O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 73
Ethan


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de O Legado part. 2, espero que estejam gostado em acompanhar a história do Ethan e da Cíntia e aos leitores fantasmas, apareçam pois adoraria saber o que estão achando da fic.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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Depois que deixei Cíntia em casa e fui dispensado friamente pela mesma, me senti frustrado e infeliz por não conseguir convidá-la para um encontro, mas tentei manter a esperança viva, pois a magia Quileute jamais destinaria alguém a mim que não corresponderia ao que estava começando a sentir.

Sorri feito um bobo, assim que me concentrei no que estava sentindo.

Era algo tão forte, único e lindo...

Um sentimento que jamais havia experimentado na vida e ao mesmo tempo era desesperador, porque queria estar a cada minuto ao lado do meu imprinting, mas sabia com base em suas memorias, que Cíntia ainda não estava pronta para retribuir tudo que estava começando a sentir por ela e isso doía.

Me sentia culpado por não ter entrado na sua vida antes do imbecil do Douglas, se isso tivesse acontecido teria lhe poupado tanto sofrimento, quem sabe a uma hora dessas pudéssemos estar noivos ou até casados...Talvez até esperando ansiosos, a chegado do nosso primeiro filhote...E tal pensamento me fez rir. Afinal, nunca desejei casar e muito menos ter filhotes e agora estava sonhando acordado em formar uma família, com uma mulher que parecia não querer nada comigo.

Resignado, deixei as chaves do carro do meu pai em cima da mesinha perto da porta e caminhei em direção a sala de música que havia na casa, abri a porta de vidro que possua detalhes de ramos dourados, antes de ligar as luzes e seguir para o piano que ocupava o centro da sala.

Segundo o que meus bisavôs haviam me contado quando criança, meu avô paterno havia reformado aquela sala para dá-la de presente de casamento para a minha avó paterna, uma talentosíssima pianista, de quem todos acreditavam que herdei tal dom.

Fiquei alguns minutos olhando para aquela sala, onde passava horas tendo aulas de piano quando pequeno ou compondo durante a minha adolescência, me permitindo ter saudade de quando tudo não era tão complicado como agora.

Sem que planejasse, algumas notas soltas surgiram na minha mente de maneira insistente, implorando para serem executadas. Caminhei em direção ao piano e levantei a tampa que protegia as teclas com cuidado, antes de me sentar no banco que ficava na sua frente.

Logo comecei a tocar as notas insistentes que surgiram em minha mente, uma a pós a outra, surpreso percebi que elas formavam uma melodia doce e inesquecível, automaticamente peguei uma partitura em branco e um lápis, matérias que sempre deixava perto do piano, antes de começar a anotar todas as notas que pareciam pipocar em minha mente.

Testei cada uma das notas inúmeras vezes até encontrar a harmonia perfeita, fazendo os ajustes necessários quando preciso, para que o som da música fosse igual ao que ouvia em minha mente e o resultado estava me agrando muito.

—Filhote? - ouvi minha mãe chamar perto de mim e desviei os olhos da partura rabiscada, para vê-la usando um robe azul escuro de seda enquanto segurava uma xicara de café nas mãos.

—Mãe, o que faz acordada tão tarde da noite? - questionei preocupado e ela sorriu amorosa, me entregando a xicara de café que estava em suas mãos, antes de afastar algumas mechas do meu cabelo que estavam em minha testa.

—Meu amor, são seis e meia da manhã de sábado. Pelo jeito, você passou a noite toda acordado tocando, depois que deixou a Cíntia em casa. - mamãe disse depois que me olhou de cima a baixo, provavelmente reconhecendo as roupas que havia usado ontem para o jantar, antes de olhar para a partitura rabiscada em minha frente.

—Uma música nova? Você não compõe a anos... Quem será que lhe espirou desse jeito? - mamãe questionou sugestiva enquanto se sentava ao meu lado, antes de tomar um gole do meu café, forte e sem açúcar, do jeito que gostava. - Posso escutá-la?

—Ainda não dona Leah, falta algumas coisas e nem está tão bom assim.- disse dando de ombros e tomando outro gole do meu café, enquanto mamãe me olhava séria.

—Ethan, meu amor, você é um pianista incrível desde pequeno. Você herdou a paixão pela música da família do seu pai, seus professores sempre nos disseram que nosso garotinho era um prodígio musical e achávamos que iria seguir a carreira de pianista, como a sua avó paterna, mas você decidiu se tornar médico. Tenho saudades de vê-lo empolgado com uma música nova ou compondo, acho que preciso agradecer a Cíntia por inspirá-lo novamente e não se preocupe, porque sei que ela gostará da música. - mamãe segredou para mim e sorri sem graça.

—Mãe, não fiz essa música pra ninguém...Eram só algumas notas, que vieram na minha cabeça. - desconversei e ela sorriu negando enquanto suspirava resignado, afinal, não havia como esconder nada da minha mãe. - Tudo bem, essa música é pra Cíntia, mas não planejei fazê-la...Estava pensando no meu imprinting, quando a melodia simplesmente surgiu e foi impossível ignorá-la.

—Você não está só atraído pela Cíntia, não é Ethan? - mamãe questionou preocupada olhando em meus olhos.

—Não, mãe. Nunca senti isso na vida, por isso não tenho certeza, mas acho...Que me apaixonei pela Cíntia, quando a vi. O que é estranho, afinal, a senhora só se apaixonou pelo papai, quando ele sentiu o mesmo. Porque comigo é diferente? Será que tenho algum problema? - questionei preocupado e minha mãe sorriu amorosa, antes de acariciar meu rosto.

—Não há nada de errado com você, Ethan. Você e Benjamin, pertencem a uma geração mais forte e diferente da minha, pois são frutos de um imprinting. Seu irmão sempre foi racional e equilibrado, talvez seja por isso, que ele primeiro se encantou com a Mel antes de se apaixonar, já você, sempre foi mais emocional e apaixonado, por isso se apaixonou à primeira vista pela Cíntia.

—Que sorte a minha. - disse triste desviando os olhos da minha mãe, para olhar as teclas do piano e ela levantou meu queixo para vê-la.

—Porque está dizendo isso, filhote?

—Porque para a Cíntia, o amor precisa ser demonstrado em atos e não em palavras bonitas, mamãe.

—Então demonstre, Ethan.

—Mãe, não é tão simples assim... Nunca tive um relacionamento com ninguém, sempre fiquei com mulheres por quem me sentia atraído, mas com a Cíntia é diferente...Nem sei direito o que dizer a ela ou como devo me aproximar...E se ela me afastar ou não quiser nada comigo? – questionei apavorado enquanto pensava nessas hipóteses.

Não fazia nem vinte e quatro horas que tive o meu imprinting e já não conseguia mais me imaginar longe de Cíntia. Precisava estar ao lado dela, da mesma forma em que precisava de ar para os meus pulmões.

—Não sei o que fazer, mamãe...Por favor, me ajuda...- implorei entre lágrimas e ela me olhou com ternura, antes de me abraçar com carinho enquanto chorava em seu peito de forma dolorosa.

Mamãe me deixou chorar em seu peito por horas acariciando meu cabelo com carinho, enquanto cantarolava uma antiga canção de ninar na língua Quileute até que me acalmasse.

—Mais calmo, filhote? - mamãe questionou carinhosa, assim que me afastei do seu peito e ela enxugou as lágrimas que restavam em minha bochecha.

—Um pouco, mas estou apavorado, mamãe. Tenho medo, de não ser o melhor para a Cíntia e não quero que ela sofra de novo, ainda mais por minha causa.

 -Filhote, apenas respire fundo. - mamãe disse carinhosa e fiz o que ela pediu, me acalmando aos poucos. -Ethan, meu amor, não precisa ter medo confie na força do imprinting, que uniu você e a Cíntia. A magia, vai lhe mostrar o melhor caminho até o coração dela.

—É tudo o que espero, mamãe. Porque estou pensando seriamente em alugar um quarto na pensão da avó dela, só para ficar mais perto da Cíntia. - disse considerando a ideia e mamãe sorriu surpresa por minha ideia.

—Vai com calma querido, ou acabará assustando-a.- ela me aconselhou e suspirei.

—Calma não é uma qualidade minha, dona Leah.

—Eu sei, mas a paciência sempre é recompensada no final. - ela disse sabia e sorri surpreso, por receber um conselho sobre paciência justo da minha mãe.

—Esse conselho é muito irônico mamãe, ainda mais vindo da senhora.

—Vai descansar um pouco, engraçadinho. Afinal, o padrinho dos noivos, não pode aparecer na igreja com a cara de quem passou a noite em claro. - mamãe disse e sorri concordando lhe dando um beijo em sua bochecha, antes de pegar a minha partitura rabiscada e levantar do banco em que estava sentado.

—A senhora não vai subir também, mamãe?

—Vou amor, seu pai já deve ter acordo e se questionado onde estou. - ela disse enquanto se levantava do banco antes de sairmos da sala de música de braços dados em direção aos nossos quartos.

Depois que sai da sala de música, fui para o meu quarto onde tomei um bom banho e cai na cama, dormindo por algumas horas antes de Benjamin invadir meu quarto, querendo saber tudo que havia acontecido entre mim e Cíntia, depois que deixei nossos pais em casa.

—Ela me dispensou, Benjamin. - disse magoado e meu irmão sorriu, antes de se sentar ao meu lado na cama.

—E isso magoo seu ego de conquistador, não foi? - ele questionou me olhando com seus olhos castanhos escuros e suspirei.

—Em parte sim, mas não quero que a Cíntia seja apenas uma conquista. -expliquei e meu irmão sorriu surpreso ao ouvir as minhas palavras.

—Você está gostando da Cíntia, não é?

—Não Benjamin, acho que estou apaixonado por ela. - disse sincero e meu irmão ficou feliz em ouvir a minha confissão.

—E a sensação de estar apaixonado é boa, não é? - meu irmão questionou sorrindo enquanto empurrava meu ombro com o seu.

—É maravilhosa. - segredei e sorrimos cúmplices. -Vou sentir sua falta, Ben. Principalmente agora, que precisarei de você.

—Hei, irmãozinho, vai ficar tudo bem. Posso está morando em outro país, mas sempre que precisar de mim é só ligar que venho correndo, nunca se esqueça disso.

—Eu sei, mas agora você tem a Mel e o seu filhote para cuidar...- comecei a dizer e meu irmão me interrompeu.

—Mesmo assim, estarei ao seu lado sempre que precisar de mim, basta apenas ligar. - ele prometeu suave e agradeci antes de abraçá-lo forte, pois aquela poderia ser a última vez que compartilhávamos um momento entre irmão.

—Eu te amo Benjamin e vou sentir sua falta. -sussurrei e meu irmão me abraçou mais forte.

—Eu também te amo Ethan e também vou sentir a sua falta. -meu irmão sussurrou amoroso enquanto permanecíamos abraçados.

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—Deus, parece que as horas não passam. - Benjamin disse nervoso enquanto passava a mão no cabelo escuro, após olhar pela milionésima vez as horas no relógio que havia na sacristia, onde estávamos esperando a cerimonialista nos chamar para entrar na igreja.

—Filho, apenas respire fundo e tente se acalmar. No final, tudo dará certo. - papai disse suave enquanto olhava nos olhos do meu irmão, que estava uma pilha de nervos.

—O papai tem razão, Ben. Não precisa ficar nervoso, pois tudo dará certo, apenas respire fundo. -disse tentando tranquilizar o meu irmão que concordou antes de respirar fundo.

—E você, como está? -Ben questionou preocupado enquanto me olhava.

—Estou bem, não se preocupe comigo. Hoje é sobre você e a Mel, não sobre mim. - disse ao meu irmão que caminhou até mim e colocou a sua mão direita em cima do meu ombro, enquanto me olhava nos olhos.

—Sou seu irmão mais velho, Ethan, jamais vou deixar de me preocupar com você.

—Sei disso, mas está tudo bem, não precisa se preocupar. - assegurei para o meu irmão que concordou antes de se afastar de mim e se aproximar dos nossos pais.

Sem dizer uma palavra, Benjamin segurou as mãos dos nossos pais, enquanto olhava para eles de forma terna e agradecida.

—Gostaria de agradecê-los por todo amor, carinho e cuidado que me dedicaram até hoje. Obrigado por tudo que me ensinaram, desde os valores pessoais e profissionais até o amor ao próximo, só espero ser metade do pai, que os dois foram para mim e para meus irmãos. - meu irmão disse emocionado e mamãe sorriu para ele antes de enxugar as suas lágrimas.

—Você será filhote, afinal, já possui o primeiro passo para isso. - papai disse carinhoso e meu irmão o olhou confuso.

—Que seria? - Ben questionou confuso e mamãe sorriu amorosa para ele.

—O amor, querido. Você ama o seu filhote mais do que tudo no mundo, esse sentimento é o primeiro passo para se tornar um grande pai ou mãe. - mamãe disse suave e meu irmão abraçou nossos pais ao mesmo tempo enquanto dizia que os amava.

Fiquei em silêncio lhes dando privacidade, pois sabia o quanto os três precisavam desse momento, mas minha atenção foi desviada pelo som abafado de alguém chorando em algum lugar da igreja, preocupado sai da sacristia sem avisar ninguém.

Segui o som pela igreja até que reconheci um cheiro extremamente familiar para mim, desde que o senti pela primeira vez ontem quando tive o meu imprinting. Apavorado com a possibilidade que Cíntia pudesse estar em perigo, comecei a correr em direção ao som até encontra-la encolhida no chão atrás de uma coluna, chorando de forma dolorosa enquanto abraçava seus joelhos.

Vê-la daquela forma, tão indefesa e desamparada, machucou meu coração, pois era meu dever fazê-la feliz e protegê-la, mas parecia que estava falhando na missão mais importante da minha vida.

—Cíntia? -chamei suave temendo assustá-la, enquanto me ajoelhava ao seu lado, e ela virou surpresa por me ver, com seus lindos olhos verdes escuros cheios de lágrimas e isso partiu meu coração.

—Cíntia, o que houve? Porque está encolhida no chão, chorando desse jeito? Por acaso alguém te machucou? – questionei tentando controlar a minha raiva para não assustá-la, pois a única pessoa que merecia experimentar o meu descontrole seria aquela que a havia feito chorar daquela forma.

—Não, ninguém me machucou fisicamente...-Cíntia disse com a voz embargada enquanto enxugava suas lágrimas e logo me lembrei do boato que seu ex havia espalhado, fazendo com que a empresa inteira a julgasse, quando na verdade ela havia sido a grande vítima de um idiota.

—Entendo, apenas...Não ligue para o que eles falam. Você é muito melhor, que todas aquelas pessoas que estão lá dentro. – disse doce sem deixar de olhar os seus olhos, tentando tranquiliza-la de alguma forma.

—Obrigada por pelas palavras de conforto, Ethan. - Cíntia disse agradecida e lhe ofereci o lenço que estava no bolso do paletó que estava usando, lhe deixando surpresa com o meu ato. -Você é um homem que usa lenço? Achei que vocês estivessem em extinção.

E sorri feliz da sua piada, por perceber que apesar de tudo a minha Aurora ficaria bem, mas iria garantir pessoalmente que o responsável por esse boato estupido, pagasse por todo mal que estava fazendo a ela.

—Nem todos, Cíntia. - sussurrei seu nome de maneira devotada sem desviar dos seus olhos, mas apesar de estar gostando desse nosso momento de cumplicidade, sabia que estar sentada naquele chão gelado poderia lhe deixar doente e não queria isso.– Agora que tal, se levantássemos desse chão gelado?

—Seria muito bom. – ela disse suave e oferecei minha mão para ajudá-la a levantar.

Assim que nossas mãos se tocaram uma corrente elétrica, a mesma de ontem, nos afetou só que dessa vez ela nos puxou em direção ao outro, até que não houvesse mais distância entre nós. Logo um pensamento autoritário, vindo do meu espirito de lobo, dominou a minha mente.

Minha.

Minha fêmea.

Meu imprinting.

—Eu posso...Lhe pedir uma coisa? – Cíntia questionou rouca sem desviar os olhos dos meus, totalmente envolvida pela força do imprinting que nos unia.

—Tudo o que quiser, Cíntia. -  disse sem desviar os olhos dela e vi quando a vontade de me beijar tomou conta dos seus olhos verdes escuros por alguns minutos, mas antes que pudesse realizar o nosso desejo ela balançou a cabeça quebrando o encanto que nos envolvia, soltando suas mãos das minhas antes de se afastar me deixando magoado por seu gesto.

—Por favor, não conte que me viu chorando. Não quero preocupar meus amigos, no dia mais feliz da vida deles. – ela implorou olhando nos meus olhos e respirei fundo antes de passar a mão tremula no meu cabelo, tentando espantar os efeitos do imprinting de mim, antes de balançar a cabeça concordando.

—Não se preocupe, dou a minha palavra que não contarei nada. Tem certeza que está bem? -questionei conformado, pois parecia que Cíntia queria esquecer que estava a um passo de me beijar.

—Tenho. Obrigada pela ajuda, mas preciso encontrar com a cerimonialista, para saber se tudo está seguindo como o planejado. Nos vemos na porta da igreja. – ela disse apressada e concordei a contra gosto antes de vê-la andando apressada para longe de mim.

Suspirei resignado e frustrado por vê-la fugindo de mim, mas precisava respeitar o seu espaço, afinal, Cíntia ainda carregava muitas magoas da sua relação anterior e seria natural que ela não quisesse se envolver com ninguém ainda.

—Vou esperar por você Cíntia Aurora, não importa quanto tempo seja. - jurei sério enquanto ainda olhava para a porta, por onde meu imprinting havia saído minutos atrás.

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Enquanto meus pais tentavam acalmar meu irmão, que voltou a ficar uma pilha ao perceber que já estava na hora dele entrar na igreja, procurava por Cíntia do lado de fora  e sorri maravilhado assim que a encontrei e percebi o quanto ela estava linda, pois mal percebi que roupa ela estava usando quando nos encontramos minutos atrás, já que só conseguia me preocupar em fazê-la parar de chorar.

Me afastei da minha família sem dizer uma palavra antes de caminhar em direção a Cíntia, como se estivesse sob o encanto de uma sereia e tinha que admitir, pois era a única explicação para o poder que ela tinha sobre mim em tão pouco tempo que nos conhecíamos.

Era como se aquela linda loira de olhos verdes esmeraldas tivesse me enfeitiçado, mas ao em vez de lutar ou resistir, me entregava cada vez mais ao feitiço daqueles olhos. Ainda fascinado continuei caminhando em sua direção, desesperado para estar novamente ao seu lado.

—A senhorita me daria a honra de me acompanhar? -questionei assim que parei ao seu lado e Cíntia virou para me ver, com meu braço a espera do seu.

E nossa...Ela estava muito mais linda de perto do que de longe.

Contatar esse fato fez meu coração acelerar, como se quisesse sair do peito para se entregar a mulher parada em minha frente, sua verdadeira dona dele. Sem dizer uma palavra, Cíntia sorriu de maneira educada, antes de aceitar o braço que lhe oferecia e caminharmos em direção a entrada da igreja , de onde a cerimonialista nos olhava aflita.

Cíntia podia até querer ignorar as reações que seu corpo demonstrava, toda as vezes que nos aproximávamos, mas a magia do imprinting sempre daria um jeito de nos unir em qualquer situação, até que ela pudesse me ver muito mais que o irmão caçula do seu amigo.

—Queria lhe dizer algo, mas não quero que interprete da forma errada. – disse nervoso enquanto caminhávamos em direção ao nosso lugar na fila, pois não queria que ela interpretasse errado as palavras que diria.

—Que tal você tentar a sorte? -Cíntia sugeriu olhando em meus olhos e sorri por ela ter me desafiado, pois adorava um bom desafio.

Fiquei ainda mais feliz, ao ouvir seu coração acelerar diante do meu sorriso me enchendo de coragem para o que iria dizer.

— Você é linda, Cíntia. Me sinto um felizardo, por estar ao seu lado. - sussurrei com a voz rouca

enquanto olhava em seus olhos, me perdendo na imensidão daquele mar verde escuro, que rapidamente se transformou em uma tempestade ao ouvir meu elogio.

E novamente me deixei levar pela força do imprinting, sem desviar os olhos dos dela demos os últimos passos que ainda nos separavam, enquanto respirarmos de maneira entrecortada, ansiosos para saber quem daria o próximo passo, realizando assim o desejo que estava expresso nos olhos de Cíntia e provavelmente nos meus.

—Cíntia...- sussurrei com a voz rouca olhando em seus olhos, enquanto me aproximava ainda mais dela para beijá-la, mas uma buzina de um carro que passava na rua nos assustou, fazendo com que nos separássemos rapidamente. E olhei para o céu questionando ao universo, porque ele estava me impedindo de beijar a mulher por quem estava apaixonado.

—Precisamos entrar. - Cíntia disse de repente interrompendo meu dialogo com o universo e concordei antes de seguirmos em direção a entrada da igreja, dessa vez sem nenhum contato o que me deixou frustrado por nosso afastamento.

—Ethan, Cíntia, chegou a vez de vocês. - a cerimonialista nos chamou e concordei antes de caminharmos em direção a entrada da igreja para entramos.

—Pronta? - questionei oferecendo novamente meu braço e Cíntia respirou fundo, antes de aceita-lo.

—Sim. – ela disse fria antes de conduzi-la para dentro da igreja.

Enquanto caminhávamos até o altar ouvi alguns convidados conversando entre si, deixando claro que não estavam contentes com a escolha de Cíntia para ser a madrinha do casamento, chegando ao ponto de sugerirem que o casamento do meu irmão e de Mel não duraria muito, pois ele devia ter um caso com a madrinha.

Ouvir isso me deixou furioso.

Quem aquelas pessoas pensavam que eram, para julgarem a minha Aurora daquela forma? Ou colocarem em duvida a integridade moral do meu irmão ou o seu amor por Melissa? Mas antes que pudesse cometer alguma loucura, que estragaria o momento pelo qual meu irmão e minha cunhada tanto esperaram, comecei a fazer os meus exercícios respiratórios para tentar me acalmar.

Só que dessa vez, quem me acalmou foi o cheiro de pitanga que Cíntia possuía e o seu calor reconfortante que chegava até a minha pele, mesmo através do paletó que estava usando. Mas calmo, prometi dessa vez a Deus e a São Lucas, padroeiro da minha família, que faria de tudo para trazer a verdade à tona, pois meu imprinting não merecia arcar pela falta de caráter do cafajeste do seu ex-namorado.

Não me lembro de praticamente nada da cerimônia de casamento, pois toda a minha atenção estava em Cíntia que ficou emocionada durante toda a celebração, demonstrado a sua felicidade pelos amigos e fiquei ainda mais encantado por ela, pois apesar de toda a dor e desilusão que sofreu meses atrás, ela estava ali feliz por celebrar o amor dos seus amigos.

Demonstrando o quanto ela era leal, aqueles que amava.


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