O Feiticeiro e o Vampiro escrita por Sunshine


Capítulo 2
Invasão


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/789240/chapter/2

 Lugal, Sar e Etana saíram lentamente da lanchonete. Eles deram 5 passos cuidadosos, até que Lugal parou.

— Esperem – disse ele – os humanos não estão acostumados a verem pessoas como nós, não podemos andar por aí sem preocupações. Precisamos ter cuidado para que ninguém nos veja. Se alguém aparecer, se escondam!

 Etana levantou a mão.

— É...senhor Lugal?

— Diga, Etana.

— Eu...bom, eu tenho duas perguntas. O que faremos se um humano nos ver?

— Ora, o grandão dá um jeito em quem nos ver.

 Lugal, sorrindo, apontou para Sar, que pegou uma pedrinha que estava no chão e a quebrou com suas mãos.

— Bravo demais. Qual a outra pergunta, rapaz?

 Etana coçou sua caveira.

— Nós precisamos achar o Olho. Ora, como vamos reconhecer o Olho se nunca o vimos?

— É aí que você se engana, excelentíssimo esqueleto estúpido, pois eu já o vi uma vez, naquele triste dia...

 O esqueleto ficou sem jeito com a ofensa e deu um sorriso falso.

— É mesmo, me esqueci que o senhor estava lá.

— Tudo bem, não espero muito de um tipo como o seu. Enfim, eu vi o Olho, e me lembro de como era. É uma pequena esfera dourada com alguns detalhes azuis, e tem estampado o símbolo da detestável casa real de Kematon Ocidental. Agora vamos! Temos que eliminar o garoto antes que a Ordem o encontre!

 - Espere, senhor Lugal!

— Ora, mas o que foi agora, seu asno? - Lugal estava visivelmente irritado.

— Já que não podemos ser vistos, não seria mais sábio esperar até o anoitecer? 

 Lugal suspirou.

— Bom, acho que isso faz sentido. Tudo bem.

 Etana suspirou aliviado. Ele queria dar mais tempo para o garoto, não queria sujar suas mãos. Com sorte, conseguiria convencer Lugal a não machucar ele.

 "Senhor Lugal é sensato por dentro, ele vai perceber que isso é errado", pensava ele. "Difícil mesmo será controlar os instintos sanguinários de Sar."

 Apesar de ter certeza de que estava certo, Etana temia por sua vida. Desobedecer as ordens do Imperador era um crime, cuja única punição era a pena de morte.

 Enquanto isso, Daniel estava na escola Gregório de Matos, aonde estudava desde que era pequeno. Ele não tinha muitos amigos lá. Um de seus dois únicos amigos na Gregório de Matos era Tomás Teixeira, um jovem que Daniel conhecia desde que tinham 10 anos. Tomás tinha traços asiáticos: sua avó paterna era filha de imigrantes japoneses. Desde jovem, ele era fascinado por eletricidade. Apesar de ser algo tão comum atualmente, ele achava incrível, e passava horas lendo sobre.

 Bom, a última aula do dia havia chegado, mas o professor estava atrasado. Enquanto ele não chegava, Daniel estava conversando com Tomás sobre o que havia acontecido mais cedo.

— Espera – disse Tomás – um homem aleatório correu atrás de você? Do nada?

— Foi. Parando para pensar, acho que minha reação foi um pouco exagerada, mas quando um desconhecido está te perseguindo, não se tem muito tempo para reagir racionalmente. O mais estranho é que eu já tinha visto ele nos meus sonhos.

— Sonhos? Como assim?

— Bom, é que...

 Daniel não terminou de falar, pois a porta abriu e o professor de história, Lúcio Lopes, entrou na sala. Ele era bem alto, tinha cabelos e barba loiros e olhos azuis. Carregava uma mochila.

— Bom dia, galerinha – gritou Lúcio, sorrindo, enquanto sentava em sua mesa – Vamos dar uma olhada na revolução francesa? Esse assunto é de fazer a cabeça cair!

 Absolutamente ninguém riu. Lúcio pigarreou.

— Quem não rir vai perder um ponto.

 Todos os alunos soltaram gargalhadas falsas, fazendo o professor sorrir.

 “Sempre funciona”, pensou.

 E então a aula prosseguiu normalmente.

 Quando a aula acabou, todos os alunos arrumaram suas coisas e correram para a saída. Daniel também estava se preparando para sair, quando Lúcio o chamou.

— Daniel? Pode vir aqui?

 Daniel se aproximou lentamente da mesa de Lúcio. Os dois se olharam, sorriram e deram um aperto de mãos. Lúcio era o outro amigo de Daniel na Gregório de Matos.

— E aí, garoto – Disse Lúcio – qual a boa?

— Nada de importante, professor. E o senhor?

— Eu queria te mostrar uma coisa. Tinha conseguido em Janeiro, quando viajei para a Itália, mas só me lembrei que isso existia agora.

— O que é? Uma foto da Torre de Piza?

 Lúcio abriu sua mochila e tirou um pergaminho.

— Legal, não é?

— Uau, um pedaço de papel velho! É a coisa mais legal que eu já vi!

— Não, rapaz.

 Lúcio abriu o pergaminho, mostrando o que estava escrito.

“Draconem

Serpentem Antiquum

Rex Mundi”

 Quando o pergaminho foi aberto, Daniel sentiu um arrepio, e teve que segurar na mesa, pois suas pernas falharam.

— Você está bem? – Perguntou Lúcio, preocupado.

— Eu...estou. O que é isso?

 Lúcio coçou a cabeça.

— Acho que é algum tipo de invocação, mas posso estar errado...

— Invocação? – Daniel fez o sinal da cruz – Sangue de Cristo tem poder!

— Você não acredita nisso, não é? Invocações não existem.

— Eu? Não, claro que não, professor – O garoto deu uma risada falsa – Como o senhor conseguiu essa coisa?

— Eu tenho meus jeitos. Quer saber?

— Bom...eu adoraria, mas justamente agora tenho que ir para casa. Tchau, professor!

— Até mais, rapaz. Tenha um bom fim de semana.

 Daniel queria se afastar daquele pergaminho o mais rápido possível. Sua irmã estava esperando no lado de fora, sentada em um banco.

— Aconteceu alguma coisa? – Disse Diana, se levantando.

— Não, por quê?

— Porque você demorou, ora. Vamos.

 Os irmãos caminharam até a casa deles, sem nenhum grande problema. Quando chegaram, algo os preocupou: uma das janelas estava quebrada. Daniel se aproximou, lentamente. Ele olhou pela janela quebrada e viu que as luzes estavam ligadas, e havia uma mancha de café no chão.

— Alguém entrou aqui – Ele sussurrou para sua irmã.

 Eles entraram pela porta, que dava na cozinha. Diana pegou uma faca em uma das gavetas, no caso do invasor tentar atacá-los. Eles continuaram, lentamente, atentos a qualquer barulho, e perceberam que escutavam passos no quarto de seus pais.

 Eles entraram no quarto, e se depararam com o homem que os perseguiu mais cedo, em pé, tomando café e olhando para a janela. Ele se virou.

— Olá, crianças – Ele falou, sorrindo – como estão?

 Na lanchonete fechada, as três criaturas esperavam a chegada na noite, sentados no chão. Lugal se levantou, irritado.

— Raios! Essa lua não aparece nunca? Estamos aqui há uma eternidade!

 Etana também se levantou.

— Meu senhor, estamos aqui há pouco mais de 5 horas.

— Não interessa, minha cara caveira. Eu cansei de esperar! Vamos sair agora!

— Mas para onde vamos? Não sabemos aonde ele mora.

 Lugal o encarou.

— É verdade. Talvez seja inútil procurar ele em uma cidade tão grande...

 Etana se animou ao perceber que Lugal poderia desistir do plano. De repente, eles sentiram um vento forte passar por eles, mesmo que lá fora não estivesse ventando. Esse era um sinal de que o Imperador queria se comunicar com eles. Em suas mentes, foi formada a imagem de um mapa da cidade, mostrando o caminho que eles deveriam tomar para chegarem na casa do garoto. Lugal se ajoelhou.

— O Imperador viu nossa aflição e nos ajudou. Bendito seja ele, para a eternidade. Vamos, rapazes, agora sabemos o caminho! E se um humano aparecer em nosso caminho, Sar nos ajudará!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Feiticeiro e o Vampiro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.