A Princesa e o Guerreiro escrita por asthenia


Capítulo 5
O recomeço e o treinamento


Notas iniciais do capítulo

Correria da vida me impede de escrever, maaas aqui está! Obrigada a todos os comentários! Espero que gostem ♥



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Naruto nunca sequer havia dado seu primeiro beijo. O mais próximo que chegara a tocar uma mulher era nas mãos, das vezes que se atrevia a tocar os dedos de Sakura, e sentia seu coração bater mais forte. Jiraya insistia que ele já estava na idade de conhecer o mais íntimo de uma mulher, que também frequentasse os bordéis pela vila. Mas ele negava. Talvez fosse um romântico, ou simplesmente sua paixão por Sakura era tão grande que não o fizera sentir desejo por qualquer outra mulher.

Porém, ali, vendo aquela figura feminina, desamarrando um corset um tanto apertado, prestes a revelar o decote volumoso, sentiu seu corpo paralisar. Sua respiração parecia ter parado e suas mãos suavam. Não soube quanto tempo ficara ali, mas tudo parecia lento, até os olhos dela pareciam piscar lentamente. E foi quando os olhos perolados dela se encontraram com os dele, que percebera a grande idiotice que estava fazendo. Ela o olhou horrorizada, colocando os braços em frente a seu corpo, e em seguida um grito o tirou do transe.

Um homem a estava espionando! Ela quase havia ficado nua na frente dele! Fechou a janela de madeira com força, sem conseguir reprimir o susto e medo que havia passado.

— Moça, me desculpe! – Ele batia com força na janela, preocupado. – Eu não estava a espionando é que.... É que eu fiquei-

— Vá embora! Suma daqui, me deixe em paz! E-Eu v-vi v-você o-olhando! - Ela gaguejava entre as palavras, envergonhada.

Os berros dela só o fizeram se sentir pior. Seu rosto estava ainda mais quente, sua pele provavelmente avermelhada.

— Eu não vi nada, eu juro!

Continuou batendo na janela, sem sucesso. A garota não o respondia mais. Parou de repente quando olhou para o lado e viu Hizashi e Jiraya o encarando. O último parecia sorrir.

— Você estava espionando a minha sobrinha se trocar?

Sua voz sumira, repentinamente. Hizashi o olhava com a testa enrugada e um olhar furioso. Naruto já podia se considerar um homem morto.

— N-Não é n-nada disso Hizashi-sama! E-eu tava voltando e.... E-E aí eu... Eu vi-

— É melhor você ficar calado, Naruto. – Jiraya o interrompeu.

O Hyuuga caminhou até o loiro, pegando-o por uma de suas orelhas e puxando com força, levando-o até a frente da cabana. As reclamações de dor do mais novo eram cada vez mais altas.

— Ai, ai, ai.... Você tá me machucando!

— Aproveite que ainda não estou lhe enchendo de socos!

Hizashi o soltou assim que chegaram a porta.

— Eu juro, não tava espionando!

O Hyuuga cruzou os braços, brabo.

— Acha que eu sou idiota? Eu sei bem da onde você veio e quem o criou!

— Ei! – Jiraya apareceu na frente de Hizashi. – Eu não tenho nada a ver com isso! Até porque mulher nenhuma já me pegou espionando! Eu sou um mestre!

— Esqueceu da surra que levou de Tsunade?

A discussão continuou acalorada entre os três: Naruto se defendendo das “falsas” acusações, enquanto Jiraya e Hizashi acusavam um ou outro por um passado distante. Nenhum dos homens percebeu Hinata se aproximar, já devidamente vestida com um vestido discreto, de decote em U, sem ser apertado e desconfortável.

Hizashi parou a discussão assim que viu sua sobrinha, sorrindo, ainda envergonhada.

— Hinata. – Todos pararam o falatório. – Me desculpe pela confusão.

Ela olhou os três presentes e voltou seu olhar ao Hyuuga.

— Está tudo bem, tio. – A morena se encaminhou até Jiraya, curvando-se a sua frente. – Obrigada, Jiraya-sama! Obrigada por ter me salvo! – Algumas lágrimas molhavam seu rosto. – Se... Se não fosse por você...

Jiraya sorriu, tocando no ombro de Hinata, fazendo-a levantar.

— Calma, garota, não precisa se preocupar. Está tudo bem agora. – Ele limpou suas lágrimas. – Quero que conheça meu afilhado.

Hinata parara na frente do loiro que há momentos atrás a olhava pela janela. Constrangeu-se. Seu rosto provavelmente estava corado. No entanto, ele também parecia bastante sem graça, com as bochechas em leve tom carmim. Olhando-o de perto não o temia como antes. O rosto dele era bronzeado, um belo contraste com os olhos azuis claros, vivos e os cabelos loiros. A aproximação a fez admirar a beleza do jovem.

— Me perdoe pelo o que aconteceu. – Ele disse, acanhado, com uma de suas mãos atrás da cabeça. – Eu sou Naruto Uzumaki, prazer.

O rosto da morena corou ainda mais.

— Está tudo bem. Sou Hinata Hyuuga.

Ela retribuiu o sorriso, por mais que achasse que o dele fosse mais brilhante. Ele não a amedrontava ou a fazia se sentir indefesa, mesmo que o primeiro encontro que tiveram não tivesse sido o dos melhores.

A voz de Hizashi chamara a atenção dos dois.

— Você tem que trabalhar agora, Naruto. – Ele disse, ríspido. – E não diga nada a ninguém sobre minha sobrinha! Senão-

— Já sei, já sei. Você não me treina mais.

— Não só isso. – Hizashi se aproximou de Naruto, encarando-o. – Eu o mato. Entendido?

O loiro apenas concordou, temeroso.

— Ótimo. Nos vemos amanhã.

Naruto respirou, sentindo-se aliviado que seu sensei havia se afastado.

— Bom, tenho que ir. Vejo vocês depois. Foi um prazer te conhecer, Hinata-sama!

Ele sorriu a ela, saindo pela porta. Hinata não teve tempo para retribuir o sorriso, ele saiu rapidamente.

—  Venha, Hinata. Sente-se. – Hizashi puxou uma cadeira a sua sobrinha. – Quero que me conte o que aconteceu, porque fugiu do palácio.

Hinata respirou fundo, preparando-se para contar toda sua jornada.

—/-

Hanabi olhou mais uma vez a porta do tatame, meio aberta. Neji já estava há quase trinta minutos atrasado para o treino daquela manhã. Tentou minimizar ao máximo a ansiedade que crescera em seu peito. Ela sabia bem o porquê do atraso. Assim que amanheceu Hanabi tinha visto Ayumi correr pelo corredor, apressada, em direção ao quarto de Neji, batendo freneticamente à porta dele. Fingiu não ter percebido nada e se encaminhou ao seu treino matutino.

Olhou mais uma vez para a porta, encontrando olhos iguais aos dela, só que mais firmes e frios.

Retribuiu o olhar.

— Onde está sua irmã?

Neji juntou seus braços junto ao corpo. Era quase impossível mentir a ele.

— No quarto dela, não? Não sei.

O Hyuuga fechou a porta do tatame, deixando apenas os dois ali.

— Eu não sou idiota, Hanabi. Onde está Hinata?

— Eu já disse que não sei!

Neji a pegou pelo braço, aproximando seu rosto ao dela, forçando-a a encará-lo.

— Me diga. Agora!

Hanabi o olhava, profundamente.

— Pelas minhas contas, nesse momento, bem longe daqui.

— Você quer arriscar a vida de sua irmã, do clã? – Ele falava baixo. – Seu pai vai ficar furioso com a fuga dela!

— Que fique! – Hanabi se soltou do aperto de seu primo. – Isso é um problema dele! Eu nunca ia deixar ela se casar com aquele nojento e viver infeliz! E se você realmente a apreciasse tanto também seria contra esse casamento!

A Hyuuga virou-se, guardando sua espada de volta a bainha.

— Do que está falando?

— Você não é idiota, Neji. Você viu o jeito que ele a olhava, era repugnante! O clã e papai colocaram Hinata como uma concubina para esse nojento só por causa de uma porcaria de um sobrenome! – Hanabi respirou fundo. – Eu vou agora mesmo até ele e dizer que Hinata fugiu pois prefere morrer a ser tocada por aquelas mãos nojentas!

A mais nova não conseguiu dar mais que poucos passos. Neji a segurava.

— Não. Fique aqui.

— Eu não tenho medo, Neji!

— Já parou para pensar o que seu pai pode fazer a você e a sua irmã? – Hanabi ficou muda. – Fique aqui. Eu mesmo irei falar com Hiashi-sama. Vou dizer que Hinata saiu do palácio por irresponsabilidade minha. Eu já sei como acalmar os ânimos dele e de Toneri, que por sorte ainda não sabe de nada.

O moreno se soltou da prima e saiu rapidamente do tatame. Hanabi apenas o observou, receosa.

—/-

Hizashi se levantara, caminhando impaciente pelo pequeno cômodo de um lado para o outro. Hinata se encolheu, ainda sentada.

— Acalme-se, Hizashi.

— Como eu posso me acalmar? – Ele disse mais alto do que gostaria para Jiraya. – Hiashi perdeu completamente o senso! Fazer a própria filha se casar com um qualquer por interesses!

A morena limpou as lágrimas que escorriam. Jiraya se aproximou dela.

— Hinata, da onde seu pai conheceu Toneri?

Ela olhou ao seu tio que a encarava antes de voltar seus olhos ao homem a sua frente.

— E-Eu não sei ao certo. – Respirou fundo. – Neji sempre dizia que eles eram de um clã nobre que vive distante do palácio e de Konoha. Toneri foi criado por uma tia muito rica. É tudo o que sei.

Depois de um curto momento de silêncio, a voz de Hizashi se fez ouvida.

— Levante-se, Hinata.

Hinata olhou seu tio, que agora estava à frente dela. Seu olhar era determinado e firme.

— Você irá ficar comigo. Não se preocupe, ninguém lhe fará mal algum.

Seus olhos encheram de lágrimas mais uma vez. Emocionada, abraçou seu tio, não impedindo o choro. Sentia-se segura. Finalmente.

—/-

Despediu-se do velho sorridente da mercearia assim que entregara as últimas lenhas do dia. O senhor sempre dava gorjetas polpudas, que ele fazia questão de guardar no seu pequeno saco de moedas em formato de sapo. Acariciou seu cavalo, antes de voltar a carroça, já vazia.

— É amigão, por hoje acabou. Vamos para casa?

No caminho viu os locais pela vila se fechando, mas os bares abrindo seus grandes portões de madeira. Ele só queria dormir. Hizashi era exigente e ele teria que estar na cabana ao nascer do sol. Viu ao longe Jiraya lhe acenar, com alguns sacos debaixo do braço. Não hesitou e foi até ele.

— Compras?

— Sim, mas não para nós. – Jiraya subiu na carroça, sentando-se ao lado de Naruto. – Seu sensei pediu que levasse amanhã para ele.

Os dois continuaram o caminho, porém o silêncio não durou muito.

— E então Naruto, me diga. Estou curioso. O que achou?

O loiro continuava encarando o caminho.

— O que achei do quê?

— Da sobrinha de Hizashi. - Um sorriso com segundas intenções iluminou o rosto do grisalho. – Já que você a estava espionando trocar de roupa.

— Eu não estava espionando! – Seu rosto corou mesmo sem olhar para Jiraya. – E-Eu estava voltando do lago e a janela estava aberta!

— Não tente me enganar, Naruto. Acredito que você não tenha tido a intenção em espioná-la, mas que quando a viu, não pode desviar os olhos dela.  - Jiraya fazia o movimento em frente ao próprio corpo, simulando seios. - Ainda mais com aquele deco-

Naruto balançou a cabeça rapidamente, evitando olhar ao seu padrinho.

— Chega!

Os risos de Jiraya só o deixavam ainda mais envergonhados.

— Relaxa garoto, para mim ela é só uma menina. Mas eu sei que você não deve ter tirado os olhos dos pei-

— Será que dá para mudar de assunto? – Naruto o olhou, nervoso. – Você sabe que eu só tenho olhos para Sakura!

Jiraya olhou para o jovem visivelmente incomodado, com as bochechas levemente coradas. Decidiu não comentar mais nada e apenas sorriu, vitorioso pela reação do Uzumaki.

—/-

Mais um dia ensolarado começava em Konoha. Hinata se levantou da pequena cama no quarto que seu tio arrumara a ela. O local era pequeno, com alguns baús pelo canto e objetos antigos por prateleiras nas paredes do cômodo. Era quente e mais apertado, no entanto, para ela, significava uma nova oportunidade, longe dos luxos do palácio frio e solitário.

Ao abrir a janela, que parecia emperrada e judiada pelo tempo, olhou o céu que aos poucos se coloria. O dia ainda estava nascendo. Arrumou-se, rapidamente, saindo do quarto. Encontrou seu tio na cozinha, com uma chaleira em mãos.

— Bom dia, ojisan.

— Bom dia. O que faz acordada? – Disse, pegando mais um copo para ela. – O dia mal amanheceu, deveria dormir mais.

Hinata se sentou à mesa.

— Estou acostumada a acordar por esse horário. – Agradeceu o copo com chá, aceitando. – Assim eu caminhava até a cozinha e via as empregadas no preparo do café-da-manhã. – Sorriu. – Eu sempre adorei ver como elas preparavam o pão.

Hizashi sorriu a ela, também nostálgico.

— Você é igual a sua mãe.

Hinata o olhou, corando.

— Papai já disse isso. – “Mas não como um elogio”, pensou, mas preferiu não dizer nada.

— Eu me lembro até hoje quando ela e seu pai se conheceram. – Hizashi disse, entre os goles de chá. – Hiashi estava furioso comigo quando não aceitei o acordo que nosso pai, seu avô, havia feito de me casar com uma herdeira de um clã nobre. Nós não éramos nobres, mas éramos os mais fortes guerreiros de toda região. Seria um casamento vantajoso, porém eu estava apaixonado por Keiko, sua tia. Keiko era uma arqueira, sabia? Também uma guerreira. – O Hyuuga sorria. – Ela era da guarda pessoal de um lorde das redondezas. Então, houve um baile organizado pelo tal lorde e nós fomos. Eu já como o noivo de Keiko e na época seu pai também era prometido a uma nobre. Mas naquela noite ele conheceu a dama de companhia da filha do lorde. Harumi, sua mãe.

Hinata mantinha os olhos atentos ao tio. Nunca ouvira a história de como seus pais haviam se conhecido.

— Baixa, de cabelos azulados como o seu. Hiashi dançou com ela a noite toda. Ela era doce demais para um cara bronco como seu pai. Mas quando ela estava por perto, ele era outra pessoa. – O olhar dele se perdeu por um momento. – Assim que montamos nossos cavalos para voltar naquela noite, ele me disse que aquela havia sido a melhor noite da vida dele.

Hizashi ficou de repente em silêncio, voltando sua atenção total ao copo de chá. Hinata também evitou olhá-lo.

— Eu lamento que você e meu pai tenham se afastado.

Ela a olhou, resignado.

— Eu também.

O assunto foi interrompido quando batidas chamaram a atenção dos dois Hyuuga. Sem demora, Hizashi foi até a porta, abrindo-a, deixando Naruto e Jiraya entrarem.

— Bom dia a todos! – Jiraya disse, voltando sua atenção a Hizashi. – Pronto para mais um treinamento?

— Só começaremos o treinamento depois da meditação.

Naruto bufou alto.

— Hizashi-sensei, para quê? Eu sou péssimo nisso!

— Nem adianta fugir! – Hizashi cruzou os braços. – Você tomará o chá para se acalmar e depois vamos meditar.

— Eu tenho uma ideia melhor! Faça-o tomar o chá, mas não será você quem o ensinará a meditar. – Hizashi olhou Jiraya sem entender. – Nos nossos tempos de treinamento você sempre foi impaciente demais com as sessões de meditação, por isso quem cuidava disso era Hiashi, lembra-se? Vivia batendo nas pernas dos alunos que sequer podiam piscar na meditação.

O Hyuuga apenas cruzou os braços.

— E qual a sua ideia?

— Hinata irá ensiná-lo.

Os olhos de todos se voltaram a morena. Ela apenas olhou de volta, constrangida por ser o centro de atenções.

— E-Eu nunca cheguei a ser treinada. – Disse, não conseguindo evitar gaguejar. – Papai me dizia que eu não servia para isso.

— Mas seu pai a ensinou a meditar, certo? – Hinata concordou. – A meditação é um exercício mental, uma rotina para todos os Hyuuga. Também tenho certeza que você é bem mais paciente que seu tio para ensinar. – O grisalho riu.

Os olhos de Hinata se voltaram ao loiro que a encarava, surpreso. Meditar fazia parte de sua rotina. Talvez oferecer sua ajuda fosse uma ótima ideia para seu recomeço.


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