Abusivo: A história que ninguém conta escrita por Pauliny Nunes


Capítulo 21
Capítulo 20




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Meus olhos se recusam a abrir enquanto minha cabeça parecia que iria explodir e havia uma palavra que definia bem esse motivo: RESSACA.

Estava de ressaca pela primeira vez e os eventos da noite anterior apareciam como flashes na minha cabeça. Lembro-me do início, um pouco do meio, mas como eu vim parar na minha cama era um mistério total. Sento na cama, olho para meu lado e vejo uma silhueta nela. Por um momento eu sorrio e penso em Jean, mas pensando bem, não teria como ser ele... então quem estava na minha cama? Eu me levanto lentamente da minha cama, olhando assustada para aquele corpo coberto, mas para meu alívio fios loiros aparecem.

— Carla? - Pergunto intrigada e começo a sacudir seus ombros.

— Eu já vou mãe. – Balbucia Carla.

— Carla, sou eu Catarina. Você precisa acordar...- reforço.

—  Só mais 5 minutinhos. – Murmura minha amiga se virando para o lado oposto.

Pelo estado da Carla acho que vai demorar para ela voltar ao normal. Decido fazer um café, mas quando chego na cozinha me deparo com a seguinte cena: Bruno de cueca dormindo no meu sofá.

—  Bruno, acorde – peço me aproximando de Bruno que está babando e roncando. – Bruno?

— Finalmente alguém acordou. – Sussurra Rodrigo passando um café.

— O que aconteceu ontem à noite? Por que estão todos aqui? - Pergunto encarando Rodrigo.

— Como vou te explicar...  - Começa Rodrigo pensativo ao mesmo tempo em que coava o café —Você ficou se declarando para todos, até mesmo para Jean que não estava presente. A Carla queria arrancar a roupa, Bruno queria se pendurar em tudo que via, eu era o motorista então tinha que ficar sóbrio. No final, virei a babá de todos.

—Certo… mas…

— Mas como chegamos aqui? - Rodrigo termina de fazer o café, pega uma das canecas que estavam na pia e me serve o café. — Você pediu. Disse que estava sozinha, solitária e não aguentava mais dormir uma noite sequer sozinha. Enquanto isso as outras crianças queriam fazer festa do pijama e você concordou. E aqui estamos na nossa festa do pijama.

Fico extremamente envergonhada com tudo que ele me conta do que eu fiz. Pelo menos não foi nada para envergonhar Jean, MAS com certeza sobre essa noite eu não vou contar para ele na próxima conversa, caso haja uma próxima conversa.

Aos poucos todos vão acordando, tomando o café e rindo dos momentos que Rodrigo lembrava e registrava com a câmera do celular. Esta noitada com eles foi apenas um momento que vai virar história e eu vou lembrar com carinho. Sinto cada vez mais parte desse grupo de amigos e espero ter mais momentos para virar história com eles.

— Agora que estamos todos bem, querem carona para vocês irem para casa? – Pergunta Rodrigo terminando de lavar a louça.

— É, acho melhor a gente ir mesmo, está quase chegando a hora do almoço e não quero preocupar mais a minha mãe. – Comenta Carla que vem me abraçar. — Até mais, Cat.

Um por um vou me despedindo e me vejo sozinha novamente naquele apartamento. As vezes sinto que aquele apartamento não parece meu lar, tento todos os dias fazer com que ele se torne meu cantinho, mas aos mesmo tempo me sinto deslocada e fico nessa contradição todos os dias.

****

Estávamos estudando todos os dias no meu apartamento, as provas estavam chegando e estavam todos muitos ansiosos. Hoje era o dia do banner estar pronto, eu e Rodrigo decidimos ir buscar, a loja era ao lado de fora da faculdade, a maioria dos alunos sempre imprimiam os trabalhos naquele lugar e então sempre estava cheio.

— Próximo! – Gritou um dos atendentes, finalmente era minha vez.

— Os banners em nome de Catarina.

Ela olha no computador, faz uma cara séria, olha para mim e sai para os fundos chamando outro atendente. Em seguida volta com o dono da gráfica.

—  Catarina, você fez o pedido quando? – Perguntou o dono.

— Já tem quase um mês, deixei pago, aconteceu alguma coisa?

— Sinto muito, mas eles não estão prontos. São três banners?  Previsão de entrega é daqui há duas semanas.

— Duas? Como assim duas semanas? – Pergunto indignada com o prazo.

— Deve ter algum erro, poderiam procurar novamente. – Sugere Rodrigo que segura em meu ombro em uma tentativa de me acalmar.

Enquanto eles procuram, tento segurar o choro de raiva. Não acredito que aquilo estava acontecendo e não sei mais o que fazer. 

  — Existe uma justificativa para isso tudo - continua o dono — Recebemos muitos pedidos para banners e com certeza os meus funcionários não deram um prazo estipulado para a entrega. O que eu posso fazer pela senhorita é devolver o dinheiro e te pedir desculpa por esse erro.

— Está bem, não tem mais nada a ser feito a essa altura.

O dono me devolve o dinheiro e saio cabisbaixa. Rodrigo me abraça tentando me consolar de alguma forma, ainda não entendo como ele pode estar tranquilo no meio dessa tempestade, o trabalho também era dele.

— Nós vamos dar um jeito, só temos que achar uma saída, algum jeito de fazer a apresentação. - Explica Rodrigo.

Sabe quando uma ideia surge de repente na sua cabeça? Parece até mesmo um estalo? Foi exatamente o que aconteceu, voltei para a gráfica e Rodrigo ficou sem entender nada.

— Vocês ainda têm o arquivo dos meus banners? – Pergunto ao Dono

— Sim nós temos ainda.

— Quero que imprima em folhas mesmo, porem letras maiores, têm como? – Pergunto, nervosa.

— Sim, nós vamos fazer isso de imediato e não vamos cobrar.  Afinal o erro foi nosso de atrasar o seu trabalho.

Rodrigo olha para mim sem entender nada. Vou à papelaria e compro cartolina, cola, canetinhas, fita adesiva e retorno a gráfica pegando as impressões.

— Cartolina? Essa foi sua ideia para o nosso trabalho? Voltamos para o colégio? - Questiona Rodrigo, irritado.

— Se for necessário.... Então sim voltamos e agora precisamos ir para casa, Bruno e Carla estão esperando esse tempo todo e não temos mais tempo a perder.

Ele apenas sorri para mim, me ajuda com o material. Ao chegar em casa despejo tudo no chão e Rodrigo começa a afastar os móveis.

— Alguém pode me explicar o que vocês estão fazendo, cadê os banners? – Questiona Carla.

—Não tem banner, mas vai ter cartazes. Precisamos fazer isso o mais rápido possível. – Digo animada abrindo tudo no chão.

— A gráfica atrasou o nosso pedido, não seria entregue a tempo e a Catarina teve essa ideia. - Explica Rodrigo aos outros dois.

Sem mais questionamentos, todos começaram a fazer os cartazes, Carla fazia as letras grandes com as canetinhas, Bruno colava, eu recostava e Rodrigo cozinhava.

— Pausa para o almoço. – Rodrigo anunciava.

Estávamos quase em frenesi, apenas pausa para comer, ir ao banheiro e se alongar. A noite chegava e estávamos todos olhando para os cartazes no chão pronto. Estávamos sorrindo pela satisfação pelo trabalho que tivemos, todos estavam exaustos, porém felizes.

—  Parabéns turma conseguimos. - Parabeniza Rodrigo.

Começamos a nos abraçar, dando parabéns uns aos outros, mas o barulho de chave na maçaneta congela a todos nós. A porta se abre lentamente e um silêncio mórbido pairava pelo ambiente a ponto de conseguirmos escutar a respiração pesada de todos.

Conforme a porta ia se abrindo, uma figura ia se revelando, alguém que não vejo há tempos, havia me esquecido como era sua mão e suas chaves. Jean estava parado na porta segurando uma mala pequena na outra mão e nos olhando, parecia que estava conseguindo ver a nossa alma. Afastamos uns dos outros, me encaravam e encaravam a ele.

—  Boa noite. – Cumprimenta Jean parado na porta encarando a todos nós.

Ele caminha lentamente pela sala observando atentamente cada um dos rostos assustados dos meus amigos até chegar a mim. Tento decifrá-lo, mesmo tendo falhado em todas as vezes. E para variar, aquela também entrou para minha conta. Jean para atrás de mim, coloca sua mão em meu pescoço, deslizando até o meu ombro, o apertando levemente enquanto fala calmamente:

— Despeça-se deles, Catarina.

Ele entra no quarto sem esperar qualquer resposta minha ou dos meus colegas de faculdade. Assim que escutamos a porta se fechar, voltamos a respirar.

— Até mais Cat, liga para a gente se precisar. – Fala Rodrigo me abraçando novamente.

Todos saem aos poucos, quando eu fecho a porta, Jean está parado no corredor, saindo de uma penumbra e caminha até a sala.

— Quer me contar alguma coisa? – Diz Jean indo para a bancada, pegando seu vinho da adega e servindo em uma taça.

— Eles são meu grupo de estudo.

Ele acena a cabeça ao mesmo tempo em anda perto dos cartazes. Para entre eles, os observa com cuidado, lendo os dizeres. Então sorri e derrama o vinho em cima das cartolinas.

— Jean está louco?! Era o nosso trabalho! – Grito e corro para salvar meu trabalho. Ele joga a taça no chão me assustando e vem em minha direção até eu encostar na porta novamente.

— Acha que sou um otário, Catarina? - Ele fala perto do meu rosto e soca a porta a altura da minha cabeça.

Ele se afasta vai até as cartolinas, rasgando uma a uma, estava muito furioso e eu não sabia o motivo.

— Eu trabalhando duro, pegando plantão atrás de plantão e você fazendo a minha casa de baderna.! – Ele para de rasgar os trabalhos e olha para a minha cara.

“Minha casa” aquelas palavras pareciam um golpe no meu estômago e embrulhou rapidamente me fazendo sentir ânsia. Naqueles meses havia esquecido que aquela casa era dele... apenas dele.

— Era apenas um grupo de estudo, não sabia que você iria ficar bravo em trazer eles para estudarmos aqui.

Ele ri alto, pega o celular e uma foto aparece no visor:  era a foto da balada, havia me esquecido dessa foto, mas não vejo nada demais.

— Você sai para a farra, sabendo muito bem o que eu acho disso e ainda me humilha desta maneira.

— Eu não sei do que você está falando, Jean.

De alguma forma eu o ofendi com as minhas palavras e agora a garrafa voa até a parede mais próxima de mim, espatifando e sujando tudo com vinho, inclusive a minha roupa.

— Ah Catarina, você aparece em São Paulo toda moralista, me acusando de traição, mas a traíra era você e para completar a minha felicidade de corno, eu chego na minha casa e o cara está aqui dentro!... Há quanto tempo você está dando para aquele cara ou vai fingir que não foi uma vagabunda como aquela sua amiguinha?

— Jean, eu não estou te traindo, - Digo chorando, somente agora percebo que estava chorando a um tempo. — Deixa eu explicar…

— Explicar? Explicar o quê? Como você me fez de idiota? Como você gosta de gastar o meu dinheiro com esses seus amiguinhos de merda? Acha mesmo que eles gostam de você?

Ele para na minha frente, toca em meu rosto suavemente e segura meu queixo me obrigando a olhar para ele.

— Você jogou meu nome na merda... me tornei uma piada para todos com aquela maldita foto da balada. Você tem ideia do tamanho da merda que fez? – Ele fala em um tom baixo, mas seus olhos pareciam que iam me furar, dava para sentir a raiva que estava sentindo.

— Eu não queria Jean, me desculpe.

Ele solta o meu queixo, se afasta, vai para o quarto batendo a porta, depois eu escuto o chuveiro do banheiro ligar. Olho para a sala, estava tudo sujo, desarrumado e destruído. Começo a limpar tudo aos poucos, ainda chorando um pouco e fico pensativa. Como fui burra e capaz de humilhar Jean daquela maneira? Ele estava certo, não fui cautelosa com a imagem dele e por minha culpa ele pode ter virado a piada entre os amigos dele. Como eu fui ingênua, estúpida? Agora ele está furioso comigo e não sei como consertar a burrada que eu fiz.

Acabo a limpeza e decido ir até o quarto, onde o Jean estava de toalha na cintura, havia acabado o banho. Ele me olha e senta na cama, batendo no espaço ao lado da sua cama para eu me sentar, o que faço o mais rápido possível.

— Cat, você precisa ser mais esperta, esse tipo de pessoas só quer se aproveitar do que a gente tem. – Ele segura em minha mão, mas ainda não olha para mim. — Infelizmente, eles não são seus amigos de verdade... eu vi o quanto gastou com eles na balada, vi que aumentou seus gastos e você não reparou o quanto eles te usavam.

— Sinto muito, Jean. – Eu coloco a minha mão sobre a dele que estava segurando a minha.

Jean se vira para mim, toca em meu rosto suavemente, aproxima seu rosto ao meu lentamente e me beija. Suas mãos começam a percorrer meus braços, ele vai me inclinando aos poucos na cama, seu corpo me acompanha ficando por cima de mim, o beijo fica mais intenso, suas mãos percorrem a lateral do meu corpo e me aperta na cintura.

—  Jean... agora não, por favor. – Peço enquanto ele beija meu pescoço e meu corpo se arrepia.

— Catarina, eu preciso de você. – Ele fala com uma voz dengosa enquanto sua boca procura meus seios.

Suas mãos ágeis suspendem minha blusa, puxam meu sutiã para baixo fazendo com que meus seios saltem para fora, ele abocanha um dos seios e depois o outro. Apesar do meu corpo estar correspondendo aos toques dele, sinceramente não estava no clima. O misto de culpa e tristeza em minha cabeça martelava junto com cada palavra daquela briga, mas eu não poderia negar nada a ele, eu estava errada, o decepcionei e negar o seu desejo só faria eu perder ainda mais o Jean. Algo que naquele momento era o oposto do que eu desejava.

Jean me olhava com desejo, terminando de tirar minha calça e então puxa minha calcinha a ponto de rasgá-la. Posiciona-se entre as minhas pernas, seu membro rapidamente me penetrou, o peso do corpo do Jean era sufocante, ele estocava com velocidade e força. Eu virei o rosto para a porta do quarto analisando cada detalhe e apenas desejando que ele gozasse logo.

— Você é maravilhosa Cat. – Sua voz estava ofegante, ele me beijava no pescoço, estava cada vez mais rápido seus movimentos. — Vou gozar meu amor...Meu Deus Catari...- Finalmente veio seu gozo para o meu alívio.

Jean desfalece ao meu lado, ofegante com os olhos fechados e um sorriso no rosto. Até que ele levanta da cama e vai para o banheiro. Eu fico parada na mesma posição olhando para a porta, mas aos poucos eu olho para meu corpo, puxo o lençol para me cobrir e me deito de lado e de costas para o banheiro.

— Cat não quer tomar banho comigo? Quem sabe a gente consegue fazer round two.

— Estou descansando um pouco, depois eu tomo um banho. – Minto.

****

Passamos o dia dentro do apartamento, almoçamos juntos, assistimos filmes juntos e conversamos sobre como estava a vida dele em São Paulo.

— São Paulo é realmente incrível, a cidade foi feita para mim. Gosto da energia que tem, as pessoas são incríveis, você poderia ir ficar comigo mais vezes. -  Ele estava bebendo uma taça de vinho enquanto eu terminava de preparar o jantar.

— Claro, parece realmente incrível a cidade. Fico feliz que esteja gostando. –  concordo com ele com o máximo de entusiasmo que consigo em minha voz. Sinto seus braços me envolver, pressionando seu corpo ao meu.

— Eu senti sua falta, queria você comigo todos os dias. – Jean beija meu pescoço e suas mãos estão em minha cintura.

Desligo tudo que estava cozinhando. Finalmente a comida estava pronta, me afasto servindo o prato dele e entrego.

— Você não tem ideia de como eu estava com saudade de uma comida caseira. Passei a maior parte do meu tempo no hospital e a comida se tornou enjoativa. – Ele se senta à mesa, levando o prato e a garrafa de vinho.

— Quando você volta? – Pergunto colocando os talheres à mesa. Mordo os lábios me repreendendo por ter feito aquela pergunta. Provavelmente ele pensaria que eu estava querendo me livrar dele o mais rápido possível.

 — Nessa madrugada, meu paciente vai para a sala de cirurgia amanhã, não posso perder por nada está cirurgia.

— Você vai participar? Isto é maravilhoso, Jean. – Ele sorri para mim e bebe um pouco de vinho.

— Você se lembra daquela festa da empresa que eu te falei?

Como esquecer, afinal foi a última vez que nos falamos. Havia recusado justamente por ser na semana das provas e a entrega do trabalho. Apenas aceno com a cabeça concordando.

— Será essa semana, é muito importante você ir comigo. Preciso de você ao meu lado para me apoiar. Nessa festa vai ter pessoas importantes que eu preciso impressionar para minha carreira alavancar. Você vai comigo? – Ele pega na minha mão que está segurando o talher, me olha nos olhos como se fosse um gato pidão.

— Jean... Você é brilhante, não precisa dessas pessoas para conseguir, você consegue por seu mérito. – Ele solta a minha mão e soca a mesa me assustando.

— Você não entende!... – Ele respira fundo, passa a mão pelos cabelos. – Eu preciso que você vá, é importante para mim, não me deixa na mão, Catarina.

—  Eu sei que é importante pra você, mas e as minhas provas?

— Depois você faz as suas provas. O que importa agora é nosso futuro e o nosso futuro depende dessa festa, depende dessas pessoas que eu preciso conquistar, o carisma delas.

— Mas eu tenho um trabalho para apresentar... – Ele soca a mesa com as duas mãos e levanta da mesa.

— Aquele trabalho que eu rasguei? Já era o seu trabalho, você vai passar vergonha se aparecer na aula sem o trabalho.

Ele tinha razão, o trabalho já era, as provas eu consigo fazer depois, mas estarei deixando o grupo na mão se eu for. E se eu ficar o Jean é capaz de me deixar por deixar ele na mão ou vai me trocar por outra.

— Está bem, eu vou com você, mas eu volto assim que terminar a festa para não perder tantas provas.

Ele sorri, se ajoelha perto de mim que ainda estava sentada, me beija inúmeras vezes nos lábios e pelo rosto.

— Eu sabia que você não iria me deixar na mão, essa é minha garota. – Ele me toma os lábios e me beija de língua.

Ainda nessa madrugada eu vou com ele, por insistência dele, a festa era para daqui três dias, mas ele queria que eu me preparasse com calma e ajudasse a terminar de decorar o apartamento.

Realmente São Paulo era enorme, não havia reparado da última vez que estive aqui. Seus inúmeros arranha céus eram lindos, as pessoas eram diferentes, pareciam estar sempre indo ou vindo com pressa. Ao chegar no apartamento de Jean, estava do mesmo jeito, cheio de caixas, o quarto estava apenas com a cama, tinha poucos armários e estava sujo o apartamento.

— Eu não tive tempo para nada desde quando cheguei aqui, preciso de você. – Ele me abraça por trás me dando beijos pelo rosto.

Não tinha como negar, Jean realmente precisava de mim na vida dele, era mais difícil ainda negar algo para ele sendo romântico e carinhoso comigo.

— Infelizmente não posso ficar mais. – Ele olha para o relógio no pulso e me dá um beijo rápido. — Seja bem-vinda em casa. – Ele sai apressado.

Ali estava eu, novamente em um apartamento dele, mas dessa vez o apartamento era vazio. Como não havia nada a fazer até às vésperas da festa, decidi surpreender Jean e ir eu mesma fazer a decoração, sem ajuda dos profissionais. Afinal eu não iria morar ali e Jean pelo visto mal ficava em casa. O apartamento não precisava ficar luxuoso, não iria receber visitas importantes, apenas precisava ficar habitável e confortável.

A minha maior dificuldade seria andar por São Paulo, sempre soube de seus inúmeros centros comerciais por ser uma metrópole, mas só tinha uma coisa que era exatamente igual a todas as cidades grandes: Shopping.

Chamei um táxi, pedi para o motorista me levar em um shopping mais próximo possível do apartamento, essa era a vantagem do Jean morar próximo ao centro, ficava tudo perto e não tinha grandes locomoções.

As lojas de materiais de construções e móveis, tinham uma variedade absurda de tudo que eu precisava, me senti em uma loja de brinquedos e ficava na dúvida sobre o que levar.

— Posso ajudar? – Disse um rapaz com o uniforme da loja me abordando.

— Sim... pareço perdida não? – Sorri sem graça por estar um tempo parada na porta da loja apenas olhando para tudo.

— Sim senhora, como posso ser útil?

— Preciso comprar tintas, móveis para todos os tipos de cômodos e que seja entregue logo. É possível? – Pergunto um pouco sem jeito, afinal nunca fiz obra na minha vida, apenas vi sendo feita.

— Por favor me acompanhe, vamos começar com as tintas. – Ele aponta a direção para mim e me acompanha.

Escolhi cores mais suaves, dizem que deixam o ambiente mais calmo e tranquilo. Era exatamente o que Jean precisava, paz e tranquilidade ao chegar em casa. Os móveis escolhi o mais neutro possível, porém combinando com os ambientes, ainda me arrisquei a fazer uma decoração com as almofadas, vasos e outros objetos de decoração.

— A senhora vai fazer uma obra e tanto, acabou de se mudar? – Perguntou o rapaz que me atendia enquanto íamos para o caixa.

—Meu namorado se mudou, eu não moro aqui, vim apenas ajudar com a obra e quero te agradecer pela ajuda e dicas.

Apesar do valor da compra ser alta, sei que Jean vai amar como tudo vai ficar. Ao chegar em casa, peguei o computador e pesquisei vídeos ensinando como pintar uma parede. Peguei algumas roupas que pareciam ser mais velhas de Jean para poder pintar. Comecei pela sala, estava pintando de azul claro, mas o dia passou rápido, era fim da tarde quando Jean chegou e faltava mais duas paredes para finalizar o cômodo.

—  O que está acontecendo aqui? – Pergunta ele com um semblante sério e parado na porta.

— Eu só estou pintando seu apartamento. – Me afasto da parede e olho como ficou a pintura.

— Você podia ter contratado pessoas para fazer esse serviço. - Ele chega perto de mim, abre um sorriso sutil. – Você está toda suja, sabe que não a quero fazendo trabalhos pesados.

—  Era para ser uma surpresa. -  Desvio o olhar para baixo e ele segura meu rosto delicadamente.

— Eu gostei da intenção, mas por favor contrate alguém para fazer e deixe a minha Catarina ser apenas uma doce mulher que me espera linda. – Ele me dá um beijo na bochecha esquerda. — ... cheirosa. - Agora me beija na outra bochecha. — ...Perfeita para a minha chegada.

—  Desculpa... – Ele me toma os lábios e me beija de maneira calorosa, eu logo correspondo da mesma maneira.

Como eu amava momentos como esse que ele simplesmente me tomava em seus braços e me elogiava. Sei que Jean tem seus momentos explosivos, mas ele é sempre bom comigo, ele é humano falho como todos nós e quem nunca erra? Eu errei em sair com o grupo de estudo e minha consequência foi Jean furioso comigo. Estou ficando cansada de nossas brigas e explosões, acho que está mais do que na hora de eu mudar mesmo pelo Jean e evitar de verdade qualquer motivo para as brigas.

Tomamos banhos juntos, após fazermos amor na sala.  Então Jean me levou para jantar em um restaurante lindo, me lembro de quando eu ficava desconfortável por não saber nenhuma etiqueta a mesa e agora sou mais confiante.

O garçom já havia retirado nossos pratos e estávamos apenas bebendo o vinho que Jean havia escolhido para nós. Ele retira de dentro de seu paletó uma caixinha aveludada preta enquanto ele sorri para mim.

— Comprei um presente para você. – revela Jean que abre a caixinha.

Era uma correntinha de ouro com um J como pingente tinha algumas pedrinhas de diamantes brilhantes no meio do J. Jean se levanta e coloca em meu pescoço aquela correntinha linda, ela tinha um caimento perfeito em meu pescoço.

— Nossa... Eu amei. – Digo emocionada olhando Jean se sentar em seu lugar novamente.

— Você está linda meu amor, realmente combinou com você e fico feliz que tenha gostado.

Por algum motivo, esta correntinha me tirou um pouco da insegurança que eu tinha sobre as pessoas saberem o que realmente eu era do Jean e se ele contava sobre nós. Agora qualquer pessoa ao me ver com ela vai saber que sou alguém importante para Jean e sou a mulher dele.


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