Heartbeats

By: Archie-sama

Extra — ‘Cause you test my self-control

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Porque você testa meu autocontrole

Eren abriu os olhos no meio da madrugada, estavam vermelhos e cansados. Virou a cabeça para o lado e viu Mikasa dormindo serenamente. Engoliu em seco. Não havia conseguido pregar os olhos nem por um segundo.

Observou-a. As feições dela pareciam tranquilas e imperturbáveis. Era o rosto mais bonito que conhecia. Os olhos eram puxados numa linha charmosa, o nariz pequeno e os lábios perfeitamente desenhados. O rapaz foi descendo a vista e, à medida que não conseguia parar de olhá-la, começou a ficar inquieto. Passou pelo pescoço branco exposto e parou na alça da blusa branca que caía levemente pelo ombro dela. 

A essa altura ele já não estava em seu juízo perfeito, mas as coisas só pareceram piorar quando ele inevitavelmente mirou o decote dela. A blusa que Mikasa vestia era de um tecido leve e maleável, o que possibilitou que Eren visse o vão entre os seios medianos e o começo do sutiã branco que ela usava. Quando se deu conta de que permanecia encarando ali, as bochechas dele imediatamente se tingiram de um vermelho forte, e ele se obrigou a virar o rosto para o lado oposto.

Se fosse apenas isso, ele poderia até tentar ignorar… Porque, que a presença dela o deixava desconcertado, não era nenhuma novidade. Mas sentir as pernas dela se enroscarem nas suas daquela maneira tão despretensiosa… Era demais para aguentar. Já não conseguia controlar o coração acelerado e, quando ela agarrou seu braço ainda dormindo e se aconchegou nele — consequentemente esfregando os seios não tão cobertos em sua pele —, algo em suas calças parecia querer acordar. E isso não era nada legal.

— Mikasa… — decidiu chamá-la, mas ela não pareceu ouvir. — Oe, Mikasa — insistiu, balançando-a de leve. Não foi o suficiente. Ela devia ter dormido tão mal antes que, agora, depois de conversarem e ela finalmente conseguir relaxar, estava entregue a um sono profundo. Suspirou. Vê-la dessa forma o fazia se sentir culpado por querer acordá-la, porém não tinha outra escolha. 

Desvencilhou seu braço do aperto com cuidado e se virou até estar cara a cara com ela. Admirou-a por mais alguns segundos, antes de tocá-la no rosto e afagar sua bochecha suavemente. 

— Mikasa — chamou-a novamente, num tom afável, e viu-a contrair as sobrancelhas de leve. — Oe… — repetiu, até que ela enfim começou a acordar.

— Eren…? — Ela levou a mão para esfregar um dos olhos e o encarou. — O que foi?

— Sabe, Mikasa… — Eren fitou as íris escuras. — Eu não acho que isso vai dar certo.

A garota parou por um segundo, parecendo processar a informação, e logo se alarmou. Eren estava com os olhos vermelhos de sono...

— Desculpe, eu… — O coração dela se apertou — ...estou incomodando você? — Ela nem esperou uma resposta e já estava prestes a se levantar para ir embora, contudo ele a impediu, agarrando-a pelo pulso e fazendo-a permanecer onde estava.

— Não é isso! — a negação de Eren foi veemente, quase desesperada, e ele não quis soltá-la. Decidiu apenas afrouxar o aperto e segurar a mão dela, acariciando-a com o polegar. — É que, bem… — Ele procurava as palavras certas. — Sei que você me vê como família, alguém que é muito próximo de você ou algo assim… — Sua expressão era de seriedade. — Mas eu ainda sou um homem, Mikasa.

Silêncio. O rosto de Mikasa tomou um semblante interrogativo.

— Nunca pensei o contrário — ela afirmou, tentando compreender o que ele estava pensando.

— Então você entende que é problemático estar na minha cama agora? — O rapaz arqueou uma sobrancelha, meio descrente.

— Por quê? — Mikasa indagou simploriamente. Se não fosse ela ali, Eren até poderia levar como uma brincadeira… Mas sabia que ela falava sério.

— Bem, você… V-Você é uma garota. — As maçãs do rosto dele voltaram a enrubescer. Sua vergonha em tocar no assunto poderia até denunciar do que se tratava, entretanto era com Mikasa que estava conversando. Ela não entendia de enrolações justamente porque era uma pessoa direta.

— Sim, e eu ainda não entendo qual é o problema aqui — ela falou, completamente calma. Por que Eren estava falando coisas tão óbvias em vez de ir direto ao ponto?

Eren suspirou, derrotado, percebendo que desse jeito não faria mesmo com que ela entendesse. De repente, então, ele se ergueu e subiu em cima da moça, entrelaçando seus dedos nos dela e prendendo-a contra o colchão.

Mikasa arregalou os olhos e sua respiração ficou presa na garganta. Ele estava tão perto… As batidas do coração dela se intensificaram.

— Eren, o que está…?

— Se estiver testando o meu autocontrole, sabe que eu nunca fui bom em mantê-lo, Mikasa — ele sussurrou de encontro à face dela, os olhos afiados mirando-a com intensidade e o hálito quente causando-a arrepios.

Agora ela entendia. Ações eram muito mais eficientes que palavras.

— E você sabe que não precisa se controlar perto de mim — rebateu, o peito subindo e descendo rapidamente conforme sua respiração mudava. Por que ele sempre a deixava nervosa assim?

Eren soltou um grunhido baixo, colando seu corpo ainda mais ao dela. Como Mikasa tinha coragem de dizer essas coisas para ele? Se ela queria fazê-lo perder a cabeça, definitivamente havia conseguido. Agora sua ereção era o mais real possível, e pressionou-a entre as pernas dela, fazendo-a apertar seus dedos. Mesmo vermelha e ofegante, Mikasa não parecia querer recuar. E isso o deixava puto de tantas maneiras diferentes...

— Idiota — ele resmungou, com o coração batendo forte. — Você não faz ideia das coisas que eu quero fazer com você agora — murmurou como um alerta. Mas ela não se importou, uma vez que cerrou as pálpebras à espera do que viria.

— Então me deixe saber — ela sussurrou por fim, ciente de que não haveria mais volta.

E Eren realmente abandonou todo seu autocontrole, inclinando-se e esmagando os lábios nos dela. Um beijo forte e totalmente diferente do anterior. Mikasa o aceitou com todo seu corpo e sentimentos, desprendendo suas mãos e jogando-as ao redor do pescoço dele. Seus dedos se emaranharam nos cabelos castanhos e sua boca abriu-se para receber o beijo com mais profundidade. A língua de Eren se arrastou por seus lábios e invadiu sua boca, tão quente e úmida quanto da primeira vez em que se beijaram.

Enquanto a beijava, as mãos do rapaz subiram por dentro da blusa de Mikasa, apertando a pele dela com certa força e fazendo-a envolver as pernas em sua cintura.

Eles se beijaram por um longo tempo, sem espaços para pegar ar. Sendo assim, quando Eren pressionou os seios de Mikasa por cima do sutiã, o gemido dela saiu mais sôfrego do que deveria, e ele finalmente se afastou um pouco, permitindo que a respiração alta dela ecoasse pelo quarto. Não demorou muito para que eles voltassem a se beijar com pressa, enquanto Eren apalpava o corpo feminino onde podia. Mikasa era muito tentadora, e ele queria suprir todas as curiosidades sobre ela — queria conhecê-la inteira.

Até que uma estranha movimentação no quarto deixou-os em alerta, imaginando se alguém poderia ter invadido o alojamento. O rangido do assoalho, em seguida, foi o bastante para que se separassem e ficassem a postos para o caso de qualquer ataque. Todavia, a figura que jazia de costas para os dois, caminhando de fininho com o plano de fugir pela porta sem chamar atenção, possuía cabelos loiros muito conhecidos.

— Armin?! — ambos questionaram em uníssono, a surpresa se estampando em suas faces.

Armin virou o rosto em câmera lenta, encarando-os com culpa nos olhos. Ele estava tão vermelho que era capaz de soltar fumaça pelas orelhas.

— D-Desculpa atrapalhar!! — a voz dele soou mais alta do que deveria e ele começou a gaguejar, morrendo de vergonha. — Finjam que não me viram aqui, por favor — implorou. — P-Podem continuar o que estavam fazendo! — Ele cobriu o rosto vermelho com as mãos, correndo porta afora como se sua vida dependesse disso.

Armin havia acordado pouco tempo atrás, e a presença de Mikasa na cama de Eren não o surpreendia… Até eles começarem a ter aquela interação, deixando-o sem saber o que fazer. Ele havia ficado todo aquele tempo apenas escutando os milhares de gemidos e arfadas do casal, encolhido em sua cama e enrolado no lençol somente com o  rosto rubro à mostra. Não queria ter atrapalhado os dois, mas também não conseguiria ficar ali e presenciar sabe-se lá o quê.

Apesar do choque, ele sempre soube que os dois se amavam.

Eren e Mikasa se entreolharam, igualmente corados. A emoção de se agarrarem esfriou, sendo deixada para outra hora. E eles logo começaram a rir de si mesmos, porque a situação, ainda que embaraçosa, era engraçada demais para ser ignorada.

Como podiam ter esquecido de Armin?!