O sábado já estava quase no fim.

Jake e eu estávamos brincando de jogar bolas de neve um no outro.

Já estava tarde, os outros tinham entrado, reclamando do frio.

Então agora podíamos brincar livremente.

Com os outros por perto, tínhamos que jogar devagar e tomar cuidado pra não acertar um humano — já que jogávamos praticamente bola de gelo sólido.

Ele tentou me acertar jogando três bolas de uma vez só — aproveitei que suas mãos estavam vazias e corri para o começo da floresta que se estendia atrás da pousada, me escondendo atrás de uma arvore, esperando por ele.

Ele deve ter pensado que eu ia atirar uma bola nele quando passasse por mim e fez exatamente o que eu esperava;

Ele saltou encima do galho de uma árvore, atrás da que eu estava, pulou no galho da árvore da frente e me jogou uma bola, que eu deixei acertar no meu rosto.

Enquanto ele descia rindo por ter me acertado, pulei nele jogando-o no chão e enfiei uma bola de gelo em sua boca.

Tampando–a com a mão, até ele engolir.

Enquanto eu me desdobrava de tanto rir, ele virou ficando encima de mim e esfregou gelo na minha cara.

   —Você perdeu! —Ele gritou — Eu te acertei primeiro!

   —Nada disso só me acertou por que eu deixei.

   —Que mentira!

   —Claro que foi. Só deixei você me acertar porque sabia que iria se distrair. E além disso, fiz você comer gelo. Vitória minha!

   —Nós dois sabemos que Fui eu quem ganhou. —Continuo ele discutindo comigo. Ele não ia reconhecer a derrota — E você sempre roubando... Desde novinha. Não tem vergonha não?—Acusou.

   —Eu não sei nada sobre “foi-você-quem-ganhou”. —recitei rindo — Eu não tenho culpa se sempre ganho. Você diz que eu roubo só pra não admitir que perde para uma garota. — Eu disse tentando me levantar de baixo dele. Ele não deixou, continuou me segurando ali.

Comecei a ameaçá-lo, brincado; dizendo que jogaria ele no topo das arvores se ele não me soltasse.

Mas ele não respondeu, estava sério, olhando pra mim com uma expressão indecifrável.

Fiquei sem fala e não conseguir me desviar do seu olhar.

Ele se inclinou e me beijou me apertando no chão.

Correspondi o beijo com vontade.

Ele me beijava com tanta força, tão intensamente, que se eu não fosse meia-vampira tenho certeza que ele me machucaria.

Enquanto me beijava ele se apoiou no cotovelo e com a mesma mão segurou minha nuca, colocando a outra mão na minha cintura, me apertando ainda mais contra ele.

Fui pega de guarda baixa pelas minhas reações vampiresca meio desvairadas. Nunca tinha sentido aquilo antes, a sensação era poderosa.

Levantei meus braços e me agarrei ao pescoço dele puxando ele ainda mais pra mim.

Ficamos nos beijando assim por um bom tempo, cada vez com mais intensidade. Eu já estava arfando. Sacudi minha cabeça e ele liberou minha boca para que eu pudesse respirar.

Enquanto isso ele beijava meu pescoço e por alguns segundos seus lábios desceram e tocaram meu seio de leve.

 A sua mão que estava na minha cintura deslizou por baixo da minha blusa, subindo por minha barriga...

—Renesmee!Jacob!

—Renesmee!Jacob!

A uns sete metros, Jéferson e Guilherme, gritaram por nós. Passaram por umas arvores e nos viram agarrados no chão.

Jake pulou de cima de mim, com uma cara meio assustada, que eu não entendi e completamente constrangido.

  —Desculpe... Não, er... queríamos interromper—Disse Jéferson desviando os olhos —Estava ficando tarde ...todos ficaram preocupados—Continuou ele falando rapidamente — Disseram que vocês tinham entrado na floresta...

   —Pensamos que talvez tivessem se perdido. —Disse Guilherme

   —Não tem problema, já estávamos indo. —Jake disse.

Percebi que ele estava corando — Com certeza ele estava muito constrangido.

Olhei para o céu e já estava escuro.

Quanto tempo ficamos aqui?

Para mim pareceu tão pouco.

Enquanto me levantava e descia minha blusa, disse mal-humorada:

   —Preocupação desnecessária. —Falei com uma voz cortante — Somos acostumados a fazer trilha, nunca nos perdemos.

   —Desculpe não queríamos atrapalhar. —Repetiu Jéferson apertando os lábios.

   — Bom já que não estão perdidos, vamos indo — disse Guilherme dando as costas e seguindo para fora da floresta.

Jake estendeu a mão pra mim.

   —Vamos Ness, está mesmo tarde.

Droga!

Humanos estúpidos!

Porque eles tinham que interromper justo agora?

Jake pareceu não se importar com a interrupção,alias parecia que ele até ficou aliviado.

Enquanto seguíamos a uns 5 metros de distancia de Jéferson e Guilherme, os ouvi cochicharem.

  —Não sei por que ela se sentiu ofendida quando perguntei se dormiriam no mesmo quarto. Do jeito que os dois estavam se agarrado, aposto que passariam a noite na floresta.

Jake não conseguiu se controlar e rosnou — Alto o suficiente para ouvirem.

Eles olharam pra trás assustados.

  —É melhor sairmos daqui rápido, deve ter algum animal por perto. —disse rapidamente enquanto puxava Jake pelo braço.

  “Caramba que medo, você viu que barulho assustador...” Os dois saíram murmurando, eu não estava mais prestando atenção, olhava para Jake, que parecia evitar meu olhar.

Coloquei a ponta dos dedos no seu rosto e perguntei o que estava acontecendo. Ele só balançou a cabeça.

Antes que eu pudesse pedir mais explicações, saímos da floresta e todos os meus amigos estavam na porta dos fundos da pousada, esperando por nós.

Não deixei de notar que os únicos rostos que demonstravam preocupação eram o de Daiana, Cris e Debye — mais ou menos — Michele nos olhava com desconfiança.

   —Tudo bem gente, eles não estavam perdidos — Disse Jéferson com uma pontada de malicia na voz.

  —O que aconteceu então?—Perguntou Michele

   —Nada. Só estavam caminhando. —Respondeu ironicamente.

Jake e eu não falamos nada apesar das perguntas serem direcionadas para nós.

Ele estava pensativo, evitando me olhar nos olhos.

Depois que entramos as meninas vieram para o meu lado, e nos sentamos nos sofás da recepção, enquanto isso, Jake simplesmente seguiu para as escadas que davam para os quartos.

   —Nossa Nessie, ficamos preocupados, vocês sumiram...?—Começou Michele com seu tom de voz dissimulado.

Ela não parecia nem um pouco preocupada.

Apenas dei de ombros.

    —Ainda bem que fomos atrás deles. — Disse Jéferson me olhando com provocação e se aproximando com os outros. — Quando estávamos saindo da floresta ouvimos um som de um animal bem perto... Parece que rosnou para nós.

Alguns se sentaram nos sofás, outros em almofadas no chão.

Eu me levantei, tinha coisas demais no que pensar —  não estava com paciência pra agüentar insinuações.

    —Eu vou subir, vou colocar roupas secas —não que realmente me incomodasse, eu não sentia frio. Mas era uma ótima desculpa. Precisava falar com Jake.

O que havia com ele?

   —Não demore —Disse Daiana — Daqui a pouco vão servir chocolate quente e biscoitos.

   —Tudo bem. —Subi as escadas rapidamente, tentando ao máximo me mexer devagar .

Quando cheguei ao corredor, Jake estava saindo do quarto dele.

Ele havia trocado de roupa.

Usava uma calça jeans escura e uma blusa fina de manga comprida amarelo creme —ele estava muito bonito, a cor da blusa deixava sua pele com um tom bronzeado dourado.

Aproximei-me dele e toquei seu rosto, pedindo para falar com ele.

Jake me surpreendendo, tirou minha mão.

   —Vá trocar de roupa, eu te espero lá em baixo. —Ele disse olhando para a escada.