Relatos de um garoto machucado escrita por Otomizinha


Capítulo 4
Meu primeiro dia de aula




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4 capitulo

10 de julho

Meu primeiro dia


 

 1 mês e 5 dias

 

Ao começar o novo semestre da faculdade, em um curso que sempre gostei, mas não fiz por falta de apoio do Bakugou, então com essa nova oportunidade, acabei por trancar administração, o que era o mesmo curso que ele fazia, por fim não vou ter mais nenhum contato, me olhei no espelho, estava tentando me vestir de um jeito que gostasse, então comprei roupas novas, queria pôr um ponto inicial, tinha até largado meu estágio, nem acredito que larguei uma faculdade que fazia a dois anos, para fazer artes visuais, meu coração poderia explodir a qualquer momento, mas não era ansiedade ruim, é a melhor coisa que estou sentindo a dias.

 

1 ano e 4 meses antes

 

Quando eu tinha dezoito anos, eu sonhava em fazer faculdade de artes, eu desenhava por horas e horas sem cansar, mas estava sentado na cadeira que passava horas e não sabia como era segurar um lápis para começar um desenho, por onde aquilo começava? Primeiro era o ponto? Eu teria que pensar em alguma imagem? Como eu não lembro de como era fazer um desenho, era a coisa que mais adorava no mundo.

 

Eu olhava para aquela folha de papel, mas a única coisa que  se fazia presente, era minhas lágrimas, novamente eu me punia, pois eu não me lembrava mais aquela sensação de ficar só ali e aceitar que aquilo me completava, não sabia mais o que me completava. Pois Bakugou reclamava tanto que ficava ali, que aos poucos me forcei a não gostar tanto, mas acabei tendo um bloqueio que me fez ficar nessa situação de desgaste.

 

Eu estava a desenhar como sempre, não era nada fora do normal, até que Bagukou entrou no meu quarto e ficou me observando desenhar, era estranho o fato que ele ficava me olhando às vezes sem dizer uma palavra, até que volto meus olhos a ele, era meu namorado afinal, eu tinha que tirar um tempo, não podia ficar o tempo inteiro desenhando, tinha uma prioridade na minha vida além disso.

 

— Você quer alguma coisa? — Pergunto para ele, um sorriso apareceu em seu rosto, nunca pensei que ia odiar tanto esse sorriso.

 

— Eu só quero sua atenção — Falou em seu tom habitual, suas palavras sempre tinha uma raiva no fundo — Você vive desenhando o dia inteiro, às vezes acho que você dar mais atenção para seu próprio mundo desenhista.

 

— Não é isso Bakugou — O respondi o olhando — Essa é a profissão que quero seguir, eu preciso dedicar meu tempo também a isso, minha vida não é só você.

 

— Devia dar importância para as coisas que dão futuro Deku, desenho não vai te dar futuro, não faz sentindo você dedicar tanto tempo a isso — Aquelas palavras entravam na minha mente como agulhas, como se tudo isso fosse um choque de realidade, talvez ele tenha razão, nunca vi realmente alguém se dar bem nesse ramo.

 

— O que eu devia fazer então? — O perguntou em dúvida — Eu não sou bom mais em nada Bakugou.

 

— Você deveria ir para a mesma faculdade que eu — Finalmente ele teria falado algo amável, ele só queria que o acompanhasse, dou um sorriso após saber disso.

 

— Eu vou para onde você quiser Bakugou — Eu o amava demais, mas do que desenhar, porque eu ia precisar fazer uma coisa que não me dar futuro, pois ficar ao seu lado é tudo para mim.

 

 1 mês e 5 dias

 

Não importava mais, pois tudo que importa na minha vida, sou eu, pela primeira vez consegui me por em primeiro lugar e não desistir de sonhos por um amado, porque se alguém realmente te ama, ela te apoia nos seus sonhos, não os destroem como se não fosse nada.

 

Estava ali em frente a entrada da faculdade que estudei por dois anos, mas pela primeira vez não estava odiando o fato que eu ia fazer algo que não gostasse, dessa vez estou andando com meus próprios pés para um curso que eu amo, sinto isso dentro do meu coração, talvez as pessoas devem está me achando muito estranho, porque eu não paro de sorrir, como se tudo fosse diferente, portas estão abrindo para mim, sinto isso verdadeiramente dessa vez, não tenho mais preocupações bobas, o que me importa se o curso ia dar dinheiro, pois o importante é o que me faz feliz.

 

Eu estava andando para os meus sonhos, encontrei a minha sala e entrei para minha primeira aula do dia, tinha sido totalmente incrível, não que eu esteja exagerando, mas minhas expectativas foram totalmente saciadas. Tive a total certeza que finalmente sair da minha bolha de insegurança pelo o que ia fazer pelo resto da vida e dessa vez eu tenho alguém que me apoie, só preciso dela para me apoiar, agradeço muito pela minha mãe ter voltado a minha vida e acendido minha realidade.

 

Andei pelos corredores, mas sinto alguém esbarrando em mim, acabo por cair no chão, estava bom demais para ser verdade, olhei para a pessoa na minha frente, que pega suas coisas rapidamente, junto com minhas folhas que caíram nela, seu olhar era de total desespero, me juntei para a ajudar.

 

—  Me desculpa por ter esbarrado em você, estava com tanta pressa!

 

— Tudo bem, se preocupe só em pegar suas coisas.

 

Ela me olha com um sorriso doce no rosto, não podia parar de notar sua aparência, era uma garota linda, com cabelos curtos e castanhos, seus olhos pareciam duas amêndoas, entreguei seu caderno junto com suas folhas e peguei as minhas, me levantei e estendi minha mão, logo foi aceita, fez uma reverência, o que achei tão fofo.

 

— Me desculpa novamente! Obrigada por me ajudar a recolher minhas coisas…

 

— Tudo bem, o importante que não nos machucamos.

 

Novamente veio um sorriso, que foi acompanhado por uma risada, ela olhou o relógio rapidamente e deu um aceno para mim, foi uma despedida, mas decidi ter um pouco de coragem.

 

— Cuidado para não esbarrar em ninguém mais!

 

Gritei para que escutasse, por incrível que pareça, ela se virou e gritou de volta.

 

— Espero que não! Sem tempo para esbarrar em mais alguém.

 

Tudo que pude fazer, foi a olhar sumindo da minha vista, talvez não tenha algo que destruiu meu dia, mas que me fez ficar um pouco mais alegre, com o coração meio quietinho.

 

  Dia 24 de julho

1 mês e 2 semanas

 

Estava andando nos corredores da faculdade, tinha achado um cantinho algumas árvores e um banquinho, podia ser chamado de pracinha, mas quase ninguém ia ali, então posso chamar de meu, atravessei a grama, mas percebi um barulho, pude ouvir uma voz de uma garota, já tinha a ouvido em algum lugar, tinha quase certeza, vejo seu cabelo castanho, tinha certeza de quem é, porém o que a trazia ali, no meio de um lugar tão deserto na faculdade.

 

— Você me assustou!

 

Falou a garota olhando para mim, cruzei meus braços, não é minha culpa se não esperava ninguém ali.

 

— Não era meu objetivo te assustar, nunca tinha visto ninguém aqui.

 

Seus olhos arregalaram na hora, começou a apontar para mim que nem uma louca, fiquei a olhando estranho, como se uma interrogação tivesse em minha cabeça.

 

— Você é o menino do corredor!

 

Então ela me reconheceu, pode ser porque é impossível me esquecer, quem em pleno século 21 ainda pinta o cabelo de verde, mas gostava tanto da cor, quem não me importava de ser um pouco esquisito.

 

— Sim! Não pensei que ia te encontrar aqui.

 

Me agachei junto com ela, pude perceber que olhava para uma caixa de papelão, ficou calada me olhando, o que estranhei pela sua reação anterior, mas vi um filhote de gato dentro dela.

 

— Estava cuidando desse gatinho, não posso levar para minha casa, já tenho outros, mas fiquei com muita dó e se chover? Não posso o deixar aqui.

 

A olhei tristemente e fiz a coisa mais louca que pensei.

 

— Eu posso ficar com ele!

 

Ela me olha esperançosa, seus olhos brilhavam, era tarde demais para voltar atrás da minha decisão, pensei que talvez seja bom assim, eu estava sozinho em casa, uma companhia a mais não seria um desperdício.

 

— Você é incrível, obrigada mesmo por ficar com ele.

 

Peguei o gatinho em minhas mãos, seus pelos eram pretos, seus olhos brilhavam em verde, talvez tenha me apaixonado novamente, mas dessa vez foi por um gatinho, muito lindo, olhei novamente para a garota que não tirava o sorriso do seu rosto, sinceramente, ela ficava muito linda assim.

 

— Meu nome é Midoriya Izuku, nem ao menos nos apresentamos.

 

— É verdade. Sou Uraraka Ochako!

 

Deu um sorriso, talvez tenha me apaixonado pela doçura dessa menina, pela primeira vez sorrir para ela, que meio que se surpreendeu, provavelmente não esperava isso vindo de mim.

 

— Eu fiquei sorrindo o tempo inteiro, pensei que não ia fazer o mesmo.

 

Começamos a rir e passamos aquele intervalo de tempo brincando com o gatinho, enquanto me agradecia o tempo inteiro por cuidar dele, que amava animais, descobri que fazia medicina veterinária, o que me fez gostar ainda mais dela, só pessoas de bom coração escolhem uma profissão tão dolorosa.

 

— Você pode vim visitar ele quando quiser Uraraka san!

 

— Eu vou sim, mas antes preciso que você der um nome para ele.

 

Coloco uma mão no queixo pensando seriamente nisso, mas que nome eu poderia dar para ele, sou tão ruim com isso, parece que ela percebeu minha cabeça queimando de tanto pensar.

 

— Que tal, Hikari, significa luz, quero que esse gato traga isso para sua vida.

 

Dei um sorriso, levantei o gatinho em meus braços, que só fez um miau tão fofo que não resistir a passar minha cabeça por seus pelos.

 

— Seu nome vai ser Hikari.

 

A olhei feliz, tinha ganhado uma amiga na faculdade e de brinde um bichano, meus dias não podiam ser melhores, percebi então que todos os dias podiam ser bons, apesar de todos os meus sofrimentos, ainda estava aqui de pé, com toda minha vida pela frente, não podia ser mais agradecido, pois todas as minhas dores, se tornaram cicatriz, marcadas para sempre, mas não importava mais, pois estou feliz, não me importava se fosse passageira, o importante que nesse momento fui feliz e não tive medo de seguir em frente, então só tenho que dizer obrigado.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ter chegado ao final ♥



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