Save your tears for another day escrita por Lavs Black


Capítulo 1
Capítulo 1




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Sansa Stark não estava feliz

Não. Felicidade era para Winterfell, para Lady viva e ao seu lado lambendo suavemente seu calcanhar, para seus irmãos e irmãs vivos e sorrindo ao redor de uma lareira enquanto sua mãe e seu pai estavam de mãos dadas. Felicidade era para tudo que ela deixou para trás e sequer se imaginava sentindo aquilo novamente. 

Sansa Stark estava grata.

Poderia facilmente dividir sua estadia em Porto Real em antes e depois de Margaery Tyrell chegar em sua vida. Depois que seu noivado com Joffrey fora posto de lado em favor de Margaery ser a futura rainha, sua utilidade havia sido expirado, mas como refém de grande importância, não podiam simplesmente mantê-la trancada no quarto ou vagando sem vigilância pela Fortaleza. Logo, era apenas lógico jogá-la para entreter a nova jovem de sangue nobre que chegara com sua família.

Se era para continuar presa em Porto Real, Sansa definitivamente preferia estar em companhia da Rainha dos Espinhos e sua língua ácida, Elinor, Megga e Alla e suas cabecinhas vazias e seus diversos cantores que traziam músicas que ela nunca havia escutado antes.

Mas a companhia de nenhuma delas era mais prazerosa que a de Margaery Tyrell. 

Sansa não compreendia perfeitamente porque se davam tão bem, mas Margaery Tyrell inúmeras vezes era a razão pela qual Sansa levantava-se da cama com o mínimo de disposição. Se havia alguma beleza nesse mundo, ela havia encarnado na jovem Tyrell. 

De início ela pensava em Margaery como a irmã que sempre desejou ter, mas era tolo pensar assim. Margaery não era sua irmã. Não a tratava como sua irmã. Ela não conseguia imaginar sua senhora mãe Catelyn e Margaery juntas, não. Margaery tampouco era apenas sua amiga, sua companhia, sua distração enquanto a guerra marchava pelos Sete Reinos. 

Quando se conheceram, as pernas de Sansa tremiam embaixo do vestido temendo por uma nova Cersei. Temendo que a Tyrell a odiasse. Margaery sagazmente nunca pareceu imaginar que Sansa se ressentia pela quebra do noivado. Ela acolheu Sansa com um sorriso aberto, olhos inteligentes e mãos graciosas como as rosas de seu brasão. Singela e carismática, arrastava Sansa para todo lugar que ia, oferecendo a proteção de sua companhia sem expressamente pedir nada em troca. Ao lado de Margaery, as outras pessoas da corte não olhavam feio para Sansa nem para sua aparência desajeitada, nem os cavaleiros tinham permissão para espancá-la quando Robb vencia em batalha, porque Joffrey ainda estava dissimulando o perfeito cavalheiro que não machucava a sua futura esposa, então ele, nem ninguém poderia tocar em Sansa.

Sansa imaginava que se conhecesse Margaery antes, antes de tudo, ela a teria amado ainda mais vorazmente. Sua risada era exuberante e fazia todos ao seu redor acompanhá-la mesmo sem entender a graça. Sansa sempre desejava ter um resquício do carisma de Margaery, ela era perfeita sem esforçar-se. Ela seria sua inspiração, o perfeito modelo para seguir, ao invés de sua âncora em um mundo cruel. A Sansa Stark que ainda tinha um pai e sua loba amava mais fácil e ardente. 

Sansa desejava poder expressar esse sentimento para Margaery em palavras, agradecer-lhe por todas as graças, porém as paredes de Porto Real tinham mais que ouvidos, tinham pés, mãos e unhas que arrancavam-lhe a pele, e seus jardins escondiam víboras das mais venenosas. Não podia ser vista sendo tão grata à garota Tyrell assim, ou questionariam sua lealdade. Era cruel ter sua liberdade de expressão ceifada. Cortesia não costumava ser a sua arma de senhora como dizia a Rainha, era simplesmente como ela vivia. Queria deixar o mundo lindo como as canções, com elogios, sorrisos e doces palavras, por que desvirtuaram até mesmo isso? 

As tardes na companhia de Margaery eram agradáveis e serenas e Sansa mais do que nunca apreciava a calmaria. Margaery gostava de explorar a Fortaleza Vermelha e fazer-se conhecia, cada dia escolhia um local diferente para se reunirem ao som de cantores e boa comida. Dessa vez, estavam nos jardins, numa tenda improvisada porém arrojada, com todo o esplendor que sempre acompanhava os Tyrells. Havia comida sendo trazida a todo momento, mas elas mal comiam. Margaery e Elinor se serviam mais de vinho que da comida, mas Sansa evitava a bebida como podia. Um cantor dedilhava numa delicada harpa o ritmo preferido de Megga Tyrell, que era a única a lhe dar atenção.

Elas conversaram e conversaram e conversaram o dia inteiro, até as nádegas de Sansa doerem de tanto tempo sentada e os músculos da sua face de tanto gargalhar. Era assim que o Sul deveria ser. Sempre pensava quando era hora de partir, a hora do resto da Fortaleza Vermelha enforcar-lhe ao ponto das horas passarem sem ser percebidas, sem serem sentidas.

Ela levantou-se, ajeitando as saias do seu vestido para que não aparentasse tanto que ele era pequeno demais para seu corpo em desenvolvimento. E estaria indo a caminho dos seus aposentos, se não fosse interrompida por Margaery.

— Sansa, querida, gostaria de se juntar a mim hoje? — Por alguns instantes não entendeu bem a pergunta, estaria Margaery a chamando para conversar em outro lugar, mesmo depois de terem passado a tarde inteira na companhia uma da outra? Porém lembrou que as primas Tyrell eram extremamente próximas, e frequentemente Elinor, Megga ou Alla iam compartilhar da cama da prima mais importante. Sansa sabia bem que era um costume sulista para assegurar que donzelas jamais dormissem sozinhas para proteger suas virtudes. Não era um costume no Norte, onde ela tinha um quarto para si e a fez sentir bruscamente a falta de Jeyne Poole, sua própria acompanhante que sumira misteriosamente.

Porém Sansa não sabia exatamente o que responder. Não queria arriscar deixar Margaery insatisfeita com ela, perder seu favor seria devastador, porém temia que chegasse aos ouvidos da Rainha Cersei que Sansa não havia passado a noite em seus aposentos e isso talvez fosse mais devastador ainda. 

— Margaery, eu pensei que era a minha vez hoje... — Implorou Alla.

— Quieta, Alla. Pobre Sansa deve se sentir tão solitária durante a noite e você sempre terá nossas queridas primas. — Respondeu Margaery, assertiva. E Alla recolheu-se e não ousou replicar.

Sansa não a interrompeu para corrigir que apreciava a solidão de seus aposentos mais do que muitas coisas na Fortaleza. Contra o seu travesseiro, sem as suas criadas espiãs, era quando ela podia chorar pelo seu pai, por Lady e desejar à Robb a coragem do Guerreiro para que ele vencesse bravamente suas batalhas para poder resgatá-la. 

— Vamos querida. — Margaery pediu novamente, seus olhos cintilando na direção de Sansa. Era impossível negá-la qualquer coisa.

— Lady Margaery… Se a Rainha Cersei descobrir... — Murmurou.

— Não se preocupe com isso, assegurarei de meu próprio punho a Rainha que você estará sã e salva junto a mim. — Sansa podia apenas confiar que a influência da Tyrell fosse o suficiente para manter a ira e desconfiança de Cersei aplacada. 

— Se isso for do seu agrado, Lady Margaery. —

— Será o meu maior prazer, minha querida rosa. — Falou entrelaçando seu braço ao de Sansa e a trazendo para perto, muito perto. Elas sempre andavam assim quando estavam juntas, de braços dados como confidantes. Sansa era alguns centímetros mais alta que Margaery, sabia que era alta para uma donzela, mas imaginava que elas faziam uma bela visão juntas. Era o suficiente para Sansa voltar a sorrir. E talvez seu sorriso um dia fosse voltar a ser tão aberto quanto o que Margaery esboçava em sua direção. 
 

Elas se recolheram cedo. Margaery foi gentil o suficiente para ordenar não apenas que suas criadas preparassem um banho para Sansa, mas também lhe emprestando roupas de baixo, de um rico linho que lhe coube melhor que muitos de seus vestidos. E logo estavam as duas deitadas na cama, faces encarando uma a outra, sozinhas no quarto, a coberta envolvendo suas cabeças e escondendo-as do mundo. Sansa não tinha certeza se essa era a rotina de Margaery com suas primas, certamente não era como ela dormia com Jeyne ou mesmo com Arya. Sabia que esse era o momento que elas trocavam histórias e causos, seria talvez o único momento que teria.

— Você acha que eu vou gostar de Willas? Que ele gostará de mim? — Perguntou suavemente, voz nada acima de um sussurro. Desde que Olenna Tyrell lhe contara do seu plano de casá-la com o neto, havia pouco que o substituísse na mente de Sansa, salvo, claro, Margaery. Ela sussurrava seu nome no travesseiro tentando se fazer apaixonada, ainda sem efeito. Não era pelo herdeiro Tyrell que estava encantada e com seu vigor ressurgido, mas pela segurança que a proposta lhe trazia. 

Os Tyrell podiam ter se aliado aos Lannisters na guerra, mas sabia que se Robb chegasse em suas portas vencedor, Jardim de Cima se abriria facilmente para um novo rei e uma nova oportunidade. Rei Robert perdoou-os sem maiores questões após eles ficarem do lado dos Targaryen, certamente ela seria entregue salva ao seu irmão. Conseguiria até mesmo salvar Margaery e Willas argumentando que a trataram com cortesia e gentileza e que Margaery foi sua verdadeira amiga em Porto Real. Robb ficaria feliz em vê-la feliz.

Margaery estava tão próxima que Sansa pôde ver o pequeno vinco que se formou entre suas sobrancelhas e quase temeu que houvesse perguntado algo errado e ela ficaria indisposta, mas a garota abriu um suave sorriso, cheio de conhecimento. 

— Acho que é importante você saber do que gosta, primeiramente, minha querida rosa. — Começou. Sansa não entendeu porque ela estava falando isso. Obviamente o que era do gosto de Sansa não importava, jamais importaria. Deixou de importar quando Ilyn Payne decepou seu pai nas escadarias do Septo de Baelor junto com todos os seus sonhos.

— Eis algo que raramente é expresso nas canções, mulheres são extremamente complexas, tanto quanto os homens. Algumas gostam de homens altos, outras de homens baixos. Algumas gostam de homens peludos, outras de homens carecas. Homens gentis, homens brutos, homens feios, garotos lindos... — Sua voz aveludada foi ficando cada vez mais baixa e Sansa precisou se aproximar um pouco para melhor escutá-la. — Garotas lindas... —

Tocou seu dedão nos lábios carnudos de Sansa, delicadamente abrindo sua boca. Seu coração parou e depois acelerou vorazmente. Não entendia o que estava acontecendo, não muito bem. Podia sentir seu rosto em chamas, mas talvez na tenra iluminação do quarto, Margaery não conseguiria vê-la corar. 

Margaery moveu tímidos centímetros. Não, não tímidos, Margaery era tudo menos tímida, ela sempre agia como alguém que sabia exatamente o que fazer. Vê-la em sua natureza talvez fosse mais atraente que sua pele corada, Sansa assumiria. Ela não percebeu que também havia se movido, o calor do corpo da Tyrell atingindo o seu mesmo que ainda não houvessem se tocado. 

— Você quer brincar de beijar, Sansa? — Ela perguntou em um sussurro que Sansa podia sentir no canto seu lábio, roçando em seu queixo. Já haviam roubado um beijo de Sansa antes, Cão de Caça após a Batalha da Água Negra com seus lábios duros e odor de queimado, exigindo uma canção em troca, mas seria a primeira vez que ela estaria entregando-o livremente. 

Era difícil ver os olhos de Margaery pela falta de iluminação, era difícil ver pouca coisa além da sua pele clara e das suas mãos percorrendo o rosto de Sansa, mas se ela fechasse os olhos ela poderia imaginá-los perfeitamente. Seus olhos castanho-claros cintilantes e cheios de perspicácia, que a olhariam com a adoração que sabia que refletia em seus próprios olhos azuis límpidos. E com essa imagem, Sansa fechou seus olhos e sentiu os lábios de Margaery colarem aos seus.

Seus lábios tinham gosto do vinho da Árvore que ela estava bebendo e seria a primeira vez que Sansa estaria o experimentando, justo que seja de um cálice tão perfeito, e eram macios como uma brisa de verão.

Margaery movia seus lábios prontamente contra os seus e havia nada a fazer além de seguir seus comandos silenciosos, a mão delicada da Tyrell ainda envolvia sua mandíbula, acariciava seu queixo e suas maçãs do rosto para depois envolver-se nos seus fios arruivados, trazendo Sansa para ainda mais perto. 

Sentia arrepios subirem em seus braços e apenas o calor do corpo de Margaery podia acalentá-los pois resolveu ela mesma levar suas mãos a ela. Margaery era mais velha alguns anos que Sansa, sabia disso, com um corpo já totalmente desenvolvido, mas ainda era tão macia sob seus dedos. Sansa explorou timidamente seus braços, seu pescoço anguloso, seus cachos bagunçados depois de serem amassados na cama, até chegar ao seu rosto, repetindo os movimentos que ela fazia no seu próprio rosto.

Margaery suspirou em algo que parecia prazer contra seus lábios e Sansa corou mais. Se era apenas uma brincadeira, deveriam estar elas gostando tanto assim? 

Ela deixou um próprio som de prazer escapar de sua garganta quando as mãos de Margaery deixaram seu rosto para descer a sua nuca, não mais com toques suaves, mas arranhando sua pele.

Sentiu o sorriso de Margaery e isso pareceu deixá-la mais confiante, pois Sansa sentiu que Margaery moveu-se, mudando suas posições. Sansa estava agora deitada de costas e a outra garota lentamente subia em cima dela, de corpo inteiro. Sansa podia sentir todo o corpo dela contra o seu, todas as curvas pressionadas contra a sua. Os dedos cheio de destreza dela foram aos laços das roupas de baixo de Sansa, desatando os nós relapsos que ela havia amarrado antes de dormir, deixando seus seios pálidos expostos e livres para as mãos de Margaery lhe acariciar, e seus lábios em seguida. 

— Margaery... O que você está fazendo? — Conseguiu perguntar, em meio a pequenos gemidos que apenas aumentavam de volume conforme os lábios de Margaery se tornavam mais vorazes em seus seios, mergulhando no vão entre eles.

— Te beijando, te amando, minha adorável Sansa. — Margaery murmurou contra seu peito ainda. Uniu-as pelas mãos depois, guiando as mãos de Sansa ao seu próprio corpo por debaixo das roupas da Tyrell de uma forma que Sansa não seria corajosa o suficiente para fazer. Margaery a fez tocar suas coxas, que se arrepiavam por onde ela passava, depois a sua barriga macia até chegar aos seus seios pequenos, menores que os de Sansa, mas tão sensíveis quanto. Sansa assistia o rosto da Tyrell ao invés do seu corpo, e que felicidade era, pois Margaery se deliciava tão fortemente que era contagiante. Seus olhos fecharam-se e mordia os lábios quando Sansa tomou controle das próprias mãos mas não as retirou dos seus seios. — Tão adorável… —

— Sinto tanto pesar, Sansa. Tanto pesar que você jamais aproveitará a vida e sentirá o prazer de deitar-se com alguém que ama. Minha pobre, perdida Sansa… — Falou, levantando seu olhar para encarar Sansa, suas palavras acalantos a alma da Sansa, assim como a forma suave com que Margaery voltou a acariciar seu rosto. — Você amará meu irmão, Sansa, assim como me ama. Você me ama, não ama? —

— Margaery… —

— Talvez palavras não poderiam expressar o que sentimos corretamente. Apenas diga-me se está gostando. — Sansa pensou que Margaery voltaria a pôr suas mãos nos seus seios e preparou-se perfeitamente para a deliciosa sensação, porém, os dedos da outra jovem desceram e desceram e desceram...

Quando o êxtase passou, Sansa Stark não estava feliz, mas nos braços delicados de Margaery, sentindo o cheiro de flores do seu cabelo, da sua pele, ela conseguia sentir como se estivesse.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! E se gostaram, por favor comentem ou favoritem ♥



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