Stand By Me escrita por MilonDiGraram


Capítulo 3
Cicatrizes


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, peoples!
Demorei um pouco(ia postar hj mais cedo), MAS antes agora, do que amanhã!!
Espero que gostem, foi de coração e com esforço! Pois só consigo escrever voltando da facul, pq indo para o trabalho eu estudo... Enfim.. Enjoy!



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Izuku estava tentando compreender a situação que se desenrolava em seus braços. Cada ação diferente do que é comum se esperar de Bakugou, o deixava em um estado catatônico. Essa manha de se jogar em seus braços pedindo para tomar banho, nem em um milhão de anos ele esperaria do outro, mesmo muito doente, o que o fazia pensar se estava conhecendo o verdadeiro Katsuki ou uma personalidade temporária com base na cultura do mesmo. Seu coração preferia acreditar na primeira.

— E-eu preciso... É q-que... Você, é... – o maior tentava formular uma frase, mas estar no mesmo cômodo que o outro, com ele nu e dependente dele para tomar banho, não era fácil de digerir.

— Que eu me sente?

— I-isso... Por favor..

O loiro atendeu o pedido dele e com sua ajuda se sentou na banheira, que estava cheia pela metade, mas com água suficiente para ele ficar submerso. Se por um lado ele estava tranquilo com a situação, por outro Midoriya parecia uma pimenta malagueta.

De fato era triste imaginar que alguém não conseguia se mexer como sempre fez. Com limitações era uma coisa, agora sentir dor ao tentar se mover era uma experiência difícil. Pelo que a Vital lhe contou, o chute que ele levou teve o acréscimo de uma individualidade que aumenta as sensações do alvo, então mesmo sua individualidade acelerando o processo de cura, ainda sim seria uma recuperação delicada, pois toda dor, por mínima que seja era intensificada.

— Me ajude a levantar seu braço..

O esverdeado envolveu seu braço com o dele e o ajudou a mantê-lo estendido, de modo que o peso do membro ficasse por sua conta. Ele observava o outro seguindo com os olhos seu movimento e vez ou outra olhando para si conforme ele esfregava suavemente a esponja. Era estranho, mas um estranho bom ter a atenção pacífica do esquentadinho.

— O outro..

A palma de sua mão deslizou suavemente repetindo o movimento feito no outro braço, mas ao apoiar sua mão na axila do menor o mesmo teve uma crise de risos.

— Aí... Não segura aí, por favor.. – pediu sôfrego entre as risadas que só pararam quando Izuku parou com as cócegas ao se lembrar que isso também causava dor. Ele se controlou ao máximo para não rir, mas acabou rindo também. Sem sombra de dúvidas era algo novo para si, afinal ele nunca escutou a risada natural do outro, somente algo carregado de malícia ou maldade, algo sádico e até um pouco psicopata.

— Não fique aí rindo de mim.. Até parece que minha risada é a mais cômica que já ouviu.. – Bakugou ia parando de rir e recuperando sua respiração devagar, com uma cara de que estava com dor, mas sorrindo.

— Pode não ser a mais cômica, mas.. É a primeira vez que ouço sua risada..

— Ué, não somos conhecidos de infância? – questionou enquanto Midoriya virava seu corpo delicadamente, ficando de costas para o jovem no banco em frente a banheira, que colocou mais sabão na esponja e tremendo começou a lavar seu tronco. 

Devido a posição, a parte superior das suas cotas eram escoradas pelos joelhos do outro, de modo que era possível deitar sua cabeça no colo dele. 

— Eu me refiro a essa risada que você deu agora.. – esfregando o peitoral do loiro, da melhor maneira que podia considerando que estava com vergonha da situação, seu polegar acariciou o mamilo do outro que suspirou baixo.

Não era nenhum sacrifício para o esverdeado lavar o corpo dele, muito pelo contrário, ele estava mapeando o mesmo com todos os detalhes que podia. Os músculos do abdômen trincado, uma cicatriz ou outra que sentia com certa agonia, as diferentes temperaturas em pontos específicos e principalmente as zonas sensíveis a cócegas daquela obra de arte.

— Certo... A Vital disse que era bom você receber massagem para aumentar a circulação e ajudar na sua recuperação.. 

— Tudo bem..

 O maior segurou delicadamente o pescoço em seu colo com ambas as mãos em formato de L. Usando os polegares começou a fazer pressão para baixo até a base da nuca. Ele subiu as mãos e repetiu o movimento cinco vezes, até descer de uma vez.

— Nossa... Você é bom nisso.. – gemeu Katsuki entre suspiros.

Ele não prestou muita atenção nas palavras que o outro dizia, pois perderia a concentração que tanto lutava para manter. Suas mãos seguraram o braço direito do menor e exercendo a pressão com a ponta dos dedos até a palma de sua mão, repetindo o procedimento no outro braço. Suas palmas foram seguindo os músculos das costas e do tronco, enquanto aplicava força no sentido de movimento.

— Faço nas suas pernas quando você for dormir, pra ajudar a relaxar..

Ao terminar de dizer tais palavras, seu rosto começou a queimar com o volume que cresceu rapidamente na virilha do loiro, que ao perceber o rubor no rosto que o encarava deslizou seus braços devagar para esconder seu documento.

— Desculpe... É que a massagem estava realmente boa.. 

— N-não tem p-problema.. É uma reação n-natural do corpo..

Devido a todo constrangimento, mesmo sabendo que o outro sentiria dor com a movimentação, Midoriya nem ao menos discutiu quando Bakugou afirmou que terminaria seu banho e foi buscar uma troca de roupas para ele.

Quando voltou ficou observando os movimentos lentos e sentia em “não poder ajudar” ele, pelo bem deles continuarem conversando sem trocas de olhares constrangedores.

— Calma, eu te ajudo..

Se prontificou quando ele tentou levantar sozinho, mesmo que de modo desengonçado o ajudou a se secar e vestir suas roupas.

— Eu vou fazer alguma coisa pra comermos, prefere ficar na cama ou na sala?

A insistência em tentar deixá-lo andar sozinho foi enorme, mas nem mesmo aqueles olhos vermelhos penetrantes foram o suficiente para que ele cedesse.

— Tse... Na sala..

Ele por teimosia tentou caminhar para fora do banheiro quando o maior virou as costas, mas acabou se esborrachando no chão.

— Kacchan... – correu para acudi-lo. – Eu disse que você ainda não consegue se manter de pé sozinho.. – ele tentou pegá-lo no colo para descer as escadas, mas desça vez cedeu quando o outro pediu que ele o sustentasse para chegar até a sala com suas próprias pernas.

— Não foi tão ruim.. – gemeu de dor quando o esverdeado retirou seus braços de debaixo do seu corpo.

— Não sei porque não acredito em você.. – ironizou de braços cruzados, com um sorriso tímido.

Quando Izuku começou a caminhar para a cozinha, Katsuki chamou sua atenção.

— Eh... Deku...

— Algum pedido específico? Não sou um chefe de cozinha, mas dou pro gasto..

— Não, não, pode fazer o que achar melhor.. É.. Me desculpe por hoje cedo, eu estou confuso e isso me deixa irritado e acabei por descontar em você que está me ajudando muito, eu.. – ele iria continuar a se explicar, contudo foi interrompido pelas mãos do outro balançando freneticamente indicando para parar.

— N-não precisa s-se desculpar, e-eu entendo, de verdade – gaguejou sem graça. – Bem, quando eu terminar te aviso!

My Hero Academia

僕のヒーローアカデミア

— “Não sou chefe de cozinha, mas dou pro gasto”, balela.. – caçoou de Midoriya depois de comer aquele jantar maravilhoso.

Ao seu ver, foi uma refeição modesta, mas Bakugou comeu dois pratos e só parou por já estar satisfeito. O bolo de arroz com Curry apimentado e uma salada de legumes satisfez e muito seu paladar, pois ele amava comida apimentada.

— Não cozinho melhor que você.. As poucas vezes que comi sua comida não saem do meu paladar.. – comentou antes de recolher os pratos e levá-los a pia para lavar tudo e não ter trabalho depois. Ele não gosta de deixar para depois o que pode fazer agora.. Bem, em boa parte do tempo.

— A questão não é quem cozinha melhor e sim que sua comida estava ótima. Você tem uma autoestima muito baixa, Deku.. 

O esverdeado torceu o nariz para o comentário, mas não discutiu com a verdade exposta pelo outro. Não iria expor que muito provavelmente ele tinha problemas com isso devido as ações dele ao longo dos anos, mas mesmo não falando em voz alta, esses pensamentos não deixavam sua consciência.

— Quase dá para ouvir seus neurônios funcionando.. Me diga, como.. Como eu costumo agir?

Enquanto terminava de enxaguar os pratos, ele suspirou e lançou um olhar receoso para o questionador.

— Kacchan..

— Não, Izuku.. Sério. Hoje desde o momento que sai do hospital, todos que me conhecem saiam de perto quando me viam, mudavam de direção, entravam em choque quando eu acenava sorrindo ou mesmo só trocava algumas palavras.. Não consigo imaginar outra coisa se não eu ser uma espécie de bicho do mato por essa recepção calorosa.. – o loiro soltou tudo de uma vez e segurou a cabeça frustrado, soltando faíscas das mãos ao soltar os cabelos.

— Não vá se queimar.. Você não aprende mesmo.. – Izuku secou as mãos e saiu da cozinha sem dar nenhuma explicação. Houve uma movimentação nas escadas e no andar de cima, até ele retornar segurando duas luvas. Ele puxou uma cadeira e se sentou de frente para o outro, puxando suas mãos para seu colo.

— Devido as suas... Uhn... Crises de nervosismo.. Uma amiga criou essas luvas para você, ela absorve e evapora a nitroglicerina, evitando que você se queime ou cause prejuízos a sua volta.. – depois de ambas as mãos estarem cobertas, ele tentou se soltar para evitar aquele rumo, mas Katsuki segurou suas mãos, fazendo uma careta com a força aplicada.

— Por favor, Deku.. Eu quero saber..

O maior gemeu e inconscientemente acariciou as mãos do outro, parando ao se dar conta com a parte inferior do rosto vermelha.

— A versão amiga ou a versão imparcial? Porque existe uma diferença entre as duas, que é a minha visão e a dos outros.

O menor fez uma cara meio assustada, engolindo seco. Ele era tão “amado” a ponto do outro oferecer uma opção mais leve?

— A imparcial, por favor..

Midoriya suspirou e engolindo seco passou a encará-lo de modo sério.

— Você é, se é que pode ser considerado da nossa espécie, um ser humano terrível, só se importa com você e mais ninguém.. Apesar de receber uma boa educação esquece de usá-la.. Seu ego é um bicho de 49 cabeças em processo de crescimento.. Se em algum momento você teve empatia e soube como viver pacificamente entre a sociedade, foi antes de despertar sua individualidade, porque depois disso começou a tratar todos como seres inferiores, até pior do que lixo.. Quer que eu continue?

Bakugou esperava algo ruim por toda a comoção com sua mudança repentina de personalidade, mas aquelas palavras machucaram mais do que ele esperava. Agora faz sentido o comportamento dos vizinhos que possuíam filhos, ele não deixaria alguém com uma apresentação dessas chegar perto se fosse pai. Acima de tudo isso, é perceptível que seu “cuidador” era muito bem tratado por ele, tanto pelo recusa de falar sobre, o peso nas palavras e até mesmo o olhar de compadecimento, o que ele achava totalmente inapropriado, já que ele foi ou é uma vítima sua.

— Eu... É.. Você poderia me ajudar a ir para cama? Acho que preciso dormir..

— Kacchan, eu disse que era melhor não falar disso.. – o esverdeado se sentiu mal por não se sentir mal em jogar aquelas verdades na cara do outro. Embora, se o outro não insistisse, ele não o faria.

— Por favor.. – lágrimas começavam a brotar no canto dos olhos que ameaçavam ficarem mais vermelhos. Ele queria digerir essas informações sozinho, precisava.

Pegando-o no colo, o maior o levou até seu quarto o colocando delicadamente na cama e por fim cobriu seu corpo. Ele ficou alguns minutos em pé ao lado da porta, pois não se sentia bem sabendo que o loiro estava em tais circunstâncias por sua causa, mesmo que por escolha dele.

— Deku.. Me deixa sozinho..

— Só queria que você soubesse que eu nunca pensei em você dessa forma.. Para mim você sempre foi alguém a se admirar, uma meta a se alcançar, corajoso, obstinado.. E eu já te perdoei a muito tempo, quem vive de passado é museu.. E-eu vou pra minha casa buscar algumas trocas de roupa, q-qualquer coisa me ligue.. B-boa noite.. 

Izuku fechou a porta do quarto devagar e desceu as escadas a procura de suas chaves.


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Notas finais do capítulo

Não foi o que vocês esperavam, mas... Não foi ruim, né? >—_



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