Um dia na vida de Jorge Saotome escrita por Jude Melody


Capítulo 1
Capítulo único




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Jorge Saotome era um ogro feliz. Vivia correndo de cima para baixo, acatando as ordens mais esdrúxulas daquele baixinho, mas era um ogro feliz. Acordava sempre antes de todo mundo, escovava os cabelos com esmero, polia o chifre e se preparava para a gritaria.

O senhor Koenma era a encarnação do mau humor quando adentrava sua sala. Não tinha importância. Jorge sabia como alegrar seu chefe. Bastava trazer uma comida gostosa. Mas o senhor Koenma precisava comer tudo em poucos segundos, sem oferecer um único pedacinho? Claro que Jorge poderia filar sua parte antes de pôr o prato sobre a mesa, mas isso não se faz — sobretudo quando a “vítima” é quem paga o seu salário.

Depois da refeição, o senhor Koenma bebia seu chá com tranquilidade e pedia para Jorge trazer a papelada e os carimbos. Passava horas e horas lendo documentos e autorizando pedidos. Às vezes levantava o rosto e gritava uma ordem qualquer. Outras, só resmungava baixinho, e Jorge precisava decifrar línguas esquisitas, pois seria uma ofensa pedir que seu chefe tirasse a chupeta para falar.

Jorge, traga o processo daquele demônio de cinco braços que requereu sua condicional. Jorge, pegue um livro para mim na biblioteca. Jorge, estou com sede. Se mexe logo, rapaz! Minha garganta não vai se refrescar sozinha! E lá se ia o ogro, correndo sem descanso. Mal tinha pausas para um pensamento.

As coisas melhoravam durante o almoço, apenas para então piorarem de vez. A gritaria aumentava, e os pés chegavam a pegar fogo de tanto atritarem no piso. Quando tudo parecia um caos, o telefone tocava. Era o Rei Enma. E seu filho, exultante de coragem, escondia-se sob a mesa, tremendo enquanto apertava o chapéu. Puxa vida, o que que eu vou fazer? Jorge, diga que estou ocupado! Mas ocupado com o quê? Eu sei lá, animal. Inventa qualquer coisa!

Não adiantava. Após um pouco de birra, o senhor Koenma atendia ao telefone e passava longos minutos assentindo e murmurando palavras de concordância. Quando voltava ao seu assento, estava emocionalmente cansado. E cansado também estava Jorge, os pés ardendo de tanto correr, e a respiração descompassada. Descansar o que, seu estrupício? Ninguém aqui trabalha mais do que eu, não! Eu, hein! Agora traga outro chá.

A rotina atingiu níveis ainda mais insanos quando Yusuke Urameshi apareceu. O humano era legal. Um pouco insolente, mas legal. Jorge gostava bastante dele. E logo surgiram outros para completar a trupe: um segundo humano com topete engraçado; Kurama, o youkai raposa; Hiei, o youkai sinistro que lhe causava calafrios... Aos poucos, Jorge afeiçoou-se a eles. Entenda, não há como não se afeiçoar quando você os acompanha pela tela, vibrando com suas vitórias e estremecendo diante do risco de suas mortes.

O senhor Koenma também ficava nervoso e gritava ainda mais com Jorge. Foi muito maldade sua comer aquele bolinho que Jorge ganhara honestamente no Jankenpo. E ainda se fez de desentendido, oras! No fim, Yusuke e seus amigos derrotaram os irmãos Toguro, e Jorge recolheu-se aos seus aposentos para o merecido descanso. Estava exausto! Mas tudo bem. Jorge Saotome era um ogro feliz.


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