho fortes suspeitas que ele tem motivos para ter nos entregue para os paparazzis ontem.

— Por que?

— Ele ficou com raiva de mim quando eu recusei ir ao baile com ele. Disse que eu iria me arrepender.

— Quando ele disse isso? – ele falou já irritado.

— Ontem...

Ele quis levantar, mas o impedi. Uma briga agora seria exatamente o que a imprensa queria para uma boa história de capa. Mike amaria levar uma surra e dar uma entrevista acusando Edward.

— Edward não faça isso. Mike vai adorar que você dê uma surra nele agora. Temos que averiguar se foi ele mesmo.

Ele olhou no fundo dos meus olhos com uma raiva evidente. Levantei e o abracei antes que ele fizesse alguma coisa. O meu gesto intempestivo chamou toda a atenção do refeitório para nós, mas Edward parecia ter se acalmado e era isso que importava.

O celular no meu bolso não parava de chamar. Tirei-o e olhei o visor, era Jake, devia estar preocupado com as histórias que saíram na internet.

— Oi jake.

Edward sentou-se novamente e pegou o celular também.

— Bella que história é essa que está saindo em todo o lugar?

— Eu sei Jake. Os paparazzis conseguiram nos flagrar ontem no show do Kings of Leon.

— Bella e agora? Você sabe como se tornará a sua vida agora, não é?

— Eu imagino. Mas nada posso fazer...

— Claro que pode. Desminta tudo antes que fique pior.

— Edward e eu já conversamos sobre isso e decidimos que não vamos dizer nada.

— Sabe que isso vai piorar as coisas. Eles irão atrás de você como uma abelha no mel. Você sofrerá mais consequências do que ele.

— Alguma hora isso tinha que acontecer.

— E está preparada para enfrentar toda essa confusão?

Olhei para fora da janela meio insegura. Eu sabia que não estava. Acho que nunca estaria.

— É um risco que terei que aprender a enfrentar.

— Espero que saiba mesmo o que está fazendo. Só tire um tempo e ligue para o seu pai. Ele teve um troço quando viu sua foto com o príncipe nos jornais de hoje.

— Ele está bem?

— Agora está, mas foi duro para ele.

— Imagino. Coitado! Vou dar uma passada por lá depois do trabalho.

— Boa sorte Bella.

— Obrigada. Vou precisar.

Desliguei e olhei a hora. Respirei fundo ao ver que estava em cima da hora para o trabalho. Tinha que enfrentar o mundo real e isso me assustava.

— Tenho que ir trabalhar.

— Eu a acompanharia, mas tenho que ir encontrar Nick no palácio e tentar ver o que podemos fazer.

— Eu sei, meu bem, eu adoraria que me acompanhasse, mas agora isso só iria piorar as coisas. Um dia talvez isso seja possível.

Ele pegou a minha mão e me acompanhou até a saída.

— Nós nunca vamos poder fazer o que um casal normal faz, infelizmente.

O abracei e encostei a minha testa na dele.

— Isso não importa. Basta que você esteja comigo.

— Isso você já tem.

Soltei a mão dele e segui para fora dos muros que me protegiam. O mundo me espera só não sei se eu estava pronta para ele.