E, querido, até mesmo nas nossas piores noites

Estou afim de você.

Ouviu do quarto o som da porta de entrada se fechando e em seguida as chaves serem jogadas no aparador a caminho da cozinha. Continuou deitada no quarto escuro enquanto via a movimentação discreta pelo apartamento, sabendo que Sasuke colocava as compras em cima da mesa com cuidado para não acordar ela ou Axl, que dormia confortavelmente aos pés da cama.

De fato era um cachorro sem muitas preocupações. Não parecia se importar com a nevasca lá fora ou a tensão que cercava os seus “pais”.

Fechou os olhos ao ver a sombra se aproximar pela luz do corredor. Ouviu uma bufada de Axl e a porta ser puxada até ser fechada, depois de alguns segundos que provavelmente foram uma espiada para ver se ela ainda estava dormindo.

Encarou o teto em meio a escuridão do quarto, ela podia se levantar e resolver a situação mas engolir seu orgulho era difícil e sabia que Sasuke não cederia tão facilmente também.

Estava a quase uma semana sem colocar o nariz para fora do apartamento, a nevasca só piorava e sem sinais de melhorar, tudo estava fechado e grandes mercados eram longe demais para ir a pé, já que não havia como sair de carro, então a pequena mercearia a duas quadras dali estava sendo o único fornecedor ali onde poderiam comprar qualquer mantimentos.

Foi o que ela pensou no início da manhã quando decidira colocar as botas de neve e o casaco impermeável e estava pronta para preencher os armários que já aparentavam baixa de alimentos. Sasuke dormia e estaria de volta antes que o namorado acordasse. 

Mas antes que saísse, sentiu os braços dele em sua volta e a voz de sono a questionando onde estava indo. Havia achado graça de como ela estava cheia de roupa e ele apenas com a samba-canção que usava para dormir e principalmente grata por terem arrumado a calefação antes do inverno começar.

E não que fosse algo ruim estar presa com seu namorado no apartamento, mas ela precisava respirar um pouco de ar fresco.

— Porque não deixa que eu vou mais tarde?

— Vou estar de volta em meia hora, pode dormir.

—  Nem pensar, Sakura! Não tem uma alma viva na rua e a neve está forte. Porque você não me escuta?

Bem, junte isso a um estresse de uma universitária que teve a suas provas finais canceladas devido a maldita nevasca e todo a tensão de ter sua rotina alterada do nada e ter uma única pessoa para descontar.

Uma briga daquelas.

Ficaram desde então se falar, Sasuke passou o dia todo no estúdio trabalhando e ela rondando do quarto para a sala. Até que ouviu a movimentação dele para se arrumar e ir realizar as malditas compras. 

Talvez, só talvez, tenha ficado chateada quando ele simplesmente saiu sem dar o rotineiro beijo nela e avisar que já voltaria. Ficou cuidando pela janela enquanto ele, lá embaixo, deixava pegadas na neve, um pontinho de um metro e oitenta no meio daquele inverno todo.

Talvez, só talvez, achou que tinha exagerado com ele.

Algumas coisas apenas fazem sentido

E uma delas é você e eu

Quando saiu do quarto, lá estava ele, com Axl no colo e podia jurar que o buldogue a olhou como se estivesse jogando na cara dela que estava ganhando carinho na barriga.

Mordeu os lábios, acompanhando a luta livre que Sasuke acompanhava na televisão. Os olhos escuros fixos nas trocas de socos e superkicks. 

Ela estava com ciúmes de Axl, babando e totalmente à vontade no colo de Uchiha Sasuke.

— Pensei em fazer macarrão e molho de tomate para o jantar… O que você acha?

Isso, ataque na comida preferida.

— O que você achar melhor. Sasuke respondeu a olhando rapidamente entre a franja que começava a cobrir os olhos. - Comprei o seu vinho.

0x1

Ele tinha comprado o vinho mesmo depois dela xingar até a terceira geração dele. 

Acenou e foi até a cozinha, ele havia de fato feito uma boa compra, os armários estavam abastecidos, por pelo menos, mais uma semana (tempo mínimo que era previsto o rigoroso inverno). Perguntou-se como ele havia trazido tudo aquilo sozinho.

Olhou mais uma vez sob o balcão americano e lá estava ele, iluminado apenas pela televisão, antes de começar a preparar para mostrar que havia levantado a bandeira branca.

—  Eu não sou inútil ao ponto de não poder ir ao mercado, Sasuke Uchiha.

—  E eu nunca disse isso, mulher. Sakura, só estou dizendo que é perigoso lá fora e eu vou mais tarde. Podemos voltar pra cama?

Jesus, ela tinha exagerado. Suspirou enquanto sentia-se na obrigação de caprichar no molho de tomates. O cheiro já tomava todo o apartamento e mesmo sem trocar nenhuma conversa, podia ver a cabeça dele virar algumas vezes em direção a cozinha.

—  Quase pronto, amor.

—  Certo. - Respondeu colocando Axl no chão e indo até ela.

Sakura ficou a espera dos costumeiros beijos ou carinhos, mas ele apenas começou a arrumar a mesa enquanto ela escorria o macarrão e adicionava ao molho, colocando a travessa na mesa na frente dele.

Esperou algum comentário que não veio, então decidiu pegar o vinho e as taças no armário. Reparou que Sasuke a seguia com os olhos em todo o processo até repousar as taças na mesa.

E em silêncio comeram, tentou puxar algum assunto que ele somente respondeu o básico. O tom de voz não era de irritado, mas ela sabia que estava sendo castigada e quase tinha certeza que ele estava se divertindo ao colocá-la naquela situação ou ainda estava bem chateado.

Ainda percebia os olhares dele para e olhou-se, esperando que estivesse completamente suja de molho até os cabelos mas ao invés disso, Sakura tinha achado a solução para o impasse deles. 

Sequer tinha se lembrado que havia saído do quarto apenas com uma camisa dele e calcinha - uma combinação muito apreciada por seu namorado. Agora tudo fazia muito sentido a maneira que Sasuke a seguia com o olhar mesmo sem trocar uma palavra.

Mas para ter certeza e antes de tomar qualquer atitude, levantou-se quando ambos terminaram e comer e pegou os pratos, empinando a bunda mais do que o necessário ao colocar tudo na pia.

E espiando pelo canto do olho, lá estava ele, de olho nela e ela não pode negar que sentiu-se arrepiar. Sasuke era intenso em tudo que fazia e como fazia, mas o olhar dele sempre foi algo que a prendeu, desde o primeiro minuto com ele a cinco anos atrás.

Sorriu quando o sentiu atrás de si, guardando os pratos limpos e colou suas costas no peito dele, sentindo a sua respiração no topo da cabeça.

—  Me desculpa? - Pediu sincera. — Errei feio hoje de manhã e descontei o estresse em você.

—  Tudo bem… - Ele suspirou, parecendo cansado, aquele clima pesado não combinava com eles e sabiam disso. —  Sei que os últimos dias foram difíceis para você. 

—  De verdade? - Continuou ali, sentindo o calor gostoso que vinha dele. —  Estou me sentindo mal por isso. Mesmo.

Ouviu o sorriso dele atrás de si antes de senti-lo apoiar o queixo no topo da sua cabeça e os braços a circularem.

—  De verdade. - Sasuke parecia bem humorado. Os braços fortes dele fecharam-se a sua volta, apertando-a. —  Mas não fale aquelas besteiras novamente, sabe que não penso aquelas coisas de você.

—  Viajei, né?

—  Viajou, amor.

Querido, nenhum dia se passa

Que eu não esteja afim de você

Fechou os olhos, sentindo o beijo plantado nos cabelos. A sensação gostosa de estar nos braços dele e o cheiro dele em toda parte. Encaixou-se ali, mais próxima que pudesse de Sasuke, os dois em silêncio, dessa vez curtindo a presença um do outro, depois de um dia todo em cômodos separados.

Mas ela não tinha se esquecido daquelas olhadas e certamente não deixaria isso de lado.

Afinal, era inverno, estavam praticamente presos em casa e tinha aquele homem incrível somente para ela. 

E sexo de reconciliação era bom pra caramba. 

Ouviu a respiração de Sasuke pesar quando roçou a bunda entre as pernas dele, bem ali, senti-o contra si.O aperto dos braços aumentando e respiração quente como o inferno na sua nuca. 

—  O que você quer, hn? - Sasuke perguntou em seu ouvido, mordiscando a sua pele, espalhando arrepios por todo o seu corpo e a fazendo colar-se ainda mais nele.

—  Só quero fazer as pazes.. - Respondeu sapeca, sentindo Sasuke fricção o quadril contra si. 

—  Você realmente merece uns tapas. 

O braço direito soltou-se do aperto e correu por sua barriga até sua coxa, onde ele apertou. —  Andando desse jeito, quando passamos o dia mal um com o outro. Você é má, Sakura.

Desaprendeu a como respirar quando a mão dele escorregou novamente por si, brincando com a alça da calcinha e entrando ali, até o ponto que pulsava.

—  Preciso castigar você? - A voz dele era baixa, mas ecoava na sua cabeça enquanto o dedo indicador brincava na sua entrada molhada. —  Você está pingando, amor. 

— Sasuke… - Suspirou, sentindo a ereção contra sua bunda e vendo a mão grande movimentando-se embaixo da sua camisa e dentro dela. 

O nome dele não saia de seus lábios e isso o alimentava, o fazia apertá-la mais, penetra-la com um e depois dois dedos, entrando e saindo, enquanto se beijavam em meio a suspiros dos dois.

Apertou a mão dele entre as suas coxas, sentindo-o trabalhar dentro de si, segurando-se com força na camisa dele, até sentir aquela sensação distante e a risada de Sasuke em seu ouvido acompanhada de mordiscadas.

— Ainda não, Sakura. Ainda não.

Ela podia reclamar, mas afinal sabia que ali estava a pequena vingança de Sasuke. Apenas aceitou segui-lo enquanto ele saia da cozinha com suas mãos entrelaçadas até a sala.

Sorriu quando o observou sentar-se no sofá, desfazendo a braguilha do cinto e o botão da calça jeans, ação que Sakura o interrompeu para fazer por si mesma e sentar-se no colo de Sasuke.

— Eu estava cuidando de você, assim como estou fazendo agora, amor. - Sasuke suspirou sentindo Sakura o apertar enquanto entrava.

Segurou-a firme na cintura, ditando os movimentos, enquanto a boca alternava entre os seios. Sakura retribuia em suspiros e apertos involuntários que deixavam Sasuke ao limite, trazendo o corpo da namorada cada vez mais forte e rápido para perto de si.

— Que delicia, Sakura. - Chupou o pescoço dela. — Você vai gozar pra mim? Hn?

Levou a mão até entre eles, massageando o clitóris com o polegar, deixando que ela cavalgasse nele, cada vez com mais urgência e paixão.

A puxou para um beijo forte, sentido ela desmanchar-se em si enquanto estocava em busca do próprio alívio que não demorou a vir.

Não é fácil amarmos um ao outro

Mas quando nossos dedos se entrelaçam

Não posso negar, não posso negar, você vale a pena

Não fazia ideia de quanto tempo estavam deitados ali, a atenção mudava da tv para os beijos e apertos. Tão pouco tinham vontade de levantar, em algum momento não prestavam mais atenção no filme clichê que passava, mas sim nos planos que montavam para após a nevasca que cobria toda Chicago.

— Vontade de comer pipoca… - Sakura comentou, lembrando que queria ir no cinema. — Nossa, pipoca doce…

— Eu comprei. - Sasuke gabou-se, um sorriso singelo nos lábios enquanto o braço tapava os olhos. 

— Eh? Dois a zero… - Sakura suspirou, percebendo que falara alto demais seus pensamentos, porém Sasuke não pareceu se importar com o comentário, estava ocupado brincando com os dedos finos da garota.

— Mês que vem é o nosso aniversário.

Sakura concordou com um sorriso. — Podemos viajar para algum lugar.

— Aa. - Sasuke concordou, não fazendo questão de explicar, pelo menos não agora, o que planeja para a comemoração. 

Apenas Axl sabia onde ele tinha escondido as alianças, afinal.

Porque depois desse tempo todo

Eu ainda estou afim de você