Entre o Céu e o Inferno. escrita por Sami


Capítulo 36
Capítulo XXXV


Notas iniciais do capítulo

Oie meus amores! Voltei com mais um capítulo e com esse marcamos oficialmente a reta final da história, sim, restam apenas mais três capítulos para o tão esperado (ou não) final da história. Teremos momentos fofos, momentos tensos, chegadas e tudo mais!

Boa Leitura!



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CAPÍTULO XXXV

 

Alana encarava um ponto de costura que começara a se desmanchar na gola da camisa de Kambriel com muita concentração, seus dedos brincavam com a costura desfeita sem dar muita atenção ao que acontecia ao seu redor; não que estivesse acontecendo algo de importante para tirá-la daquele momento, mas, Alana estava fora daquela estanha bolha da realidade e isso o preocupou.

Ele a olhou, esperando que ao perceber que tinha sua atenção ela deixasse o que estivesse fazendo e finalmente conversasse com ele, porém isso não aconteceu. Kambriel compreendia seu silêncio, afinal, Alana concordara sem nem hesitar em fazer parte do julgamento dos Juízes e também aceitara ser julgada logo em seguida por eles, era de se esperar que ela precisasse pensar a respeito do que aconteceria e se preparar para o momento. Um encontro com os Juízes era o que ele julgava ser intenso demais para um humano, apesar de Alana ter tido experiências... Diferentes de qualquer ser humano comum, ele sabia que aquele encontro, o julgamento no qual fariam parte mudaria por completo a percepção dela e de como ela via o mundo ao seu redor.

Isso o preocupava, obviamente. Mas também lhe trazia um tipo de alivio incomum, desde o primeiro momento em que tivera seu caminho cruzado com o de West ela se mostrou disposta a ajudar a cidade, mesmo quando ela também estava precisando de ajuda, a moça deixara seus próprios problemas de lado e se concentrou apenas na missão que fora dada ao arcanjo. Kambriel percebera tarde demais essa qualidade nela e se arrependia por ter deixado isso passar despercebido, mas quando tomou conhecimento, a admiração que tinha pela jovem apenas cresceu dentro de si.

O arcanjo respirou profundamente com lentidão, sua ação podia ser vista por ela como um sinal claro de sua tensão, afinal, estavam prestes a receber a visita de dos arcanjos líderes e levaria Lucius para julgamento, mas ele apenas o fez para guardar em sua mente o perfume humano de Alana; o odor que antes era ofuscado pelo cheiro do pastor Jacob West, mas que agora simplesmente se dissipou dela. Deixando que seu cheiro natural finalmente desse as caras. Ele sentiria falta daquele cheiro e por isso queira guardá-lo em sua mente.

— Eu estive pensando — A voz de Alana estava baixa, bem mais do que era seu normal, mas isso ainda fez com que todo e qualquer pensamento de Kambriel fosse interrompido. Ele piscou e ela estava o olhando finalmente. —  O que vai acontecer quando Lucius for condenado pelo que ele fez? Digo, os ataques aqui na cidade irão parar, certo? O que a polícia e todos os demais humanos vão pensar sobre isso?

O rapaz pensou durante um tempo na pergunta que lhe fora feita, a grande verdade era que Kambriel não pensara sobre isso e aquela era a primeira vez que o assunto vinha em sua mente. Foram apenas alguns segundos em silêncio, a pergunta sendo repetida em sua mente várias e várias vezes até que ele finalmente formulasse um pensamento mais concreto em sua mente.

— Se isso fosse feito do jeito convencional, do jeito que eu teria feito se toda essa história fosse mais simples, Lucius seria forçado a se tornar humano e receberia o castigo humano pelo que fez, ele seria condenado como se realmente fosse um alguém da terra e passaria seus dias humanos dentro de uma prisão — Ele tentou explicar da maneira mais simples que encontrou, não queria confundi-la e encher sua mente com mais questões do Céu e Inferno quando sua mente já estava lotada delas. — Mas agora que escolhemos o julgamento, esse assunto será responsabilidade dos arcanjos líderes, Gabriel e Miguel, um assunto do qual nem eu tenho conhecimento.

O cenho de Alana se franziu brevemente e então um brilho curioso passou por seus olhos castanhos, olhando-a mais atentamente ele percebia uma incrível semelhança com o demônio, mas ele jamais deixaria que aquele pensamento fosse dito em voz alta e por esse mesmo motivo, o afastou de sua mente até o mesmo se tornar apenas um borrão.

— É um assunto do qual não preciso saber? — Questionou com leve humor, ele percebeu quando seus lábios se esticaram de maneira discreta.

— Mais ou menos isso — Admitiu com um sorriso leve. — Não quero que fique com a cabeça cheia desse tipo de assunto quando já tem em muito no que pensar. Isso apenas lhe causaria mais dor de cabeça.

— Então, logo mais tudo isso vai finalmente acabar? — perguntou no mesmo tom baixo de antes, mantendo seus olhos sobre o rosto do rapaz.

— Sim. — Ele concordou aliviado. — Em poucas horas, todo esse tormento vai finalmente ganhar um fim e tudo voltará ao normal, como sempre foi.

Alana West uniu os lábios e então pareceu balançar a cabeça em concordância, ela retornou ao seu silêncio de antes, seus olhos se voltaram para a costura que se desfazia na gola de sua camisa e Kambriel pensou que ela retornaria a jogar toda a sua concentração naquilo como estava antes, mas isso não aconteceu. Em uma ação que o surpreendeu e o pegou de surpresa também, ela se aproximou mais dele, aconchegando-se nele de maneira que, ela parecesse ainda menor. Sua reação foi algo automático de seu corpo, quando ele menos esperava estava com os braços ao redor dela, de forma protetora.

As mãos femininas agarraram um punhado de sua camisa e apertaram o tecido com pouca força, ela abaixou o rosto e ele a sentiu suspirar contra seu peito. Até mesmo o ritmo das batidas de seu coração mudara e ele entendeu que ela estava agitada; mas não gostou do que tudo aquilo parecia ser.

Uma despedida.

Foi como se algo fosse ligado em sua mente. Kambriel tinha pensado sobre isso antes, em terminar logo sua missão e retornar para o Céu, seu verdadeiro lar. Mas isso fora antes, quando Alana era apenas uma humana — a filha do pastor morto — que ele via necessidade de proteger e nada mais do que isso. Foi antes de tudo mudar, antes do sentimento inédito fazer-se presente dentro de si e fazer com que as batidas de seu coração se tornassem rápidas sempre que a olhava ou ouvia-a dizer seu nome. Ele deveria ter percebido a tristeza disfarçada em sua pergunta.

Não existia palavras que pudessem fazer com que aquela situação fosse revertida, se dependesse dele e se isso ao menos fosse possível, ele voltaria no tempo e prolongaria seus dias com ela. Não pensaria duas vezes em ter mais dias calmos com Alana, mas o fim estava se aproximando, batendo à porta praticamente. E pensar em voltar para seu lar e viver sua existência longe da humana curiosa e cheia de perguntas se tornou um tipo de pensamento doloroso para ele.

— Eu queria ter tido mais tempo — Ele nem mesmo se dera conta de suas próprias palavras, elas simplesmente tomaram à frente e estava saindo de seus lábios em uma confissão secreta. Alana erguera o rosto para encará-lo, parecia surpresa com suas palavras. — Se eu pudesse... Prolongaria o nosso único dia divertido que tivemos em Las Vegas.

Fez-se silêncio durante um longo momento.

— Você quebrou as regras naquele dia, Kam... — Ela sussurrou ao lembrá-lo. Aquela era a primeira vez que estavam falando sobre o beijo desde que ele acontecera, mesmo que fosse de forma sem citá-lo diretamente. Alana mordeu o próprio lábio com força desnecessária.

Kambriel piscou e então moveu o rosto de forma que, agora ele conseguisse olhá-la mais facilmente. Ela também o olhou e, ambos ficaram daquele jeito durante minutos demorados, era possível perceber no rosto de Alana que ela parecia ficar constrangida em tocar naquele assunto, internamente Kambriel se encontrava daquela mesma maneira. Porém, ele sentia que precisava falar sobre aquilo, enquanto ainda tinham tempo para isso.

— Eu sei disso — A voz dele também era um sussurro. — E apesar de ter total ciência de que isso é contra as regras e de parecer até hipócrita da minha parte estar prestes a levar um demônio a julgamento por causa disso, eu não me arrependo do que fiz e não me sinto culpado. — Confessou com lentidão e honestidade, esboçando um riso mental quando se lembrou de que Lucius seria punido muito em breve por cometer o mesmo “crime”.

— Mas isso não trará consequências? Quero dizer, olha o que houve com Eva... Não quero que você perca tudo o que é por minha causa... — Começou a falar, ele entendeu seu ponto de vista e até sua relutância. Mas, ele não estava se preocupando com isso no momento.

— Nada disso vai acontecer — Garantiu. — E mesmo que venha a acontecer, foi uma escolha que fiz de uma decisão que eu tomei. E que tomaria de novo e de novo.

A moça se moveu levemente.

— Mesmo que isso... — Alana não conseguiu terminar a frase e ele notou sua hesitação.

Ele sorriu, achando um pouco de graça em como ela parecia mesmo preocupada com o que poderia acontecer a ele por causa daquele beijo e do que ele significava. Ela não sabia disso, mas sua atitude teria sim consequências, mas quando elas viessem, Alana provavelmente voltaria a sua vida humana na terra.

— Alana — Ele a chamou, sem que percebesse estava brincando com uma mecha de seu cabelo que insistia em cair em seu rosto. — Tudo o que falei naquele dia foi uma verdade que eu nem sabia ser possível existir, estar ciente do que posso perder não é nada comparado a maneira como passei s me sentir. Se eu pudesse, eu faria de tudo para estender os dias com você, percebi tarde demais o que estava acontecendo e... — Um suspiro frustrado escapou de seus lábios. — Eu queria ter passado mais tempo com você fora dessa loucura toda, saber mais sobre você...

Ele não completou. Novamente houve silêncio entre eles, Alana mordia seu lábio com mais força dessa vez e logo parou o que fazia, suas mãos se agitaram — como ele já vira acontecer antes —, era como se ela não soubesse o que fazer com elas. Soltou a camisa que antes ela apertava para então ficarem imóveis outra vez, tocando de maneira superficial seu peito.

O toque quente dela, ainda que fosse algo muito simples e quase inexistente, trouxe um arrepio longo que correu por sua espinha e nuca, seu coração humano disparou e ele também se viu agitado. Estavam deitados na cama dela, sua intenção ali era fazê-la dormir e ter uma noite tranquila de sono para que ela se visse mais tranquila quanto ao dia seguinte, mas seus planos mudaram completamente; o que não seria a primeira vez.

Alana suspirou e hesitou quando moveu o rosto em direção a ele, os olhos castanhos se fixaram nos azuis do arcanjo e, o olhar que recebera dela, pareceu destrui-lo, não de uma forma negativa. Kambriel jamais conseguiria explicar em palavras como era aquela destruição que sentiu, mas ele gostou da sensação. Do efeito que o olhar tão simples dela causou em seu corpo.

— Por favor, não faça com que isso pareça uma despedida — Ela pediu sem jeito, sua voz já estava normal outra vez, porém ainda era baixa. — Sei o que vai acontecer depois do julgamento, mas eu não quero que isso — Deu uma ênfase maior a última palavra. — Soe como se fosse uma despedida.

O rapaz travou o maxilar ao ouvi-la, seu coração disparou novamente, mas por uma razão bem diferente agora. Demorou para que houvesse uma resposta dele, porque ele não sabia o que poderia dizer a ela e nem o que fazer, se estivesse de pé, sentiria suas pernas tremerem diante daquela fala. Da despedida iminente que aconteceria.

— Isso não é uma despedida. — Disse, a certeza em sua voz o assustou. Kambriel se mostrou tão firme e certo de suas próprias palavras que, ele se esqueceu do que aconteceria no momento em que o julgamento acabasse. Era como se aquele destino já esperado por ele não existisse mais, apenas uma vasta variedade de caminhos de um futuro não tão distante com Alana. — Além disso, eu vou te ajudar com a questão da sua mãe, lembre-se disso.

Ambos sorriram ao mesmo tempo.

— Mas não vai ficar na terra, não é? — Sua pergunta o pegou de surpresa, ele não esperava por ela e nem mesmo parecia pronto para respondê-la, porque sabia que ela estava certa. Ele a ajudaria em livrar a mãe da condenação, porém, não poderia fazer isso estando na terra e, ter de contar a ela era... Doloroso.  

Ele levou a mão até o rosto dela em uma ação rápida — evitando dar aquela resposta para ela —, seus dedos tocavam a pele macia e juvenil e ele imediatamente sentiu um calor forte correr por entre seus dedos. Alana também o tocou, ainda que um pouco envergonhada ao fazê-lo. A mão feminina e quente de West repousou sobre seu rosto e ele fechou os olhos ao sentir aquele tipo de contato, seu coração voltou com as batidas aceleradas e sua respiração se alterou também, ele estremeceu.

— Eu faria tudo de novo, independente se existir consequências, independente de tudo o que possa me acontecer. — Sua confissão trouxe uma sensação inusitada em seu corpo, o que o fez estremecer dos pés a cabeça.

Ela mostrou um sorriso tímido antes de respondê-lo.

— Eu também.

— E o que quer que aconteça eu vou estar sempre do seu lado. — Proferiu convicto.

Levou apenas um segundo para que ambos enfim decidissem cortar a distância pequena que existia entre seus rostos e se beijassem. Os lábios se moldaram ao outro com a mesma facilidade de antes, como se fossem duas peças há muito separadas que estavam finalmente sendo unidas. Foi estranho para Kambriel constatar que, apesar de ter negado a ela que nada daquele momento seria ou soaria como se fosse uma despedida, o beijo que estavam trocando parecia muito com se fosse o último e, bem lá no fundo de sua mente ele sabia que seria.

Foi como na vez anterior, tudo ao seu redor deixou de existir. Não estava mais preocupado com demônios, com arcanjos, com o inferno... Naquele momento não existia nenhum tipo de preocupação a dominar sua mente ou fazê-lo recuar. O rapaz dissera em seu interior que se pudesse prolongaria seus momentos com Alana e ele fez exatamente isso durante aquele beijo, desejando poder parar o tempo para que se demorassem a separarem os lábios. Tocou o rosto dela com gentileza afagando com a ponte de seus dedos a pele macia dela enquanto a outra descera para sua cintura.

O rapaz a trouxe para si e logo ela parecia se aconchegar nele, envolvendo-o com os braços. O toque de Alana era bem diferente, ainda que um pouco hesitante, parecia ansioso e, quando ele a sentiu puxar sua camisa ao mesmo tempo em que ele apertou sua cintura, Kambriel sentiu que estava queimando de dentro para fora. Ele continuou a prolongar ao máximo aquele beijo, tocando o rosto dela, acariciando sua bochecha, enroscando seus dedos nos cabelos castanhos dela. Até mesmo a envolveu em um abraço desengonçado e só quando ele sentiu que precisava de ar, afastou os lábios dos dela; ainda que com muita relutância.

Ambos se entreolharam durante um longo período enquanto recuperavam o fôlego perdido momentos atrás, Alana tocou gentilmente os lábios do arcanjo e abriu os próprios, parecia prestes a dizer algo.

— Kam eu... — Ela não termina sua fala, apenas manjem o olhar sobre ele como o rapaz estava fazendo. Era verdade que tinham muito para serem dito um ao outro mas naquele momento isso não aconteceu.

— Eu sei. — ele respondeu dizendo a verdade. Ainda que não compreendesse muito bem os sentimentos humanos o que ele sentia vir de Alana era completamente diferente de tudo o que já sentiu, fora transfigurado diversas vezes em missões terrenas e nunca sentira-se daquela maneira antes.

Saber, sentir e ouvir, ainda que não com a frase completa, o que Alana sentia era inédito. Bom. Lhe trouxe sensações novas e um despertar inusitado de algo que ele sequer sabia ser possível sentir.

— Precisa dormir, Alana. — ele disse de repente, um tom mais baixo.

— É eu sei. — Alana se aconchegou nos braços de Kambriel, ele deitou-se com as costas no colchão e encostou a cabeça da moça sobre seu peito, de modo que ela conseguisse ouvir as batidas de seu coração transfigurado em seu corpo humano.

Os dois ficaram em completo silêncio durante longos minutos, o arcanjo acariciava seu cabelo com lentidão enquanto ouvia a respiração de Alana ficar cada vez mais lenta até que ela finalmente dormiu. Já ele, permaneceu acordado durante horas, olhando sempre para a janela, esperando pelo inevitável.

Temendo o que viria nas horas seguintes e temendo em segredo pela vida de Alana.

 

●●●

 

Alana encarava o céu com admiração, apesar de existir o claro medo do que aquilo poderia significar. O céu não estava claro como era esperado, apesar da temperatura estar um pouco mais baixa, ele se encontrava mais claro, tomado por uma coloração bizarra entre tons de amarelo e um pouco de cinza; nada que ela já tenha visto antes.

O vento soprava mais forte também, arrastando folhas de árvores do chão, qualquer pessoa poderia dizer que tratava-se de um possível vendaval, porém a falta de normalidade daquele ato lhe dizia que não era nada relacionado a força da mãe natureza. Não demorou para que Kambriel logo estivesse do seu lado, nenhum dos dois realmente dormiram como gostariam, mesmo que fora ela quem mais tivera uma noite de sono, estava visível em seus olhos e face o cansaço de uma noite mal dormida. Os dois esperavam, pelos arcanjos... Por Lucius... Por qualquer coisa.

— Isso?... — Alana nem mesmo conseguiu finalizar a fala, um estrondo alto como trovão rasgou o silêncio da cidade e trouxe consigo uma forte luz. Um clarão que a fez levar as duas mãos para os olhos a fim de protegê-los.

Ela notou quando o corpo de Kambriel tornou-se ereto e tenso, seus olhos corriam do céu a terra em busca de algum sinal. West respirou fundo, sentindo-se um pouco estranha, ansiosa. Um grande nó formou-se em sua garganta e ela sentiu que perdera a fala, sua mente logo se tornou uma grande confusão de pensamentos e vozes até o ponto em que ela pareceu despertar de vez. De seu corpo qualquer vestígio de cansaço ou sono foi tirado, e Alana se encontrava quase tão agitada quanto Kambriel.

O arcanjo se colocou na sua frente quando uma densa névoa levantou-se sobre a terra, o silêncio ali era total e por mais estranho que aquilo pudesse parecer a eles; estavam ouvindo passos. Cada vez mais próximos.

— São os arcanjos ou o...

Alana não terminou porque sabia bem que Kambriel entenderia a quem ela estava se referindo.

— Eu não sei. Mas fique por perto. — Ele pediu com a voz mais baixa, West assentiu e logo sentiu o corpo do arcanjo estremecer suas costas, ela viu a blusa parecer ficar mais apertada em seu corpo.

Conforme a névoa se tornava cada vez mais densa, ficava quase impossível de ver o que existia ao redor, Alana nem mesmo enxergava a própria casa que, se encontrava logo atrás dela. O som de passos tornou-se mais altos, ela o ouvia com facilidade e então, sentiu a estranha presença; a mesma presença que sentia quando estava no inferno e o claro desconforto e medo que o acompanhavam.

Lucius.

Kambriel pareceu também descobrir quem se aproximava e passou a respirar mais rápido, atrás dele e tão perto do corpo do arcanjo ela possível sentir toda a tensão e raiva que corria por cada músculo, de forma a deixá-los tensos. Não tardou e Lucius já estava mais adiante, as asas abertas e em repouso enquanto Zarael mais atrás encarava os dois com diversão.

— Acho que deveríamos pular a parte em que eu digo a vocês o que eu quero e todo aquele blá blá blá — Lucius começou a falar, olhando com animação para os dois. — Até porque, todos que estão aqui sabem muito bem o que eu quero.

— Eu quero ver você tentar se aproximar dela — Disse Kambriel, sua entonação de voz mudou completamente. Estava firme, sem qualquer tom de gentileza ou mansidão.

Lucius abriu um sorriso largo, mostrando os dentes levemente apodrecidos.

— Não me desafie arcanjo — O demônio começou a se aproximar, mas parou imediatamente quando o rapaz que se usava como escudo para proteger a humana pareceu rugir alto em ameaça. — Nós dois sabemos que eu sempre consigo o que eu quero e Alana é minha filha, você não tem qualquer direito sobre ela.

Filha. Alana ouviu aquela palavra ser repetida em sua mente várias vezes e em todas essas vezes sentiu o mesmo asco. Seu estômago se revirou.

— Ela não pertence a você. — Kambriel falou a frase pausadamente, avançando alguns passos também, ele, porém, não parou quando Lucius e Zarael mostraram-se dispostos a brigar.

Alana se perguntava o que Kambriel estava fazendo, ele lhe dissera no dia anterior que os arcanjos líderes estavam vindo e que assim não precisaria lutar contra Lucius. Mas eles não chegaram e, talvez, ele estivesse ganhando tempo, mas os dois demônios mais à frente estavam prestes a começar uma luta ali mesmo.

Ela é minha filha! — Lucius esbravejou, sua voz sofrendo uma mudança assustadora. Os olhos vermelhos brilharam e em seu rosto ele viu pequenos vestígios de sua real forma aparecer.

— Passe por mim, então. — Kambriel praticamente o desafiou. Nesse momento Alana apertou o braço de Kambriel com força, o par de asas do demônio se sacudiram e levantaram pó. O rapaz se manteve imóvel e então, quando Lucius grunhiu alto, o arcanjo sacudiu os ombros e libertou suas asas, esticando-as na frente de Alana.

Contudo algo inusitado aconteceu, a face de Lucius rapidamente se tornou tranquila, o sorriso perverso que formou-se antes sumiu e o demônio os encarava com neutralidade.

— Eu vou matar você anjo. — Foi tudo o que Lucius disse antes de avançar, Kambriel foi rápido em empurrar Alana para trás e usar suas asas para avançar também.

O desenrolar da cena aconteceu muito rápido, em questão de segundos arcanjo e demônio estavam lutando, o brilho que vinha das asas de Kambriel tornou difícil de acompanhar o que acontecia e mesmo que Alana quisesse ter aquela visão, sua atenção voltou-se para o segundo demônio parado mais à frente. Zarael caminhava em sua direção, estalando o pescoço conforme seus passos diminuía a distância entre ele e Alana.

West olhou rápido para trás, procurando por algum lugar aonde poderia se esconder; tudo o que via era a névoa densa e nada mais.

— Vocês foram avisados — A lembrou. — Várias e várias vezes e mesmo assim prosseguiram, foram teimosos e olha só o que precisa acontecer...

Zarael abriu os braços, contudo Alana olhou na direção dos dois seres a batalhar. O que seus olhos via era uma verdadeira confusão de corpos e asas, um brilho forte que vinha de Kambriel e uma escuridão medonha de Lucius.

— Eu não queria que chegasse a esse ponto, Alana. — Continuou falando, ele avançava e Alana recuava. — Mas que tipo de demônio eu seria se impedisse que um pai ficasse perto de sua filha?

O demônio parou bruscamente. Seu rosto relaxou, mas seu corpo estremeceu e quando Alana piscou suas asas também saltaram de suas costas. Eram horríveis e não combinava nada com a forma humana de Zarael. West engoliu seco, piscou novamente e praticamente começou a correr quando o demônio avançou em sua direção também. Seus olhos amarelos brilhavam bem mais dessa vez, em um tipo de sede que a assustou.

Alana tropeçou em uma pedra, caiu de encontro ao chão e quando virou-se e viu que Zarael iria conseguir pegá-la, percebeu que não poderia fazer nada além de aceitar seu destino; seja lá qual fosse ele. O demônio estava fechando suas asas ao seu redor quando do chão mais adiante, centenas de braços se esticaram, o cheiro forte de enxofre preencheu aquele lugar causando náuseas na moça. Eligus emergiu por entre os tantos braços e agarrou o demônio pelo pescoço o puxando para baixo juntamente com gritos de agonia e gemidos de dor, levou apenas dois segundos para que Zarael simplesmente desaparecesse dali. Retornando para o inferno.

Com os olhos arregalados, Alana West não sabia nem como reagir, seu coração disparava contra seu peito, numa velocidade absurda. Não encontrou forças nem mesmo para se colocar de pé.

— Alana! — O grito veio de Lucius e imediatamente ela despertou de seu transe, começando uma luta para colocar-se de pé ao perceber que o demônio repetia seu nome e este parecia casa vez mais perto dela.

Quando Alana West finalmente conseguiu ficar de pé ela passou a correr a esmo, não sabia para onde estava indo, mas tinha a percepção de estar próxima de sua casa. Apenas não a estava vendo diante de tanta névoa. Ela o ouvia, gritar seu nome mais algumas vezes, sua voz ressoava em sua mente e deixava claro o quão perto ele estava. Ela ouvia também o bater de asas, na verdade de duas asas e sabia que Kambriel estava também por perto.

Entre tropeços e quase quedas, Alana finalmente chegou a porta de sua casa. Sentiu algo lhe puxar para trás, mas foi rápida em conseguir firmar os pés e jogar o corpo para frente, empurrou a porte com o ombro quando sentiu seu corpo novamente ser puxado e quando a mesma se abriu, Kambriel jogou-se na sua frente, seu corpo estava luminoso como nunca e ele segurava o braço de Lucius para impedi-lo de tocar nela. O demônio estava com parte de sua real aparência a mostra, grunhia alto enquanto Kambriel não parecia sequer fazer muito esforço para mantê-lo longe.

Lucius tentava avançar, ela notou que os pés de Kambriel escorregavam pelo chão trazendo parte do concreto afundado, mostrando o quão forte era. Alana se escondia por detrás de suas asas, assustada, ofegante. Sem qualquer firmeza em suas pernas para manter-se de pé diante daquela luta.

— Ela é minha... —A fala do demônio foi interrompida quando um forte estrondo cortou o silêncio do lugar mais uma vez, não houve luz nem nada, apenas o som de que algo acabara de cair ali.

Aos poucos a névoa foi se dissipando até que tudo voltasse a ser como antes, até mesmo o céu voltou ao normal e Alana se assustou quando percebeu que já era noite. Para ela, tudo aquilo durou apenas alguns minutos, mas na verdade horas tinham se passado.

Mais adiante ela viu duas pessoas próximas a uma árvore aonde suas folhagens já estavam secando por causa da proximidade do outono. Eram dois homens na verdade. Ambos incrivelmente altos e fortes, pareciam dois soldados, conforme caminharam seus corpos mantinham-se eretos e firmes. Se vestiam com um manto longo cinza, que cobria seus pés, mas deixavam seus braços musculosos expostos. Cada um estava também sendo rondado pelo mesmo tipo de luz que vinha de Kambriel, contudo a luz que vinha deles parecia estar bem mais forte sobre eles.

Um era um homem negro com um cabelo alto, sua pele era perfeita e sem qualquer sinal de defeito. Se ela pudesse usar uma única palavra para descrevê-lo diria perfeito, ao ponto de se ver quase hipnotizada por ele. Seus olhos, eram claros como os de Kambriel, porém continham um brilho diferente, algo que deixou Alana completamente constrangida. Ele estava a apenas um passo a frente do outro, as mãos estavam à frente de seu corpo e unidas, suas asas — o real destaque — estavam abertas, porém relaxadas e abaixadas; deixando-o ainda mais alto. O outro era branco e de aparência mais simples; ainda que muito bela também. Seu cabelo era curto, como o de Kambriel, porém negros como a noite. Sua pele também era perfeita e seus olhos eram também negros; assim como seu cabelo. Suas asas estavam abertas também, relaxadas como a do arcanjo na sua frente, mas tremiam como se estivessem se preparando para algum tipo de ataque.

Estando os dois agora mais perto, ela notou que nenhum dos dois arcanjos estavam olhando para o rapaz na sua frente e sim diretamente para si, ao ponto de ser possível sentir um peso ainda maior recair sobre seu corpo em ter os dois seres a olhá-la com tanto interesse. Mesmo que Alana tenha desviado o olhar deles ao sentir-se intimidada, aquela sensação de peso não desapareceu e, em um ato de curiosidade, West tentou olhá-los e quase caiu para frente devido ao peso que sentiu. Alana precisou prender a respiração e segurou a mão de Kambriel com força, não dando conta de que sua ação fora vista pelos olhos atentos dos dois arcanjos.

Ela então decidiu manter os olhos longe deles e só os olharia quando se sentisse confortável para isso e ela quase riu de si mesma quando sua mente mostrou um pensamento negativo com aquela ideia. Kambriel rapidamente se afastou de Lucius, deixando que o demônio caísse de encontro ao chão, ele olhou para os dois arcanjos e curvou em posição fetal, evitando olhar para os dois seres que se aproximava.

— Querido irmão. — Ela ouviu um deles falar, saudando o arcanjo na sua frente. Sua voz era potente, contendo uma força que ela sabia ser algo sobrenatural.

— Gabriel. — Kambriel respondeu, abaixando o rosto em um tipo de reverência. Alana ousou olhar para frente e viu que o Arcanjo Gabriel era o homem mais adiante; ela quase levou um susto quando o viu ainda mais perto de onde eles estavam. Sua imagem era ainda mais intimidadora do que sentiu momentos atrás, sua presença algo tão notável que, ela imaginava que as pessoas dentro de suas casas estivessem também o percebendo ali. —Miguel.

Miguel era o outro localizado mais atrás, o arcanjo que parecia pronto para lutar se isso se mostrasse necessário mantinha seu olhar fixo em Alana, parecia estudá-la em silêncio enquanto Gabriel e Kambriel cumprimentavam-se. Sua imagem não causava nela a mesma intimidação que sentia do outro que estava mais perto, mas ainda a constrangia igualmente e talvez até mais.

— Percebo que nossa chegada não é para ti uma surpresa como parece ser para a humana e para o demônio, mas ficamos surpresos que tenha sido o demônio Eligus que nos chamou e não você, irmão. — O tom de Gabriel soou como uma bronca, apesar da clara gentileza e mansidão existente em sua voz. Ele olhou brevemente para Lucius no chão e não lhe deu muita atenção. — Quem é ela? E, por qual motivo se agarra a ti como uma criança assustada?

Seu tom mudou e, apesar da severidade com a qual a dissera, Alana não se sentiu nada ofendida com suas palavras. Um pouco sem graça, obviamente, mas ofendida não.

— Alana West, ela... — Ele hesitou antes de continuar com sua fala, como se temesse errar o que contaria a eles. — Ela ajudou-me em minha missão.

O rosto de Gabriel se modificou e uma expressão surpresa tomou conta da bela face. Ela viu algumas poucas linhas de expressão aparecerem em pontos específicos de seu rosto, como o franzir de sua testa e algumas marcas abaixo de seus olhos quando os semicerrou ao encará-la. Alana engoliu seco quando viu que o arcanjo dera um passo em sua direção, sua reação natural foi recuar esse mesmo passo e apertar com mais força a mão de Kambriel, o outro sequer se moveu.

— Deixou que uma humana se envolvesse em sua missão, meu irmão? — A pergunta feita carregava um tom áspero e irritado, seus olhos alternavam entre olhar para a humana e para o arcanjo mais jovem.

Uma brisa muito suave soprou antes que ele respondesse.

— Jamais teria feito algo assim se a presença dela não tivesse sido necessária na missão. — Começou a falar, o rapaz nem mesmo se movia enquanto conversava com o outro arcanjo. Seu rosto estava erguido para frente e ele o encarava fixamente, seu peito estava estufado e nesse momento ele parecia apenas um soldado e não o arcanjo que ela conhecera antes. — A humana mostrou possuir um conhecimento importante sobre os casos e também sobre ambos os lados, envolvê-la se mostrou algo muito necessário.

Alana alternou seu olhar entre o arcanjo ao seu lado e o Arcanjo Gabriel, este tinha os olhos azuis fixos sobre ela e parecia interessado no que acabara de ouvir. Lucius soltou uma risada alta, manteve-se curvado no chão, mas ao rir atraiu a atenção dos dois arcanjos. Ambos o olharam, esperaram por mais alguma coisa dele e então retornaram para a humana e o arcanjo.

— Isso é muito interessante. — Observou ele, mantendo os olhos direcionados para ela enquanto demonstrava um interesse incomum na moça. — Mas, por mais que eu esteja curioso em saber dessa ajuda, o real motivo do demônio Eligus ter chamado a nós é o que realmente nos deixou intrigados. Espero que nos conte.

Kambriel assentiu, Alana notou a mudança drástica na forma de agir dele. Desde que o conhecera naquela estranha noite na lanchonete, ele agia como se fosse apenas mais um humano na cidade. Contudo naquele momento, diante dos dois arcanjos, Kambriel agia de maneira mais complexa; estava sério, de poucas palavras e em uma postura ereta e firme.

— Eu pedi que Eligus fizesse isso por mim. — Contou, ela sabia que aquilo era uma mentira e não compreendeu o que estava o levando a contá-la. — Lucius o segundo original, — Ele gesticulou para o demônio no chão. — Infligiu as regras e tenho provas disso.

O interesse surgiu nos dois rostos mais à frente, até mesmo o Arcanjo Miguel pareceu se animar com a notícia, pois ele avançara três passos pra frente. Quase tão espantado quanto Gabriel. Já Lucius, ousou erguer-se e quando o fez, mostrou os dentes como um cachorro faria ao ser ameaçado.

— Ora seu...

Gabriel o interrompeu, ergueu a mão o impedindo de prosseguir com sua fala.

— E quero levá-lo a julgamento. Há crimes que ele cometeu que precisam ser levados aos Juízes. — A urgência na voz de Kambriel a assustou, ela nunca o viu agir daquela maneira antes; nem mesmo quando ele estava impedindo que ela fosse arrastada para o inferno na primeira vez.

—  Tem certeza da acusação que está fazendo, irmão? Trata-se de algo muito sério, sabe que, se isso se mostrar mentiras, sofrerá as consequências.

— Tenho testemunha. — Disse com convicção. — A demônio que caiu, Eva, poderá confirmar cada acusação que foi feita.

Dessa vez Miguel também se envolveu na conversa.

— Ela caiu, não pode se envolver... — Sua fala mais soou como um aviso, a firmeza de seu tom de voz assustou Alana. Ele possuía um tipo de autoridade que transparecia em sua voz e rosto.

Gabriel levantou a mão, interrompendo a fala do outro, a qual respeitou sem pensar duas vezes.

— Isso muda quando ela é uma testemunha. — A resposta foi direcionada para Miguel que, parecia encarar aquela situação como algo com o qual não concordava. — Muito bem, Lucius será levado aos Juízes.

Em um ato involuntário de seu corpo, a simples menção do demônio causou em Alana um grande desconforto, ela se aproximou de Kambriel e segurou sua mão com mais força. Ignorando que sua ação não passou despercebida pelos olhares atentos de Gabriel e Miguel.

— Não podem! — Bradou ele, erguendo-se mais uma vez, conseguido ficar de pé. Ainda que evitasse olhar para os dois arcanjos líderes. — Eu recuso...

— Não tem esse direito demônio! — Ela ouviu quando a voz de Miguel falou mais alto, soando mais firme e mais autoritário também. Lucius parou, contrariado e irritado pela autoridade maior vir dos dois arcanjos.

— Você quer um julgamento? — Gabriel deu dois passos para frente, aproximando-se de Kambriel e Alana. Ao mesmo tempo a moça se encolheu, diante de tanta glória e poder que emanava do arcanjo.

West notou que Kambriel hesitou por um segundo, ela logo se lembrou do que ele lhe contara antes; se levasse mesmo Lucius a julgamento ela também seria julgada e talvez esse mesmo pensamento o fez pensar mais uma vez em sua escolha. No que aconteceria no momento em que dissesse sim. Porém ele conhecia os riscos e, ela concordara com aquilo. Deixando de lado sua própria segurança em prol de manter a cidade protegida e livre do demônio e suas atividades.

— Sim.

Gabriel assentiu muito lentamente, deu as costas para os dois e se aproximou do outro arcanjo logo atrás dele. Estando os dois seres lado a lado, era como ver uma confusão de imagens, suas asas grandes e luminosas pareciam torná-los apenas um e, enquanto conversavam entre si, ambos pareciam maiores. Mais poderosos.

Lucius quando se deu conta do que iria acontecer, se enfureceu, suas asas tremiam e seu rosto ganhava um ar mais descontrolado.

— Não podem! — Exclamou gritando, olhando para os dois arcanjos. — Eu sou Lucius, príncipe do Inferno, o segundo...

— Calado! — A voz de Gabriel fez com que a terra parecesse estremecer, Alana abaixou levemente a cabeça evitando muito contato visual com o arcanjo. Lucius acatou a ordem, seu corpo curvou-se minimamente. — Você, Lucius, será levado aos Juízes e será julgado. Não tem mais direito a recusas e todas as suas atividades serão interrompidas.

O demônio estremeceu, mas assentiu lentamente. Dessa vez, Kambriel foi quem apertou a mão da humana. Alana olhou para as duas mãos unidas e sentiu um tremor ansioso correr por seu corpo ao sentir aquele toque. Ela automaticamente ergueu o rosto e ao encará-lo se deu conta de que ele também a olhava, em seus olhos ela pôde ver o quão ansioso e inquieto ele estava para o momento seguinte.


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Notas finais do capítulo

~ Vai ter julgamento e Lucifer irá aparecer!

~ Hum... Gabriel e Miguel vendo Alana e Kambriel de amores... Vai dar ruim????

~ Kam e Alana praticamente se declarando para o outro???



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