Alba Molly escrita por Gabinos


Capítulo 1
Fire in the attic


Notas iniciais do capítulo

JÁ DISSE QUE É ANIVERSÁRIO DO MINOS?

Songfic/trocadalho com Anna Molly, do Incubus.
Anomaly ♥

Incubus - Anna Molly
Letra/Tradução: https://bit.ly/2UhC26Q
Youtube: https://bit.ly/33K9F4a
Spotify: https://spoti.fi/2xoAAGQ



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As densas nuvens cobriam o céu de Rotterdam, com alguns raros raios de Sol escapando por entre elas. Já havia passado tanto tempo desde que o conhecera que formar a imagem completa em sua mente era uma tarefa árdua. A única certeza é que o outro homem possuía um rosto belo como nenhum outro no mundo, pelo menos sob sua perspectiva. 

Todos os detalhes eram perfeitos, o nariz arrebitado, a pinta logo abaixo do olho...o olhar profundo que o impedia de ler os pensamentos do rapaz. Eram como um mar revolto, prestes a engolí-lo a qualquer momento. E o perfume! Ah, nem uma rosa verdadeira exalava um aroma tão vivo quanto o do moço com quem vivera aqueles dois meses inesquecíveis.

Minos foi chamado de volta à Terra pelo apito de um navio que se dirigia ao porto. Era sempre daquela maneira: quando estava prestes a ter a figura toda, algo o distraía. Frustrado, apanhou um punhado de pequenas pedras do chão e as arremessou à água. Acendeu um cigarro com certa dificuldade, pois o vento insistia em derrubar a chama do isqueiro. Discou rapidamente enquanto distanciava-se dali a passos largos.

— Senhor Larsen, perdoe-me. Ainda não consegui encontrar a pessoa. — A voz cansada respondia por através do aparelho.

— Que merda, Lune. Já faz uma semana que você está encarregado disso e parece tão inútil quanto qualquer outro.

— Estou fazendo o possível, senhor. Não há bons métodos se não pode me dar mais informações.

A ligação foi interrompida ali. Minos apenas não dispunha de mais nada que fosse relevante. Poderia passar horas discursando sobre a maciez da pele daquele homem, sobre a mania de andar a passos tão leves que parecia um gato quando saltava da cama e dirigia-se ainda nu ao chuveiro, como cerrava os olhos com força quando chegava ao orgasmo e logo depois jogava-se contra seu corpo, ofegante, vulnerável. 

 

O primeiro nome pelo qual aprendeu a chamá-lo não era nada mais do que uma piada boba. O cabelo longuíssimo e as proporções femininas do corpo confundiam qualquer homem que estivesse bêbado pela metade do que Minos estava naquela noite. As luzes coloridas que piscavam em um ritmo frenético o deixaram ainda mais atordoado.

— Molly. — respondeu a voz grave, sem virar-se. 

 

    Enfrentou algumas ressacas até encontrá-lo novamente, em outro clube. Lembrava do nome dado pelo homem que, por sua vez, somente conseguia recordar do fora que havia dado no bêbado por conta do nome usado. Dessa vez, Molly encarou-o. Não o julgou como um dos mais tenebrosos. Parecia ter dinheiro. 

    — Alba.

    — Alba Molly, então.

    Pois, se tentara tirar sarro da cara dele com aquele nome esdrúxulo, teria que arcar com as consequências. Alba Molly tampouco se importava. Queria apenas uma coisa.

    — O que você quiser. Me pague uma bebida se quiser continuar essa conversa.

    Não pagou somente um drinque. Ou somente uma noite. Rotterdam é um desses lugares onde há clubes abertos durante todos os dias da semana. Um ótimo lugar para sumir e esquecer da vida. Por alguns meses, de hotel em hotel, Alba Molly passava os dias e as noites com o nem tão bêbado e nem tão desagradável Minos. Os cabelos azuis combinavam bem com as luzes das casas noturnas, com os lençóis macios e com o horizonte da cidade. 

    Alba Molly combinava, sobretudo, com Minos.

    E com a bagunça que os dois faziam naqueles quartos carregados de impessoalidade.

    Porém, em Oslo, outra pessoa aguardava que Minos tomasse as rédeas de suas responsabilidades. Ver as faturas dos cartões, recheadas de pagamentos dos mais diversos e duvidosos estabelecimentos, deixava Hades ainda mais furioso com o sumiço do herdeiro.

    Não demorou para achá-lo. 

    Por Alba Molly, teve que simplesmente sumir. Não podia imaginar no que aquele merda de homem que precisava chamar de pai faria se soubesse do dinheiro gasto com outro homem, aquele com quem dividia a cama. Entretanto, agora Hades estava morto. Podia deixar qualquer idiota tomando conta da empresa, afinal chegara a hora de procurar por Alba Molly, de irritá-lo, repetindo aquele nome ridículo à exaustão.

Não faria diferença se Alba Molly não fosse mais Alba — nem Molly. Apenas o queria por mais um instante. Precisava ordenar as imagens desconexas que se formavam naquela cabeça que nunca deixara de pensar nele. Ali, sempre teria Alba Molly, ssim que pudesse despedir-se do modo correto.


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