O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 66
Cíntia


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de O Legado part. 2, que promete despertar raiva nos leitores, pelo menos eu fiquei com raiva de certo personagem.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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—Está tudo bem mesmo, Cíntia? - Mel questionou assim que Benjamin estacionou na porta da Pensão Moema, onde estava morando desde que sai da casa da minha irmã, para ajudar minha avó materna na contabilidade do lugar, pois era formada na área. - Se achar que não ficará a vontade ao lado do meu cunhado, vou entender e respeitar a sua decisão, seja ela qual for.

Assim que chegamos à pensão, minha amiga fez questão de descer do carro do noivo, para que pudéssemos nos despedir, mas sabia que no fundo ela só queria ter certeza de que não havia me magoado ao saber sobre a identidade do padrinho misterioso.

—Obrigada por sua preocupação, Mel, mas está tudo bem. A presença do seu cunhado, não me incomodará. - disse tentando tranquiliza-la.

Afinal, o que era tolerar um pseudo cafajeste ao meu lado por algumas horas, depois de tudo que passei nos últimos meses?!

Isso não era nada.

Poderia muito bem passar por Ethan Thompson, sem sofrer nenhum abalo.

—Tem certeza? Não quero que fique desconfortável. -Mel questionou preocupada com o meu bem-estar e sorri amorosa para ela.

Melissa realmente era um anjo, ao em vez de se preocupar em ser o centro das atenções, afinal ela era a noiva e sábado seria o seu dia, minha amiga só queria saber se ficaria bem ao lado de alguém que possivelmente poderia me lembrar o meu ex-namorado.

—Tenho amiga, não se preocupe com isso. - assegurei tentando passar confiança a ela que pareceu relaxar.

—Tudo bem, nos falamos mais tarde?

—Claro. - disse suave e Mel sorriu me abraçando com carinho e retribui seu gesto, em seguida nos despedimos e ela entrou no carro do noivo que saiu logo em seguida.

Respirei fundo antes de olhar novamente, para a pensão em minha frente.

A Pensão Moema recebeu esse nome em homenagem a minha mãe, foi adquirida por minha avó materna quando eu tinha quatro anos e havíamos acabado de nos mudar de São Paulo para Londres, pois meu pai havia recebido uma proposta do reitor de uma renomada universidade local para chefiar um estudo sobre flores raras.

Meu pai era um renomado botânico e professor na Universidade de São Paulo, conhecida popularmente como USP no Brasil, que havia acabado de perder a esposa e o filho recém-nascido no parto, por isso ele não pensou duas vezes na proposta do reitor inglês e nos trouxe para o outro lado do mundo.

Na época, meu pai me explicou que eu teria uma melhor educação na Inglaterra e minha avó concordou, decidindo vir conosco. Mas no fundo sabia, que meu pai só queria ficar longe da dor de ter perdido a mulher que amava e o filho, que nem teve a chance de conhecer.

Mesmo crescendo longe do meu país natal jamais esqueci minhas raízes, pois meu pai e minha avó fizeram questão de me ensinarem tudo relacionado a cultura brasileira, mantendo assim viva nossas tradições, despertando em mim o sonho de voltar para o meu país natal, já que não conseguia me lembrar de nada do Brasil, muito menos dos parentes que havíamos deixado lá.

Só que esse meu sonho de infância provavelmente não se realizaria, já que todo o salário que recebo como secretária da presidência vai direto para a prestação da hipoteca da pensão, que minha avó havia feito sem nos avisar, com a finalidade de pagar a reforma emergencial do telhado da pensão.

O fraco movimento e o adiamento do pagamento da hipoteca, aliado a incapacidade da minha vó em administrar as contas, resultou em uma dívida astronômica que crescia como uma bola de neve, por mais que tentasse economizar nas contas da pensão e negociar com o banco, sabia que no final acabaríamos perdendo a pensão.

Mesmo sabendo dessa real possibilidade não podia desistir, pois sabia o quanto aquele lugar era importante para a minha avó.

Abri o portão de ferro fundido, que dava acesso aos fundos e subi os três degraus antes de abrir a porta da cozinha, sorri assim que vi a minha avó catando feijão enquanto cantarolava junto com o rádio, que estava na única estação londrina dedicada à música brasileira.

Sem dizer nada, comecei a cantarolar a música antes de lhe dar um beijo na bochecha e minha avó sorriu surpresa. 

—Muito bem Cíntia, seu português está impecável. - vovó me elogiou amorosa enquanto me sentava ao seu lado.

—Obrigada vovó, mas não poderia ser diferente, com uma professora de português incrível ao meu lado. - disse sorrindo para ela que balançou a cabeça negando enquanto sorria.

—Não leciono a anos, querida. Mas e você, como foi o seu dia? Se divertiu e matou as saudades da sua amiga?

—Sim, foi uma tarde incrível. Colocamos a conversa em dia e resolvemos os últimos detalhes do casamento. - disse antes de começar a ajudá-la a catar feijão.

—Fico feliz que tenha se divertido. Já decidiu quem a acompanhará no casamento da sua amiga? Porque se não, o Carlos do quarto 4, está disponível nesse final de semana. E além do mais, só porque não deu certo com o Douglas, não quer dizer que deva desistir do amor, querida.  - vovó sugeriu sem desviar os olhos do feijão que catava e a olhei incrédula, por ela estar novamente tentando me arrumar um encontro, automaticamente me senti culpada por não ter contado a verdade sobre o meu termino.

Não tive coragem de dizer a minha avó que Douglas, o homem que acreditei ser o certo, havia me enganado durante quatro anos, mantendo uma noiva escondida enquanto namorava comigo.

Também não lhe contei que após o nosso termino doloroso, Douglas fez questão de espalhar para a empresa inteira que eu sempre soube a verdade, fazendo com que todos me vissem como a destruidora de lares.

Não satisfeito com todo o inferno que havia causado na minha vida, com os boatos que criou, ele ainda ameaçou a tomar a pensão da minha avó, já que a sua família era a dona do banco, se ousasse contar a verdade para alguém.

Apavorada com a possibilidade de perder o local que minha avó tanto amava, me mantive calada até hoje, suportando todo o tipo de piadinha ou comentários maldosos. As únicas pessoas que sabia toda a verdade, eram meus amigos, que desconfiaram da história e vieram conversar comigo e lhes contei tudo, e Susan, minha irmã emprestada.

Mesmo sabendo que havia sido enganada por Douglas, ainda me sentia culpada por não ter percebido a verdade, evitando assim tudo isso.

—E então, o que me diz? - ela questionou animada pela possibilidade de juntar mais um casal e pisquei voltando ao presente.

—Vovó. -a repreendi suave enquanto a olhava séria, por novamente estar bancando a minha cúpida.

—Não me venha com vovó, menina. O Carlos do quarto 4, está interessado em você e convenhamos que ele não é de se jogar fora, Cíntia. - vovó disse maliciosa o que me fez rir surpresa por seu comentário.

—Vovó, nós duas já conversamos sobre isso. Lembra? - questionei olhando em seus olhos castanhos.

Carlos do quarto 4, era um moreno alto e forte, com músculos bem distribuídos, de maneira exagerada na minha opinião, que trabalhava como personal trainer em uma famosa academia de Londres. Ele era responsável por arrancar suspiros dos moradores da pensão e arredores, apesar de bonito Carlos não fazia meu tipo.

Preferia homens que olhassem nos meus olhos enquanto conversávamos, ao em vez de encarrarem de forma descarada o decote da blusa que estava usando.

—Dona Marta, não quero mais saber de homens na minha vida. - disse decidida, afinal, nunca tive sorte com homens, o único que realmente havia valido a pena foi o meu primeiro namorado, Pedro, que havia se mudado da Inglaterra para fazer faculdade, depois dele só tive desilusões.- Acho que não nasci para amar ninguém e nem ser amada.

—Não diga isso, querida. Todos nós nascemos para amar e sermos amados, você só não encontrou o homem certo. Apenas tenha fé, não desista e esteja aberta as possibilidades. Me prometa que irá tentar, Cíntia Aurora. - ela me pediu amorosa e suspirei, tentando pensar em uma resposta que não magoasse a minha avó.

—Prometo tentar, vovó...Apenas quando me sentir preparada e segura e tiver certeza, que vale a pena me envolver novamente com alguém, antes disso não posso prometer nada. - disse sincera olhando em seus olhos e ela concordou desanimada.

—Tudo bem, pelo menos é um começo. Porque não sobe, toma um bom banho, coloque uma roupa leve e desça para o jantar, fiz moqueca de peixe, sua comida preferida. - vovó sugeriu e concordei sorrindo antes de lhe dar um beijo na bochecha, subindo decidida a tomar um banho rápido afim de saborear a moqueca de peixe da minha avó, que era uma delícia.

Assim que estava na segurança do meu quarto, tirei o jornal amassado de dentro da minha bolsa e fui direto para a seção de anúncios de casamentos, olhando para a foto do casal apaixonado e feliz que estava abaixo da nota de casamento de Ben e Mel.

Olhar para o sorriso de felicidade de Douglas estampado naquela foto, me fez lembrar de quando nos conhecemos nos corredores do Conglomerado Thompson, quando ele era apenas um recém contratado, totalmente perdido em busca do setor de RH e acabou esbarando em mim, derrubando todas as pastas com contratos que estava levando para o setor de RH da empresa.

Nosso encontro havia sido tão cliché quanto nos filmes ou novelas, com direito a troca de olhares cúmplices e toques não intencionais, que enviaram sensações prazerosas por meu corpo, me fazendo acreditar que ele seria o homem certo, depois de tantos relacionamentos sem futuro que tive.

Depois desse encontro, ele me convidou para jantar e aceitei feliz, afinal estava interessada nele. Nosso encontro havia sido incrível e antes de nos despedimos, na porta da minha casa demos o nosso primeiro beijo, dando início a nossa história que durou quatro anos.

Foram quatros anos, cheios de altos e baixos, idas e vindas, mas que tiveram seus momentos especiais, pelo menos eu achava isso.

Depois que terminei a última vez, quando lhe contei que podia estar grávida e ele praticamente surtou, achei que não voltaríamos mais e estava conseguindo seguir em frente, mas quando o vi em um barzinho com alguns amigos, meu coração ainda apaixonado não resistiu...Conversamos a noite toda e decidimos nos dar uma segunda chance.

Só que essa segunda chance, se mostrou depois a pior decisão da minha vida.

 Quando estava arrumando o nosso guarda roupa, algo que raramente faço, descobri um contrato pré-nupcial escondido entre as suas roupas. Ver aquele documento, fez meu mundo desabar por inteiro, porque Douglas estava mentindo para mim desde o dia que nos conhecemos, pois naquele documento reconhecido em cartório, seu sobrenome era outro assim como o nome dos seus pais.

—Pode me dizer o que significa isso, Douglas Evans ou melhor, Douglas Stuart? - questionei severa sentada no sofá da sala com a documentação em mãos, assim que Douglas entrou em casa.

—Onde foi que você encontrou isso? - ele questionou pálido e nervoso, sorri sem humor enquanto me levantava do sofá, confirmando através da sua reação que aquele documento era verdadeiro. -Resolvi arrumar o nosso guarda roupa no meu dia de folga. Para minha surpresa, me deparo com esse contrato pré-nupcial escondido entre as suas roupas, no qual você possui outro sobrenome e uma noiva chamada Larissa De Angeli, pelas minhas pesquisas no google, ela é herdeira de uma rede de hotéis famosos na Inglaterra. Segundo o acordo, você está noivo dela a cinco anos. Cinco anos, Douglas...Isso quer dizer que quando nos conhecemos, você já estava noivo dela. Como pode mentir pra mim, desse jeito? - questionei furiosa enquanto olhava em seus olhos azuis.

—Nunca pensei que íamos tão longe, Cíntia. Sabia que não devia ter me envolvido com você desde o começo, mas acabei me deixando levar e quando vi não tinha mais como voltar a trás. - ele explicou como se tudo que vivemos não passasse de um grave equívoco. - Foi divertido e prazeroso esses quatro anos em que ficamos juntos, mas não posso mais continuar com isso. Larissa voltou da especialização e vamos nos casar daqui há alguns meses.

—E eu? Fui apenas uma diversão pra você, durante todo esse tempo? - questionei entre lágrimas enquanto olhava em seus olhos, magoada por ele tratar os meus sentimentos com mero descaso.

—Cíntia, não me peça para escolher entre você e ela, porque jamais vou lagar a Larissa por você. Ela tem berço assim como eu, e não irei jogar o nome da minha família na lama, por causa de uma despedida de solteiro a longo prazo...Alguém que só serviu para me distrair, enquanto minha noiva estava fora, já que você é excelente na cama. - ele disse frio enquanto me olhava e senti meu coração se quebrando em vários pedaços ao ouvir suas palavras, mas segurei as minhas lágrimas, pois não choraria na frente de alguém que nunca me mereceu.

—Seu cretino. - disse furiosa e fui para cima dele, pois queria bater com aquele contrato na cara daquele idiota prepotente, mas Douglas segurou meus pulsos me impedindo de realizar o meu desejo. - Me solta, seu mentiroso, cafajeste.

— Não mesmo. Você está descontrolada e não quero um escândalo. - ele disse nervoso com a possibilidade e sorri histérica.

— Se acha que vou ficar calada, está muito enganado. No dia do seu casamento, vou estar na porta da igreja e irei fazer o maior escândalo que esse país já viu. Todos irão saber quem você é, principalmente a sua noiva. - o ameacei furiosa e ele sorriu presunçoso o que me deixou ainda mais furiosa.

—Você não teria coragem, Cíntia e sabe porquê? Porque a sua avó hipotecou a pensão e está devendo uma fortuna para o Banco Stuart...O mesmo Stuart do meu nome. - ele disse convicto e fiquei confusa, afinal, minha avó não havia contado nada sobre hipotecar a pensão.

—Isso é mentira. - disse e ele negou com a cabeça me soltando antes de ir em direção a pasta que ele carregava quando entrou, tirando de lá uma pasta e jogando-a em minha direção.

Confusa, abri a pasta e vi toda a documentação do pedido de hipoteca e a assinatura da minha avó no final. O cafajeste estava realmente falando a verdade.

Nervosa, passei os passei atrás do espelho do pagamento e percebi que minha avó ainda não tinha feito nenhum, provocando uma divida gigantesca com o banco. Ela estava praticamente a um passo de perder a pensão, se não quitasse as prestações antes do fim do ano.

—Se você ao menos sonhar em aparecer na porta da igreja no dia do meu casamento, a sua avó vai perder a adorada pensão dela. E então, o que me diz? - ele questionou sério e levantei meus olhos dos documentos para vê-lo.

—Que não vou fazer nada. - disse desamparada e ele concordou com a cabeça.

—Ótimo. Vamos fingir que isso tudo nunca existiu ou que você sempre soube de tudo, e aceitou se divertir comigo. Talvez, até lhe convide para o casamento, Cíntia. - ele disse sorrindo e tive que controlar a minha raiva, pois não tinha o direito de prejudicar a minha avó por minhas escolhas ruins.

—Dispenso, senhor Douglas Stuart. Espero que a infelicidade e a ruina, sejam suas eternas companheiras de hoje em diante. Que você sofra da mesma forma, que está me fazendo sofrer agora. - desejei olhando-o com raiva e ele sorriu sem humor, enquanto me olhava de maneira superior.

—Agradeço as suas felicitações e desejo o mesmo para você, Cíntia Lopes. - Douglas disse antes de me deixar a sós na sala, indo fazer as suas malas.

Douglas saiu da casa que dividimos por quatro anos sem ao menos olhar para trás, para ver o estragado que havia causado em mim.

Inconsolável e desamparada, comecei a chorar até que desabei no chão sem acreditar que havia sido tão cega esses anos todos, por não ter percebido o mentiroso, cruel e egoísta que era o homem com quem vivia.

Balancei a cabeça tentando espantar todas aquelas memórias dolorosas, que sempre me faziam chorar por horas. Enxuguei as lágrimas que havia derramado de maneira inconsciente e respirei fundo, rasgando a reportagem que falava sobre Douglas e a noiva, amassando o papel e jogando-o no lixo onde ele merecia estar, antes de ir em direção ao banheiro, para tomar um bom banho.

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—E então, pensou na minha sugestão? Pode estar em cima da hora, mas tenho certeza que o Carlos do quarto 4 irá aceitar. - vovó disse enquanto tomávamos café da manhã antes de eu sair para o trabalho.

—Sim vovó, já pensei no assunto e não preciso de acompanhante. - disse suave enquanto cortava um pedaço de bolo de laranja para mim e ela me olhou confusa.

—Como não? Todo mundo precisa de uma companhia para uma festa, Cíntia Aurora.

—Vou me sentir melhor indo sozinha, vovó, além do mais vou ter a companhia do padrinho do noivo durante toda a cerimônia. - disse e me lembrei que a minha tortura iria começar hoje à noite.

—Interessante... Ele é bonito? - vovó questionou já interessada em me arrumar um novo partido, o que me fez rir.

—A senhora não desisti mesmo, não é?

—Claro que não. Se arrumei um ótimo marido para minha neta emprestada, porque acha que não vou arrumar um marido maravilhoso para a minha única neta?!

—Acho que não quero um marido, vovó. Vou ser a tia solteirona rodeada por gatos. - comentei antes de comer um pedaço do meu bolo e ela riu teatralmente.

—Sua mamãe falava a mesma coisa, mas mudou de ideia assim que conheceu seu pai na faculdade de biologia. E vocês duas tem muitas coisas em comum. - vovó disse suave e beijo a minha testa, antes de se levantar para verificar se os nossos hospedes estavam bem servidos.

Não me lembrava muito da minha mãe, pois ela havia morrido quando tinha quatro anos. Só sabia como ela era fisicamente através de fotos, principalmente pelo porta retrato que minha avó mantinha na sala de estar na pensão, no qual mamãe estava com a mesma idade que eu agora, vinte e seis anos, recém completados no mês passado.

Só que nessa idade Moema Lopes, estava feliz ao lado do marido e havia acabado de descobrir que estava grávida de uma menina.

Uma realidade totalmente diferente da minha.

Podíamos ser parecidas fisicamente, mas nossas vidas haviam seguido caminhos totalmente diferentes.

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—Mandou me chamar, Ária? -questionei confusa assim que entrei em sua sala, após ela ligar para o telefone fixo da minha mesa pedindo que entrasse.

Desde que Benjamin foi transferido para outro país achei que iria ser demitida, mas ao em vez disso, meu chefe e melhor amigo, conversou com a sua irmã que estava novamente a procura de uma secretária, pedindo que ela me contratasse por experiência e assim aconteceu.

Depois que meu contrato de experiência encerrou, fui contratada como secretária da Ceo do Conglomerado, sendo promovida a usar o terninho azul escuro padrão das secretárias do alto escalão além de um generoso aumento no meu contracheque, que não me ajudava a quitar as prestações de todo mês da hipoteca, por isso dava aulas de reforço de matemática durante o final de semana na escola  particular que havia perto da minha casa, conseguindo assim todo o dinheiro para a prestação do mês.

—Sim, Cíntia, por favor sente-se. - Ária pediu suave enquanto indicava a cadeira em sua frente, automaticamente fiquei preocupada com o seu olhar sério.

Afinal, durante os oito anos em que trabalhei como secretaria do seu irmão, jamais havia lhe visto tão séria assim o que me fez temer por meu emprego.

Não podia me dar o luxo de perder esse emprego, a minha avó dependia de mim para salvar a pensão, que honestamente não ia bem das pernas, estávamos afundados em dividas e não tínhamos tantos hospedes assim, para que pudéssemos ter uma boa renda e ainda tinha a hipoteca vencida.

—Fiz algo errado? Se fiz, por favor, posso concertar é só me dizer o que foi. - implorei entre lágrimas para a minha chefe que suspirou, se levantando da sua cadeira antes de se sentar na cadeira ao meu lado, me deixando ainda mais assustada.

—Você não fez nada de errado, Cíntia.  Mas quero que me diga a verdade, porque não quero ser injusta com ninguém. Tudo bem? -Ária questionou me olhando nos olhos e concordei entre lágrimas.

—Tudo bem.

—Soube dos boatos, que andam circulando pelos corredores da empresa. Um dele é sobre o meu irmão caçula, do qual ainda estou investigando para saber quem começou a caluniá-lo, e o outro é sobre você. A chamei até a minha sala, para que tenha a chance de me contar o que realmente está havendo, Cíntia. - Ária disse séria e parei de respirar, apavorada com o que minha chefe poderia estar pensando de mim, após ouvir os boatos que haviam se espalhado pelos corredores da empresa.


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Notas finais do capítulo

E se preparem, porque teremos fortes emoções semana que vem.
Beijos e bom final de semana.



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