O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 71
Ethan


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de O Legado part.2, respirem fundo pois as emoções continuam nesse capitulo.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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Após as explicações Benjamin deixou a sala, alegando que precisava voltar para a noiva, pois não queria deixa-la preocupada com a nossa saída dramática e concordamos.

Enquanto meu pai me entregava um copo de água, mamãe ligava Ária, pedindo que minha irmã desse um jeito de colocar Cíntia sentada ao meu lado.

—Que coisa feia dona Leah, manipulando a situação dessa forma. - meu pai brincou sentado ao meu lado olhando para a minha mãe que sorriu.

—Não estou manipulando a situação, Elli, só estou dando um empurrãozinho nos dois, agindo como o cupido deles, como a Ária fez conosco. Além do mais, como a Cíntia vai se apaixonar pelo nosso filhote se não tiver a chance de conhecê-lo? - mamãe questionou simples ainda no celular e suspirei preocupado.

—Mamãe, não vamos forçar a barra, por favor. Cíntia, não está pronta pra se envolver comigo, o ultimo relacionamento dela não terminou muito bem e ela precisa de tempo para superar o que houve, acho que também preciso de tempo, para entender o que aconteceu minutos atrás. - disse perdido em pensamentos, tentando assimilar o que havia acontecido entre mim e secretária da minha irmã mais velha.

— Você não pode dar um tempo para o seu imprinting, Ethan. Entendo e respeito pelo que ela está passando...Conheço como ninguém a dor de ser magoada e enganada, por quem amamos...- mamãe disse como se estivesse perdida em memórias antigas, antes de balançar a cabeça, espantando-as e voltando ao presente. - Cíntia precisa de você, Ethan...Precisa que esteja ao lado dela, nem que seja como amigo. Só você pode ajuda-la a superar toda essa dor.

—Sua mãe tem razão, meu amor. Quando nos conhecemos, sua mãe e eu, carregávamos dores e magoas das nossas relações anteriores, com paciência, amor, perseverança e a ajuda do outro, conseguimos curar toda a dor que carregávamos e nos permitirmos amar novamente. - papai disse suave olhando para a minha mãe que sorriu amorosa para ele.

—Tem certeza, papai e mamãe? - questionei olhando de um para outro e mamãe sorriu amorosa, antes de se sentar do meu lado.

—Tenho, querido. Por experiência própria, seu imprinting precisa de você, pois só assim se sentirá completa e verdadeiramente feliz. -papai disse suave enquanto olhava em seus olhos castanhos escuros e mamãe concordou com a cabeça.

—Tenho certeza, filhote. Você como lobo, precisa do seu imprinting para lhe completar...Para responder todas as dúvidas, que existe dentro de você assim como para fortalecê-lo, pois o nosso imprinting tem o poder de nos deixar mais fortes para que possamos defendê-lo. - mamãe explicou assim que voltei a minha atenção a ela.

—Queria que Cíntia pudesse me aceitar, que quisesse ficar comigo...Que pudéssemos ser felizes como vocês são. - desejei e meus pais sorriram compreensivos para mim.

—E vocês serão filho, mas pra isso precisa ter paciência. -papai disse e sorri sem acreditar no que ele havia acabado de me recomendar.

Paciência não era uma das minhas virtudes, essa qualidade havia ficado para meus irmãos mais velhos, que a herdaram do meu pai.

—Vou tentar papai, mas o senhor sabe que não sou bom em ter paciência.

—Eu sei, filhote, você puxou a personalidade forte dos Clearwater e o orgulho dos Thompson, mas você também herdou a nossa calma e paciência, e a usará no momento certo. -papai disse e mamãe concordou antes dele beijar a minha testa com carinho.

—Não se preocupe, se o seu imprinting sentirá ou não algo por você, Cíntia pode até não querer se envolver com ninguém agora, mas tenho certeza que ela sentiu algo por você no momento em que se viram, não importa o quanto ela negue, Ethan.- mamãe segredou para mim e sorri esperançoso.

—A senhora acha? - questionei feliz por saber que meu imprinting, talvez tenha sentindo algo por mim e mamãe concordou sem sombra de dúvida.

—Eu senti algo pela sua mãe, quando nos conhecemos, mesmo ainda gostando da minha primeira esposa, Leah mexeu comigo de um jeito que foi incapaz não perceber. - meu pai disse suave e acariciou meus cabelos de leve, tentando me reconfortar. -Ouça o conselho do seu velho pai, meu amor, não se afaste dela, por mais que ela demonstre que quer o contrário. Fique ao lado da Cíntia e a ajude a passar por tudo isso, quando ela estiver pronta e segura do que senti, vocês ficarão juntos.

—O senhor acha, pai? - questionei inseguro olhando em seus olhos castanhos escuros.

— Tenho certeza amor, foi o que aconteceu conosco anos atrás.

—Só desejo a você, que a Cíntia não demore igual ao seu pai. -mamãe desejou e papai sorriu concordando, antes de beijar a minha testa com carinho.

Depois da conversa que tive com meus pais, voltamos para o salão procurando por nossos lugares, já que o jantar iria começar. Segundo mamãe, minha irmã havia conseguido tirar Cíntia da mesa em que estava colocando-a na sua mesa, onde nos sentaríamos lado a lado.

Não aprovava os métodos usados por elas, para me aproximar do meu imprinting pois não queria impor nada a Cíntia depois de tudo que passou, queria que ela escolhesse ficar ao meu lado e não porque foi manipulada a isso.  

Enquanto caminhava em direção a mesa da minha irmã, decidi que tentaria não demonstrar o meu interesse por Cíntia, pois não queria assustá-la mesmo que meu espirito de lobo, estivesse desesperado para sentir mais de perto o cheiro e o calor de sua fêmea. Mesmo assim respeitaria o tempo dela e teria paciência, por mais que fosse impossível imaginar que pudesse ter tal qualidade.

Me aproximei de Cíntia com cuidado temendo assustá-la e a vi estremecer de leve, antes dela virar para me ver, fiquei maravilhado ao perceber que ela podia sentir a minha presença, mesmo mal nos conhecendo.

—Será que eu poderia me sentar? - questionou suave indicando a cadeira ao seu lado, encarando aqueles lindos olhos verdes escuros.

—De tantos lugares, porque quer se sentar justo ao meu lado? - ela questionou confusa sem desviar os olhos dos meus.

Porque necessito estar com você...Porque desejo a sua companhia desesperadamente...Porque anseio em conhecê-la melhor... Porque preciso de você...Eram as justificativas que passavam em minha mente, mas sabia que não podia dizer tais palavras sem assustá-la, então optei por uma meia verdade.

—Porque não me imagino sentando ao lado de mais ninguém. - disse com a voz rouca sem desviar os olhos dos seus e a vi estremecer de leve.

Deus, dai-me forças para não cometer a loucura de beijá-la, implorei aos céus e respirei fundo, tentando acalmar meus sentimentos.

— Além do mais, parece que meu lugar é ao seu lado. - disse a mais pura verdade e ela piscou suave enquanto corava, sem entender o que aquelas palavras realmente significavam.

—Cíntia, você se importaria do meu irmão sentar ao seu lado? Assim como você, ele foi um dos convidados da confusão de lugares que lhe expliquei antes. - Ária questionou nos olhando enquanto permanecia de pé, atrás da cadeira vaga ao lado de Cíntia.

—Claro que pode, me desculpe Ethan, pela pergunta grosseira. -Cíntia disse sem graça enquanto me sentava ao seu lado.

—Tudo bem, não se preocupe, não fiquei ofendido. -  disse gentil olhando para ela que concordou, antes de dedicar a sua atenção ao cardápio que estava em suas mãos, resignado respirei fundo enquanto pegava meu cardápio ignorando os olhares de Ária, que me incentivavam a puxar conversa com a linda mulher de olhos verdes escuros, sentada ao meu lado.

—Cíntia, você está linda. - Ária disse gentil para Cíntia, que desviou os olhos do cardápio para ver minha irmã. - Você não acha, a mesma coisa, Ethan?

Olhei surpreso para a minha irmã, sem acreditar que ela havia ignorado os meus olhares suplicantes, enquanto me incentiva com o olhar a interagir com Cíntia.

Sem dizer uma palavra virei para ver Cíntia sentada ao meu lado, que estava a própria personificação da deusa vênus do quadro de Botticelli. E decidir ser o mais sincero possível, afinal, aquela poderia ser a minha única chance de ficar tão próximo dela...O primeiro passo para uma aproximação, pensei comigo mesmo antes de respirar fundo e falar.

—Eu acho, Ária...Cíntia é a mulher mais linda que já vi na vida. - disse sem tirar os olhos dela que corou suave, antes de pegar a taça de água em sua frente e tomar um gole, provavelmente tentando acalmar seus batimentos cardíacos que estavam acelerados.

—Mandou bem, caçula. - ouvi Ária sussurrar baixinho e virei para ver a minha irmã, que sorri orgulhosa de mim e lhe agradeci com um sorriso, antes de voltarmos a nossa atenção aos cardápios.

Por mais que tentasse me concentrar no que estava escrito no cardápio, que estava em minhas mãos, não conseguia, pois ficar perto do meu imprinting e não poder tocá-la, era uma verdadeira tortura.

Todo o meu ser, desejava desesperadamente tê-la em meus braços...Acariciar sua pele...Sentir seu cheiro de pitanga, que havia conseguido identificar assim que me aproximei melhor dela, ouvir o som do seu coração batendo...Beijar seus lábios rosados...

Balancei a cabeça espantando esses pensamentos para longe, não podia ficar pensando algo assim perto dela ou acabaria cometendo uma loucura. Não queria apressar a coisas, por mais que quisesse desesperadamente estar com ela, precisava ser paciente ou acabaria colocando tudo a perder, antes mesmo da nossa história começar.

Respirei fundo, tentando acalmar meus instintos que imploravam por Cíntia, tentando me concentrar no que meus sobrinhos que falavam, consegui me distrai por alguns instantes, mas não ao ponto de esquecer a presença do meu imprinting ao meu lado, que me atraia de inúmeras formas, me fazendo esquecer todos ao redor.

Ária até tentou me distrair, falando sobre a viagem de fim de ano que sempre fazíamos em família para o Brasil, me surpreendi desejando poder levar Cíntia conosco, realizando assim o seu sonho de voltar para o seu país natal. Um sonho dela, do qual prometi a mim mesmo, que realizaria assim que conseguisse uma oportunidade para isso.

Depois que o jantar havia acabado, as crianças decidiram ir pegar mais alguns doces enquanto ficávamos na sentados na mesa conversando amenidades, Cíntia pegou o celular na bolsa e o olhou por alguns instantes, antes de se despedir de nós alegando que já estava tarde.

Vê-la indo embora deixou um buraco no meu coração, pois não estava preparado para deixa-la ir daquela forma, queria passar cada minuto da minha vida ao seu lado ouvindo o som da sua voz, sentindo seu cheiro ou admirando a sua beleza, enquanto era hipnotizado por seus lindos olhos verdes escuros, da cor de esmeraldas. Mas a minha felicidade ruiu quando ela se foi me privado da sua companhia, deixando em seu lugar a sensação de vazio.

—Porque não ofereceu uma carona a ela, Ethan? - minha irmã questionou decepcionada comigo depois que Cíntia foi embora da nossa mesa. -  Deus, nem parece que você tem experiência com mulheres, está agindo igualzinho a um adolescente inexperiente, assustado com o primeiro interesse amoroso.

—Ária, querida, pega leve com o seu irmão. Ethan ainda deve estar abalado com tudo que aconteceu hoje, foram coisas demais para um só dia. - Henry pediu suave para a minha irmã que concordou resignada.

—Você tem razão, amor. - minha irmã disse suave para o marido antes de voltar sua atenção a mim. - Me desculpe se forcei a situação, Ethan, só queria ajuda-los.

—Eu sei, Ária e não se preocupe, não fiquei chateado. Só que perto da Cíntia, não sei direito o que fazer ou falar...É como se nunca, tivesse me envolvido com uma mulher antes...Na verdade ela não é qualquer mulher, Cíntia é o meu imprinting...Deus, estou tremendo só de ter ficado perto dela o jantar inteiro. - disse nervoso olhando para minhas mãos tremulas e minha irmã sorriu carinhosa para mim.

—Meu Deus, meu irmãozinho caçula está se apaixonando pela primeira vez. - Ária disse emocionada enquanto me olhava e meu cunhado sorriu.

—Eu acho que ele já está, meu amor. - Henry disse sorrindo feliz por mim.

—Acho que sim...Nunca senti isso na vida e isso me apavora. O que faço agora? - questionei apavorado olhando para os dois na minha frente, pois quando tive acesso a mente de Cíntia após o imprinting, vi que ela me achava um tremendo galinha e saber disso me magoava.

Porque não queria que Cíntia achasse que era parecido com o seu ex-namorado.

Queria que ela confiasse em mim e me aceitasse, ao ponto de permitir que me aproximasse, para que pudesse cuidar, proteger e amá-la, da maneira que a mesma merecia.

—Vai ser difícil, afinal, seu histórico não é muito confiável. - Henry disse e olhamos feio para ele que levantou os braços sorrindo, indicando que estava em missão de paz. - Me desculpe se te ofendi cunhado, mas é a pura verdade. Você nunca namorou sério com ninguém e ainda tem esses boatos que põem em duvida as suas intenções, seria natural e compreensivo da parte dela desconfiar dos seus sentimentos.

—Você tem razão, Henry. Nunca que a Cíntia, vai querer se envolver comigo. - disse derrotado antes de apoiar a minha testa na mesa, desejando poder mudar os últimos vinte e sete anos da minha vida, que se mostravam inúteis para conquistar a mulher da minha vida.

—Precisava ser tão franco, Henry?! - ouvi Ária reprender o marido com carinho antes de sentir a minha irmã acariciando meus cabelos de leve, tentando me reconfortar de alguma forma. -Caçulinha não desanime, vamos dar um jeito nisso. Prometo, que vou ajuda-lo a conquistar a Cíntia.

—Como?! Henry tem razão, nunca que a Cíntia vai se envolver com um cara que tem fama de galinha. - disse derrotado enquanto ouvia meu cunhado tentar explicar, que não havia me chamado de galinha.

—Pelo jeito, as coisas entre você e a minha madrinha não evoluíram. - ouvi Benjamin dizer assim que parou perto da mesa em que estávamos.

—Não, ela me acha um tremendo galinha, Benjamin. -comentei desanimado e meu irmão suspirou.

—E você vai desistir da Cíntia, na primeira dificuldade? Esperava mais de você, Ethan Harry. - meu irmão disse desapontado e levantei minha cabeça da mesa para vê-lo.

—Jamais vou desistir da Cíntia...Ela é o meu imprinting e vou lutar até o fim, para que ela se apaixone por mim. - disse decidido e meu irmão sorriu orgulhoso da minha resposta.

—É o que desejo, irmão. E a Cíntia, precisa de uma carona pra casa. - Benjamin disse sorrindo de maneira conspiratória para mim.

—Eu a levo pra casa. - disse rápido demais e todos riram.

—Sabia que jamais se negaria em leva-la, Ethan. - meu irmão segredou me olhando com seus olhos castanhos escuros. - Se quer deixa-la em casa, acho bom se apressar ou ela pode ir embora em um carro por aplicativo.

—Como se eu fosse deixar isso acontecer. - disse me levantando rapidamente da cadeira em que estava sentado antes de ir atrás dos meus pais, pois voltaria para casa com eles já que havia deixado minha moto no hospital.

Depois que encontrei meus pais e lhes expliquei toda a situação, caminhamos rapidamente em direção ao local em que Cíntia estava, antes de irmos em direção ao estacionamento onde o carro do meu pai estava. Assim que destravou sua Mercedes, papai me entregou as chaves antes de abrir a porta de trás para a minha mãe, que entrou sendo acompanhada por meu pai, fazendo com que Cíntia se sentasse ao meu lado.

Percebi que meu imprinting não estava confortável, então olhei para a minha mãe pelo retrovisor implorando por ajuda e prontamente fui socorrido por ela, que logo começou a conversar com Cíntia, deixando-a mais relaxada ao meu lado, antes de convidá-la para organizar as bodas de oliveira dos meus pais, me vi desejando que estivéssemos juntos até agosto, da minha parte faria o possível e o impossível para que isso acontecesse.

Cíntia ficou extremamente feliz e agradecida pelo convite, aceitando-o sem ao menos pedir um tempo para pensar no assunto. Minha mãe e meu imprinting, conversaram sobre inúmeros assuntos enquanto dirigia olhando para frente, mas a minha atenção estava voltada para o diálogo das duas que me permitiu saber muito mais de Cíntia, além das informações que tive acesso quando vi suas memórias.

Fiquei surpreso ao ouvi-la dizer que era tia das crianças Barnes, mesmo tendo visto esse fato em sua mente. Quem diria que a tia solteirona, como costumava chamar a irmã da senhora Barnes, seria meu imprinting.

Se tivesse o poder de tia Alice, já teria dado um jeito de conhecer Cíntia a muito mais tempo, de preferência antes do idiota do Douglas...Só de pensar naquele cretino, sentia a raiva querendo me consumir, fazendo com que apertasse o volante do carro com mais força que o necessário, enquanto prometia em pensamento que o encontraria muito em breve, para termos uma longa conversa.

—Ethan. - ouvi meu pai sussurrar baixinho e pisquei confuso voltando a minha realidade, em seguida olhei para Cíntia espelho retrovisor do carro, com medo que ela tivesse percebido o meu leve descontrole, mas graças a Deus meu imprinting estava concentrada na conversa que estava tendo com a minha mãe.

O único que havia percebido meu leve descontrole foi meu pai, que me olhava preocupado pelo espelho retrovisor, me pedindo para ter calma e paciência através dos seus olhos castanhos escuros. Balancei a cabeça, sinalizando que havia entendido seu recado antes de respirar fundo tentando me acalmar.

Sorri assim que notei que o cheiro de pitanga de Cíntia, me ajudou a controlar meu temperamento mais rápido que os exercícios de respiração que aprendi com meu pai, os quais ele me ensinou  na tentativa de me ajudar a controlar meu temperamento explosivo, durante  meus primeiros anos de lobo.

Assim que me aproximei do portão principal da minha casa, o segurança da portaria o abriu e entrei com o carro, dirigindo até a entrada principal da mansão Thompson.

—Bom, essa é a nossa deixa. Boa noite, Cíntia, foi um prazer conhecê-la. - meu pai disse gentil para o meu imprinting assim que estacionei na porta de casa.

—O prazer foi, meu doutor Thompson, obrigada pelo convite e pela carona. Tenha uma boa noite. - Cíntia disse gentil para o meu pai que se despediu de mim antes de descer do carro.

—Foi um prazer conhecê-la melhor, Cíntia, espero que possamos conversar mais vezes. Assim que conseguir me organizar, entrarei em contato com você para que possamos começar a organizar o nosso segundo casamento. Este é o meu cartão, com o meu número de telefone. - mamãe disse pegando um cartão de visitas de dentro da sua bolsa, antes de entrega-lo a Cíntia.

—Não se preocupe, Leah, vou ficar aguardando sua ligação. - Cíntia disse sorrindo com o cartão de visitas em mãos.

—Ótimo, boa noite Cíntia e não tenham juízo crianças. - mamãe desejou sorrindo maliciosamente nos deixando sem graça, antes dela aceitar a mão do meu pai para sair do carro.

—Seus pais são pessoas maravilhosas. - Cíntia disse depois que meus pais saíram do carro e fiquei feliz por meu imprinting ter gostado deles, pois os dois já estavam encantados por ela por causa dos elogios que meu irmão e minha cunhada sempre lhe faziam.

—Sim, eles são pessoas maravilhosas. - disse suave e me lembrei das perguntas que minha mãe havia feito, com o intuito de permitir que conhecesse melhor meu imprinting além de lhe deixar mais confortável na minha presença.- Me desculpe se a minha mãe lhe deixou constrangida com as perguntas dela, a dona Leah sempre esquece dos limites.

—Está tudo bem, sua mãe não me fez nenhuma pergunta que me deixou sem graça.

—Que bom, isso me deixa feliz. Não quero que se sinta desconfortável. - disse olhando em seus olhos verdes escuros, que pareciam duas esmeraldas e me lembrei automaticamente de um poema de Gonçalves Dias, um grande poeta brasileiro.

—O que foi? - Cíntia questionou confusa assim que percebeu que não desviava os olhos dela.

—Nada, só que a cor dos seus olhos me fez lembrar...- comecei a dizer e ela sorriu surpresa antes de me interromper.

—O poema olhos verdes de Gonçalves Dias?! Todo mundo que conhece o poema diz isso. - ela disse suave ficando em silêncio por algum tempo antes de voltar a falar. - Meu pai me contou que recitou esse poema para a minha mãe, de quem herdei a cor dos olhos, antes de convidá-la para sair.

—Foi? E ela aceitou o pedido? - questionei curioso e Cíntia sorriu concordando com a cabeça.

Deus, como o sorriso dela era lindo, acolhedor e quente...Queria passar a minha vida inteira vendo-a sorrir.

—E se hipoteticamente, alguém lhe recitasse esse poema antes de convidá-la para sair, você aceitaria? - questionei esperançoso agradecendo por ter feito como disciplina optativa no Instituto Belmont durante o ensino médio, literatura brasileira, por isso sabia alguns trechos daquele poema.

—Não mesmo. Já tive palavras bonitas por uma vida inteira. Acho que o amor precisa ser demonstrado em atos e não em palavras bonitas, que saíram de um poema escrito no século dezenove. - ela disse séria e me senti frustrado por suas palavras, como se minhas esperanças tivessem sido jogadas na lata do lixo, mas não iria desistir de Cíntia.

Podia ter perdido a primeira batalha para conquistar seu coração, mas não perderia a guerra.

—Você se importaria de me levar para casa? Porque não quero preocupar a minha avó com a minha demora. - ela pediu e concordei antes de dar partida no carro, fazendo uma curva que nos levaria para fora da casa dos meus pais.

Ficamos em silêncio durante todo o trajeto, só trocávamos algumas palavras relacionadas ao caminho que deveria tomar para deixa-la em casa.

O silêncio entre nós durante todo o trajeto, só era quebrado pelas orientações de Cíntia em relação ao caminho até a sua casa, apesar de querer continuar conversando com ela não me sentia seguro novamente em puxar assunto, depois do seu comentário sobre o poema de Gonçalves Dias.

Deus, Ária tinha razão...Estava me comportando como um adolescente, que havia se apaixonado pela primeira vez e não tinha ideia do que fazer.

—Com frio? - questionei preocupado, assim que notei que ela havia se encolhido um pouco no banco do passageiro em uma parte da viagem.

—Um pouco. Você se importaria de aumentar um pouco o aquecedor? - Cíntia pediu visivelmente cansada.

—Claro que não. - disse suave tirando uma mão do volante para aumentar o aquecedor, mas antes que pudesse concluir meu desejo minha mão acabou esbarrando na dela, que estava repousada perto do câmbio automático.

Nada durante meus vinte e sete anos de vida, recém completados no mês passado, havia me preparado para a corrente elétrica que percorreu meu corpo assim que nossas mãos se tocaram, automaticamente nos olhamos por alguns instantes antes de Cíntia quebrar o contato visual para olhar a paisagem pela janela.

Mesmo tentando esconder percebi no curto momento em que nos olhávamos, que aquele contato não intencional, havia lhe afetado da mesma forma que a mim. O que me fez sorrir feliz, ao perceber que Cíntia não era tão indiferente a mim.

Ela sentia algo, só não queria admitir para si mesma, provavelmente com medo de ser magoada novamente, o que me fez ficar com mais raiva do seu ex-namorado e recorri novamente aos conhecidos exercícios respiratórios, mas no fundo sabia que minha raiva só passaria quando acertasse um soco na cara de Douglas.

Passamos o restante da viagem em silêncio, evitando esbarar no outro o que me deixou frustrado, porque havia gostado da sensação que senti quando nossas mãos se tocaram por alguns breves instantes.

— Obrigada pela carona, Ethan. Foi muito gentil da sua parte me trazer em casa, tenha uma boa noite. - Cíntia disse agradecida tirando o cinto de segurança depois que estacionei na porta de um prédio antigo e bem conservado.

—Espera, Cíntia. - pedi desesperado para tê-la um pouco mais comigo.

—Sim? - ela questionou confusa assim que voltou sua atenção para mim.

—Prometi ao Ben, que a levaria em segurança. - comecei devagar, tentando ter alguma ideia que me permitisse ficar um pouco mais ao lado do meu imprinting.

—E você me trouxe, não se preocupe porque a sua promessa está cumprida. - ela me assegurou e neguei com a cabeça o que lhe deixou confusa.

—Meu pai me fez prometer certa vez, que sempre que levasse uma garota para casa a deixaria na porta. Então, por favor, não me faça quebrar a promessa que fiz ao meu pai. - implorei olhando em seus lindos olhos verdes esmeraldas e ela concordou suave.

—Tudo bem, lhe devo isso depois que dirigiu por horas só para me levar em casa. -ela disse suave e soltei o ar que nem sabia que estava segurando.

—Por favor, eu abro. - disse quando ela fez menção de abrir a porta, confusa Cíntia concordou me dando a chance de começar a demostrar meus sentimentos.

Se Cíntia não acreditava em palavras bonitas e sim em ações, demonstraria a todo custo o quanto estava interessado nela até que pudesse expressar em palavras, o que estava começando a sentir.

Sai do carro e dei a volta, abrindo a porta para Cíntia antes de oferecer minha mão para ajudá-la a sair, algo que a mesma dispensou me deixando magoado, pois queria muito voltar a sentir a corrente elétrica que dominou meu corpo quando nos tocamos.

Calados, andamos lado a lado a uma distância aceitável, em direção a porta de entrada do prédio, assim que paramos na porta Cíntia tirou suas chaves de dentro da bolsa que usava, antes de voltar a sua atenção a mim.

—Obrigada novamente pela carona e pela gentileza de me acompanhar até a porta, Ethan.

—De nada. Se quiser, posso vir busca-la para o casamento, amanhã. -me ofereci sem segundas intenções e ela negou sorrindo.

— Não precisa, já lhe incomodei demais. Tenha uma boa noite e obrigada novamente, Ethan. - ela disse me dispensando de forma educada enquanto colocava a chave na porta, abrindo-a.

—Tudo bem. Boa noite, Cíntia. - disse triste por sua recusa, antes de vê-la entrar em sua casa fechando a porta em seguida, enquanto ficava parado no mesmo lugar.

Tentando entender o que havia feito de errado, para que Cíntia me afastasse durante toda a noite. Frustrado e infeliz, por não poder ficar mais perto do meu imprinting, segui em direção ao carro do meu pai destravando-o enquanto descia as escadas, pois tinha uma longa viagem de volta para casa.


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Notas finais do capítulo

Para quem ficou curioso sobre o poema Olhos verdes de Gonçalves Dias, aqui está o link com o poema completo:
http://www.tribunadainternet.com.br/os-olhos-verdes-da-esperanca-que-enfeiticavam-a-poesia-romantica-de-goncalves-dias/?fbclid=IwAR3z_iaLC9GO0OrkHN0v9IS6CwhSnTlh5c4WNiFb4RBLuRrNjE-_vxZpdIQ



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