All My Loving escrita por Somebodytolove13


Capítulo 5
Why are you crying? Part 1


Notas iniciais do capítulo

Hey! Tentei voltar mais rápido dessa vez. Eu pretendia escrever mais nesse capítulo, mas tem tanta tanta coisa acontecendo que fica difícil aliviar a cabeça para isso. Espero que gostem e lembrem-se:

Vidas negras importam.



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O Sol brilhava alto no céu, esquentando Nova York e alegrando os cidadãos que acompanhavam as mais novas notícias.
Todos os jornais daquela tarde passaram a transmitir a imagem da loira. Quinn Fabray saíra de casa pela primeira vez após a confusão do hospital, seguida de perto por Brittany S. Pierce. Com uma de muletas, as jovens seguiam em direção a um diner da cidade, o favorito de Brittany, chamado Theatre Row.

— Você chama atenção, hein, senhorita Fabray?- Sam falou, animado.

— Agh, até mais do que queria.

O local era bem aconchegante, perto da área de apresentações de teatro e serviam uma comida deliciosa. As saíram do grande carro preto com certa fome e ansiosas para terem finalmente um descanso fora de casa. Assim que a porta de vidro foi aberta, Quinn sentiu várias pessoas sussurrarem e alguns celulares serem estendidos em sua direção.

Uma sensação de angústia a atingiu de leve, e viu-se procurando pelo gorro azul que ocupava seu bolso, discretamente, para que a amiga não visse. Ela fechou os olhos rapidamente, tentando se controlar para não perder seu raciocínio e continuar com a tarde boa que elas mereciam, pelo menos que Brittany merecia.

As duas loiras se sentaram na mesma mesa que costumavam ocupar sempre, no canto, perto da janela, onde podiam ter uma visão mais ampla de tudo. Brittany, à sua frente, esperou paciente pelo garçom, batendo seus pés, enquando Quinn encarava alguns garotos que tivaram fotos suas.

— Só não os mande tomar no cu.- A amiga disse, olhando o teto do estabelecido. Quinn riu levemente e assentiu.- Sabe...- Disse com a voz sonhadora.- Da última vez, pensei se esse teto não seria um sótão. Li em alguma materia que alguns diners guardam comidas de séculos atrás em áreas como essa para manter a comida boa e temperada. Também vi algo sobre comida de gato ser usada em umas sobremesas...

A cantora arregalou as olhos, surpresa. Sua boca formou um sorriso sincero e ela segurou o riso.

— Vamos ter que pesquisar mais sobre isso depois, não quero ter comida de gato nos meus doces.- Suas mãos saíram do bolso para ocupar a mesa. Risos preencheram o ar enquanto uma garçonete se aproximava, o bloco de notas na mão. Ela parecia levemente entusiasmada por atender à mesa e Quinn deu um sorriso acolhedor, seu ego inflado por causar esse efeito.

— O que vão querer?- Disse rápido, não tirando os olhos de Quinn. A cantora analisou rapidamente a garçonete, que tinha os cabelos loiros e nariz arrebitado.

— Acho que vou querer ovos com bacon e um suco de laranja.- A garota dos olhos de avelã disse, retribuindo o olhar de flerte. Sentiu um chute de Brittany embaixo da mesa e segurou o xingamento.

— Vou querer uma torta de maçã, se puder colocar algumas rodelas em volta...- Disse, dando um sorriso para a garçonete e encarando Quinn com um olhar bravo.

— Claro, volto em alguns instantes com pedido de vocês.

Quinn sorriu para a garota, que corou e saiu quase pulando.

— Quinn, o que foi isso, hein? E quem pede comida de café da manhã no meio da tarde?

Ela revirou os olhos com um sorriso de canto. Mas seu olhar logo fixou-se na voz que escutou perto da porta. Lá estava Rachel Berry, acompanhada por uma garota de cabelos longos e lisos que ela pensava ser Santana, sua colega de quarto. Ela sentiu seu estômago gelar e sua respiração ser comprometida. A fisioterapeuta vestia uma roupa casual e uma saia até os joelhos, foi estranho para a paciente vê-la assim, tão informal.

— Me esconde, Britt!

A amiga acompanhou sua visão e sorriu ao localizar Rachel. Sua boca se abriu para chamá-la, e Quinn previu o desastre que aconteceria.

— Não, Brittany! Ela está claramente ocupada!- A cantora afundou-se no assento, observando a morena decidir onde se sentaria, com Santana reclamando algo. Ela xingou baixinho quando a fisioterapeuta apontou para uma mesa ao lado e encaminhou-se para sentar, com a expressão preocupada. A loira à sua frente sorriu.

Os cardápios foram usados para disfarçar qualquer olhar, os ouvidos apurados para captar alguma parte da conversa.

"Eu não sei, Santana. Ele é legal e tudo, mas não quer nada por enquanto...Sabe que não gosto de coisas instáveis".

"Vocês acabaram de se conhecer, Rachel. Não é como se ele fosse te pedir em namoro ou algo do..." Sua fala foi interrompida por algo " Merda, o esquisitão tá aqui".

"Ele veio?!"

A profissional travou em sua cadeira, empalidecendo-se. Atravessando a porta do estabelecimento, agitado, estava Finn Hudson. O garoto era muito alto e vestia um moletom cinza e uma calça jeans azul desgastada. Seu rosto estava vermelho e ele parecia estar com algumas dificuldades para respirar. O olhar do casal cruzou-se com um sorriso envergolhado.

— Aqui está seu pedido, senhorita Fabray.- Disse a garçonete, chamando seu nome de forma alterada, alto o suficiente para que outros escutassem. Quinn respirou fundo e olhou de esguelha para a mesa, sentindo os olhos amendoados de Rachel fixos em si. Um frio percorreu sua espinha, tirando a concentração que tentava inutilmente permanecer. Ela observou os bacons bem feitos deixados pelas mãos delicadas, mas algo a impedia de agir normalmente.

— E então, vão querer mais alguma coisa?- Os olhos da garçonete desceram até seu próprio nome, gravado no tecido do uniforme. "Molly Howard" estava escrito.

— Por enquanto é só, Molly, muito obrigada.- Disse Quinn. A expressão da garota pareceu mudar e ser substituída por uma nova, quase decepcionada, retirando-se devagar.

— Pensei que fosse pedir o telefone dela.- Pronunciou Brittany.

— Também pensei, mas não posso. Não consigo voltar para isso agora.- Suas mãos procuraram pelo gorro novamente, Finn agora sentou-se na mesa vizinha.

Quinn respirou fundo e estendeu a mão para comer a primeira fatia de bacon, mesmo sem o antigo apetite. Quando estava prestes a colocar na boca, a voz sonhadora falou:

— A amiga de Rachel está flertando comigo.

A loira largou o bacon no prato e sussurrou, evitando olhar para os três.

— O quê?!

Brittany deu de ombros, uma boa garfada em sua torta foi colocada em sua boca, para depois responder:

— Ela está olhando para mim o tempo todo, parece que não gostar do rapaz. Na verdade, ela está vindo pra cá.- Disse relaxada.

A loira se virou para a latina, que pegou uma cadeira para si e sentou-se, entre as duas garota, cruzando os braços e jogando o cabelo. Quinn crispou os lábios, estranhando a garota. Do outro lado, Rachel e Finn pareciam abordar um assunto sério demais para perceber o sumisso da mulher.

— Oi, sou Quinn, você quer um autógrafo ou...

— Eu sei seu nome, não estou interessada em você. Só quero fugir do pamonha do Finn.- Interrompeu, seus olhos caem sob Brittany e ela os pisca.- Mas talvez eu esteja interessada em você. Qual o seu nome, princesa?

— Brittany S. Pierce, e o seu?

— Santana Lopez. Você é linda, Brittany, é um prazer te conhecer...

Durante todo o flerte, Quinn se concentrou em comer a comida de seu prato, porque tinha a leve impressão de que se demorasse demais iria ter sua comida roubada por Santana. Ela também não poderia desperdiçar bacon, ainda mais depois de tanto tempo sem comê-lo, visto sua gravidez anterior. Ela olhou de leve para o que acontecia ao redor, algumas pessoas olhavam a cena curiosa, "Quinn Fabray estava de vela?" "Estaria Quinn Fabray solteira?" "Teria Quinn Fabray problemas em se relacionar com as pessoas?". Seriam essas as manchetes do dia seguinte, acompanhadas por fotos de três pessoas, sentadas em uma mesa. Com uma delas comento café da manhã no meio da tarde e outras duas se devorando com os olhos.

Quinn passou a olhar as ruas movimentadas de NY, querendo sair para andar um pouco, mas lembrando que estava impossibilitada. E ainda ficaria impossibilitada por algumas semanas a mais. A loira suspirou, passando suas mãos pelo cabelo curto e esperando aquele suposta tarde animada terminar. Foi quando seu celular vibrou no seu bolso que a loira se levantou, sem perceber o que acontecia na mesa próxima. Finn Hudson saíra com o rosto conturbado e Rachel encaminhou-se para o banheiro, o destino de Quinn.

— Alô?- Se levantou e pediu licença a Brittany. Ao andar com o auxílio, vários olhares a seguiram.

— Olá, Quinn, é o Will Schuester. Pode falar agora?

A loira sentiu seu corpo afundar em nervosismo, abrindo a porta do banheiro e parando em frente ao grande espelho que lá enfeitava. Ela respirou fundo e fechou os olhos, apoiando-se na pia.

— Quinn? Podemos conversar?

Seus olhos foram abertos e enxergaram duas sapatilhas pretas dentro de um dos cabinetes. Algo dentro dela parecia saber de quem eram os sapatos, e ela permitiu-se sorrir com a coincidência. Rachel Berry também estava no banheiro.

— Sim, podemos. Estou em um lugar seguro.- Disse, observando o ambiente.

— Okay...- A voz madura tinha um tom hesitante.- Você deve começar sua tour assim que sua perna estiver melhor, certo? A gravadora vai precisar de todo o acompanhamento médico e também devemos negociar para que Rachel te acompanhe durante os primeiros shows aqui nos Estados Unidos.

— Vocês já conversaram com ela?- Seu reflexo no espelho era preocupado, além de opaco.

— Ainda não, vamos fazer o mais rápido possível.

As mãos frias foram parar novamente nos bolsos, a procura de apoio. O apoio que só a lembrança de Beth poderia dar. O tecido foi acariciado pela cantora que sentiu a mágoa subir pelo seu peito, espalhando-se em suas veias e contagiando seu corpo.

— Bem, acho que é o mais justo a se fazer. Deixe-me saber do passo a passo.

A ligação foi terminada, tão rápida quanto veio, e Quinn deixou guardou o celular, passando uma água no rosto enrijecido. O cabinete do banheiro abriu-se. De lá, Rachel Berry saiu, a cabeça levemente baixa e o rastro de lágrimas em seu rosto mal escondido. Quinn prendeu a respiração, arregalando os olhos e exclamando:

— Está tudo bem?!

— Eu não escutei sua conversa, não se preocupe.- Ela pega um pedaço de papel para enxugar o resto de seu choro. Parando ao lado de Quinn e também apoiando-se na superfície de mármore.

— Eu não me preocupei com isso.

Suspiros preencheram o ambiente.

— Acho que devo me retirar...

— Eu não sou sua paciente aqui, você sabe né?

— Um passo para frente foi dado, encurtando o espaço entre as duas. A morena ergueu seus olhos para observar Quinn, como se decidisse a sua forma de abordagem, como se olhasse para um complexo cálculo matemático que clamava por resolução. - Bonita a sua blusa, Rachel. Não sabia que gostava de West Side Story.

A voz rouca comentou, profunda e calma, na tentativa de acostumar-se com a delicadeza do momento.

— Obrigada.- A morena deu um sorriso triste em sua direção, deixando algumas lágrimas caírem sem perceber.

A cantora sentiu seu coração pesar a medida que a morena deixava seus sentimentos escaparem, e esticou-se até a pilha de papéis que ficava no canto, sua perna fisgou em reclamação, mas a dor foi ignorada.

— Posso?- Perguntou, estendendo os papéis para a morena e dando um sorriso de canto.

Rachel assentiu, sentindo as mãos acariciarem seu rosto e deslizarem perto de seus olhos. Fechou os olhos e surpreendeu-se com a delicadeza dos gestos. Ela sabiam a exata pressão que deveria usar contra sua pele, os movimentos tão calculados que pareciam fazer cócegas. As cócegas tão suaves que pareciam alastrar-se pelo seu corpo, como as fagulhas do fogo, leves, mas intensas.

Quinn posicionou-se de frente para a garota, levemente nervosa com a proximidade. Seus olhos depararam-se admirando a beleza da garota, Rachel tinha belos olhos e um boca desenhada e cheia, seu rosto tinha algumas pintinhas perto da bochecha e nariz que a tornavam ainda mais única.

— Você não deveria fazer tantas pressões no pé. Acha que eu não vi?- Denunciou, com um sorriso leve.

— Da próxima eu não faço.- Falou Quinn, ajeitando-se da maneira correta para ajudar a morena. Um silêncio calmo invadiu seus corpos, confortável e singelo.- E então, eu deveria bater nele ou algo do tipo?

Rachel riu baixinho, assim que percebeu que a garota falava de Finn.

— Não, não deveria. A culpa não é dele.- suspirou.- Sou eu quem cobra perfeição de coisas desconhecidas.

Então, Quinn terminou de enxugá-la, indo lentamente até o lixo e jogando tudo fora. Rachel acompanhava cada passo dado. A loira até poderia perguntar mais, porém seria invasiva e indelicada. E ela odiava esse tipo de pessoa.

— Se você diz...Estou sempre disposta a bater em homens.- Seu tom era divertido, arrancando um pouco de felicidade de Rachel.

— Já percebi isso, mas realmente não é necessário. Obrigada, Quinn.

— Sem problemas. Você quer voltar lá pra dentro?- Sinalizou a porta com a cabeça.

— Pelo que eu vi, Santana e Brittany estão fazendo seu próprio encontro particular.

Os olhos avelã estreitaram-se, as mãos pálidas foram colocadas na testa a fim de clarear seus pensamentos. Quinn estava confusa sobre sua opinião da morena, estava confusa sobre como agir perto dela, mas, principalmente, estava confusa sobre quem era Rachel Berry. A garota profissional que a ajudou fora do hospital e que usa um dialeto tão trancado e formal não parecia a mesma garota que chora por relacionamentos, usandos uma blusa de West Side Story.

E a cantora deveria admitir, mais uma vez, dentre todas as outras coisas: Isso era no mínimo...atraente.

A porta do banheiro se abriu com um estrondo. Santana Lopez apareceu na porta, o rosto bravo direcionado para Rachel, mas coberto por um certo alívio assim que viu a cena.

— Você estava demorando demais, Rachel.- A voz mal humorada anunciou, e Quinn viu Rachel dar um passo em distância.- Vem comer, suas comidas de planta chegaram.

Antes de sair, Santana lançou um olhar de desafio para Quinn, que trincou o maxilar em resposta.

— Vai precisar de ajuda para ir até a mesa?- Rachel perguntou, os olhos já não tão inchados.

— Eu me viro.- A voz de Quinn saiu ríspida.

Sendo assim, Rachel saiu do banheiro, o porte ereto e decidido, como a profissional que a cantora já conhecia. O banheiro estava finalmente vazio e Quinn virou-se para o espelho. Tudo que ela via em reflexo era uma gigante bagunça, lutando para se encontrar de alguma forma. Seus cabelos loiros estavam dispostos sem controle pelo seu rosto, olheiras fundas e bolsas roxas discretamente sondando seus olhos claros. Ela suspirou, levantando sua blusa até a altura do abdômen e encarando o resultado. Uma cicatriz ainda roxa marcava sua pele, até a área próxima ao umbigo. Quinn arastou suas mãos até a área, seus dedos projetaram carinhos instantâneos por todo o seu comprimento.

— Beth...- Ela sussurrou, sua voz ecoando por todo o banheiro e encontrando seus ouvidos novamente.- Qual era a música?

Seus olhos foram fechados enquanto ela encaixava as muletas em seus ombros, arrastando seu corpo até a mesa com Brittany, a felicidade pouco sincera preenchendo seu rosto. Os flashes a acompanhando, tirando fotos que não atravessavam mais que a sua pele.

Na mesa, junto com as duas garotas, estava Rachel, que encontrou novamente os olhos avelã. E ali fixou-se, até que Quinn se sentasse.

— Hey, Quinn, seu copo.- Brittany sinalizou baixinho.

Havia um copo de cappuccino na mesa da garota, ela o olhou confusa. Não se lembrando de pedir nada assim, até que virou o copo para si. Um número de telefone estava lá escrito, com uma caligrafia apressada, mas bonita.

Quinn sorriu satisfeita, sentindo a adrenalina correr por suas veias. Deu uma olhada no ambiente, mas não encontrou Molly. Então, reposou o copo na mesa, para que em silêncio e observasse a vida fora da janela.

A morena, à sua frente, franziu as sobrancelhas e ajeitou sua postura, espetando seu garfo na torta vegana que havia pedido. O único barulho na mesa era proveniente de Santana e Brittany, que jogavam a conversa fora animadamente. Uma sensação estranha contagiou Rachel, enquanto ela encarava o brilho galanteador de Quinn, para outra pessoa.

No canto, uma televisão antiga mostrava a imagem de poucos minutos antes, quando ela chegava na lanchonete. Uma criança brincava na tarde quente em Nova York e a mente de Quinn viajava na tour que teria que planejar.

O resto? Bem, o resto era cinza, com uma pequena luz amendoada no final.


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Notas finais do capítulo

E então? Sei que foi curto, mas pretendo dividir em duas partes. A segunda vai se passar em outro momento, mas vai ter um intuito parecido. Comentem, me digam o que acharam.

Até a próxima!



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