Vile is what they did to us escrita por Corelli


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!

Esta é uma pequena ideia que tive. Não será uma long fic :)
Enfim espero que gostem e boa leitura!



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O café preto surge na sua frente em menos tempo do que ela esperou. Julia agradece a eficiência do serviço. O relógio no seu pulso bate nas oito horas em ponto da manhã e ficar sem café depois de ser privada de sono na noite anterior pode significar agir como um zumbi nas horas seguintes. E ela não quer que isso aconteça. Não com Zari no seu pé, monitorando cada movimento seu desde o que aconteceu . Não quando ela estará ali em pouco menos de vinte minutos. Contudo o seu primeiro gole ainda leva tempo. Ela olha os ponteiros se movendo no relógio, mas continua sem fazer nada. De alguma maneira, quando o cheiro do café fresco chega nas suas narinas e o calor da porcelana quente envolve os dedos, uma sensação estranha cresce no seu peito, deixando-a com um gosto ligeiramente amargo e um aperto desconfortável.

 

É tudo familiar demais. Quase como uma memória sendo revivida. Talvez uma de suas memórias perdidas. Julia não tem certeza.

 

Não é como se ela nunca tivesse tomado café ou frequentado uma cafeteria em Londres antes. Mas a sensação de familiaridade é esmagadora, como se Julia fosse uma frequentadora assídua dessa cafeteria em especial. Como se fosse um de seus hábitos observar as folhas alaranjadas manchando as calçadas no outono britânico pela janela desse estabelecimento, acompanhada de uma xícara de café preto fumegante e seu notebook aberto em coisas de trabalho. Uma conversa, quem sabe.

 

Mas Julia não tem certeza. Ela não sabe. Esse sentimento surge aleatoriamente atropelando seus pensamentos, às vezes inundando sua cabeça com flashes borrados que só servem para confundí-la ainda mais. E mesmo que ela tente espremer o seu cérebro para descobrir alguma coisa, não há nada. Só o espaço em branco dos últimos sete meses. O vazio sufocante deixado por um trauma.

 

Seria essa sensação uma lembrança falsa que a sua mente criou para preencher o buraco na sua memória? Não. Ela não esteve miserável a esse ponto. Julia suspira. É uma mentira. Ela mente para si mesma desde o momento que recuperou a consciência depois de ter sido resgatada das garras da VILE.

 

Vai ficar tudo bem.

 

Eu vou me lembrar. Só preciso de tempo.

 

De mais tempo.

 

Ela assiste ao sol nascer, ela assiste a ele se pondo e a lua tomando seu lugar mais vezes do que ela pode contar. Nada muda além de seus sonhos e sensações estranhas. Pessoas sem rosto e sem nome que ela não tem certeza se viu alguma vez na rua ou se fizeram parte de sua vida.

 

Julia prova a bebida, finalmente, querendo afastar esses pensamentos. Para a sua surpresa, está no ponto exato de seu gosto. Mais doce e mais forte do que o regular de uma pessoa comum, mas perfeito para Julia.

 

Ela já esteve aqui antes?

 

Seus olhos procuram a figura da garçonete que a serviu. Ela está atrás do balcão limpando a vitrine onde ficam expostos os bolos. O movimento de sua cabeça é rápido demais para o pano em suas mãos. Por um momento Julia tem a impressão de que a flagrou olhando na sua direção.

 

Há alguma coisa sobre ela que não se encaixa. Julia sabe que em algum canto dos seus sonhos confusos ela já viu esses olhos azuis e esse cabelo ruivo, mas nunca acompanhados de um avental e um crachá de gerente. Qual é o nome dela? Julia aperta os lábios em frustração porque esteve distraída demais com o rosto da garçonete para se lembrar de prestar atenção no seu nome, escrito acima do seu cargo no crachá preso no avental vermelho.

 

“Bom dia, agente Argent”, a voz de Zari a assusta. Julia olha para a gravata perfeitamente arrumada e o rosto inexpressivo de sua colega. De onde ela surgiu?

 

“Bom dia”, Julia responde. Seu tom de voz é fraco deixando em evidência a noite não dormida. Zari não parece se importar muito. Ela se senta à frente de Julia desviando seu olhar para o cardápio, sem dizer mais nenhuma palavra.

 

Julia procura pela garçonete sem nome novamente. Ela deixou o lugar atrás do balcão.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Seria maravilhoso se você disser o que achou! :)



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