When We Were Young escrita por Cat Winter


Capítulo 6
E a vida em Hogwarts começa...


Notas iniciais do capítulo

Pensaram que eu ia desistir?
É, eu também pensei KKKK



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CAPÍTULO 6 - 

 

Hogwarts

2 de Setembro 

1971

 

A aula prosseguiu com certa calma depois do discurso curioso de Remus Lupin. Aurora, obviamente, teve seus olhos colados em Slughorn durante todo o tempo. Não havia outra conduta que pudesse tomar se quisesse ser a melhor, e não só queria, como precisava desse título, seu pescoço estava em jogo. E então, como se acordando de um transe, ouviu a voz do professor anunciar o fim da aula. Começou a juntar suas coisas e saiu da sala com passos decididos, a sonserina tinha um horário livre e ela queria saber se Narcissa estava disponível, tinha algumas perguntas sobre o suposto “desafio” lançado na noite anterior. Mais especificamente, qual era sua razão de existir e porque ela também não fora incluída. Ao passar pela porta, no entanto, notou que James e Sirius a esperavam do lado de fora. 

Fato que a garota considerou adorável e, portanto, se aproximou deles com um sorriso suave nos lábios. Eles caminharam até o Grande Salão onde se despediram de Aurora e foram em direção a sua próxima aula. A grifinória ainda tinha 15 minutos de liberdade antes que começasse sua próxima aula: transfiguração, com prof. Minerva - e era muito suspeito que James e Sirius estivessem tão ansiosos para se apresentar na sala. Aurora viu aquele brilho desconcertante tomar os olhos de James mais uma vez, antes que eles fossem embora, e tinha certeza qualquer que fosse a razão de sua pressa, não podia ser nada bom. 

Curiosamente, esse pensamento a fez rir. 

Aurora se dirigiu a mesa de madeira em seguida e depois de passar bons trinta minutos passando a limpo suas anotações da aula de Slughorn, Aurora se levantou e caminhou em direção às masmorras  e como esperava, encontrou Narcissa calmamente lendo um livro em uma das poltronas. A sonserina estava populada apenas com 4 estudantes naquele momento, incluindo a menina Black e Aurora e parecia o ambiente perfeito para ter uma conversa particular. 

—Hm… Narcissa? 

Os olhos azuis se levantaram.  

—Desculpe atrapalhar mas eu tenho uma pergunta… É meio importante… 

Narcissa abaixou o livro e o colocou apoiado em seu colo. Ela indicou com um braço uma poltrona disponível ao lado da sua e Aurora se sentou. Com um suspiro, ela começou a falar. 

—Eu falei com Rabastan Lestrange hoje mais cedo… 

—Ótima escolha. - Sussurrou Narcissa e Aurora piscou, confusa. 

—O quê? 

A garota loura sorriu. 

—Nada, continue. 

—Então… Ele me falou sobre um desafio…? 

Black parecia não ter ideia sobre o que ela estava falando, a expressão fechada, até que ela arqueou as sobrancelhas. 

—Ah, sim. O desafio. É só uma brincadeirinha boba que os meninos gostam de jogar para os novatos. - Ela jogou os cabelos para trás do ombro e se aproximou. - Todo ano eles se reúnem no dormitório masculino, em apenas um dos quartos, geralmente o do sétimo ano, só para impressionar os primeiranista. - Ela explicou. - E então eles lançam o desafio, que o primeiranista que encontrar a câmara secreta na primeira noite vai ser o novo rei da sonserina.  - Narcissa endireitou-se e soltou um suspiro. - É claro que isso não passa de uma idiotice, a câmara está perdida a anos, e além disso, só o herdeiro de Salazar Slytherin pode encontrá-la. Mas eles acham graça em fazer esses “testes”, ver quem se arrisca a sair da cama no meio da noite, até onde vão, se são pegos… 

Ah, então aquela era a razão!

—As meninas tinham uma tradição parecida, alguns anos atrás, mas não fazemos mais isso. - Disse Narcissa. - Era uma passagem secreta e tinha a ver com um poema que existe talhado no quarto das meninas do primeiro ano. - Ela sorriu mais uma vez. - É claro que o quarto é só seu agora então sinta-se livre para investigar, mas também deve ser uma busca sem sentido. 

Aurora levantou-se, agradeceu Narcissa e saiu das masmorras.

Um desafio… 

Uma brincadeirinha… 

Claro… 

Aurora estava dividida, seus colegas de casa pareciam perturbadoramente tranquilos em brincar com a existência de uma câmara que fora usada para assassinar pessoas anos antes. 

Claro, também podia ser uma coisa inofensiva, como Narcissa havia dito, eles sabiam que ninguém ia encontrá-la, essa era a graça de tudo. Mesmo assim, ela não pôde deixar de sentir algo gelado percorrer suas veias quando saiu apressada das masmorras naquela manhã. 

Onde havia se metido?

.

.

.

Na hora do almoço, o trio se separou, Aurora estava junto com seus companheiros de casa na mesa da sonserina e James e Sirius comiam vorazmente - como sempre - na mesa da casa vermelha. Depois de terminar seu parto, no entanto, já no fim do horário de almoço quando a maior parte dos alunos já estava andando pelos jardins ou escorados despreocupadamente por infinitos pontos do castelo, Aurora timidamente saiu da mesa das cobras e sentou junto aos amigos.  Surpreendentemente, ninguém se opôs. Alguns olhares curiosos e poucos desaprovadores foram lançados em sua direção. Não era de se esperar que os alunos mais velhos se lembrassem - ou fossem se importar- com qualquer um dos primeiranistas que haviam sido sorteados na noite anterior, contudo com uma aparência exótica como a sua, não era inconcebível que eles a reconhecessem: a menina de cabelos rosados que fora sorteada para a sonserina. 

James e Sirius pareciam não se importar, então Aurora decidiu que se preocupar com isso também seria uma perda do seu tempo. Quando ela se sentou, os dois estavam rindo. 

—Não acredito que Lupin fez o que fez..-Comentou Sirius. James completou:

—Nem eu, ele não tem cara…

—De ser encrenqueiro como vocês?--Aurora completou a frase. James a olhou muito seriamente. 

—Exato.

Ela riu.

—Acho que ele nem percebeu o que estava fazendo… - Opinou a garota dando de ombros. Ela também não tinha um vocabulário tão polido, não por vontade própria pelo menos. Aurora sabia que não era esperado que moças usassem de linguajar sujo, mas pela maior parte de sua vida, não se importou com isso. Contudo, quando passara a viver na Mansão Selwyn com sua avó, a mulher deixara bem claro durante seu treinamento que não iria aceitar que a neta se comunicasse daquela maneira. E é claro que se ela fizesse isso em público mesmo quando a avó não estava presente, os rumores chegariam até ela. 

—Não deve ter percebido mesmo-supôs Potter- ele tinha uma cara tão lavada falando… Bom, a gente podia chamar ele pra fazer alguma coisa. 

—Ele quase não falou no trem. -Comentou Sirius. -Parecia em estado de choque.

Aurora sentiu a expressão pesar.

—No trem?

Sirius fez que sim com a cabeça. 

—Conhecemos ele no trem, lembra?

—Oh...

Mas Aurora não lembrava. Ela tão não lembrava que havia se apresentado a ele durante a aula. Agora entendia porque Remus Lupin parecera chocado quando ela se referiu a ele. Que tipo de idiota se apresentava a uma pessoa já conhecida? Mas, Deus, ela tinha se esquecido totalmente dele!

Sirius achou graça. 

—Oh?

—Eu me esqueci disso… -Explicou. -Não me lembrava dele. 

—Ele não é fácil de esquecer. Quantos anões você viu por Hogwarts?

Sirius riu de sua própria piada e James o acompanhou. Aurora soltou uma risadinha baixa. Coitadinho.

—Cuidado com o que diz,-ela advertiu-ele vai crescer, e pode ser que fique mais alto que você. 

Black a encarou com desdém. Tolinha,ninguém seria capaz de superar o grande Sirius Black, que com seus planos 11 anos já ostentava 1 metro e 65 de altura. E era, inevitavelmente,o mais alto entre eles. 

Aurora o ignorou.

—Pode chamar Remus pra almoçar. Ele deve aparecer mais ou menos nessa hora, pedi um favor. 

—Um favor? -Questionou James.

—Vocês dois passaram metade da aula babando na mesa. -Explicou ela. -Então como ele é da grifinória, pedi pra emprestar as anotações pra vocês, já que não vamos ter as mesmas aulas. 

—Eu nunca teria pensado nisso. -Admitiu Potter e Aurora sorriu com presunção. 

—Eu sei. -Então seu sorriso se suavizou e ela acrescentou: - É pra isso que servem os amigos. 

.

.

.

Hogwarts 

01 de Novembro 

1971

 

—Eu preciso entrar no time de quadribol! - James se levantou num ímpeto. 

Os amigos se entreolharam, sem querer dar corda ao discurso que certamente se seguiria - e ao qual eles já tinham ouvido milhões de vezes - se fizessem qualquer comentário descuidado que indicasse mínimo interesse.  

—Você não fez o teste?

Sirius e Aurora olham em direção a Remus, fuzilando-o com os olhos. Os quatro estavam descansando perto a lareira na sala comunal da grifinória, Sirius estava esparramado no sofá enquanto Aurora lia distraidamente seu livro de transfiguração, sentada delicadamente em uma das poltronas, e Remus  parecia não concentrado em nada além de tentar se aquecer. Já era novembro e a temperatura de Hogwarts caia dramaticamente. Aurora, por estar sempre para cima e para baixo com Sirius e James, era frequentemente vista na sala comunal da grifinória e os estudantes mais velhos tinham cansado de tentar reclamá-los pois James e Sirius realmente não davam a mínima , então era comum ver os dois grifinórios acompanhados da sonserina inseridos na sala comunal vermelha e dourada por diferentes razões. Podia ser fazendo dever de casa, ou simplesmente passando o tempo. Remus Lupin tinha timidamente se juntado ao grupo, embora ainda mantivesse certa distância. 

—Eu tentei, Remus. Eu tentei. Mas armaram pra mim! - James estava de pé e contava sua história com movimentos braçais muito exagerados. - Eu fui um artilheiro perfeito, consegui fazer 30 pontos! 

James Potter entrou em Hogwarts determinado a ser o primeiro jogador de quadribol a entrar no time durante o primeiro ano. Mas acabou não passando na seleção para o time, algumas semanas antes, e desde então não falava de outra coisa. 

—James realmente foi muito bom. - Disse Aurora com um suspiro, já cansada de debater aquele assunto. - Mas o capitão da Grifinória explicou pra ele… 

—Três vezes, pra ser exato. - Interveio Sirius. 

—Que seria muito complicado ter um artilheiro primeiranista porque os horários livres de James nunca iriam se encaixar com os horários de treinamento do time. - Continuou ela. - E além disso, ninguém pode entrar no time antes de ter ao menos 8 semanas de aulas de voo, e nós tivemos apenas 6. 

—Algo que eu sei que McGonagall faz de propósito para impedir que artilheiros jovens e talentosos como eu de humilharem estudantes já velhos e cansados. - Argumentou o menino cruzando os braços, um bico enorme se formando em seus lábios. 

—Isso é engraçado. - Riu Aurora. - Mesmo que não seja contra as regras, é quase impossível pra alguém do primeiro ano entrar no time, mesmo que seja bom o suficiente. 

—Tá, podemos concordar que você foi muito bem… - Começou Sirius, ele se espreguiçou preguiçosamente no sofá e mudou de posição, deitando-se de barriga para baixo. Sirius tinha estado estranhamente cansado e sonolento nas últimas semanas. -Mas Conner  foi melhor que você. 

James cerrou os dentes. 

Conner Jackson, quintanista, tinha sido escolhido como novo artilheiro no lugar de James. Os outros dois tinham quase um espaço garantido no time, já que tinham feito parte do time no ano anterior. 

—Conner foi um pouco melhor que eu. - Ele disse, mal humorado. - Além disso, ele é do quinto ano. Quem não daria o lugar de artilheiro pra um candidato que no primeiro ano já joga tão bem quanto alguém do quinto?

—E lá vamos nós… - Aurora voltou sua atenção para o livro. 

—Além disso, eu teria sido melhor que ele se Snape não tivesse na minha cabeça naquele dia… -Potter se justificou.

James Potter não tinha ido com a cara de Severus Snape desde o primeiro momento em que pôs seus olhos nele no trem. E, por alguma razão desconhecida, o sentimento parecia se recíproco. 

E tudo bem até aí, ninguém é obrigado a gostar de todo mundo e Aurora tinha que admitir que Snape não era muito simpático, mas a inimizade deles rapidamente evoluiu de agressões verbais entre as aulas para expressões mais violentas de descontentamento. Brigas de feitiços nos corredores, pegadinhas… 

E James sempre levava a melhor, inevitavelmente. 

Mas isso não significava que Snape não fosse capaz de estragar seu dia de vez em quando e, alguns dias antes havia sido um desses dias.

 

Tudo tinha começado na aula de poções entre a sonserina e a grifinória. Slughorn tinha decidido mudar um pouco as coisas e fez com que as duplas para os experimentos fossem constituídas de um sonserino e um grifinório cada. Contudo, por ser uma casa pouco populosa, a quantidade de sonserinos não era suficiente para alcançar a quantidade de grifinório e alguns destes acabaram fazendo par entre eles mesmos, que foi o caso de James, que foi pareado com a ruiva Lily Evans. Enquanto isso, Aurora acabou com Sirius e, para o claro desconforto do menino, Lupin tinha infelizmente acabado como dupla de Snape.

Enquanto Aurora tinha sua atenção absolutamente focada na tarefa a sua frente, sequer deixando Sirius auxiliá-la enquanto colocava seu conhecimento a prova, James e Lily discutiam fervorosamente na mesa ao lado. Discutir não era bem a palavra já que James estava deliberadamente fingindo desconhecer as propriedades dos ingredientes na intenção de provocar a ruiva. Fleamont Potter era um exímio alquimista de poções, e seu filho tinha absorvido como uma esponja, grande quantia de conhecimento. E em qualquer outra aula, James estaria usando a oportunidade para exibir sua sapiência, mas não na aula de poções de Slughorn em que ele tinha ficado como dupla de Lily Evans, a nerd mais nerd de toda a grifinória. 

A garota que torceu o nariz quando o conheceu. 

A ruiva que tinha necessidade de meter seu nariz arrebitado em tudo, inclusive nas brincadeiras de James e Sirius. E sequer piscou ao meter o dedo em sua cara e o acusar de ser um “garotinho bobo” ao tocar seu precioso amiguinho Snape. 

Não… James era um homem de onze anos que sabia definir suas prioridades e irritar Lily Evans era certamente mais importante do que qualquer aprovação momentânea que poderia adquirir. 

—Então se eu colocar os pêlos de unicórnio é só adicionar a baba de hipogrifo …

—Não, não! A gente tem que esperar cinco minutos antes de adicionar a baba de hipogrifo. - Disse a menina apontando a informação no livro. 

—Ah aposto que é exagero. - James se esticou para tentar pingar algumas gotas do conteúdo dentro do caldeirão que Lily tinha posicionado protetoramente do seu lado da mesa. 

—Não, Potter! Assim você vai estragar tudo!

Do outro lado da sala era difícil dizer quem estava mais infeliz, Remus Lupin que tinha sido pareado com a massinha de desgosto que era Snape, ou Severus que observava Potter e Evans com um ódio quase inacreditável. Remus era estudioso, mas poções não era sua melhor matéria, e com Severus ao seu lado, deixando-o nervoso, ele estava ainda mais propenso a cometer erros. E Snape, que estava  tão concentrado em antagonizar James e Lily, em uma atitude muito atípica, não notou Remus confundindo as ervas e adicionando um pouco demais de extrato de chifre de centauro no caldeirão dos dois. 

Claro, o caldeirão de Lupin e Snape explodiu segundos depois, deixando Severus com uma expressão de choque e Remus com leve surpresa e ambos totalmente sujos por uma meleca verde-amarela. 

E claro, que a turma não pôde evitar de gargalhar. Exceto Aurora, que estava atrás da dupla e acabou completamente melada e Lily, que estava tentando prender o riso. 

Slughorn se aproximou e começou a limpar a bagunça, Remus logo se manifestou, assumindo a culpa pelo ocorrido. 

Óbvio que James Potter não podia deixar as coisas quietas, e depois de conseguir controlar sua risada, que tinha sido a mais alta e escandalosa de todas, não pôde engolir o comentário que em sua opinião, Snape estava muito melhor daquele jeito. Lily lhe deu um tapa no topo da cabeça e Aurora revirou os olhos, mas com veneno em suas palavras, Snape respondeu que ao menos ele não era filho de um alquimista famoso e que James provavelmente não tinha sido capaz de herdar nada de inteligência de seu pai.

Não surpreendentemente, aquilo não deixou James satisfeito e ele levantou sua varinha, ao mesmo tempo que Snape levantou-se se sua cadeira. O garoto Potter gritou que sua habilidade em poções era melhor do que a de Snape, que não seria nem mesmo capaz de sonhar com tanto talento. Lógico, depois daquilo, o caldeirão de Evans e Potter foi o próximo a apresentar sinais de que a poção não estava sendo feita de modo correto, e com um flash de luz, derreteu o caldeirão e a mesa. Lily gritou e se afastou e gotas da substância corrosiva caíram sem querer nos pés de James, correndo seus sapatos e chegando até a pele, contra sua vontade, ele também reclamou de dor. 

James não pretendia que aquilo acontecesse claro, ele tinha em mente tudo que seria necessário para fazer a poção funcionar ao fim da aula, apesar de todos os ingredientes malucos que tinha adicionado para perturbar Evans. Contudo, com a explosão de Lupin e Snape, acabou se distraindo… 

Com o orgulho ferido,e tendo que aguentar a cara de satisfação de Snape, James e Severus foram mandados para a enfermaria, acompanhados de Sirius e Aurora - também atingidos pela substância do caldeirão - e Lupin, cujas peles haviam adquirido cores diferentes, vermelho, azul e verde. 

 

Depois de passar quase a manhã toda na enfermaria, James foi liberado, de mal humor, para seu teste para o time de Quadribol da Grifinória, no qual ele eventualmente foi recusado. Aurora sugeriu que talvez as queimaduras nos pés tivessem sido a razão para seu fracasso - o que era inevitavelmente culpa dele mesmo, que deveria ter seguido o pedido de Slughorn sem brincadeirinhas - mas James garantia que sua performance tinha sido afetada unicamente por Snape e seus cometários. 

Aurora ficou feliz em interromper as lamúrias do amigo. 

—Já está quase na hora do almoço, vamos logo. -Colocando o livro debaixo do braço, ela se levantou, os três meninos vieram atrás ela. Eles pegaram o longo caminho para o Grande Salão, na esperança de que James cansasse de falar sobre quadribol e eles não tivessem que ouvir aquele discurso mais uma vez enquanto comiam. O teste tinha sido duas semanas atrás, e o resultado exposto logo depois. Tempo o suficiente, na opinião da rosada, para que Potter tivesse superado o assunto. 

Passando pelos jardins, congelados pela aproximação de dezembro, dois estudantes mais velhos vinham andando na direção oposta ao quarteto, discutindo. O mais alto entre eles era o capitão da Grifinória, Cameron Wood, Aurora reconheceu - durante alguns dias, ela tinha ficado preocupada que James fosse azarar Cameron e achou melhor saber quem ele era - e o outro um de seus amigos, que ela não sabia o nome. 

—Não acredito que ele ficou doente. — Ela ouviu Cameron reclamar. - Foi o melhor artilheiro no teste. Agora não tenho a menor ideia de quem vou colocar no lugar dele. 

—Quanto tempo de cama?

—Pelos menos duas semanas!

—Vocês não tem um artilheiro reserva? — O amigo questionou. Cameron fez uma careta. - Fomos forçados a aceitar um… O pai do moleque pagou novas vassouras pra todo o time. Mas ele é péssimo, honestamente prefiro jogar com um artilheiro a menos… 

—McGonagall vai matar você. 

—Então você está precisando de um artilheiro? - A voz de James quase escorria com presunção, o sorriso quase grande demais para caber em seu rosto. Remus, Sirius e Aurora tiveram que parar. James agora encarava os outros dois estudantes com os braços atrás da cabeça. 

Cameron claramente lembrava de James, seria quase impossível de esquecer dele já que Potter passou dias seguindo o pobre garoto depois de ver os resultados de seu teste, e sua careta pareceu se aprofundar. 

—Potter eu já discuti isso com você… - Começou Cameron com um suspiro. 

—Isso foi duas semanas atrás. - Argumentou James. - Agora eu já tenho 8 semanas de aulas de voo. 

Cameron não parecia estar esperando um argumento plausível sair da boca do menino porque ficou surpreso. Ele ficou em silêncio por alguns momentos até abrir a boca para argumentar mais uma vez.  

—E os treinos do time… 

—Eu dou um jeito. 

Wood não parecia convencido. 

—Que jeito? Vai fugir das suas aulas?

—Eu faria isso!

Aurora cruzou os braços e lançou um olhar feio na direção de James. 

—Não faria não!- James a ignorou e olhou com intensidade para Cameron. 

—Se você me der uma chance eu posso provar que sou o artilheiro dos seus sonhos. 

—A Grifinória podia trocar de horário de treino com a Corvinal  - Sugeriu o amigo de Cameron. - Acho que ainda seria complicado pra ele acompanhar… Mas pelo menos não teria que perder aula. - Cameron lançou um olhar tão feio quanto o de Aurora para seu companheiro e então massageou suas têmporas. 

Cameron Wood estava de saco cheio de discutir aquele assunto com James Potter e, inegavelmente precisava de um novo artilheiro urgente. Também inegavelmente, o garoto tinha muito talento. Mas o fato de ser primeiranista não fora a única razão pela qual Potter não fora aceito no time. Ele era teimoso, prepotente, e impulsivo. E um pouco imaturo. Um pouco devido a idade, um pouco dele mesmo, Wood deduziu. Independentemente disso, todas aquelas características eram difíceis de balancear quando se era parte de um time, e Cameron sabia que como capitão teria um trabalho enorme para pôr James na linha. Um trabalho que, como estudante de quinto ano que teria que fazer N.O.Ms no fim do ano, ele realmente não queria ter. 

No entanto, no momento, se via sem escolha. 

Cameron suspirou fundo e juntou as mãos como se fosse rezar. 

—Tudo bem, Potter. Eu vou te dar UMA chance. - Ele disse. James pulou de alegria e Sirius deu tapinhas encorajadores em suas costas. Remus e Aurora trocaram olhares, e enquanto Lupin parecia estar achando graça da situação, Aurora ainda tinha suas dúvidas. - Temos uma partida com a Lufa-Lufa em quatro dias - Informou o quintanista. - É só um treino, não vale nenhum ponto, então é sua oportunidade de me convencer. 

James balançou a cabeça veemente. 

—Agora se lembre que talento não é tudo, você joga com o time. Não sai por aí fazendo o que você acha melhor, entendido? 

Potter parecia ter um olhar levemente confuso em seus olhos, mas assentiu mesmo assim. 

—A partida vai ser as três horas, chegue trinta minutos antes para acharmos um uniforme que caiba em você. 

E com isso, Cameron e seu amigo foram embora, deixando um James Potter feliz da vida para trás. 

—Vocês viram isso?! Eu sabia que o destino não ia falhar comigo e… - E seus olhos se esbugalharam de repente. - Eu preciso treinar! Essa é minha última chance de entrar no time! O artilheiro mais novo da história! 

Eles voltaram a andar em direção ao Grande Salão. 

—Onde exatamente você vai treinar, o campo de quadribol é de uso exclusivo do time. - Disse Sirius. 

—Eu vou pensar em algum lugar. - Resmungou James. - Também vou precisar de ajuda… - E seus olhos castanhos se voltaram para os três amigos. Ele fez bico. 

—Eu posso ser o seu goleiro. - Sirius se voluntariou. 

—Eu também preciso de alguém pra tentar me impedir de fazer pontos…

Os dois olharam na direção de Remus e Aurora. Lupin sorriu sem graça. 

—Eu nunca voei de vassoura… 

James soltou guincho deselegante, como se aquela fosse a maior tragédia que já tivesse ouvido na vida. 

—Seus pais são trouxas? - Perguntou Aurora. Ela já tinha alguma experiência com voar em vassouras, afinal, tinha conseguido alcançar o trem graças ao uso de uma. Mas durante toda a sua infância até aquele momento ela nunca tinha tocado numa vassoura antes por... razões similares! Aquela tinha sido sua primeira vez voando... 

—Minha mãe sim, -Respondeu Remus timidamente - Meu pai é bruxo, ele gosta de quadribol, mas como vivemos numa vila trouxa, não tem como fazer nada muito exagerado sem chamar atenção. Voar é impossível. 

—E quando vocês viajam de féria-AI! 

Aurora beliscou o braço de James na tentativa de impedi-lo de dizer uma besteira. Potter a encarou sem entender e ela balançou a cabeça discretamente, instruindo-o a não perguntar novamente. Então James voltou sua atenção para Remus mais uma vez, suas bochechas rosadas. 

—N-nós… hm… minha mãe não gosta de viajar.. 

Percebendo que o amigo havia ficado sem graça, James prestou atenção em coisas que geralmente não se importava o suficiente em reparar. Como as vestes de Remus serem de segunda mão, o tom de preto bastante desbotado. O fato de elas eram consideravelmente maiores que ele, fazendo com que o garoto quase desaparecesse dentro delas. Seus sapatos também não exibiam o brilho lustroso que os de James, Sirius e Aurora, e Potter tinha recebido-os recentemente, tendo que substituir os antigos por conta do acidente na aula de poções. Remus tinha uma coruja muito velha, e de seu caldeirão até sua mala, nada parecia ser… novo…

Então James entendeu. 

—B-bom! - Potter gaguejou. - Você pode voar comigo esse verão!- Ele se virou para os outros dois. - Na verdade, vocês todos podem vir pra minha casa, pelo menos por uns dias seria incrível. 

Sirius imediatamente se animou com a perspectiva, tirando Remus do centro das atenções. 

—Sério?!

—Claro! 

Aurora lançou um sorriso gentil para Remus enquanto Sirius e James, já animados, discutiam o que os quatro podiam fazer durante o verão. Lupin sorriu de volta. 


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