Tempo Roubado escrita por Dr Aquarius


Capítulo 1
Tempo Roubado


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!

E feliz aniversário, Carol!



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William olhou para o relógio mais uma vez. Estava ficando impaciente, especialmente pela quantidade de pessoas no local, que apenas aumentava.

Devia ter marcado ainda mais cedo, pois sabia que era uma mania de Christian se atrasar para os encontros com ele. Os dois já estavam se vendo a tanto tempo e rapaz ainda insistia em deixá-lo esperando.

Finalmente viu o jovem de pele bronzeada se aproximando, com um olhar brincalhão e sorridente.

— Boa noite, como é que vai? – Christian sentou-se em frente a ele na mesa.

— Atrasado – William murmurou. – Você sabe que não podemos ficar sendo vistos assim, por que não tenta chegar cedo?

— Calma lá – exigiu Christian. – A gente combinou isso hoje de manhã e falei a você que eu tinha compromisso com uns amigos.

— Você me prometeu que ia tentar sair mais cedo desse compromisso – recordou William.

— E quem disse que eu não tentei? – Indagou o mais novo, rolando os olhos. – A gente pode deixar pra outro dia, se o horário está insatisfatório pra você.

— Não, deixa isso pra lá – William acalmou-se. – Você vai querer comer alguma coisa?

— Claro, tô morrendo de fome – disse o outro.

— Pode pedir.

William esperou pacientemente enquanto o rapaz pediu por um lanche e pediu um para si mesmo. Depois de finalmente terem terminado, os dois se retiraram como se fossem apenas simples amigos que tinham ido jantar juntos para bater um papo. Já no carro, a caminho do motel, resolveram iniciar uma conversa.

— Como foi essa reunião com seus amigos? – Perguntou William, agora bem-humorado.

— Foi normal. Jogamos videogame e fumamos uns cigarros – deu de ombros. – Tava ansioso pra te ver, na verdade.

— Sério? – Perguntou.

— Claro – o rapaz falou com um sorriso singelo.

Dentro de sua vida oculta, William se sentia feliz de ter alguém especial como Christian. Ninguém sabia de sua identidade secreta como o homem de mais de 40 anos que levava o garoto de 25 para motéis para se divertir. Christian não lhe dava nada além de sexo, mas era bom se permitir ter aqueles momentos de prazer como gostaria de ser. Simplesmente não sabia o que sua família diria se visse que ele estava com outro homem.

Já no motel, os dois escolheram o apartamento e estacionaram o carro na garagem, com Christian saindo para fechar o portão antes que William finalmente deixasse o carro.

— Estava com saudades disso também? – Indagou o mais velho, abraçando o rapaz pelos ombros e puxando-o para um beijo acalorado.

— Oh, se estava – respondeu ele, piscando um olho. – Vamos entrar.

— Tá bem.

Os dois chegaram à cama e William quis logo tirar a camisa. O calor o atingia com mais rapidez quando a ação começava, por conta de seu peso a mais.

— Coloca uma música pra gente, enquanto vou no banheiro – Christian pediu.

— Meu celular está com pouquíssima bateria, pode ser o seu? – Perguntou William.

— Ficou usando pra se distrair enquanto eu não chegava, né? – Provocou o mais jovem, com um sorriso sarcástico, entregando o aparelho a ele.

Procurando pelo aplicativo de música, William não pode deixar de ser distraído pela mensagem que apareceu nas notificações.

“Come logo esse otário que a gente tá te esperando”

Seus olhos se estreitaram. Nunca tinha sentido vontade de espionar as mensagens de Christian e até tentou se convencer que o referido “otário” não era ele, mas acabou sendo superado pela tentação de conferir a conversa. Era de um amigo, Michael, que perguntara mais cedo sobre o que ele ia fazer.

“Vou dar uma volta com o tiozão” afirmou Christian em sua resposta.

“Ainda tá envolvido com esse coroa?” indagou Michael.

“Mano, eu posso transar de graça em motéis chiques e ele é tão iludido que me dá tudo que eu peço -risos”

“Vai vir com a gente pros videogames ainda?”

“Vou sim, com certeza. Vou dar uma enrolada por aí até ficar com fome e encontro ele numa lanchonete.”

“Comer de graça é uma das vantagens, né?”

“-risos- Com certeza.”

Depois disso, havia um espaço de alguns minutos entre esta última mensagem e a próxima.

“Já estão na lanchonete?”

“Já sim. Tô comendo como se não houvesse amanhã.

“Estamos indo pro motel daqui a pouco.” Disse depois de mais um intervalo.

“Vai demorar muito?”

“Nada, é só eu gozar rápido que acaba, ele não é muito exigente.”

“Come logo esse otário que a gente tá te esperando”

— Prontinho, só precisava tirar uma água do joelho – Christian afirmou, saindo do banheiro e jogando se na cama, se espreguiçando. – Cadê a música?

— Não tem música – William afirmou, seriamente.

— Como assim? Sem internet? – Questionou.

— Nós vamos embora – tentou dizer firmemente, contendo o nó que se formava em sua garganta. – Você não vai comer esse coroa aqui hoje.

Christian não entendeu a princípio, achou que fosse uma brincadeira, mas quando William olhou para ele e demonstrou a mágoa que marcava seus olhos, finalmente a história fez sentido.

— Billy, eu não estava falando sério com eles – apressou-se em dizer. – Meus amigos acham um mico eu estar ficando com um homem mais velho que nem é assumido e...

— E é assim que você agradece, me chamando de otário e deixando que eles me humilhem pelas minhas costas? – Vociferou, jogando o celular sobre a cama e se arrependendo por não tê-lo atirado na parede. – Eu nunca pensei, por um momento, que nós pudéssemos ter alguma coisa séria, mas pensei que pelo menos o carinho que temos um pelo outro fosse sincero.

— Eu não estava mentindo nessas coisas – garantiu.

— Tenho certeza que não, devia amar quando eu te dava algum presente caro ou dinheiro para sair nas suas farras! – Ironizou. – Preferiria que você tivesse me dito desde o começo o que era, seu interesseiro desgraçado.

— Não fala assim comigo!

— Você não tem direito de exigir como eu falo ou deixo de falar com você!

— Você não tá me ouvindo!

— Eu não tenho mais nada para ouvir de você! – Esbravejou, pegando sua camisa do chão. – E não quero nem ver suas tentativas patéticas de insistir que eu o faça, por isso, liga pros seus amigos e dá um jeito de ir embora. Você não sai daqui comigo.

— Espera aí, você não pode me deixar aqui assim – declarou o rapaz, espantado.

— Posso e vou. Adeus, Christian.

Mesmo com o rapaz insistindo e o seguindo, William foi para o lado de fora, abriu o portão e se preparou para destravar o carro, mas viu que Christian já o esperava na porta.

— Vou falar com a recepção, busco meu carro depois – declarou, saindo a pé mesmo pela estrada do motel, se dirigindo ao portão.

— William, você tem que me ouvir, cara. Isso não tá certo.

“E o que você falou de mim com seus amigos está?” Sentiu vontade de perguntar, mas preferiu ignorá-lo.

— Boa tarde – declarou, chegando na recepção. – Vou deixar o meu carro aí, tive um desentendimento com a pessoa que eu trouxe, volto para buscá-lo mais tarde e pago pelo tempo que ele ficar.

— Tudo bem, então – a recepcionista respondeu, completamente confusa, porém, notou que o homem estava alterado demais para uma discussão saudável sobre a exigência absurda.

O portão se abriu e William saiu pela rua, ainda tentando conter as lágrimas, pois não queria chorar enquanto estivesse perto de Christian, que continuava seguindo-o.

Um táxi se aproximou, para sua sorte, quando solicitou com a mão, o carro parou no acostamento.

— William, espera!

O mais rápido que pôde, o mais velho entrou no carro, bateu a porta, pedindo para que o motorista a trancasse, e fechou o vidro.

— Pode ir, ele não vai com a gente – declarou, ao ver o homem confuso com o rapaz do lado de fora batendo no vidro e implorando a atenção do outro.

Somente quando viu a distância entre ele e seu antigo amante, foi que William se permitiu cair em lágrimas. O taxista não queria dizer nada, mas precisou perguntar para onde realmente iria. Desolado, o homem deu o endereço de seu apartamento e esperou que fosse estar sozinho lá.

Passou pela portaria e subiu as escadas, para não correr o risco de ter que ser encarado chorando no elevador e, finalmente, chegou ao décimo andar, onde ficava seu apartamento.

Quando fechou a porta, sentiu que suas pernas estavam cedendo. Se esforçou, pelo menos, até chegar ao sofá, onde sentou e finalmente caiu em prantos.

Afinal de contas, por que estava tão triste?

Parecia tão simples de entender que Christian o esteve usando por todo esse tempo, mas essa era uma verdade difícil de engolir e descia como uma pedra, engasgando-o e sufocando-o por ter dedicado tanto tempo a alguém assim.

Não queria ter que admitir que talvez tivesse se apaixonado por aquele moleque que o tratava como um lixo no meio de seus amigos. Já imaginar que estava sendo usado não significava que seria bom descobrir que era verdade, afinal, qual o ponto em saber a verdade se não pode mudá-la?

Sua respiração começou a ficar pesada demais para suportar, tentou se controlar, imaginando que sua pressão podia estar subindo ou baixando. Não queria ter um ataque do coração numa situação daquelas.

— Boa noite, Bill – a porta abriu subitamente e William devia estar chorando muito alto, pois não ouviu a chave girando na tranca. – Como você... Opa...

Bill tentou não levantar o olhar, mas reconhecia a voz de Nicholas, seu colega de quarto. Já estavam há um bom tempo morando juntos, desde que William decidiu alugar o quarto dos fundos de seu apartamento para conseguir dinheiro extra. No fim das contas, ele já nem precisava mais disso desde que subiu de cargo na empresa em que trabalhava, mas a companhia fazia bem em certas horas, especialmente nessa, onde o simples som da voz do colega o fez tomar um pouco do controle da respiração.

— Aconteceu alguma coisa? – Perguntou, calmamente, se aproximando do sofá, mas não chegando a sentar ou invadir o espaço que considerava necessário para o outro.

— Eu vou ficar bem – prometeu William, ofegante. – Não precisa se preocupar.

— Quer falar sobre o problema? Às vezes, ajuda – deu de ombros.

Bill olhou para o rosto sereno do amigo. Era bem mais jovem que ele, pouco mais de trinta anos. Cabelos crespos curtos, pele negra e olhos castanhos. Sabia também que ele já era assumido para a família, um homem muito orgulhoso de quem era e isto o impedia de dizer qualquer coisa. Certamente, Nicholas o julgaria por estar se escondendo.

— É só dor de cotovelo – brincou, tentando controlar os próprios sentimentos. Era mais fácil quando tinha outra pessoa para distrai-lo. – Levei um fora.

— Pelo jeito, você gostava bastante dela – Nick moveu-se vagarosamente, sentando-se ao lado de William, tudo com a cautela necessária para saber se sua presença era bem-vinda.

“Dela...” foi a palavra que deu mais raiva nessa sentença, e não o fato de alguém lembrá-lo que se apaixonou por um canalha.

— Nick, posso perguntar uma coisa? – Indagou.

— Claro, o que precisar – concordou o outro.

— Você já teve alguém que te namorou por interesse?

Nicholas parou para refletir por um momento antes de responder.

— Que tipo de interesse estamos falando? – Indagou.

— Existem mais de um?

— Bom – ele riu da confusão do amigo. – Quando eu não era assumido pra minha família, muita gente ficava comigo por interesse em se divertir, apenas – revelou. – Eu tinha que ficar no armário, então, não podia cobrar nada. Eu era só aquele hambúrguer que sobra na grelha que as pessoas só comem depois que as outras opções acabaram.

— Bela analogia – William sorriu.

— No fim das contas, a culpa era minha. Ficar no armário estava tirando minha oportunidade de ter algo sincero com alguém – explicou. – Você acha que está enganando os outros, mas só engana a si mesmo.

William parou para refletir um pouco. Será que se ele tivesse coragem de se assumir, Christian o levaria para conhecer seus amigos, que claramente já sabiam que ele era gay? Será que se ele tivesse essa chance, seria visto como algo além de um “otário” que bancava o amigo deles?

Talvez, se pudessem fazer em público o que faziam escondidos, isto é, viver como um casal, Christian tivesse dado a ele a oportunidade de ser mais do que sua diversão e fonte de presentes, mas agora, nunca saberia e não teria coragem de voltar atrás e propor isso... Não depois de tudo que leu naquelas mensagens.

E tinha toda a situação com sua família sobre falar este tipo de coisa. Seus pais já eram velhos demais para compreenderem totalmente o que aconteceu, depois da sua vida de casado com duas mulheres antes de finalmente desistir desta farsa hétero, começando uma farsa de solteiro com uma vida noturna regada a homens. Se sentia o Batman dos gays.

Nick tinha 32 anos, se assumiu muito jovem, isso deve ter sido muito mais fácil para ele. Para um homem que mentiu por 44, seria completamente absurdo revelar a verdade a esta altura do campeonato.

— Eu espero que tudo se resolva entre você e ela – afirmou Nicholas, se levantando e dando um tapinha no ombro do amigo. – Você merece ser feliz com alguém que te respeite. Você é bonito, inteligente, trabalhador. Se você fosse gay, eu ficaria com você.

— Obrigado pela parte que me toca – William riu, ainda tristonho. Olha só, Nick era um homem muito acima do Christian ou William jamais seriam. Teve a coragem de se assumir e viver a sua vida do seu jeito, atravessando o preconceito, e ali estava ele, dizendo que ficaria com um trapo como o covarde e desiludido que era seu amigo Billy.

— É sério – Nicholas riu. – Só não deixa isso atrapalhar nossa amizade.

.

Durante os dias que se passaram, William não conseguia tirar duas coisas da cabeça. A primeira, era o quanto tinha sido idiota em acreditar em Christian, a segunda, era pensar no que Nicholas falara sobre achá-lo atraente e até inteligente — o que ele discordava veementemente.

Não conseguia se ver num relacionamento com Nick. Os dois eram muito diferentes, especialmente no fato de que seria outra investida em um homem mais novo, já assumido, que certamente não acharia nada interessante se manter em segredo.

No fim de semana, sábado à noite, os dois estavam em casa, pensando se gostariam ou não de sair.

— Onde está pensando em ir? – Perguntou William, procurando por ideias.

— Eu estava querendo ir jantar numa pizzaria e depois dar uma volta no Central Park – o colega de quarto afirmou. – E você?

— Não faço ideia ainda – confessou.

— Se quiser me fazer companhia, não vou recusar. Meus amigos do trabalho estão todos compromissados.

A falta do que fazer e o tédio fizeram Bill pensar que não seria uma má ideia.

Já sentados na pizzaria, os dois fizeram seus pedidos e engajaram em uma conversa sobre os acontecimentos da semana.

— Foi na quarta ou na quinta que seu chefe teve aquele surto psicótico? – Perguntou Nicholas.

— Quarta. Nem me lembra disso – William riu. – Eu não estava num bom dia e ele ainda deixa todos os relatórios pra mim. Porra...

— Essa é a desvantagem de ocupar o segundo cargo mais alto – Nicholas deu de ombros, rindo. – Mas você se deu bem com o pagamento por isso, no fim das contas.

— Espero que sim, nada vale duas horas extras de trabalho – suspirou. – Eu bati a minha meta em dois meses e ele ainda quer que eu consiga vender mais.

— Todo chefe de empresa comercial é assim? – Indagou.

— Não é à toa que o apelido dele é Pesadelo Skylar – William rolou os olhos.

— Não vou nem te falar o apelido do meu, então – zombou o outro.

Quando Nick começou a contar sobre o que fizera no laboratório naquela semana, William quase fez xixi de tanto rir sobre o caso da amostra de fezes que quase foi confundida com chocolate... Desistiram completamente da vontade de pedir uma pizza de chocolate com banana para sobremesa depois disso e comeram somente as salgadas que já tinham pedido, mas ainda assim foi muito engraçado.

Quando chegaram ao central Park, as histórias engraçadas continuavam vindo. William imaginou que seria tedioso trabalhar como um biomédico, apenas cutucando amostras de todo tipo de sujeira no laboratório o dia todo, mas Nicholas tinha histórias bem divertidas para contar sobre ele e seus colegas de trabalho.

Pararam sobre a Bow Bridge para aproveitar o frio gostoso que fazia ao redor do lago à noite.

— Há tempos não rio tanto assim – confessou William. – Não sei se você trabalha num laboratório ou numa esquete de humor.

— 75% de um, 25% do outro – brincou Nick.

— É sério, eu não me divertia assim nem com... – William parou no meio da frase. Estava tão distraído e contente, que quase esqueceu que sua vida com Christian ainda era um segredo. Seu sorriso morreu e uma pontada de raiva se reconstruiu dentro de si.

Queria poder desabafar sobre essa parte de sua vida e se pegou ponderando o que teria a perder se contasse a Nicholas sobre isso... Talvez ele até compreendesse o fato dele querer viver em segredo, afinal, sabia o quanto era ruim temer a reação das pessoas. Nunca o viu apressar ou julgar ninguém, então, parecia pouco provável que ele fosse exigir que William colocasse sua foto no jornal do dia seguinte com a manchete “quarentão gay sai do armário”.

— Nick, eu posso contar uma coisa a você? – Perguntou.

— Você lembrou dela? – Rebateu o mais novo.

— Também, mas tem uma coisa mais séria no meio disso. Só que eu tenho medo do que você vai pensar de mim – admitiu.

— Cara, eu não tenho por que julgar você com problemas no amor. Todo mundo passa por isso – Nicholas deu de ombros, com uma expressão divertida.

— A situação é que não se trata só de amor. – William sentiu suas mãos suarem, ficando com mais frio do que já estava. – Se trata da pessoa com quem eu estava.

— É alguém que eu conheço? – Indagou Nicholas, estranhando o rumo da conversa.

— Não! Quer dizer, acho que não. – Atrapalhou-se. – O que eu quero dizer, Nick, é que eu estava com... Com outro homem.

Nicholas franziu o cenho novamente, como se a informação dada não fosse suficiente para entender o que seu amigo quis dizer, até que finalmente o esclarecimento modificou sua expressão.

— Entendi – disse, a princípio. – Por curiosidade, ou algo assim?

— Não, eu... Eu tenho saído com rapazes há um bom tempo – William não conseguia mais segurar o que tinha para dizer, apesar de achar que estava indo longe demais. Era tão empolgante, de um jeito distorcido e embaraçante, falar disso a primeira vez. – Só que eu tinha uma amizade mais forte com esse de quarta.

— Ah... O que rolou pra te deixar naquele estado?

— Eu descobri que na verdade eu sou o último hambúrguer no micro-ondas.

— É “na grelha” – Nick segurou o riso.

— Tanto faz – William deu um tapa de leve no braço dele. – Ele trabalha numa empresa de telemarketing aqui da cidade, não ganha lá essas coisas e ficou me usando como banco até eu descobrir tudo e dar um fora nele. Tudo isso porque eu estive escondido de todo mundo esse tempo todo e não queria criar um alvoroço na minha família. Ainda não quero, mas dessa vez...

— Eu passei por algo parecido, mas eu era jovem, né?

— Obrigado por me chamar de velho! – Mais um tapa foi desferido, dessa vez com mais força, enquanto Nicholas gargalhava.

— Só quero dizer que sei como é difícil e que pra você já deve ser mais difícil ainda, então, leva seu tempo. Se um dia quiser contar, pode contar comigo pra te ajudar.

William encarou o sorriso que o rapaz direcionou a ele. Aquelas covinhas eram simplesmente adoráveis. Estava tão ocupado fingindo não ser quem realmente era, que não percebeu o homem lindo com quem dividia um apartamento. Se pegou sorrindo feito bobo e dando um passo à frente, ficando invasivamente perto de Nick.

— Tá fazendo o quê? – Perguntou o mais jovem, abobado.

— Ah, eu... Desculpa, eu só... – William ficou vermelho e, de tão nervoso, paralisou no lugar.

— Ei – Nicholas segurou-o pela cintura, surpreendendo. – Eu tô surpreso, mas não disse que não ia gostar.

Foi assim que aconteceu o primeiro beijo dos dois. Claro, a preocupação de que alguém os visse daquela forma o fez durar menos do que gostariam. Por isso, voltaram ao apartamento e ali, saciaram a verdadeira vontade. Para cada nova posição experimentada, William se sentia mais realizado, por saber que desta vez estava com alguém que o conhecia e que não sairia dali dizendo aos amigos que “comeu um otário”.

.

— Já saiu do supermercado? – Perguntou Nicholas pelo telefone. – Eu já estou com a maioria das coisas pra terminar o jantar de Ação de Graças, mas esqueci de comprar leite para terminar de fazer a sobremesa, a última caixa acabou de acabar.

— Eu posso voltar – William prometeu. – Precisa de mais alguma coisa?

— De você aqui – declarou, mordendo o lábio.

— Eu sei que você está tentando ser fofo, mas parece que está querendo rechear mais que o peru – provocou, rindo.

— Peru de Ação de Graças é gostoso, mas o pernil dele não é tão suculento quanto o seu.

— Está me chamando de gorduroso?

Nicholas gargalhou alto pelo telefone, enquanto William ria discretamente em seu carro, a caminho do supermercado. Tinha saído para comprar uma travessa maior, pois o peru comprado para o feriado de Ação de Graças era grande demais.

— Eu te amo, seu pateta. Tchau – disse Nicholas

— Tchau.

William desligou, enquanto procurava uma vaga para estacionar.

Dois anos se passaram desde que ele e Nick começaram a namorar e este seria o primeiro feriado que passariam juntos, pois Bill ainda não se sentia pronto para sair do armário e, portanto, cada um ia ver sua própria família nas datas especiais. Criando um pouco mais de coragem este ano, convidaram ambas as famílias para o jantar, esperando que estarem próximos, mesmo que como amigos, fosse ser mais especial do que estar em lados opostos da cidade.

Já no interior do supermercado, para não perder a viagem, procurou por alguns doces e salgadinhos que deixaria guardado para comer depois. Já estava indo para o caixa, quando recebeu uma mensagem que o deixou intrigado. O número era desconhecido, mas a foto do contato era familiar.

“E aí?” Christian dizia, simplesmente.

Bill pensou em ignorar e deixá-lo no vácuo, como vinha fazendo sempre que ele tentava chamar sua atenção no decorrer dos últimos anos, mas o rapaz tinha seus métodos de se fazer ser notado.

No minuto seguinte, o telefone vibrou e, ao abrir a conversa, William se deparou com dezenas de fotos íntimas suas, tiradas e enviadas para Christian quando ainda saíam juntos.

“Tô com saudade disso,” declarou o rapaz a seguir.

“Vai ficar sentindo. Não quero mais nada com você.”

“Eu sei que você consegue dar uma escapada nesse feriado pra vir aqui,” insistiu.

“Eu tenho meus compromissos, você pode esperar sentado se acha que vou fazer alguma coisa por você ainda. Fica longe de mim, eu não vou voltar a ser seu otário. Você vai ficar só no desejo, de mim você não tira mais nada.”

Depois desta mensagem, William apagou a conversa e bloqueou o número do rapaz e decidiu que se ele ligasse ou arrumasse outra forma de tentar atrapalhar sua vida, seria simplesmente ignorado. Como esperava, ele não parou por ali. Quando já estava no carro, se preparando para sair, ele recebeu uma mensagem de texto de operadora do número.

“Rosenbauer não é um sobrenome comum.”

William ficou intrigado com o significado disso. Apagou a mensagem mais uma vez e foi direto para casa.

Mais tarde, naquele dia, os convidados começaram a chegar e nenhum dos dois ainda estava pronto ainda. Felizmente, foi a família Harris, de Nicholas, quem chegou primeiro e, já sabendo do filho, eles não criaram nenhuma tensão com sua presença. A mãe de Nicholas, Yvette, até mesmo ajudou a concluir o que faltava na cozinha.

Seu pai, Jamal, decidiu ajudá-la quando perceberam que estava ficando tarde para os dois anfitriões e que eles precisavam se trocar das roupas matinais.

Por sorte, os dois já estavam devidamente vestidos quando a família Rosenbauer começou a chegar. Primeiro chegaram sua irmã, Karla, com seu marido, George, e seu irmão, Alfred, com a esposa, Donna. Depois vieram sua mãe, Bernadette, e seu pai, Jerome. Suas primas, Francine, Isabella e Wendy, também compareceram com seus namorados desconhecidos.

Logo, as irmãs de Nick, Alba, Meredith e Hope também deram as caras com seus maridos. Todo mundo parecia estar sempre em casal nessa situação, exceto os dois anfitriões da casa e isso não demorou a gerar perguntas.

— Eu jurava que seria nesta Ação de Graças que você nos mostraria uma nova felizarda, Billy – comentou Karla. – Afinal, seu casamento com Judith durou muito pouco, mas com a Edna foi longe, e sempre dizem que a terceira vez é a correta.

— Ninguém diz isso pra casamentos – Donna rebateu, arrancando gargalhadas dos outros.

— Nick também vive nos iludindo com essas coisas – Alba declarou, brincalhona. – A gente jura que vai ver ele juntando os pontinhos com alguém, mas quando chegamos, não tem ninguém.

— Eu teria apostado no William, mas ele me disse que o colega de quarto é hétero – Meredith explicou, e todos riram, exceto o próprio William, que precisou forçar um sorriso sem graça.

— É só dar um tempo, logo aparece alguém – Nicholas apaziguou. – Sabe, pra quem é homem gay, é bem difícil encontrar alguém especial de verdade, então, quando eu achar, podem ter certeza que eu vou segurar firme e não soltar.

Billy sentiu a indireta e seu coração se aqueceu momentaneamente, até notar que, novamente, suas famílias estavam perto e ele não poderia retribuir a cordialidade.

— Eu dou meus parabéns a vocês pela mente moderna – declarou Jerome. – Mas eu não considero uma boa conduta deixar o filho escolher ser esse tipo de pessoa.

— O certo é homossexual, papai – Karla repreendeu.

— Nós amamos nosso filho, isso é tudo que importa – Jamal afirmou. – As pessoas a quem ele ama, são interesse apenas dele.

— Sem falar que já está tão batido esse pensamento de que é uma escolha. – Hope rolou os olhos. – Se eu pudesse escolher, eu total seria bissexual, afinal, eles não têm opções limitadas de quem beijar.

— Isso é um pouco demais para absorver – Bernadette disse, sem graça.

— Fala sério, mãe, se eu, o Alfie ou o Billy gostássemos de pessoas do mesmo sexo, vocês deixariam de nos amar? – Indagou Karla.

— Claro que não, minha filha – a senhora tratou de desmentir. – Mas eu ficaria preocupada, isso não é algo normal.

— Ainda bem que comigo nem precisam cogitar essa possibilidade – Alfred riu sozinho, abraçando Donna, que rolou os olhos, mas deixou um sorriso leve escapar.

— Está quase na hora de comer – disse Yvette, trazendo o molho de oxicoco para a mesa. – Só estamos esperando o peru ficar um pouco mais dourado.

— Eu vou ajudar com isso – ofereceu-se William, visando se retirar do meio das conversas.

Assim que o peru ficou pronto, ele ajudou a decorá-lo e a levá-lo até o centro da mesa.

— Meu Deus, que cheiro maravilhoso – elogiou Francine. – Você quem fez, Billy?

— Não, não. Quase tudo obra do Nicholas – William explicou. – A única coisa que eu fiz, foi o pão e o recheio da torta, mas a montagem final foi dele.

— O recheio é o que vale, olha a humildade – exprimiu Nicholas, piscando um olho.

Todos se deliciaram no jantar. Não houve uma única reclamação de ninguém, deixando Nicholas com o ego bastante inflado. Até William teve seu momento de adoração quando a torta foi servida.

William estava terminando de retirar os pratos e talheres da mesa, enquanto todos já estavam sentados, voltando a bater papos. Foi então que houve uma chuva de notificações em massa nos celulares da família Rosenbauer.

— Que é isso? – Karla riu. – Parece que foi a mesma pessoa falando com todo mundo.

— Também achei estranho – Alfred riu.

Enquanto todos olhavam para o que tinham acabado de receber, aos poucos, seus olhares foram se voltando para William, totalmente chocados. Ao perceber isso, ele parou de andar segurando os pratos com firmeza até demais, ficando nervoso com o que poderia ser.

“Rosenbauer não é um sobrenome comum”, Christian advertira.

Ele trabalhava numa maldita empresa de telemarketing, o que queria dizer que podia ter acesso aos números de toda sua família.

Sua mãe e seu pai, os últimos a olharem, desviaram seus rostos imediatamente do celular. Bernadette até deixou o dela cair e soltou um gritinho aterrorizado.

— William Edwin Rosenbauer, do que se trata isso? – Seu pai exigiu, mostrando-lhe o que tinha na tela de seu aparelho.

Ali estava uma foto de William, completamente nu, sendo penetrado por um homem desconhecido... Para os outros, pelo menos, pois ele sabia que era Christian. Os pratos desabaram de suas mãos no chão. Seu corpo todo estava cedendo aos poucos.

— Meu Deus do céu, meu filho, que pouca vergonha – Bernadette choramingou.

— Vai nos explicar o que aconteceu? – Karla perguntou. O choque em sua voz não deixava saber se ela tinha ou não um problema com o que acabara de descobrir do irmão.

— Apaga isso, pai – pediu William, desesperado.

— Você gosta bem fundo, hein? – George provocou.

— Cala a boca! – Karla exigiu, tomando seu celular do marido.

— Por que nós recebemos isso, William? Foi você quem enviou? – Indagou Alfred. – Se for uma brincadeira, ou montagem, não tem a menor graça.

— Não tem cara de montagem – Donna afirmou, olhando atentamente para a foto. Nada ali parecia ser alarmante para ela. – A iluminação tá natural demais.

— Quem se importa com a merda da iluminação? – Jerome berrou, atirando seu telefone no chão. – Por que eu acabo de receber uma foto do meu filho dando o cu? É isso que importa.

— Pai, eu não...

— Você se divorciou da Edna, aquela mulher maravilhosa, para fazer esse tipo de coisa, Billy? – Bernadette perguntou, não contendo o choro.

— Pra ser um viado! É isso que você tem que dizer! – Jerome vociferou.

— Pessoal, acho que todos precisam se acalmar – Yvette sugeriu. – William deve ter uma explicação, estou certa.

Bill já estava engasgado com o choro e encontrar um pouco de apoio no meio daquela tempestade fez as lágrimas fluírem com mais força.

— Você fica fora disso. Não é o seu filho! – Exigiu Jerome.

— Meu filho também é um “viado” – Jamal levantou-se, impondo-se a ele. – E você não ouse gritar com a minha mulher novamente.

— Ou o quê? – desfiou o outro.

— Pare, papai – Alfred se colocou entre ambos e Karla segurou o braço de seu pai. Ninguém da família de Nicholas parecia interessado em segurar Jamal.

— Billy, é melhor você explicar logo, antes que as coisas piorem – sugeriu irmã, exasperada.

Houve um longo silêncio entre eles. William sabia que a primeira palavra que soltasse seria completamente abafada por seu choro, mas vendo as expressões aflitas de seus irmãos, precisou criar coragem e finalmente disse:

— É verdade, a imagem é real – declarou, soluçando e pondo a mão na boca, para tentar se conter. Seu pai soltou uma baforada de inconformidade e sua mãe começou a chorar mais alto, clamando por Deus em meio ao choro.

— Precisávamos mesmo descobrir desse jeito? – Alfred questionou, enquanto seu pai andava para um lado e para o outro com as mãos na cabeça.

— Não fui eu quem planejou isso – declarou.

Nicholas não suportou mais ver aquela troca de tiros e foi até seu namorado, abraçando-o o mais forte que conseguia.

— Então, o que aconteceu Billy? – Karla indagou, tão aflita quanto o restante.

William sentiu seu peito ficar pesado. Respirar estava cada vez mais difícil. Sentiu seu aperto na mão de Nick ficar dormente, como se ele estivesse soltando... Não queria que ele soltasse, nem agora que estava tudo ficando escuro.

.

Quando finalmente conseguiu abrir os olhos, incomodado com a claridade das lâmpadas do quarto, William se viu num local totalmente branco. Achou até que estava morto, até perceber a aparelhagem ao seu lado e quase todos os seus parentes e Nicholas cercando a cama.

— Ele acordou, graças a Deus! – Bernadette comemorou. Seus olhos estavam inchados.

William ainda sentia um leve peso em seu peitoral, mas não sabia descrever o que era.

— Billy, você está bem? – Karla perguntou, segurando a mão dele, que tinha o sensor do ECG preso ao dedo indicador. – Você teve uma crise de asma causada pelo stress. A falta de oxigênio fez você desmaiar.

— Asma? – Questionou, com dificuldade. Sua voz estava arranhando a garganta que não parecia ter umidade. – Eu... Eu não tenho asma.

— Alguns adultos podem desenvolver asma a partir dos quarenta e cinco anos, talvez mais jovem – explicou um homem desconhecido, mas pelo seu jaleco branco, era claro que se tratava do médico. – Você não sentiu nenhum problema respiratório durante os últimos tempos?

William lembrou da vez em que esteve chorando por Christian e de outras subsequentes, onde atribuiu a falta de ar à pressão.

— Pode ter acontecido algumas vezes – informou.

— Foi graças ao seu amigo que conseguiu manter você respirando com massagem cardíaca – Jerome explicou.

— Eu tinha que fazer alguma coisa – Nicholas sorriu.

— Eu te amo...

As palavras deslizaram tão gentilmente pelos lábios de William, que ele nem pareceu se lembrar que estava com um problema respiratório.

— Então vocês dois estão mesmo juntos? – Karla sorriu. – Eu imaginei quando ele te socorreu, mas precisava de uma confirmação.

— Podia ter me perguntado – Nicholas proferiu.

— Ai, não sei, tive medo de ofender. Você é tão lindo e o Billy... Bem...

— Escuta aqui, garota... – William começou, brincando, mas precisou tossir.

— É melhor evitar esse tipo de movimento brusco – o médico advertiu. – Você já recebeu medicação, mas o efeito ainda não surtiu completamente. Assim que estiver respirando melhor, você poderá receber alta.

— Obrigada, doutor – Bernadette agradeceu, emocionada.

O médico se retirou e tudo que restou a Billy foi encarar toda a sua família perplexa.

— Eu... Sinto muito, pessoal – começou. – Não queria estragar o feriado de todo mundo.

— Não foi bem você quem estragou – Alfred comentou. – Quem mandou aquelas fotos pra nós? Você deve saber.

— Um moleque com quem eu costumava sair dois anos atrás – explicou, envergonhado. – Ele trabalha numa empresa de telemarketing, deve ter enviado isso para todos os Rosenbauer que achou na operadora na área de Nova Iorque.

— Então a Tia Claire e a Tia Margot podem ter recebido também? – Karla segurou o riso.

— Não me lembra disso – William implorou, cobrindo o rosto com vergonha. – Ele tem falado comigo durante esses anos, mas eu estava ignorando. Hoje ele me chamou pra vê-lo e, quando eu recusei, ele mandou uma ameaça que eu não entendi a princípio, então, fiz como sempre faço.

— Vou ter uma conversinha com a empresa onde ele trabalha – Alfred ameaçou. Ter um irmão advogado era muito bom, nessas horas.

— Eu fiquei em choque por ter descoberto, meu filho – Jerome verbalizou. – Mas acredito que tenha sido pior pela maneira como descobri.

— Você devia ter nos contado mais cedo – declarou Bernadette.

— Com vocês falando coisas como “gente desse tipo” perto dos meus amigos gays no passado e, hoje, do meu namorado? – Inquiriu Bill, um pouco indignado com os dizeres. – Eu não tinha como confiar que as reações de vocês seriam boas.

— Você subestima nosso amor por você, sabia, seu boboca? – Karla cutucou-o na bochecha.

— Boboca? Quantos anos você tem? – Provocou ele.

— 31, o que são 13 a menos que você! – Rebateu ela, fazendo Alfred rir.

Quando conseguiu rir também, William constatou que sua respiração estava bem melhor.

— Obrigado, pessoal – disse, quando todos ficaram em silêncio. – Obrigado por me amarem acima de tudo.

— Preciso pedir desculpas aos pais do Nicholas – Jerome disse, se afastando da cama. – Vejo vocês em pouco tempo.

— Acho melhor nós deixarmos você descansar esse tempinho enquanto o remédio faz efeito – Alfred sugeriu. – Vamos indo, mamãe.

— Também vou – Karla seguiu-os para fora.

Nicholas ficou a sós com seu namorado e sorriu largamente pra ele.

— Eu adoraria dizer que sinto orgulho da sua coragem, mas...

— Vai me destruir mesmo? – Brincou.

— Só estou zoando você. – Riu de leve. – Você até que se saiu bem agora nesse finalzinho.

— Sua família foi uma revoada de anjos, hoje.

— Eu sei, eles foram pra mim também. E vão ficar muito felizes quando souberem que estamos juntos.

— Eu sinto muito por ter feito você se esconder por todo esse tempo – lamentou William, enquanto Nicholas pega sua mão para depositar um beijo calmo nas costas dela.

— Valeu muito a pena.

Naquela mesma noite, William recebeu alta. Nicholas exigiu que todos voltassem ao apartamento para comerem algumas sobras e continuarem a comemoração de onde tinham parado.

A vida não mudou muito depois daquele dia, porém, dali em diante, nas fotos de recordação de feriados, William e Nicholas nunca mais saíram sozinhos.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem!



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