Um Beijo Inesperado escrita por PepitaPocket


Capítulo 1
Capítulo Único




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Era festival de primavera, e Orochimaru sempre se irritava com esses eventos chatos que o Sandaime insistia em promover.

Embora, ele tivesse consciência que parte de seu desagrado é que ver toda aquele gente, cercada por seus amigos e familiares o machucava.

Porque ele não tinha mais nenhum familiar vivo, e porque eram poucas as pessoas que ele contava como amigo, para não dizer nenhuma.

E, naquele momento isto era evidente.

Ele via garotos de sua mesma idade, cercados por seus progenitores, alguns com seus irmãos. Outros com avós carinhosos, ou então apenas na companhia de um de seus cuidadores, fosse quem fosse.

Eles contavam com um olhar carinhoso sobre si. Enquanto ele continuava locomovendo-se sozinho pelas ruas, mais estreitas e escuras de Konoha.

Só queria comprar um pouco de sardinha e pão, e voltar para seus estudos solitários. Naquele dia, Sarutobi-sensei havia dado dispensa para seu time, para que aproveitassem o festival.

Mas, ele não tinha isso em mente, aquele tipo de coisa já não fazia sentido para o garoto de longos cabelos.

 — Orochimaru! – Mas, mesmo pegando as vielas mais escuras de Konoha, alguém o encontrara no meio do caminho, e o impedira de prosseguir.

E, ao olhar para o lado ele se deparou com uma garota loira, de olhos castanhos e sorriso arrogante. Sua colega de time era muito bonita, sim. Mas, temperamental e irritante, na mesma proporção.

— O que você quer? – O garoto parara de andar, sem se esforçar nem um pouquinho, em pelo menos tentar ser simpático.

Aquilo fizera com que Tsunade parasse momentaneamente de andar, e estancasse seus passos no chão.

— Eu o vi andando por aqui, e quis cumprimenta-lo... – Ela disse com a voz hesitante, e Orochimaru fechara ainda mais a cara, porque ela era uma péssima mentirosa, sempre foi.

— Nessa rua escura? Faça-me rir! – Ele disse com sarcasmo e aquilo não caiu nem um pouco bem, aos ouvidos da garota.

— Está me chamando de mentirosa? – Ela perguntou com uma veia saltando no canto de sua testa, e fazendo uma expressão que sempre fazia Jiraya piar fininho, mas ele não era seu colega de time sem cérebro, para se assustar com aquilo.

— Não. – Orochimaru disse com sua voz rouca e baixa.

— É você quem está dizendo isto... Kukuku. – Sua risada típica causara um calafrio na menina, que ficara toda sem jeito diante dos orbes verdes dele.

Estavam ambos com quinze anos de idade, e nos três anos que se seguiram, eles alcançaram o posto de time mais forte de Konoha, sendo os três jounins de elite.

O vilarejo estava em fase de recuperação da última guerra, e o número de missões caiu exponencialmente, e times altamente especializados como os deles, eram menos requisitados ainda, por conta do alto custo.

Irritada, Tsunade o puxara pelo quimono, com certa truculência. Mas, aquilo não o abalou apenas o fez revirar os olhos.

— Deixa, de ser previsível Tsunade... Aposto que vai me bater. – Ele disse com a voz abafada, não queria demonstrar que estava com medo, mas a verdade é que ele estava um pouquinho assustado.

Aquela garota mexia com ele de todas as maneiras possíveis e ele sempre ficava atordoado por causa disto.

As palavras dele, no entanto, fizeram a garota rever a própria atitude momentaneamente, e ali parada diante de seu olhar avaliador, ela sentira-se tão pequena e repetitiva.

— E, então porque não me bate de uma vez? – Orochimaru perguntou revirando os olhos em uma rara demonstração de impaciente.

Então, sem nem pensar duas vezes Tsunade fechou o punho e o garoto fechou os olhos. Mas, no lugar da dor do impacto, ele sentira algo doce, macio e úmido, acariciando seus lábios.

E, quando ele abriu os olhos, Tsunade estava na ponta do pé, o beijando calmamente. Embora ela estive mais vermelha que o cabelo da Kushina.

— O... Que... Que... Você... O que você fez? – Ele perguntou quando se lembrou de falar, dando um passo para trás e a afastando com certa brusquidão.

Mas, por causa disso ele pisou em falso, acabou caindo sentado no chão, a olhando com os olhos arregalados e os lábios entreabertos.

Sua reação surpreendeu a mulher, Orochimaru parecia em choque. Pois, ele já não estava mais habituado a estar perto de ninguém.

Os limites físicos para ele eram uma barreira que não era ultrapassada há muito tempo.

Um afago, um toque na mão, um carinho ou um abraço. Todas essas coisas desapareceram de sua vida, quando seus pais morreram.

E, agora vinha sua colega de time, e ela o beijava, praticamente do nada.

Estava pronto para um soco, e não um beijo.

— Porque você fez isso? – Ele voltou a perguntar com assombro.

E aquilo fizera Tsunade recuar, porque ela não tinha resposta.

Agira no impulso sem pensar.

E, acabara sem querer, entregando seu primeiro beijo a Orochimaru, que por sua vez parecera não gostar nem um pouco de sua ousadia.

— Por... Por... Porque... Ah... Porque sim! – Ela disse enroscando-se com as palavras, mais do que ele.

E, antes que ele voltasse a perguntar aquilo, ela girara nos calcanhares e prepara-se para se afastar.

Mas, Orochimaru que havia recuperado um pouco o controle de si, já havia se levantado e segurara seu braço, recebendo uma encarada assustadora de volta.

— Que foi? – A garota perguntou de qualquer jeito, tentando disfarçar o próprio constrangimento.

Orochimaru sentia que dizer, mas as palavras morreram em sua garganta. E, ele perdeu sua chance, por que Tsunade jogara de novo uma mecha de seus longos cabelos loiros, e seguira andando, deixando-o ali, ainda embevecido pela inusitada experiência.

Seu primeiro beijo, havia sido com a garota mais bonita da vila.

Sendo que ele certamente, era o garoto mais estranho da vila.

E, então um genuíno sorriso de felicidade brotara em seus lábios.

...

Tsunade por sua vez correra a toda a velocidade que suas pernas conseguiram, sem nem mesmo olhar para trás.

Estava mortificada de tanta vergonha.

Onde já se viu uma garota tomar a iniciativa de beijar um garoto?

Mas, quando julgou que estava longe o bastante, parara de correr, em meio a uma floresta de Sakura. As flores ainda não estavam totalmente desabrochadas, mas seu perfume característico era uma experiência marcante e tranquilizante.

Tocando os lábios com as pontas de seus dedos, ela ainda estava incrédula com a própria atitude.

Suas amigas diziam que Orochimaru era estranho e feioso. Tsunade sempre achou o moreno injustiçado.

Mas, a única vez que dissera isto em voz alta, virara chacota entre suas amigas, que lhe irritavam dizendo que ela estava apaixonada por Orochimaru.

E, esse pensamento era perturbador.

— Enfim, te encontrei. – O coração da Senju quase saiu pela boca, quando Orochimaru literalmente materializara-se atrás dela, como se fosse um fantasma.

— Oro... O... Orochimaru! – A garota tentou firmar as pernas, mas elas pareciam estranhamente molengas, com ele ali bem a sua frente, em uma proximidade sufocante.

— O... O... Que você quer? – Ela perguntou tentando esconder o quão desconcertada ela estava. 

— Eu a vi andando por aqui, e quis cumprimenta-la... – Ele dissera casualmente com a mão no bolso, apesar por dentro ele estar tão mexido quanto os ovos para um omelete.

— Hein?! – A Senju o encarou engoliu em seco, ainda mais quando ele dera um sorriso de canto. Ela sabia que ele só dava aquele sorriso quando estava tramando alguma coisa.

Dito e feito, sem nem avisar ele cortara a distância entre os dois, e grudara novamente seus lábios nos dela.

Tsunade ficara com os olhos bem arregalados, absolutamente em choque, sem acreditar que estava tendo o seu segundo beijo, em um espaço tão curto de tempo.

E, com o mesmo garoto.

Ao menos esse pensamento a deixava aliviada.

Então suas pernas começaram a falhar, mas os braços de Orochimaru a seguraram pela cintura e a firmaram, impedindo-a de cair no chão.

Orochimaru interrompeu o selinho, apenas quando os dois já não mais conseguiam respirar.

— Por... Porque fez isso, baka. – Ela disse conseguindo recuperar a fala, antes dele, o que o admirou.

Mas, Orochimaru de novo se sentia fora de órbita.

— Porque eu quis. – Ele disse com aquele sorriso maldito, que era um aviso de que ele estava tramando alguma coisa.

— ... – Ela chegou abrir a boca para dizer alguma coisa. Mas, a verdade é que se deixou levar totalmente pelo impulso.

— Arrependida? – Ele perguntou novamente, um pouco mais calmo, já não estava gaguejando tanto como antes.

— Não. – Ela disse rapidamente.

— Não precisa mentir. – Ele disse amuado, e ela arqueou uma sobrancelha.

— Está me chamando de mentirosa? – Ela perguntou-lhe fechando o punho, e ele lhe dera um sorriso, e ela quase teve um mal súbito quando fez isso, porque eles estavam andando em ciclo e eles iriam começar tudo de novo.

— Porque? – Os dois perguntaram em uníssono, e a verdade é que não tinha uma resposta, exata. Foi algo que aconteceu.

— Porque eu quis. – Eles disseram em uníssono, dando uma risada um pouco tímida, um pouco constrangida, e ao mesmo tempo repleta de cumplicidade.

Então sem aviso ele lhe estendera a mão, e Tsunade piscou algumas vezes confusa com o gesto.

— Quer ir ao festival comigo? – Ele ofereceu com sinceridade, e o coração de Tsunade falhou uma batida...

— Eu vou entender se você não... – Ele foi baixando a mão, um tanto na defensiva. Mas, antes que sua mão caísse totalmente, ela a capturou e a puxou com tudo na direção do caminho que nem era para eles seguirem.

Mas, coisas inesperadas acontecem, e elas abrem possibilidades nunca antes imaginadas.


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