I Wont Go Home Without You escrita por hatsuyukisan


Capítulo 6
Capítulo 6




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Subi até o quarto em estado de choque. Era isso, era o passado voltando pra me assombrar, pra não me deixar esquecê-la definitivamente. Afundei o rosto no travesseiro e repassei aqueles momentos em pensamento. Seu rosto, seus olhos, seu sorriso, sua voz, sua pele. No fundo dos olhos dela eu ainda podia ver aquela Kiori de sempre, aquela que vivia desapontada com os garotos, aquela que não admitia perder uma partida de vídeo game pra mim, aquela que pegava no meu pé pra que eu estudasse, aquela que ria das minhas piadas sem graça, aquela que eu amei por mais de dez anos. E ela lembrava de mim. Confortou-me saber que ao menos eu não era o velho amigo esquecido. Meu Deus, eu mal podia acreditar que a tinha visto de novo. E todo aquele sentimento guardado em mim voltou mais forte do que nunca. Fechei os olhos e pude reviver de forma vívida aquela noite da formatura. Meu peito se encheu de uma felicidade que só podia se explicar pela presença dela. Adormeci sem perceber, com a imagem daquela menina que se tornava mulher incrustada em meus pensamentos.

Meus sonhos foram dominados pela sua presença como nunca antes. Sonhei com uma eternidade ao lado de Kiori, uma eternidade cheia daqueles clichês mais estupidamente adoráveis. Sonhei com o futuro que sempre desejara para nós dois. Sonhei com a minha definição de felicidade. No meu sonho eu a esperava no altar, ela entrava vestida de branco, parecendo saída de uma pintura, vinha até mim, derramava uma lágrima e dizia:

- Yuu... Me desculpa. Eu preciso voltar pra lá. Eu tenho que voltar agora. Sayonara, Yuu...

Acordei assustado com a imagem de Kiori saindo correndo, com a sensação de ter meus pés presos no chão sem poder impedi-la de ficar. Olhei para o relógio. Os números digitais vermelhos pareciam fazer contagem regressiva da minha chance de fazê-la ficar. 7:37. Eu tinha vinte minutos para chegar à estação e dizer a ela tudo que eu sentia. E era o que eu faria. Não iria desperdiçar mais uma chance. Levantei-me sem nem mesmo pensar no que vestia e saí correndo. O atraso do elevador me obrigou a descer os sete andares pelas escadas. Saí em disparada para fora do hotel. Duvidava que conseguiria um táxi decente com aquela neve toda àquela hora. Sorte minha que estação não ficava tão longe dali. Corri o mais rápido que o frio me deixou. Meus pés se recusavam a manterem-se firmes na neve depositada.

I asked her to say, but she wouldn’t listen

She left before I had the chance to say

The words that would mend

The things that were broken

But now it’s far too late she’s gone away

Every night you cry youself to sleep

Thinking “Why does this happen to me?

Why does every moment have to be so hard?”

Hard to believe

It’s not over tonight

Just give one more chance to make it right

I may no make it through the night

But I won’t go home without you

The taste of her breath

I’ll never get over

The noises that she’d make kept me awake

The weight of the things that remained unspoken

Built up so much it crushed us every day

Every night you cry youself to sleep

Thinking “Why does this happen to me?

Why does every moment have to be so hard?”

Hard to believe

It’s not over tonight

Just give one more chance to make it right

I may no make it through the night

But I won’t go home without you

All of the things I’ve felt

I never really showed

Perhaps the worst is that I ever let you go

I should not ever let you go...

- Kiori!! – as pessoas na estação me olharam como se eu fosse maluco.

E eu não os culparia por isso. Primeiro eu parecia louco, vestido daquele jeito, com o cabelo salpicado de neve, ofegando e tremendo de frio. Segundo porque eu definitivamente era louco por estar ali gritando o nome dela e me preparando para confessar um amor que durara mais de dez anos. Ela se virou e me olhou intrigada.

- Yuu... – ela andou até mim – Yuu, tá tudo bem?

- Kiori... Você... – eu já não estava cem por cento psicologicamente pronto pra dizer tudo aquilo, e agora meus pulmões não resolveram não cooperar também – Você lembra... da nossa... formatura?

- Lembro, claro. – ela riu, provavelmente me achando lunático por estar ali falando daquilo.

- Você... você tava... usando... um vestido rosa e uma trança no cabelo. – minha respiração resolvera voltar ao normal.

- Sei, mas... Por que isso agora? Quer dizer...

- Você não pode voltar pros Estados Unidos. – finalmente tomou coragem, Yuu.

- Não? – franziu o cenho, esperando uma explicação para aquela minha loucura toda.

- Naquela noite... eu nunca te disse... Mas você tava linda. E sabe... eu sei que vai parecer loucura e tudo mais, mas... – engoli em seco e olhei a nos olhos. Sua última chance, Yuu. - ...desde aquela noite... eu... Eu te amo.

Ela entreabriu os lábios, mas ficou calada, tentando processar a informação.

- Eu sei, fazem quase doze anos e você deve tá achando que eu sou maluco, ou infantil, sei lá – e aí o nervosismo me fez começar a tagarelar – Parece bem patético mas eu... você é a única mulher que eu jamais amei e... e ...

- Yuu. – a voz dela chamando o meu nome me fez finalmente calar a boca por um momento. – Não diz mais nada.

- E-eu...

- Shh.. – pousou os dedos sobre os meus lábios.

Os instantes seguintes seguiram em câmera lenta, coroados pela neve branca. Seus braços envolveram meu pescoço, ela sorriu. Meus braços envolveram sua cintura, eu sorri. A estação toda se cobriu de flores, as pessoas se calaram para presenciar aquele momento, o barulho virou música e um perfume adocicado tomou o ar. Nossos rostos se aproximavam e meus pés deixavam o chão devagar. Nossos lábios se tocaram e era como se passarinhos coloridos voassem sobre a minha cabeça piando alegremente. Eu havia esperado mais de uma década por esse momento. A sensação de tê-la em meus braços, seus lábios se movendo sobre os meus, seus cabelos entre os meus dedos... Talvez eu tivesse morrido e chegado ao paraíso sem sequer me dar conta. O beijo se partiu e eu duvidei da capacidade dos meus joelhos me manterem em pé.

- Onde é que eu tava esse tempo todo, Yuu? – encarou-me no fundo dos olhos e sorriu – Por onde foi que eu andei? Como eu pude ser tão cega ao ponto de não ver que você é tudo aquilo que me faltava?

- E-eu... – aquelas palavras me abraçaram de forma quente. – V-você ainda pretende... entrar nesse trem?

- Não se você me prometer que vai passar pelo menos mais uns doze anos sem mudar de idéia. – ela riu e a vibração do riso dela contra o meu peito me fez sorrir.

- Prometo. – tomei seu rosto entre as mãos e beijei-a mais uma vez.

- Vamos pra casa, Yuu. – tomei sua mão na minha.

- Vamos.


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