O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 64
Cíntia


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos ao segundo capitulo dessa temporada, espero que tenham gostado do capitulo do Ethan, hoje conheceremos um pouco mais sobre a Cíntia.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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—Cretino. - disse furiosa enquanto segurava o jornal nas mãos com mais força que o necessário, assim que parei na seção reservada aos anúncios de casamento, que hoje trazia em sua coluna a notícia sobre os dois casamentos mais falados na Inglaterra.

Uma das notas era sobre o casamento de Benjamin e Melissa, do qual seria madrinha nesse sábado, o outro que aconteceria um dia depois, era da herdeira de uma rede de hotéis famosos na Inglaterra que se casaria com seu amor de infância, que atendia pelo nome de Douglas, meu ex-namorado.

Lembrar dos quatro anos da minha vida que dediquei a aquele safado mentiroso, me deixava furiosa, um sentimento tão forte que chegava a ser palpável.

Minha vontade era de ir até aquele casamento e fazer o maior escândalo que Londres já viu, expondo Douglas ao mesmo tipo de humilhação e vergonha que havia feito comigo, mas meu lado racional sempre entrava em cena me fazendo recuar.  Afinal, a noiva dele não tinha culpa de nada e não merecia passar por um escândalo no dia mais feliz da sua vida, e ainda tinha a minha avó...Na verdade, nenhuma das duas merecia sofrer por meus erros.

—Senhora, se estragar o jornal terá que pagar pelo prejuízo. -o dono da banca disse me olhando feio e o encarei furiosa, fazendo-o recuar alguns passos.

Recentemente percebi que os homens tinham pavor de mulheres em dois momentos, um era quando estávamos na tão conhecida tensão pré-menstrual, capaz de fazer qualquer um correr, o outro era a raiva do sexo oposto por motivos de traição, o que era o meu caso.

Tirei o dinheiro da bolsa e entreguei a ele, antes de voltar a andar pelas ruas molhadas de Londres seguindo em direção ao Café Elba, onde encontraria a minha melhor amiga Melissa, com quem só falava ultimamente por vídeo chamadas ou mensagens. Mal podia acreditar, que ela iria se casar com o homem que amava e ainda estava esperando um filho dele.

 Saber que alguém nesse mundo, poderia ser amada de verdade e não ser apenas uma diversão para espantar o tédio, reconfortava meu coração machucado e desiludido.

Assim que entrei no café, procurei com os olhos por minha amiga e logo a encontrei em pé acenado eufórica, fazendo seu noivo rir de sua empolgação. Mas não poderia culpa-la, afinal, também me sentia da mesma forma.

Sem me importar com as pessoas que estavam ao nosso redor corri em sua direção, pois precisava desesperadamente abraça-la, como se minha sanidade mental dependesse disso.

—Senti tanto a sua falta, Mel. - disse emocionada me lembrando de todos os momentos difíceis que passei ultimamente, nos quais desejei que estivesse do meu lado me reconfortando com sua presença, mesmo que ela tenha feito isso a distância.

—Eu sei amiga. Também senti a sua falta. - Mel disse entre lágrimas me abraçando apertado e retribui seu abraço, me permitindo chorar no ombro da minha amiga.

Depois que nos recuperamos do choro inesperado, começamos a sorrir enquanto nos afastávamos e olhei para Melissa, que estava tão linda e iluminada. Talvez fosse verdade, o que todos falavam sobre uma mulher ficar diferente durante a gravidez, porque era visível o quanto minha amiga estava diferente.

—Olhe só para você, está tão linda e radiante...A vida com um Thompson, deve realmente fazer maravilhas. - segredei a última parte a ela que sorriu corada antes de concordar. - Você está feliz, Mel?

—Sim. Nunca imaginei que seria tão feliz assim... Ainda mais agora. - Mel disse sorrindo e seus olhos brilharam assim que suas mãos foram parar em sua barriga ainda lisa, onde seu filho crescia.

—Fico feliz por você. E como vocês dois estão? -questionei preocupada olhando em seus olhos enquanto colocava minha mão em cima da sua.

—Estamos bem, estou prestes a fazer um mês e o bebê está se desenvolvendo normalmente, se não fosse pelos enjoos que comecei a sentir, que deixam Benjamin desesperado quando passo mal, até me esqueceria que estava grávida. - ela segredou antes de virar para ver o noivo que ainda estava sentado à mesa e sorri.

Afinal, era a cara do Benjamin ficar desesperado, por ver a noiva passando mal sem poder fazer nada, já que ele sempre foi protetor em relação a Melissa.

—Desesperado não é a palavra certa, meu amor, para me definir nesse momento. - Benjamin disse perdido em pensamentos, antes de tomar um gole do seu café enquanto riamos.

—  Se você está pirando apenas com os enjoos, imagine no dia do parto. - disse e ele gemeu angustiado, como se lembrasse de algo, provavelmente do parto da irmã do qual ele assistiu.

—Deus, havia me esqueci desse suplício. - Ben disse antes de olhar apavorado para Mel, que se aproximou do noivo e acariciou suas costas de leve, tentando espantar seus possíveis temores.

—Amor, não precisa ficar apavorado, vamos deixar para nos preocuparmos com o parto quando chegar a hora. Tudo bem? - Mel questionou amorosa para o noivo que concordou, antes dela se inclinar para beijá-lo com carinho.

—Eu te amo, querido, tente não se preocupe porque tudo dará certo no final. - minha amiga segredou para o noivo que concordou suave encostando a sua testa na barriga de Mel, antes dela começar a acariciar seus cabelos escuros por alguns instantes, tentado acalmá-lo.

—Mais calmo, amor? - Mel questionou depois de um tempo e Benjamin se separou dela, para que pudesse ver seus olhos.

—Sim, meu anjo.

 - Que bom. Agora que a minha amiga e madrinha chegou, está na hora de você ir. - ela disse sorrindo para o noivo que sorriu surpreso por suas palavras.

—Está me dispensando, senhorita Hastings? - Ben questionou brincando enquanto sorria.

—Estou, querido, hoje é o dia das garotas. O único menino autorizado a ficar conosco, é o que possivelmente posso estar carregando. -Mel disse olhando para o noivo que concordou com a cabeça, antes de rir.

—Tudo bem. Vou aproveitar para ir até a sede dos laboratórios, ver como tudo anda por lá, quando terminarem é só me ligar que venho buscá-las. E só pra constar, futura senhora Thompson, você está grávida de uma menina. - Benjamin disse convicto e Mel suspirou resignada, como se estivesse cansada de falar sobre esse assunto.

 -Só saberemos realmente quem tem razão, querido, quando pudermos ver o sexo no ultrassom. - ela lembrou suave fazendo o noivo sorrir enquanto concordava. - Não se preocupe, porque estou em boas mãos com a Cíntia.

—Sei disso, meu anjo. - Ben disse carinhoso para Mel e lhe deu um beijo suave, antes de se inclinar em direção a barriga da noiva.

— Não se preocupe se não ouvir a minha voz, filhotinha. O papai vai ficar longe por algumas horas, para que se divirta com a sua mãe e a tia Cíntia, mas ele estará bem. Vou morrer de saudades de você e da mamãe. Eu te amo, meu pontinho. - ele sussurrou para a barriga de Mel e a beijou com carinho, sem se importar com os olhares das outras pessoas que haviam parado de comer para admirar aquela linda cena, que demonstrava o quanto Benjamin amava o filho ainda não nascido.

Não fiquei surpresa com a demonstração de afeto dele para com o filho, afinal já o presenciei inúmeras vezes sendo carinhoso com seus sobrinhos, e tendo um pai como o doutor Thompson, um homem sempre gentil e educado, seria impossível que Benjamin fosse diferente em relação ao próprio filho.

—Até mais tarde, Cíntia. Qualquer mal-estar que Mel possa sentir, por favor, me ligue. - ele pediu me tirando dos meus pensamentos e concordei, antes dele beijar a testa da noiva e sair.

Depois que Benjamin saiu, fomos nos sentar na mesa em que ela estava anteriormente com o noivo, pois tínhamos que repassar tudo o que faríamos hoje já que estávamos as vésperas do seu jantar de ensaio e da cerimônia.

—Mais chocolate quente, senhora? -uma atendente por volta dos quarenta, questionou para Melissa assim que se aproximou de nós com uma garrafa térmica nas mãos.

—Sim, por favor. Vou querer também uma fatia, bem generosa e com bastante calda, da torta de chocolate que está no balcão. - Mel pediu desejosa e com os olhos brilhando ao pensar na torta, fazendo a atendente sorrir compreensiva para a minha amiga.

—Desejo de grávida?

—Sim. -Mel explicou sem graça e a atendente sorriu para ela, antes de se virar para mim.

—E a senhora, o que deseja?

—Uma xicara de café, por favor. - pedi a ela que concordou enquanto servia o chocolate quente para a minha amiga nos deixar a sós em seguida.

— Sei que pode ser muito cedo, mas vocês já pensaram nos nomes para o bebê? -questionei curiosa enquanto minha amiga tomava um pouco do seu chocolate quente.

—Sim. Combinamos que se for uma menina, Benjamin escolherá o nome, mas se for um menino serei eu. Não tenho a menor ideia de que nome ele escolheu, segundo o que me explicou certo dia, sua família possui a tradição de só revelar o nome da criança após seu nascimento, quando a mesma receberá a medalhinha de São Lucas, o santo padroeiro da família Thompson. Mas prometemos, que assim que soubéssemos o sexo do bebê, contaríamos o nome escolhido ao outro, só não para a família. Agora, terei que esperar mais alguns meses até saber como minha filha se chamará. - Mel disse frustrada por não saber o nome e tive que concordar com ela.

—É muita crueldade, deixar uma grávida no escuro. E se ele escolher algum nome estranho, para a filha de vocês?

— Confio no bom gosto do Ben, pelo menos espero que ele tenha tido algum, quando escolheu o nome para a nossa filha. Mas aqui entre nós, tenho certeza que será um menino, já até escolhi o nome. - ela me confidenciou e sorrimos enquanto a atendente voltava com os nossos pedidos.

—Sério? Você pode me contar, ou vou ter que esperar até o nascimento? - questionei e ela sorriu antes de comer um pedaço do seu bolo.

—Só se me prometer que não contará pra ninguém. - ela pediu me olhando nos olhos e concordei cruzando os dedos na sua frente fazendo-a rir.

—Eu prometo que não conto pra ninguém.

—Se eu estiver grávida de um menino, ele vai se chamar Lucas Benjamin. Lucas em homenagem ao padroeiro da família Thompson, esse nome tem como significado luminoso, e Benjamin em homenagem ao pai, o nome significa filho da minha felicidade, algo que ele é desde o momento que soubemos da sua existência. - Mel disse emocionada com a mão direita em sua barriga e sorri carinhosa para ela.

—É um lindo nome amiga. Você tem alguma preferência de sexo? - questionei preocupada, afinal não queria que ela se decepcionasse se fosse uma menina.

—Não. Acho que é um menino, mas se for uma menina não haverá problema, vou amá-la da mesma forma. - Mel disse amorosa e sorri feliz em saber sua resposta, antes de deixá-la satisfazer o seu desejo de grávida.

Conversamos sobre várias coisas, desde as ideias que ela estava tendo para arrumar o quarto do bebê até o seu novo cargo, como gestora na central de distribuição de medicamentos gratuitos no estado de Washington, o qual sabia que era a realização de seu sonho. Até que me lembrei do jornal que havia comprado meia hora atrás.

—Olha só o que comprei para você. - disse tirando o jornal de dentro da minha bolsa desamassando-o um pouco, tentando ocultar da minha amiga a minha crise de fúria mais recente, antes de entrega-lo a ela que sorriu ao ver sua foto e do noivo na seção reservada aos anúncios de casamento.- Vocês formam um belo casal, Mel. Espero que sejam muito felizes e que o filho de vocês, lhes traga muitas felicidades.

—Obrigada amiga. - Mel disse agradecida e segurou minha mão por cima da mesa, voltando sua atenção novamente para o jornal, antes de abrir a boca em choque.

—O que houve? Eles colocaram o nome de vocês errado ou a data do casamento? - questionei preocupada. Afinal, havia sido minha função entrar em contato com o jornal de grande circulação de Londres, enviando a foto e pedindo o anuncio do casamento dos meus amigos.

Não podia acreditar que havia cometido um erro tão banal, no momento mais importante da vida deles, se bem que ultimamente minha cabeça não conseguia se concentrar em nada, além da raiva que nutria por Douglas.

—Não amiga, está tudo certo com a nota...Eu...Sinto muito Cíntia. - Mel disse desviando os olhos do jornal entre lágrimas, suspirei derrota me dando conta de que ela devia ter visto o anuncio do casamento de Douglas. - Quer conversar sobre isso?

—Por favor, Mel, não vamos estragar o nosso dia das garotas com a minha desilusão amorosa. -implorei olhando para a minha amiga, pois queria esquecer tudo que aconteceu.

Só queria ter um dia normal ao lado da minha melhor amiga, enquanto cuidávamos dos últimos detalhes para o seu casamento.

— Tudo bem, mas quero que saiba, que vou estar aqui se precisar conversar. Não importar a ocasião. - Mel disse suave me olhando nos olhos e me senti tão culpada, por não ter lhe contado sobre o boato que Douglas havia espalhado pela empresa.

Mas não seria justo preocupa-la no momento mais feliz da sua vida, seria cruel e egoísta da minha parte fazer algo assim.

—Eu sei amiga e obrigada por seu apoio, mas não quero mais falar sobre isso. Será que podemos focar nos últimos preparativos para o seu casamento?! Afinal, você irá se casar daqui há dois dias. - disse tentando mudar de assunto e ela sorriu feliz o que me deixou aliviada, por estar cumprindo meu papel de madrinha e melhor amiga, mesmo que estivesse destroçada por dentro.

—Nem me fale, passou tão rápido...Estou contando os segundos para o grande dia. - Mel disse empolgada e sorri suave para ela. -E então, o que temos na nossa programação hoje?

—Só um minuto. - pedi enquanto tirava minha agenda de dentro da bolsa, abrindo na parte que havia dedicado aos preparativos do casamento da minha amiga. - Temos sua última prova do vestido de noiva, a visita ao local da cerimônia e recepção...E precisamos providenciar algo emprestado, para que use no dia do seu casamento, pois já temos todos os outros itens da tradição de um casamento.

—Certo. Já pode riscar o item emprestado da nossa lista. - Mel disse suave e pisquei confusa antes dela me mostrar uma delicada medalhinha dourada, que estava em seu pescoço. - Benjamin me emprestou a medalhinha dele, para a cerimônia e a festa. É a forma dele de se manter perto de mim, já que só nos veremos até o jantar de ensaio.

—É um gesto muito lindo da parte dele, Melissa.

—Verdade. - minha amiga disse enjoada antes de colocar a mão na boca, correndo em seguida em direção ao banheiro feminino e fui atrás dela.

Assim que a encontrei ajoelhada em um vaso sanitário, colocando todo o café da manhã para fora me ajoelhei ao seu lado e segurei o seu cabelo, tentando ajudá-la de alguma forma a passar por todo aquele mal-estar.

—Tem certeza que não quer que eu ligue para o Benjamin? - questionei assim que Mel tomava um gole da garrafinha de água que nossa atendente havia trago, quando veio ver se estava tudo bem após a nossa saída rápida para o banheiro.

—Tenho, o mal-estar já passou. Não quero preocupa-lo com algo sem importância, quero que Benjamin tenha um dia sem preocupações. - ela disse fraca antes de tomar outro gole de água, enquanto estávamos sentadas no chão do banheiro e fiquei preocupada.

Já havia ouvido falar que algumas mulheres durante a gravidez desenvolviam a hiperêmese gravídica, uma condição rara que lhes fazia ter excesso de náuseas e enjoos, algo que acabavam prejudicando a alimentação da gestante.

 - Mel, quero que olhe nos meus olhos e seja sincera comigo, por acaso você não tem a hiperêmese gravídica? Por isso, quer que Benjamin passe um dia sem preocupações? - questionei preocupada com o seu estado e ela respirou fundo o que me deixou ainda mais nervosa.

— Graças a Deus não, mas foi uma possibilidade considerada por minha obstetra que logo a descartou, pois nas primeiras semanas havia dias que fiquei a manhã toda no banheiro vomitando. Presenciar isso, deixou Benjamin em pânico, só agora ele está conseguindo relaxar um pouco. Se fosse antes, ele jamais me deixaria sozinha com você, sem ofensas Cíntia.

—Você não me ofendeu, entendo a preocupação dele e a sua também.

—Então, por favor, podemos manter meu mal-estar entre nós? - ela suplicou com o olhar e concordei com a cabeça, o que lhe deixou aliviada.

—Tudo bem, mas se você voltar a se sentir mal novamente, vou ligar para o seu noivo. - avisei séria e ela concordou.

Esperei minha amiga se recuperar do mal-estar antes de pagarmos a conta e agradecemos a atendente, lhe dando uma boa gorjeta pela ajuda, saímos do café e pegamos um taxi na porta antes de começarmos a nossa programação do dia.

Assim que chegamos à loja de vestido de noivas cumprimentamos a recepcionista, que nos levou em direção a sala reservada para a última prova do vestido de noiva de Melissa.

—Porque sua mãe não veio na última prova do vestido, Mel? - questionei enquanto esperávamos sentadas pela costureira, que traria o vestido de noiva da minha amiga.

—Achei melhor deixa-la em casa, depois da última prova.- ela disse e concordei ao me lembrar do quanto sua mãe chorou, ao ver a filha vestida de noiva pela primeira vez.

—Você tem razão, é melhor deixa-la se preparar para o grande dia. -disse e Mel concordou antes da costureira entrar com o vestido, devidamente embalado em uma espécie de sacola branca que possuía a logomarca da loja.

—Pronta para a última prova, Mel? - a costureira questionou a minha amiga que sorriu feliz ao ver a sacola branca com seu vestido.

—Sim. - ela disse sorrindo enquanto se levantava e a costureira indicou o local onde Mel deveria se trocar.

Como Melissa estava grávida, seu vestido de noiva sofreu inúmeros ajustes durante sua confecção, tentando acompanhar as mudanças que seu corpo estava sofrendo por causa do seu estado. Assim que ela voltou para a sala fiquei mais uma vez deslumbrada, pela obra de arte que era aquele vestido de noiva.

Segundo Mel, o desenho havia sido um presente da tia de Benjamin, feito exclusivamente para ela, para que combinasse com seu anel de noivado em formato de flor.

A parte de cima do vestido era todo em renda, possuindo detalhes em forma de flores, combinando de maneira harmoniosa com decote que o mesmo possuía, sua cintura era demarcada por um delicado cinto do mesmo tecido em formato de laço, e sua saia seguia ampla e lisa.

Um verdadeiro vestido de princesa, o qual toda garotinha desejava usar no dia mais importante da sua vida.

—Vou soltar mais um pouco na cintura e na parte do busto, mas serão ajustes mínimos que serão feitos hoje mesmo. A tarde entregaremos seu vestido de noiva na sua casa. - a costureira disse depois que identificou os locais que precisavam de ajustes.

—Obrigada, Glória. - Mel disse agradecida para a costureira que sorriu, antes de começar a anotar as alterações que faria no vestido.

—E então, como estou? - Mel questionou nervosa enquanto me olhava e sorri carinhosa para ela.

—Você está linda, amiga...Uma verdadeira princesa. - disse olhando-a e Mel sorriu agradecida para mim.

—Você acha que o Benjamin, irá gostar? - ela questionou insegura e caminhei em sua direção antes de segurar suas mãos com carinho, olhando em seus olhos.

—Tenho certeza que ele irá adorar, Melissa. - assegurei sincera e ela sorriu agradecida para mim.

Depois que terminamos nossa visita ao ateliê de noivas, pegamos outro taxi e seguimos em direção a igreja  de São Lucas, onde seria realizada a cerimônia, conversarmos com o pároco do local para sabermos se a empresa responsável pela decoração, havia realmente vindo para começar a instalação das luzes, já que a decoração de todo o local seria com luzes e velas devido a alergia de Melissa em relação a flores.

Assim que o pároco nos certificou que tudo estava seguindo como planejamos, nos despedimos dele e fomos em direção a casa de eventos, onde aconteceria o jantar de ensaio e a recepção do casamento, no qual verificamos cada detalhe antes de seguirmos irmos almoçar em um restaurante que havia perto da casa de eventos.

Enquanto almoçávamos discutimos os últimos detalhes para o jantar de amanhã, após o almoço pagamos a conta e Mel ligou para o noivo, que veio busca-la minutos depois me oferecendo uma carona, da qual aceitei. Afinal, estávamos longe da minha casa e o metro a uma hora dessas, devia estar lotado devido ao horário de pico.

—Sabe o que me lembrei enquanto almoçávamos, Mel? De que nunca me disseram, quem seria o padrinho de vocês. - disse do banco de trás enquanto os olhava pelo espelho retrovisor e Benjamin pareceu tenso.

—Jura? Achei que Benjamin tivesse lhe contado, afinal, ele fez questão de lhe dizer. Você não contou a ela, querido? - Mel questionou confusa pelo esquecimento do noivo.

—Acabei me esquecendo. Tem certeza de que quer falar sobre isso agora, Cíntia? -ele questionou tentando desconversar.

—Porque? Por acaso o padrinho de vocês é algum serial killer? - questionei brincando e eles negaram com a cabeça, imediatamente fiquei preocupada com a identidade do padrinho misterioso. - Por favor, me digam que não é o Douglas.

—Claro que não. - os dois disseram juntos e respirei aliviada em saber que não o veria, já que evitava cruzar o seu caminho o dia todo na empresa.

— Jamais convidaria um cafajeste como o Douglas para ser meu padrinho, no dia mais importante da minha vida e da vida da Melissa. - Ben disse parando em um sinal e respirei aliviada enquanto afundava no banco, agradecendo a Deus por meu ex não ser o padrinho misterioso dos meus amigos.

—Vocês não sabem o peso que tiraram das minhas costas, com essa notícia. Mas quem é o padrinho misterioso, que ficará ao meu lado no altar? - questionei aos dois e Mel olhou para o noivo que suspirou, como se estivesse tomando coragem para falar.

—É o meu irmão caçula. - Benjamin disse e o olhei incrédula, sem acreditar no que ele havia acabado de falar.

—Espera, acho que não entendi direito. Você disse que convidou o seu irmão caçula, para ser o seu padrinho? -questionei rezando para que tivesse ouvido errado.

—Sim, nosso padrinho de casamento é o meu irmão caçula. - ele confirmou e Mel concordou com a cabeça enquanto gemia no banco de trás.

A vida não podia ser tão cruel comigo assim, podia?

Havia passado anos sendo enganada por um cafajeste, que destruiu meu coração e minha autoestima, agora seria obrigada a passar a cerimônia de casamento dos meus melhores amigos ao lado do homem mais galinha que já havia ouvido falar, já que a fama de Ethan Thompson, corria por todos os corredores do Conglomerado.

—Cíntia, está tudo bem? - Mel questionou preocupada comigo e pode ver através do espelho retrovisor que Benjamin também estava.

—Prometo a você que ele irá se comportar, Cíntia. - Benjamin jurou me olhando pelo retrovisor enquanto voltava a dirigir.

—É bem difícil acreditar, dado o histórico dele. Se não sabe, o Conglomerado inteiro comenta que seu irmão caçula, conheci intimamente várias funcionárias e metade da Inglaterra.

—Isso são só boatos maldosos. Meu irmão jamais saiu com uma funcionária da empresa. - Benjamin disse seguro e fiquei em dúvida, afinal podia ser mesmo verdade, já que eu também era alvo de boatos sem fundamentos, que corriam como rastro de pólvora pelos corredores do Conglomerado.

—Isso é sério? Porque não me contou, Benjamin? - Mel questionou séria para o noivo que suspirou.

— Porque não achei relevante, isso tudo não passa de boatos, Melissa. - Benjamin assegurou sério enquanto nos olhava pelo retrovisor.

—Claro que era relevante, Benjamin. Você devia ter me contado sobre isso, sendo um boato ou não. Posso adorar o Ethan e ser grata por tudo que nos fez quando mais precisamos meses atrás, mas não vou admitir que ele constranja a minha amiga no nosso casamento.

—Nem eu permitiria tal coisa, Melissa. Querida, meu irmão pode ter as aventuras dele fora das dependências do Conglomerado, mas ele me jurou quando conversamos, que se comportaria como um verdadeiro lorde inglês e acredito nele. Conheço Ethan desde que nasceu, e sei que jamais quebrou a sua palavra. Vamos apenas lhe dar um voto de confiança, por favor, meu anjo, em nome de tudo que meu irmão fez por nós. - Ben pediu a noiva enquanto fazia uma curva e Mel suspirou resignada.

—Tudo bem, vamos dar um voto de confiança a ele, mas assim que chegar em casa, ligarei para o Ethan e teremos uma conversar séria, a mesma que terei com o senhor, por novamente decidir o que devo ou não saber.- Mel disse séria olhando para o noivo e me senti dividida, por um lado estava emocionada por ver a minha amiga tomando minhas dores, mas por outro me senti culpa por fazê-la ficar nervosa no estado que estava e ainda brigar com o noivo, as vésperas do casamento.

Deus, eles seriam pais daqui a alguns meses e essa criança merecia tê-los juntos, mesmo que tivesse que suportar algumas horas com o homem mais galinha da Inglaterra.

—Mel, está tudo bem, não precisa se preocupar. Benjamin, jurou que seu irmão se comportará, tudo que não quero é causar atritos entre vocês, muito menos a sua nova família. - assegurei para a minha amiga, tentando transparecer confiança e ela concordou antes de seguirmos a nossa viagem em silêncio.

Enquanto pensava no suplicio que passaria nos próximos dois dias, por ter que ficar na companhia de Ethan Thompson.


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