Pacto No Desespero escrita por Crosfilos


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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No dia em que eu nasci as aves marinhas, que faziam ninho nos rochedos abaixo da janela do quarto de minha mãe, grasnavam sem parar. Algumas tentavam escapulir para dentro do quarto, mas todas falhavam em seu intento, pois a janela de madeira, a única no quarto, sempre ficava serrada. Não por causa das aves que procuravam desesperadas um abrigo contra o vento forte que soprava do mar, ou pela tempestade que se apoderava sem freio dos céus e do mar, mas sim pela vontade de meu pai.

Era costume em nosso clã que quando uma mulher ficava grávida era serrada em sua habitação, sem poder ver o céu, ou testemunhar os raios do sol até o momento em que ela desse a luz a seu filho. Pois segundo as crenças antigas, mulheres grávidas eram faróis para os horrores que vagavam nas sombras do meio dia, e também daqueles que se espreitavam na escuridão da noite.

O som, do que parecia ser 1 milhão de cristais de gelo se estilhaçando, toda vez que uma onda se levantava para então ser detida pelos firmes rochedos, podia ser ouvido por todo o antigo castelo, desde suas altas torres, cobertas de musgos e fezes de pássaros, aos calabouços sujos e frios.

A tempestades às vezes se superava, levantando ondas tão altas e fortes que respingos de sua crista golpeavam as madeiras da janela, testando as fibras da corda que a prendia.

Os gritos de minha mãe não se propagavam muito além do que a porta do quarto podia contar. A única que os ouvia era a parteira que a ajudava a passar por isso. Enquanto o resto de minha família ignoravam esse fato, ou se esquecera que ele se quer estava acontecendo. Pois aquela noite eles estavam ocupados demais em desfrutar de um abundante banquete, na qual lambuzavam seus dedos com grandes pedaços de porco salgado, e secavam suas canecas do melhor hidromel que se podia comprar dos comerciantes do continente. E pouco se importavam com o seu sofrimento.

Minha mãe era apenas uma humilde forasteira que fora resgatada do mar após sua familiar ter morrido em um naufrágio. E para meu pai e o resto do clã não fazia diferença se ela vivesse ou morresse, pois para ele uma mulher a menos ou a mais não era de muita importância, quando em seu harém ele detém 12 esposas, e minha mãe era apenas uma amante sem poder ou influencia no castelo.

No alto da torre alguns assobios de vento frio se esgueiravam por entre as frestas das pedras tornando o recinto mais frio a cada minuto. Mesmo que a pequena lareira que mal detinha lenha para sustentar o fogo se esmerava em tentar afastar o frio do lugar. As duas mulheres não se esmoreceram e continuaram no ato que me traria ao mundo.

Quando a tempestade finalmente acalmou sua cólera, eu nasci, e no instante em que fui erguido no ar pela parteira comecei a chorar anunciando finalmente minha chegada ao mundo, minha mãe já não estava mais nele.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do prólogo?



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