Mais tarde, naquele mesmo dia, Sakura colocava a filha para dormir, lendo O Pequeno Príncipe e acariciando os cabelos lisos da menina — embalando mais o próprio sono do que o da filha. 

— Mamãe? — Sarada chamou baixinho, puxando a barra da blusa da mulher.

— O que foi, meu bem? — Sakura tentou disfarçar o bocejo, mas a meia luz do quarto estava tornando impossível manter-se acordada.

— O que é gay? 

Sakura engasgou no bocejo e amaldiçoou Jesse quinhentas vezes antes de conseguir formular qualquer resposta. 

Buscando os sinônimos mais simples, a mãe explicou sobre a biologia e sobre a legitimidade de qualquer tipo de amor, normalizando toda a narrativa, para que a menina não fosse contaminada com preconceitos retrógrados. 

Sarada pareceu convencida e descomplicou a lição, concluindo que era quando duas pessoas se gostavam, desconhecendo a complexidade social e estigma que, muitas vezes, o termo carregava. 

Sakura apreciou e invejou a mentalidade infantil e, por alguns segundos, quis que Sarada nunca crescesse, mantendo-se sempre doce e gentil.

No dia seguinte, quando ligou para o esposo, Sasuke riu como nunca e se satisfez com a simplicidade da filha. 

Na oportunidade, confidenciou como sentia saudades de casa. De Sarada e de Sakura. A mulher agradeceu silenciosamente que o marido não pudesse ver seu choro infeliz. 

Ela também sentia muito a falta dele.