I Wont Go Home Without You escrita por hatsuyukisan


Capítulo 1
Capítulo 1




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   - Yuu? Yuu... Você sequer tá me ouvindo? Acorda, Yuu! – a voz dela pareceu vir de algum lugar bem longe dos seus olhos, onde eu me encontrava completamente perdido, afogado naquele castanho brilhante.

   - Ãhn? – eu sacudi a cabeça tentando voltar a mim, o calor da mão dela sobre o meu ombro fazendo meu coração palpitar de tal forma que eu pude jurar que ela poderia ouvir as batidas.

   - Eu tô falando com você, Shiroyama! Dá pra prestar atenção um segundinho? – o jeito que ela falava comigo era encantador, mais ainda porque eu sabia que era só comigo que ela falava daquele jeito, sem se preocupar com que eu pensaria, tão verdadeira quanto podia ser.

   - Tá, claro, eu tava só pensando numas coisas da faculdade. Desculpa. – juro que tentava prestar atenção no que ela falava, mas o seu joelho encostando no meu, seu perfume invadindo meus sentidos, a doçura da sua voz, nada parecia contribuir para que eu a ouvisse da melhor forma.

   - Você? Pensando em faculdade? Me engana que eu gosto. – e riu daquele jeito sarcástico que eu definitivamente achava adorável. – É uma garota? Eu sei que é, Yuu. Não esconda de mim.

  Ah, claro, eu vinha escondendo há dois anos e meio, não seria agora que eu entregaria o ouro.

  Lembro-me bem do dia em que assumi pra mim mesmo a minha paixão por Kiori. Foi na formatura do colegial. Eu cheguei sozinho na escola, me sentindo estúpido naquele terno, aquela gravata tentando me assassinar e o calor da primavera contribuindo imensamente para tanto. Eu amaldiçoava o fato de ter que estar ali naquela cerimônia estúpida. Tudo bem celebrar o fim do inferno do colegial, mas discursar sobre a saudade que sentiríamos, aí já era demais.

  Sentei-me no auditório, próximo de onde meus colegas estavam. Enfiei as mãos nos bolsos e fechei os olhos, desejando que tudo aquilo acabasse o mais rápido possível.

     - Yuu! – aquela voz conhecida sobressaiu no meio do burburinho.

  Abri os olhos e lá estava ela, naquele vestido rosa claro, os cabelos negros presos numa trança que lhe caia sobre o ombro. Ela sorria abertamente. Nos poucos instantes que demorei para voltar a realidade eu pude perceber o quanto ela realmente era bonita.

  Eu de fato ouvia os comentários sobre a beleza dela e tudo mais. Mas pra mim ela era só a Kiori, minha amiga. Naquela noite da formatura as coisas mudaram, passei a enxergá-la como uma mulher e não como a menina que não conseguia tomar sorvete sem deixar pingar na roupa. E no final do dia, ela era minha única amiga, se houvesse uma mulher no mundo por quem eu poderia me apaixonar de verdade, essa mulher era Kiori.

    - Olha só pra você! De terno, todo arrumado, desse jeito vai acabar arranjando uma namorada, Shiroyama.

  Nunca tinha passado pela minha cabeça que aquelas brincadeiras constantes dela a respeito do meu estado civil poderiam provocar tal efeito em mim. Eu corei violentamente e ao levantar meus joelhos tremeram como nunca.

    - Kiori... – cocei a cabeça e encarei os pés tentando disfarçar meu embaraço – Você veio.

    - Claro né – ela riu e eu me dei conta da idiotice que havia acabado de dizer – Ou você acha que eu faltaria a minha própria formatura?

    - Claro que não, eu quis dizer que... Bom, esquece.

    - Tá bom. A gente se vê depois na festa. – ela saiu arrastada por aquele nadador metido que resmungava “você tem mesmo que falar com esse cara?”.

  Arrependo-me até hoje de não ter ido até lá e tirado Kiori dos braços daquele idiota, de não tê-la dito o quanto estava bonita, de ter desperdiçado meu primeiro beijo com uma garota que hoje eu já nem lembro o nome, de não ter dito à ela tudo que se passava no meu coração, de não ter me deixado levar pelo momento, de não ter a convidado para dançar, de ter sido tão ridiculamente medroso.  Voltei pra casa andando naquela noite, pensando no quanto gostava dela e no quão estúpido eu era por ter demorado tanto para perceber isso.

  Desde então eu venho guardando esse sentimento, alimentando-o todos os dias com a presença dela. Bela idéia convidá-la para dividir o apartamento, Yuu, belíssima. Eu me afundava cada vez mais naquele amor sem saber onde tudo isso ia acabar.

  Agora eu já não tinha mais dezessete anos, teoricamente eu era maduro o suficiente para contar a ela o que eu sentia, teoricamente apenas. Eu fazia planos pra nós dois, pensava no quanto seriamos felizes juntos, mas só compartilhava esses pensamentos com meu próprio ego.

  Era torturante ter a mulher amada dormindo do outro lado da parede e não poder ir até lá, envolve-la em meus braços e assisti-la sonhar. Eu acordava todo dia pensando “Não agüento mais!”, mas nada fazia as palavras saírem da minha boca quando ela me olhava nos olhos.  


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