Solstício escrita por Jules


Capítulo 3
Capítulo 3 - Primeiro dia




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A aula finalmente havia acabado e o primeiro dia tinha sido de certa forma cansativo, puxado e cheio de novas emoções. Nesse momento tudo que eu queria era poder chegar à casa de Rick e descansar, mas, teria de ir até o centro de Forks e comprar um novo celular, além é claro dos livros para as aulas de língua inglesa. Conforme me movia podia sentir o ferimento doer, podia ter a sensação de o curativo estava um pouco úmido.

Angel e Carl tinham me explicado que as lojas ficavam mais ou menos a quarenta minutos da escola, apenas seguindo em linha reta e aparentemente isso não parecia ser tão longe. Diversos jovens estavam indo por esse mesmo caminho, então também não seria perigoso. Desci as escadas com um pouco de dor, meus olhos avistaram os jovens irmãos Cullen, ao lado dos carros mais caros da escola e sorri de lado. Em um dos veículos estavam Alice, Jasper, Jacob e Nessie e no outro Edward e Beuafort, só no fato de pensar em seu nome podia sentir meu peito acelerar. Balancei a cabeça de um lado para o outro e pisquei algumas vezes e coloquei-me a caminhar.

Após quase meia hora de caminhada já podia ver as primeiras lojinhas, igual Carl havia dito. Sorte que Forks era uma cidade fria e sem sol, se não eu estaria exausta com essa caminhada. Apesar da simplicidade da pequena cidade, seu centro era organizado e gracioso, quase como se tudo ali tivesse sido planejado apenas por uma pessoa. Foi quando senti o celular de Rick vibrar, possivelmente fosse ele, apanhei o mesmo atendendo a chamada.

— Alô, June? – a voz típica meio seca de Rick surgiu ao outro lado do telefone.

— Oi? – respondi ainda caminhando em direção ao posto de gasolina que era amarelo e azul.

— Já terminou as aulas? Precisa que vá te buscar? – ele perguntou rapidamente.

— Já sim, eu estou perto do posto de gasolina e vou à livraria e depois na loja de eletrônicos. – expliquei parando em frente ao posto, enquanto balançava a perna de forma inquieta. – Se quiser, pode me buscar aqui no posto daqui meia hora.

— Certo, estarei ai! – afirmou contente.

— Esta bem, até!

Então, finalizei a chama de caminhei por mais alguns minutos e estava em frente à livraria dos Newtons, a porta era de vidro assim como as vitrines foscas. Bem ao lado de um livro havia um papel “contrata-se”, abri um leve sorriso e adentrei a livraria. Ela tinha detalhes em madeira, com seis prateleiras recheada com vários e vários livros e logo atrás uma estante que ia do teto até o chão. Procurei pelos dois livros que a professora passará. O primeiro era “O retrato de Dorian Gray” e o segundo “O morro dos ventos uivantes”, livros de amor e narcisismo não faziam meu estilo de literatura favorita.

Fui em direção ao balcão e lá estava um senhor, seus cabelos já eram brancos e seus olhos azuis, com varias marcas de expressões em seu rosto e algumas rugas. Aparentava ter seus sessenta anos e ele sorriu fraco quando me viu se aproximar com os livros. Coloquei os dois livros sobre o balcão e não pude deixar de me lembrar da vaga de emprego. Apontei para o local que o mesmo estava pendurado.

— O senhor precisa de ajuda por aqui? Vi que está contratando e como eu trabalhei por dois anos em livrarias em Quebec, acho que poderia... – fiz uma pausa, um tanto quanto nervosa. – Me candidatar à vaga.

— Óh sim, eu estou em busca de alguém para ajudar aqui na loja! – ele fez uma pausa - Não seria todos os dias, apenas duas ou três vezes na semana, por quatro horas e salario seria quinhentos dólares. – explicou ele, enquanto passava os livros na maquina de preços com um pouco de dificuldade. – O valor dos livros ficou em vinte dólares.

— Eu adoraria poder ter a oportunidade, alias, sou June Ludwing a filha do Rick do corpo de bombeiros. – me apresentei enquanto apanhava o dinheiro do bolso e entregava ao senhor.

— É um prazer June, sou Teddy Newton e essa livraria é da minha família. – estendeu a mão em minha direção para um cumprimento. – Espero você aqui, amanhã após a aula, certo? – perguntou o senhor Newton.

— Certo, muito obrigada! – agradeci dando um sorriso de lado, caminhei para fora da loja.

Olhei no meu relógio e faltavam apenas uns quinze minutos para Rick chegar, sorte que a loja de eletrônicos era ao lado da livraria, do lado de fora já podia ver um modelo parecido com meu antigo celular, sorte que aqui também já vendiam o chip com o número de telefone. Como não tinha tanto tempo entrei na loja e para meu azar acabei por encontrar com aquele jovem loiro, amigo da Angel e do Carl. Aparentemente ele trabalhava aqui, respirei fundo para não me sentir sem graça perto dele. Por algum motivo podia sentir que suas intenções não eram as melhores, parei em sua frente há quase quarenta centímetros e com o balcão entre nos dois.

— June, não é mesmo? – perguntou com um sorriso malicioso, apenas me encolhi.

— Olá, eu vim buscar aquele aparelho de telefone que está na prateleira, com detalhes pretos e que valor é de trezentos e cinquenta dólares. – expliquei e o vi franzir a testa.

— Certeza? Temos modelos melhores e mais potentes... – não deixei que finaliza-se, revirei os olhos e suspirei de leve.

— Eu sei, mas é esse que eu irei levar, poderia pega-lo, por favor? – pedi e o vir sussurrar algo, porém não pude ouvir. Ele caminhou até a vitrine e apanhou o modelo que eu queria, ao retornar ele parou no balcão e passou o produto na maquina de preço e ficou me encarando.

— Alias, eu sou Gaian Walker, aqui está o aparelho e o chip do celular. – Gaian colocou tudo dentro de uma sacola branca. – Você tem garantia de um ano pela loja e dois pelos fabricantes.

Abri minha mochila, guardando os livros e apanhando minha carteira que era preta, retirei o valor do aparelho e coloquei sobre o balcão e vi o mesmo conferindo o valor. Apanhei o celular juntamente com minha carteira e guardei na mochila. Em seguida Gaian me deu o comprovante de compra e o cupom fiscal.

— Nós vemos na escola, June. – ele sorriu.

— Até mais.

Sai de dentro da loja o mais rápido possível e andei em direção ao posto, não sabia dizer o motivo mais me sentia muito desconfortável com ele, era igual aquele dia em que o carro capotou comigo e Rick, e ou quando minha mãe faleceu. Respirei fundo e avistei a caminhonete de Rick lá em frente, acenei para ele e o vi vir em minha direção.

Assim que ele parou me aproximei e abri a porta, entrando em seguida e me sentando. Rick tinha um sorriso nos lábios, era incrível como ele ficava feliz em me ver. Apanhei o celular dele e entreguei de forma agradecida.

— Obrigada por me emprestar, agora já comprei um novo e você já pode usar o seu. – comentei.

— De nada, fico feliz em poder ajuda-la. – Rick disse. – Alias, hoje à noite iremos jantar pizza, qual o seu sabor predileto? – ele perguntou agora me observando, enquanto estávamos parados em um farol fechado.

— Ótimo! – disse contente. – Mas, eu gosto de queijo ou pepperoni. – respondi.

— Que bom, são meus favoritos! – Rick sorriu.

Não demorou muito e já havíamos chegado a casa, era quase umas cinco horas da tarde e tinha que resolver algumas atividades da escola. Desci do carro e Rick me seguiu ao entrar na mesma o ouvi dizer “Umas seis horas eu peço a pizza” e respondi apenas com um “okay”. Subi as escadas e caminhei até meu quarto, fui rapidamente ao banheiro e retirei aquelas roupas, prendi o cabelo em um coque alto e entrei embaixo do chuveiro para um banho rápido.

Após meu banho higienizei a ferida e vi que estava menos vermelha e parecia estar cicatrizando melhor, passei uma pomada para não ter inflamação e fiz um curativo simples, coloquei um pijama de moletom, com calça comprida e blusa de manga na cor preta e branca e calcei meias. Caminhei até minha escrivaninha e comecei a realizar as atividades de casa, não era nada complicado, apenas cansativo. Por fim, comecei a configurar todo meu novo celular e colocar os aplicativos que mais utilizava durante meu dia a dia, foi quase meia hora só para ajustar tudo e já podia me sentir cansada.

— June, a pizza chegou! – Rick anunciou lá de baixo.

— Já vou.

Ao chegar à cozinha pude ver duas caixas de pizza, o que em minha opinião era exagerado, mas tudo bem, se Rick estava feliz eu também estava. Sentei-me a sua frente e ele colocou dois pratos com os talheres sob a mesa, abri a primeira caixa apanhando um pedaço de pizza de queijo e pude sentir aquele cheiro delicioso. Rick fez o mesmo.

— E como foi seu dia, pai? – perguntei enquanto cortava a pizza e abocanhava um pedaço.

— Foi calmo, pelo que parece tivemos um acidente em uma casa com uma criança que pegou uma caixa de fósforos. – explicou ele levando o pedaço de pizza até os lábios e comendo-o. – E o seu? – perguntou de boca cheia.

— As aulas foram boas, conheci novas pessoas e aparentemente fiz amizade com a Renesmee Cullen, o que é estranho já que sou bem na minha e depois fui até a livraria e o senhor Teddy Newton vai me contratar. – dei um sorriso fraco de canto, parece que o dia tinha sido gigantesco, levei mais um pedaço de pizza até os lábios.

— Hm, os Cullen? Eles são uma boa família aqui, mudaram para cá tem dois anos e todos dizem que eles são bem na deles e que não gostam de se misturar muito. Foi o pai deles que cuidou de você em Seatle, lembra? – comentou Rick comendo seu terceiro pedaço de pizza e tomando um gole de refrigerante.

— Sim. – concordei.

Foi quando a memoria do médico loiro veio a minha mente, era incrível como eles todos era muito parecidos. Involuntariamente acabei pensando nos olhos dourados do acidente, lembrei-me de Beaufort e a forma como agiu mais cedo e me encolhi. Voltei para a realidade com Rick perguntando sobre o serviço com o senhor Newton.

— Fico feliz por ter arrumado um emprego, tem que tomar cuidado para não atrapalhar no rendimento escolar, já que você está no segundo ano e tem que pensar nas atividades extracurriculares para uma boa faculdade. – alertou-me Rick.

— Então, o senhor Newton me disse que vai ser de duas ou três vezes na semana, acho que não vai me atrapalhar e, além disso, vou precisar de dinheiro para poder me bancar na escola ou nas atividades. – expliquei apanhando mais um pedaço de pizza, só que dessa vez de pepperoni.

— Gosto de ver que você é responsável e independe June, admiro muito isso em você e acredito que sua mãe também sente muito orgulho de você. – Rick disse, mas parecia arrependido de ter tocado no assunto da minha mãe.

— Obrigada, eu sei que não temos uma convivência ou uma proximidade grande. – fiz uma pausa e respirei. – Mas, eu acredito que com o tempo iremos nos tornar mais amigos, próximos e desenvolver um carinho maior um pelo o outro. – sorri fraco e toquei a mão dele, observando que estava emocionado assim como eu.

— Iremos sim, filha, eu sei disso. – Rick segurou a minha mão, senti meu coração bater mais forte, era como se finalmente estivéssemos nos abrindo e era como se nunca tivéssemos morado longe um do outro. Era um recomeço, entre pai e filha.

Após jantarmos lavei a louça para ele, enquanto Rick assistia algum programa de esporte na sala. Organizei a cozinha e guardei as pizzas na geladeira, caminhando até as escadas e desejei boa noite a ele, o qual me correspondeu e disse que iria ficar até mais tarde na sala. Já no meu quarto, abri meu guarda roupa e peguei meu medicamento e caminhei até o banheiro, escovei meus dentes e em seguida enchi um copo com água e depois tomei o medicamento.

— Mais um dia que chega ao fim, e tudo deu certo. – murmurei para mim mesma.

Rumei em direção a minha cama, deitando-me e depois me ajeitando na mesma. Apaguei a luz e deixei meu abajur ligado, coloquei o celular para despertar no horário de aula. Abracei meu travesseiro e fiquei fitando a janela que tinha uma pequena fresta e de longe era como tivesse algo o alguém me observando e senti um arrepio na espinha. Levantei-me rapidamente e fechei a janela com a cortina deixando sem nenhuma fresta e deitei-me novamente apenas esperando o sono chegar, para que mais uma vez pudesse iniciar mais um dia, fechei os olhos e respirei fundo e relaxei.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, deixem seus comentários!

beijos



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