Aelin escrita por manuflores


Capítulo 1
1 Esquecida




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"Eu não me lembro mais da luz do sol...

Ah quase uma década aqui embaixo, eu não me lembrava de como era o céu. As estrelas, a lua, são uma lembrança tão distante, que às vezes é difícil acreditar que existam.

Nas catacumbas abaixo da cidade de Adarlan, a única coisa que eu via era escuridão. Escuridão densa e impenetrável, escuridão que só era quebrada duas vezes ao dia, quando me traziam comida. Era assim que eu conseguia contar a passagem do tempo nesse lugar.

         Quando o carcereiro vinha, mesmo após todos esses anos, meu coração batia forte no peito. Eram os únicos momentos que eu enxergava alguma luz, mesmo sendo a pequena luz tremulante de uma tocha. Essa pequena luz que vinha me visitar foi o que me ajudou a manter a sanidade, a me manter respirando, a me manter viva.

         Às vezes eu me pegava sonhando em como seria segurar a tocha, sentir seu calor em meus dedos em meu rosto...

         Calor. Ah quase uma década aqui embaixo, eu não me lembrava de como era a sensação do calor. Pensei que não sobreviveria ao frio nos primeiros meses nesta cela. Frio intenso e cortante que me tomou de tal forma, que achei que fosse me partir ao meio. Mas de alguma forma meu corpo abraçou a sensação e aceitou o gelo nos meus ossos, nas minhas veias. E eu sobrevivi.

         Eu não devia ter sobrevivido. A pena ao meu crime era a morte. A única coisa que me salvou, foi o fato de ser neta do grande Ancião e Sacerdote chefe do conselho de líderes de Adarlan, Rowan Galathynius.

         Meu “querido” avô salvou a minha patética vida ao interceder perante o conselho, dizendo que era desperdício me matar. Segundo ele, era melhor que me prendessem por algum tempo e depois quando me soltassem, eu faria trabalhos voluntários por toda a cidade até o fim da vida.

         Acontece que ele não especificou por quanto tempo eu deveria ser mantida presa, então o conselho escolheu me jogar aqui em baixo e decidir isso depois. E isso já vai fazer 10 anos.

         10 anos que eu fui esquecida aqui, longe da luz do sol e de seu calor. Longe de uma cama decente e de uma boa refeição. Longe da civilização, longe do mundo.

         Não que eu não mereça essa prisão, eu sei que mereço, afinal sou uma assassina. Eu tirei vidas, e esse é o meu lugar. Mas mesmo depois de tantos anos, há algo dentro de mim que não concorda com isso, e que se remexe toda vez que o carcereiro passa com sua chama tremulante. Algo que me faz sentir uma enorme vontade de gritar a plenos pulmões, que o que aconteceu, foi um acidente e eu não deveria estar aqui.

         Mas será que foi realmente um acidente ou o meu desespero estava me fazendo criar teorias?

         Claro que depois de tanto tempo os detalhes eram turvos e incertos, mas sempre que consigo me lembrar do que aconteceu, eu mergulho de cabeça nas memórias tentando achar o exato momento em que tudo deu errado. O momento em que eu perdi o controle e tirei a vida daqueles garotos.


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