Drania escrita por Capitain


Capítulo 28
Objetivo


Notas iniciais do capítulo

boa leitura!



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E só fiquei ali, assistindo ele ir embora.

Alice.

Por todo esse tempo, eu achei que Alice estava segura em casa, e ela estava com esse cara.  Já faziam semanas. Enquanto eu estava toda feliz respondendo perguntas e aprendendo a voar, Alice estava presa em algum lugar escuro, passando fome e frio. E se O Arauto a machucou? E se ele... Imagens de Alice sendo torturada em alguma cela escura cruzaram a minha cabeça.

 por que?

porque o culto estava tão interessado em Alice? eu podia entender que eles estivessem atrás de mim, afinal meu nome estava naquela profecia ridícula, mas por que Alice? a resposta veio na voz de Zhar, aquela voz meiga e triste dele.

Por sua causa.

Eles sequestraram Alice porque ela é importante para mim. A culpa era minha. Lembrei do que a memória de Rasth me contara. Estávamos sendo perseguidas pelo culto no dia em que eu morri. Eu era a única que podia lutar. Eu não consegui protege-la. E de algum jeito eu consegui morrer, e ela ainda assim foi capturada.

E O Arauto não tinha nem a decência de mostrar alguma emoção enquanto me contava isso. eu não sei quanto tempo eu fiquei ali, paralisada, em choque. Quando ei por mim, eu estava tremendo, com lágrimas escorrendo pelos cantos dos meus olhos, lentamente flutuando ao meu redor, como pequenas bolhas de sabão. Algumas delas flutuaram na direção da barreira, e foram jogadas para longe, em pequenas grandes parábolas.

Os tremores aumentaram, até que meu corpo todo se retorcia em espasmos de tristeza e frustração, e a raiva chacoalhava meus braços como se fossem ramos de árvores durante uma tempestade. De algum lugar fundo no meu peito veio um grito antinatural, um grunhido profundo de pura escuridão, e eu perdi o controle de mim mesma. Eu queria poder dizer que não foi assim. mas foi. Em um ato de raiva e frustração, eu me joguei contra a barreira, gritando e chorando, pelo que pareceram horas.

Durante aquele tempo, nada importava. Eu não pude nem tentar salvar Aurora, pensei. Não pude nem cumprir minha promessa com Goroth. não pude proteger minha única amiga. Não consegui nem ficar viva, para poder pelo menos confortá-la.

Em algum ponto, eu me acalmei o suficiente para me sentir cansada. O novo poder que eu havia descoberto tinha um peso maior do que eu imaginei, e meu escândalo não havia ajudado muito a conservar energia. Eu não posso dormir agora, pensei, enquanto a sensação de cansaço se espalhava pelo meu corpo imaginário. Sacudi minha cabeça e olhei ao redor.

Goroth tinha sumido.

A barreira havia se dissolvido. Enquanto eu estava perdendo tempo sentindo pena de mim mesma, o orc já estava agindo. Merda, eu preciso ir atrás dele. Goroth com certeza iria atrás de Rasth e Aurora, e Rasth com certeza sabia onde O Arauto se encontrava. Com sorte, ele também soubesse onde Alice estava.

Havia mais um motivo para eu ir atrás de Rasth primeiro.

Era ele quem estava perseguindo Alice e eu na noite em que eu morri.

Talvez ele soubesse como Alice foi presa, e também como e porque o culto estava atrás da gente naquela noite. Se alguém sabia o que aconteceu naquela noite, era ele.

Então eu sacudi minhas lágrimas para onde e flutuei para fora da caverna. Chorar não me ajudaria em nada agora. eu tinha que encontrar Rasth e arrancar cada uma das memórias da cabeça dele.

Rasth era a chave para eu entender o que estava acontecendo.

E eu precisava saber de tudo.

***

Encontrar Goroth não foi difícil. Ele já estava a alguns quilômetros da caverna quando eu o achei, agachado entre as árvores, analisando o chão da floresta. O sol da tarde refletindo nas contas presas em seu cabelo. Antes que eu pudesse sequer pensar no que falar, ele notou minha presença com o canto do olho e respirou fundo.

— Saia daqui. - Foi o que ele me disse.

— Mas...

— Nada de “mas...”. - Goroth parecia calmo, mas a voz dele estava carregada de raiva - só vá embora.

Ele não me deixaria falar. Nenhuma desculpa que eu arranjasse iria convencê-lo.

— Não vou - eu o desafiei.

— Vá embora! - Goroth gritou, mandando pássaros ao nosso redor em um voo descontrolado.

Eu me encolhi um pouco com o susto, mas continuei ali.

— Não vou - eu disse.

— porque? - Goroth socou uma árvore próxima, que rachou - porque você quer tanto

— Você vai atrás de Rasth e Aurora, não é? - eu disse - eu vou com você.

— Eu não quero você comigo - ele disse - vai me atrapalhar.

— como eu te atrapalhei com Rasth? - eu provoquei - você ia acabar morto.

— Você não tinha o direito! - aquilo era entre mim e ele! porque você não vai direto atrás do tal de Arauto? Não é ele que está com a sua amiguinha?

— Aurora é minha amiga também! - eu respondi.

O orc deu uma risadinha sarcástica.

— Até parece.

— Escute aqui, Goroth, se você não confia em mim, ótimo. Eu não preciso da sua confiança, mas nós temos mais chances juntos. E eu não vou deixar você se matar sozinho, porque isso não vai ajudar nem Aurora nem Alice.

Aquilo pegou ele de surpresa. Goroth tentou pensar em uma réplica, mas desistiu, suspirando.

— Você começou a usar lógica da noite pro dia - ele disse - até me assustei.

Então ele percebeu que não vai conseguir me fazer desistir, e agora vai ficar fazendo esse joguinho passivo-agressivo. Decidi ignorar os comentários sarcásticos dali em diante.

— Você sabe onde os orcs estão, não é? - eu perguntei - para onde levaram Aurora.

Goroth pensou um pouco antes de responder, decidindo se confiava em mim o suficiente para me dar essa informação.

— Eu deixei o clã a muito tempo - ele disse, por fim - mas as tradições nunca mudam. Eles devem ter um acampamento próximo, grande o suficiente para mais ou menos trinta orcs. Eles vão reagrupa-los, e fazer uma festa para comemorar a captura de um dos inimigos do clã. Nós só temos que chegar lá antes da festa terminar.

— E quando isso vai ser?

— Hoje. - Goroth voltou a analisar o solo por um momento. tendo achado o que procurava, ele virou-se para mim - você vai ter que me acompanhar, de maneira discreta e de preferência, em silêncio.

Dito isso, ele disparou correndo pela mata, tão ágil e silencioso como a sombra de uma nuvem num dia de verão. Se eu pudesse, teria suspirado. Mergulhei parcialmente no chão para segui-lo sem chamar muita atenção, mesmo que fosse de tarde. Goroth havia dito que era lua nova logo depois do ataque na cabana de Aurora. Haviam se passado mais ou menos duas semanas enquanto estávamos na cidade subterrânea, o que nos colocava na lua minguante.

Eu tinha uma semana para achar e regatar Aurora e Alice.

Decidida, eu saí a flutuar atrás do orc que corria. Eu estou indo, pensei. Esperem por mim.


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Notas finais do capítulo

Para você que achou que o prazo até a lua nova caiu do céu, é porque caiu mesmo. eu fiqueio tão embpolgado desenvolvendo o vilão que esqueci de colocar o prazo nas falas dele, kk. já consertei o capítulo anteriaor agr, vou tentar não esquecer esses detalhes nos seguintes ;)
próximo capítulo em breve!



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