When We Were Young escrita por Cat Winter


Capítulo 4
Um Segredo e Memória da Madrugada


Notas iniciais do capítulo

OLÁ, meu fofuchos. Então, eu sei que demorei muito para atualizar mas a quarentena tá me deixando bem doidinha kkkkk Mas não desistam de mim! Eu tenho grandes planos para essa história e prometo que vou postar com mais frequência.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/788707/chapter/4

Hogwarts (jardins) 

1 de Setembro (noite) 

1971

—ARESTO MOMENTUM- Aurora tentou não gritar, afinal, a capa não era a prova de som e por mais que a distância entre o trio e o zelador aumentasse a cada segundo, Filch ainda se encontrava em cima deles. E tentou soar confiante e séria. Mas com a ansiedade de estar caindo de uma torre de aproximadamente 30 metros, foi meio difícil que sua voz não saísse como um gritinho fino e desesperado. 

E eles pausaram, e de repente, estavam caindo bem devagar, quase como se escorregando delicadamente pelo vento. Aurora olhou para os lados e verificou que James e Sirius, apesar do leve susto, ainda tinham suas mãos agarradas a capa. Sirius a sua esquerda e James a sua direita, como planejado, a capa estava sendo usada como uma espécie de tela sobre eles, protegendo sua imagem enquanto caiam. Ela olhou para cima, embora ainda pudesse ouvir resquícios da voz de Filch, ele parecia não ter desconfiado da escapada do trio, já que sequer se preocupara em olhar pela janela em busca de algo suspeito. 

Finalmente o trio aterrissou e assim que seus pés tocaram o chão Aurora sentiu um enorme alívio se formar em seu peito. Não era muito fã de altura, e preferia o conforto do solo do que as alturas. Ela rapidamente voltou seu olhar para seus companheiros de pouso.

—Ainda bem que vocês não gritaram. -Disse a garota aliviada. - Não muito, quer dizer... - Acrescentou olhando Sirius de soslaio.  Ele cruzou os braços. 

—A primeira reação que qualquer um teria ao ser jogado de uma torre... - Black se defendeu. Logo depois do pulo, alguns gritos  de desespero tiverem que ser abafados pelas mãos de Aurora para que Filch não descobrisse de sua presença. 

—O importante é que não fomos pegos e chegamos ao chão em segurança.  -Disse a garota com um pequeno sorriso, se sentindo muito satisfeita consigo mesma.

—Não é nem o primeiro dia de aula. Como você sabe tantos feitiços? - Questionou James. Os três ainda tinham a capa sobre si e estavam encostados aos pés da torre da biblioteca, de onde tinham pulado alguns meros segundos antes. 

Crianças bruxas não chegavam em Hogwarts sem saber nenhum feitiço, pois observando seus pais por onze anos, mesmo sem uma varinha, as mais observadoras conseguiam armazenar certa quantidade deles no fundo de sua mente. Sendo assim, tanto James quanto Sirius tinham conhecimento de feitiços diversos que haviam sido performados em sua presença ao longos dos anos, por mães, pais, parentes mais velhos…

Claro, que enquanto o acervo mental de James se limitava a maioritariamente a feitiços domésticos e outros de uso simples, Sirius tinha lembranças atreladas à alguns feitiços mais complexos…

Ainda sim, os dois meninos não podiam deixar de se impressionar com o conhecimento de Aurora em tão tenra idade e em sua atitude astuta de conseguir selecionar e executar o melhor feitiço de acordo com a situação. Os instintos da menina haviam salvado os três mais de uma vez aquela noite. 

Aurora sorriu, arrogante, mas não respondeu.

—Temos que pensar em como voltar para dentro do castelo… - Sirius apontou, e o sorriso da garota imediatamente falhou. No meio da confusão e da escapada, ela tinha esquecido totalmente que isso seria um problema, que agora eles estavam do lado de fora das portas bem fechadas do castelo. 

Aurora quis bater em si mesma por sua falta de estratégia, como não pensara nessa questão antes de jogá-los pela janela?

Sirius olhava para Aurora como se esperasse que ela sugerisse uma solução imediata, ao mesmo tempo, ela permanecia em um silêncio irritado. James passou a mão pelo cabelos. Primeiro, ele tirou a capa de cima dos três o que fez com que gerou uma reação  imediata de Aurora que o lançou um olhar feio.

—Assim vamos ficar desprotegidos.

James replicou com olhos céticos. 

—Fala sério, ninguém sabe que estamos aqui e caso alguém veja a gente não vai ser um professor porque os aposentos deles são escondidos no fundo do castelo. - Disse o garoto dobrando a capa desajeitadamente. -Então relaxa. -Finalizou. Aurora parecia pronta a argumentar com ele, mas pareceu perceber que seria uma perda de tempo e voltou sua atenção para a questão que eles precisavam resolver, como voltar para dentro do castelo. Ela olhou em volta, mas nenhuma idéia lhe vinha à cabeça.  

—A gente podia tentar entrar pela mesma janela que a gente saiu. -Sugeriu Sirius, seus dois companheiros pareceram considerar a ideia, mas ambos perceberam a impossibilidade de sua execução. 

—Filch-

—Não p-

Os dois tentaram explicar ao mesmo tempo, interrompendo-se. O mesmo se repetiu mais duas vezes, tanto James quanto Aurora esperando que o outro se mantivesse em silêncio só por um minuto para que pudessem explicar. Sirius perdeu a paciência e logo resmungou que já tinha entendo que o plano era ruim, seja lá quais fossem as razões que eles pareciam tão ansiosos em compartilhar. 

Ainda assim, Aurora raciocinou em sua cabeça: Filch pode não ter nos visto escapando, mas ele com certeza percebeu que alguém estava xeretando a sessão restrita, e provavelmente, certamente, está de olho. 

Na cabeça de James, o mesmo problema se expunha com clareza… 

O som de uma barriga roncando tirou o recém nomeado Grifinório e sua rival de seus pensamentos distantes e os dois olharam para Sirius, que passou a mão pelo estômago. 

—Pensar de barriga vazia é um saco, nenhum de vocês tem um lanchinho? - Ele perguntou. James negou com a cabeça. 

—Acabamos de comer… - Argumentou a rosada erguendo uma das sobrancelhas. Sirius, na verdade, não tinha comido quase nada durante o jantar, nervoso demais com a decisão que havia tomado, com as consequências que isso traria… Mas não disse nada. 

—Você tem ou não? - 

Aurora checou seus bolsos com cuidado e o ofereceu uma pequena barra de chocolate. Sirius pareceu muito feliz e seus olhos brilharam, perguntou o porque ela tinha algo assim em seu bolso mas não esperou  resposta para pegar o pacotinho das mãos da menina. Sirius desembalou o chocolate com pouca elegância, a embalagem azul e verde tinha o nome de uma marca que não ele reconheceu mas isso era irrelevante e ele logo colocou-a em seu próprio bolso esquecendo dela quase imediatamente em seguida. Aurora o encarou por um tempo, e respondeu: 

—Eu gosto de estar preparada… - Disse. - E… adoro chocolate… - Acrescentou baixinho. Ela colocou a mãos no bolso da camisola mais uma vez e dessa vez ofereceu um pacotinho a James, enquanto pegava um para si própria. James aceitou a oferta e de repente o clima de tornou muito mais leve entre eles, como apenas chocolate poderia fazer entre três crianças. O trio se sentou junto a grama enquanto comiam com alguns minutos de tranquilidade. 

—Isso é que é preparação. - James elogiou, o rosto cor de chocolate do menino agora também decorado com a substância e Aurora e Sirius riram. 

No meio da diversão, James se distraiu, e a capa que fora esquecida ao seu lado, foi levada pelo vento. Numa fração de segundos o momento de diversão se tornou um momento de pânico, enquanto os três pares de olhos se arregalavam enquanto a herança da família de James voava pela noite. 

Imediatamente os três ficaram de pé e começaram a perseguir o objeto que dançava pelo vento subindo e descendo de acordo com a vontade da natureza. 

—James, como você deixou a capa escapar?! 

—Estava embaixo da minha perna!

—COMO é possível que ela tenha escapado de debaixo da sua perna?

—CALEM A BOCA!

Aurora levantou a varinha, e gritou: 

—ACCIO CAPA!

Infelizmente, fosse porque a capa movia-se desordenadamente, ou porque a distância estava absurda para que o feitiço fizesse efeito, fosse porque Aurora talvez não estivesse se concentrando o suficiente pelo medo de perder tempo e a capa sumir de vez, o encantamento não funcionou. 

Frustrada, a garota abaixou a varinha e continuou correndo:  

—Isso não importa agora!

Para a sorte deles, a capa se embrulhou em uma árvore alta depois de mais ou menos um minuto de perseguição desenfreada. Aurora, James e Sirius pararam de frente a árvore em questão, pegando seu fôlego.  Aurora, sem perder tempo, colocou a varinha na boca e começou a escalar a planta, imaginando que tinha mais experiência e por isso, seria mais eficiente que James e Sirius. A árvore era gigantesca, com um tronco forte e grosso, seus galhos eram largos e se estendiam por pelo menos dois metros além de seu tronco, que além de grosso e forte, era bem torto e bem no meio possuía um buraco estranho, como se tivesse sido atingida por uma bola de canhão e ainda sim, sobrevivido a experiência. 

Aurora deixou suas pantufas de lado para ter melhor precisão com os pés e começou o processo, seria claramente infrutífero que James a seguisse, então, apesar de estar ansioso por estar fora da ação de salvamento de sua própria herança familiar, ele continuou com os dois pés do chão.

—Vamos ficar de olho, se ela cair, a gente pega ela - Sirius disse, observando meio nervoso enquanto a rosada agilmente prosseguia seu caminho pelos galhos das árvores.  James assentiu com a cabeça, e os dois se dividiram, ele ficou mais a esquerda, enquanto Sirius se dirigiu a direita. Os meninos não tinham certeza se essa era a melhor estratégia, ou se eles deveriam permanecer juntos pois apenas um deles não seria capaz de fazer um resgate eficiente, mas permaneceram com a primeira opção. 

Aurora sentia sua trança se esvoaçando com o vento naquela altura. A capa ainda estava a alguns galhos de distância e quanto mais a altura aumentava, mais nervosa ela ficava. Aurora não era uma grande fã de altura, mas, durante a infância, árvores e a habilidade de escalá-las, que foi adquirida com muita dor e quedas, tinha sido uma parte importante de sua sobrevivência. O vento não estava muito forte, mas era um fato de dificuldade em sua jornada, e sua boca já estava ficando dormente e, sinceramente, babada de ter que ficar segurando a varinha. 

A rosada finalmente se aproximou o suficiente para alcançar a maldita capa fujona, porém, quando estendeu o braço para pegá-la, ela faz o favor de voar para a ponta do galho onde a garota se apoiava, um galho relativamente fino que certamente não era seguro. Aurora tentou se enrolou em volta do galho e com suas pernas se empurrou para frente. A abrasividade do tronco irritava sua pele, mas o tecido da camisola ajudava a limitar a dor e o contato. Quando finalmente aproximou-se o suficiente, segurou-se ao galho com apenas uma mão e gritou accio mais uma vez. Dessa vez, o comando foi realizado e a capa veio rapidamente em sua direção. 

—Acho que ela pegou.  -Gritou Sirius para James. Aurora, num movimento não esperado, simplesmente largou o galho. Agarrando a capa forte, ela pretendia usar o mesmo feitiço que usara em Sirius e James mais cedo e deslizar delicadamente até o chão.  No entanto, seu plano foi totalmente frustrado quando ao invés de cair direto, uma força misteriosa pareceu jogá-la para o lado, e ela passou direto pelo buraco no meio da árvore. O que não teria sido um problema para o plano, se ao passar por tal buraco, Aurora não tivesse desaparecido completamente. 

James e Sirius se entreolharam em choque. 

—E-ela desapareceu?!

James balançou a cabeça, sem resposta para a pergunta. E sem muito debate, os dois começaram a escalar em direção ao mesmo buraco. E ao aproximarem-se o superfície aparentemente inocente, se olharam mais uma vez. Eles não entendiam muito bem o que estava acontecendo, mas decidiram tentar a sorte. 

—Lá vamos nós... -Disse James e se jogou. O buraco era largo o suficiente para que eles passassem com facilidade, mas não muito alto. Sirius se jogou contragosto em seguida. 

.

.

.

 

Aurora fechou os olhos com a queda. Suas costas assumiram a maior parte do baque com o chão e ela gemeu de dor. Quando a angústia diminuiu o suficiente para que a garota abrisse os olhos, ela percebeu que estava num lugar totalmente diferente do que a meros segundos atrás. Percebeu que, felizmente, a capa ainda se encontrava entre seus braços, juntamente com a varinha, apertada em sua mão esquerda. 

Com dificuldade, ela sentou-se e cruzou as pernas e, respirando fundo, abraçou a capa. Ela se achava num adorável bosque florido. Um bosque que poderia se confundido com qualquer outro, exceto que era tudo bonito demais pra ser de verdade. As árvores altas possuíam folhas rosadas e eram decoradas com inúmeras flores em branco pérola, as flores tinham diversas origens, algumas rosas, algumas tulipas, algumas orquídeas... Tirando as árvores, todo o resto da vegetação possuía sua coloração verde costumeira. Alguns arbustos preenchiam o espaço, com flores azuis, amarelas e alaranjadas. O céu em azul celeste possuía diversas nuvens brancas e o rio que ela percebeu que corria logo a sua frente, tinha águas negras. Aurora estendeu seu olhar para dentro do rio, percebeu que formações de pequenas pérolas flutuavam por cima das águas que tinham uma textura muito mais cremosa do que água deveria ter. O sol estava no alto, e brilhava como sempre, no entanto, parecia estar em constante estado de se pôr, com a luz alaranjada se mantendo inabalável e não diminuindo para dar lugar a noite estrelada como geralmente fazia. Obviamente, Aurora não estava lá tempo o suficiente para chegar a essa conclusão, mas a sensação de que isso era uma verdade a preencheu. Atravessando o rio, uma pequena ponte fazia passagem para o outro lado, e ao longe, ela foi capaz de avistar um lindo gazebo de mármore. Antes que ela tivesse tempo de pensar em qualquer coisa, dois projéteis caíram por cima dela. 

 

Ou cairiam, se ela não tivesse se virado no último momento. Infelizmente, assim como acontecera como sua própria, a queda dos meninos fora muito rápida para que ela sequer pensasse em lançar um feitiço e eles também foram ao chão. 

Sirius foi o primeiro a se manifestar por entre as dores. 

—Que lugar é esse? 

Aurora estava com dificuldades de responder essa pergunta, talvez fosse o fato de que batera sua cabeça fortemente e talvez estivesse com uma concussão, mas, a resposta mais provável era que a aparência do bosque tinham mudado imediatamente no momento que os meninos pareceram surgir naquela nova atmosfera, tudo mudou. As árvores não tinham mais seu tom cor-de-rosa e agora eram verde-escuro, mais altas e esguias, quase como pinheiros. A cor vermelha pareceu tomar conta do lugar, com flores da cor tomando a paisagem. O gazebo de repente não parecia tão delicado, um balanço surgiu atrelado ao galho de uma das árvores, e a distância entre o rio e onde estava o trio pareceu aumentar grandemente em relação à primeira vista de Aurora, não somente em distância, mas em altura. As águas agora azuis claras do rio corriam mais ou menos um metro e meio abaixo deles, e o rio parecia ter se encorpado mais, maior e mais fundo, sendo perfeito para um bom pulo. 

—Eu não sei… Não sei onde estamos… Mas estamos em Hogwarts… passagens secretas, lugares escondidos… É coisa comum por aqui… - Aurora explicou e voltou seu olhar em direção a eles. - Vocês estão bem? 

Para quem tinha corrido em alta velocidade, escalado uma árvore enorme e se jogado num buraco misterioso e aparentemente multi-dimensional nos últimos trinta minutos, eles pareciam bem. Um pouco sujos, certamente não em sua melhor aparência, mas ainda sim, bem.

—Tirando minhas costelas… Acho que sim… Sirius? 

Sirius ainda estava jogado ao chão, com os braços estendidos, ao contrário de James que já estava de pé.

—Não… Não, isso com certeza me matou… -Ele resmungou, infeliz, os olhos apertados provavelmente com uma dor nas costas que não seria resolvida tão cedo. -Inferno de portal mágico, eu nem sei mais o que tá acontecendo… 

James conseguiu esboçar um sorriso. Se Sirius estava bem o suficiente para xingar e grunhir, estava bem para sobreviver a essa experiência. Ele olhou para Aurora, sentada ao chão em cima de seus joelhos. Ela estava descabelada, a trança quase desfeita, e com uma expressão confusa, ele achou que ela parecia muito engraçada e estendeu a mão para que ela pudesse levantar. Com um pouco de desconfiança, a garota aceitou a mão do grifinório, e uma vez de pé, com um suspiro profundo, ela pareceu retomar o espírito e olhou para os amigos com um sorriso contido, porém, determinado enquanto ajeitava suas mechas rosadas, rapidamente dando forma a sua trança longa mais uma vez. 

—Meninos.... Achamos nosso primeiro segredo

Sirius finalmente pareceu achar forças para sair de seu estado de resmungos e olhou na direção da garota. 

—Nosso primeiro segredo… Gostei disso. 

James sorriu grande. 

—Vamos explorar!

Aurora pareceu preocupada. 

—Ainda temos que voltar, será que não é melhor deixarmos pra outro dia? 

—Não deixe para fazer amanhã o que você pode fazer hoje… -Disse James como se fosse um velho e sábio ermitão. Aurora revirou os olhos. 

—Isso é uma frase direcionada a responsabilidades…

—E não a incríveis aventuras que parecem estar pedindo a nossa presença? - Sorriu James piscando os olhos na direção da garota e Sirius teve que rir. 

Aurora tentou conter o sorriso que se formou no canto de sua boca, mas era muito tarde, tanto James e Sirius puderam ver que a garota estava a um passo de ser convencida. E Sirius decidiu entrar no jogo. 

—É… E pensa só, quando vamos encontrar uma oportunidade dessa de novo? - Ele pontuou de forma casual. - Nem sabemos como achamos aquela árvore em primeiro lugar…

Aurora colocou duas mechas soltas do cabelo para trás de suas orelhas. 

—Tudo bem, mas vamos tomar cuidado com o tempo. Temos que estar de volta nas  nossas cama antes que a noite acabe! 

E com esse último aviso, Sirius se levantou e os três começaram a andar pelo bosque, sem direção exata. 

—Vocês acham que qualquer um pode entrar aqui? - Aurora jogou a pergunta no ar. James passou a mão pelos cabelos. 

—Acho que sim, por que nós três íamos conseguir se ninguém mais conseguisse?

—Talvez nós sejamos especiais… - Aurora replicou, sorrindo convencidamente. 

—Mesmo que qualquer um possa entrar aqui, duvido que alguém tenha noção desse lugar. É uma passagem muito aleatória… - Acrescentou Sirius. 

Os três atravessaram a pequena ponte e caminharam em direção ao gazebo.

—Acham que vamos conseguir voltar aqui? - James perguntou. 

—Considerando que não vamos ficar presos aqui pra sempre… - Respondeu Sirius olhando em volta com desconfiança. - Não vejo porque não, é só acharmos a árvore. 

—Devíamos dar um nome a esse lugar. - Aurora sugeriu. 

—Que tal Paraíso Secreto do James? 

—Nem brincando… - Riu a rosada. 

—Que tal Paraíso Muito Superior do Sirius? 

—Que tal Paraíso-no-qual-James-Potter-e-Sirius-Black-nunca-mais-vão-colocar-os pés-de-novo-se-continuarem-a-sugerir-nomes-estúpidos? - A sonserina sorriu com falsa doçura para os dois. 

—Meio grande. - James riu. 

—É, você não é boa nisso de nomes, tenho pena dos seus  futuros filhos. 

—Olha quem fala, vindo de um menino chamado Sirius…

—Ei, ei, eu sou uma estrela, muito melhor do que ser nomeada por um fenômeno da natureza… 

—Além disso, acho que um furacão seria um fenômeno da natureza melhor pra te descrever, pela quantidade de confusão que meteu a gente hoje. 

—Ei, achei que vocês gostavam de uma boa aventura! Além disso, não teve confusão nenhuma, saímos todos ilesos… E cala a boca, James, seu nome tem o pior significado de todos. 

—Tenho que concordar. 

—Isso é uma calúnia e eu dúvido muito que Sirius saiba o que “James” significa. 

—Talvez não, mas a garota fenômeno da natureza tá zoando com você então tem que ser muito ruim… 

A partir daí a conversa começou e não parou mais, as gargalhadas sobre assuntos banais preencheram as bocas dos três. Sirus explicou a tradição de sua família de nomear membros sobre estrelas, Aurora argumentou que não sabia qual era a razão pela qual fora nomeada “Aurora” mas tinha certeza que não fora por conta da aurora boreal, logo, invalidando o ponto de que seu nome era um fenômeno da natureza. James estava correto ao dizer que Sirius não tinha a menor ideia do que seu nome significava, mas Aurora sim sabia e realmente não havia argumentos sobre quem tinha o pior nome. 

A conversa continuou por horas, e eles não viram o tempo passar. 

Era parte da magia do lugar, aparentemente, o tempo nunca mudava. Eles poderiam passar dias por lá, e ainda sim aquele entardecer que pintava o céu de multicolorido, continuaria paralisado sem nunca prosseguir com a noite. Mas o encanto e as risadas acabaram cessando, e com um olhar preocupado, Aurora de repente se levantou, como se despertando de um sono. 

—Há quanto tempo estamos aqui? 

James e Sirius piscaram forte, também de repente com expressões não tão tranquilas. 

—Há… certo tempo… 

—Precisamos sair daqui e voltar pro castelo. - Disse a menina. - Tipo, agora! 

Os grifinórios concordaram, mas a questão é que nenhum deles sabia como sair do bosque, e não realmente tinham explorado muita coisa, gastando seu tempo todo em conversa fiada. 

—Entramos por uma árvore, talvez uma árvore seja a saída. - Sugeriu Sirius, e isso pareceu ser bastante plausível, então os três começaram a procurar por buracos em todas as árvores. Porém, por mais que a fala de Sirius parecesse ter muito sentido, aparentemente não era a solução pois nenhuma das árvores tinha nenhum buraco. O trio então se reuniu no gazebo, sem saber o que fazer. Até que, tentando pensar, Aurora avistou uma coisa curiosa no teto do gazebo. 

—Isso… Isso é uma porta? 

Os garotos imediatamente seguiram seu olhar e James sorriu. 

—Sim! Essa com certeza é a saída!

—Mas se tem uma porta assim… Feita a mão…  Quer dizer que não somos os primeiros a vir aqui… -Raciocinou Sirius. -Talvez… Talvez nem estejamos sozinhos…

Com essa declaração sinistra e que Aurora odiou admitir que fazia muito sentido, eles não perderam tempo. O lugarzinho encantado definitivamente perdeu seu encanto e pareceu diminuir, ficar mais turvo e sombrio apesar do entardecer eterno. Talvez até por isso. Com um feitiço simples que aprendera durante as férias, Aurora levitou os meninos, primeiro Sirius, que abriu e atravessou a portinha, desaparecendo de vista. Ela faz o mesmo com James, que uma vez alto o suficiente para alcançar a portinha pediu que Aurora pulasse alto e agarrou sua mão. Os dois atravessaram a portinha do mesmo modo que Sirius havia feito e Aurora se obrigou a fechar os olhos, apertando a capa fujona e a varinha com um dos braços e sentindo a firmeza reconfortante da mão de James em seu outro. Aurora não tinha medo do escuro, mas tinha medo do desconhecido, e decidiu naquele momento, mais fortemente do que nunca, que desvendaria todos os mistérios de Hogwarts, e jamais teria medo de novo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E AÍ? O que acharam? Deixem todas as opiniões nos comentários.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "When We Were Young" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.