O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 57
Benjamin


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de O Legado, que está repleto de emoção para vocês. Espero que gostem e preparem o coração, para as emoções finais da primeira temporada.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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Depois que consegui controlar minhas lágrimas de dor por ter perdido meu imprinting, me senti um homem vazio e desprovido de qualquer emoção, como se tivesse me transformado em uma folha em branco.

Não havia mais dor ou amor dentro de mim, era como se a minha parte humana houvesse desaparecido dando lugar ao meu lado animal, que só conseguia pensar em uma coisa...Vingança.

Vingança contra aquela, que ousou tirar minha fêmea de mim.

Que nos separou para sempre, me obrigando a viver uma vida vazia e incompleta.

Que nos tirou a chance de viver a nossa história de amor, que estava apenas nas primeiras linhas do seu prólogo.

Por tudo isso e pelas vidas que havia tirado, Leticia iria pagar, nem que fosse com a própria vida. Afinal, a lei suprema dos lobos era não matar o imprinting de outro lobo, pois tal fatalidade seria capaz de destruir toda a matilha, já que a dor de um era compartilhada por todos.

“Benjamin, você precisa me ouvir. A Mel não está morta.” - ouvi os pensamentos do meu irmão invadirem a minha mente e rosnei furioso para ele.

“Sai da minha cabeça, Ethan. Não adianta tentar me enganar, vou acabar com a vida da Leticia, nem que seja a última coisa que faça. Não serei misericordioso com ela. - “pensei com fúria para o meu irmão caçula enquanto corria a toda velocidade pela floresta.

“Ben, é verdade. Eu mesmo a salvei, ela está viva e sob a proteção dos seus pais.” - Caleb pensou e logo minha mente começou a ser bombardeada por imagens, nas quais pode ver novamente o rosto da garota que amava.

Vê-la em sua mente, cheia de vida e com os lindos olhos cor de mel brilhantes, me machucou ainda mais, me fazendo gemer de dor e perder as forças nas patas uivando em seguida, tentando extravasar de alguma forma toda a falta que sentia da minha fêmea.

“Benjamin, por favor, acredite em nós, irmão. Você não perdeu a sua fêmea, ela está viva e a sua espera, não faça nada de cabeça quente, pois sei que irá se arrepender quando voltar a razão. Apenas, acredite em nós.” - Ethan pediu e rosnei furioso me levantando do chão.

“Não quero ouvir a razão, Ethan. Vou ter a minha vingança, nem que tenha que passar por cima de qualquer um para isso. Agora me deixem em paz.” - gritei em pensamento expulsando-os da minha mente, voltando a correr para o local onde encontraria minha prima.

Não queria que meus irmãos de bando se envolvessem na minha vingança, pois isso era um assunto entre mim e Leticia, e já havia morrido inocentes demais por causa desse assunto. Não podia mais arriscar a vida dos outros, pois a culpa por ela não está mais viva, era minha e não deles.

Afinal, eu  decidi mandando-a para longe, acreditando que assim a manteria a salvo da guerra que estava travando contra a minha prima, mas tudo que fiz foi entrega-la em uma bandeja de prata para Leticia, e esse erro me acompanharia durante toda a minha vida, me corroendo a cada minuto da minha existência, enquanto me culpava por não ter sido forte o suficiente para proteger minha fêmea.

Assim que me aproximei da clareira, a mesma que brincava de esconde e esconde com Leticia e Harry quando vinha passar férias em La Push com meus pais e meu irmão, senti vários cheiros conhecidos presentes no local. Determinado, voltei a minha forma humana sem me importar se seria atacado por meus inimigos, nada mais me importava ou me fazia sentir medo, pois o que mais temia já havia acontecido.

—Pontual como sempre priminho, deve ser uma qualidade da sua parte inglesa. - Leticia disse sorrindo suave para mim assim que notou a minha presença. - Onde estão seus reforços, Ben?

—Não preciso de reforços para acabar com você. - disse frio e ela riu surpresa.

— Admiro a sua confiança, Benjamin, mas como pode ver com seus próprios olhos, estou com vantagem. - Leticia disse fingindo preocupação e a olhei com ódio. -Nossa priminho, você está péssimo, mas que indelicadeza a minha, nem lhe dei os pêsames pela morte da sua amada esposa e do seu filhotinho.

—Não ouse...Falar dela. - rosnei enquanto olhava para Leticia, que parecia se divertir com a minha raiva.

—Por favor, Benjamin, ela nem era tão bonita assim para que ficasse cego dessa forma.  Você já teve mulheres mais bonitas na sua cama, como a Sylvia, por exemplo.

—Melissa...- disse seu nome e meu coração doeu ao me lembrar dela, uma dor tão grande e incapacitante que me tirou o ar, mas não daria à Leticia o prazer de me ver sofrendo. - Ela era o meu imprinting e não uma qualquer, Leticia. Melissa, era o amor da minha vida, a parte mais linda da minha história, a pessoa mais importante e preciosa desse mundo pra mim, e você movida pela inveja, ganancia e raiva, tirou a vida de uma inocente, que não tinha culpa de nada. A sua obsessão pelo poder, ceifou a vida de uma garota de vinte e um anos, cheia de sonhos, que mal havia começado a viver...Você a privou pra sempre da companhia da sua família...Do desejo de formar uma família comigo...E a farei pagar por isso.

Furioso caminhei lentamente em sua direção e percebi que minha prima ficou nervosa,

antes de fazer sinal para os lobos que estavam escondidos pela floresta, um total de seis, pelo que consegui sentir através do meu olfato.

—Se não quiserem se machucar é melhor não interferirem. - ordenei severo usando a minha voz de alfa, fazendo com que eles se afastassem o que deixou a minha prima confusa.

—Voltem aqui. - Leticia ordenou severa enquanto olhava seus aliados correrem em direção a floresta, deixando-a sozinha.

E vi em seus olhos, quando o medo tomou conta dela.

Ótimo, era bom mesmo que estivesse com medo de mim.

—Não adianta gritar por seus aliados, priminha, parece que eles a abandonaram.

—Isso não é verdade. Eles sabem que sou a verdadeira...- ela começou a dizer nervosa e a interrompi severo.

—Você não é nada, Leticia. Você jogou o nome da nossa linhagem na lama...Jogou nossos irmãos uns contra os outros...Manchou a nossa terra sagrada, com o sangue de inúmeros inocentes. E ainda se acha no direito de proclamar aos quatro ventos, que é a verdadeira alfa e líder tribal do povo Quileute?! Esse lugar jamais será seu, nem mesmo com a minha morte. Você jamais foi digna dele, porque nunca pensou no bem do próximo, sempre pensou em si mesma antes dos outros, essa é a lição que jamais irá aprender na sua vida, porque é egoísta demais para entender que um alfa ou um líder tribal, nasceu para servir o seu povo e não para ser servido. -disse frio e ela me olhou temerosa.

Sem pensar muito, me transformei novamente em lobo e caminhei lentamente em sua direção, mostrando meus dentes a ela enquanto pensava nas inúmeras formas que a faria sofrer, por toda dor causou.

—Benjamin, que tal sentarmos para conversar um pouco? Você sempre foi um homem justo e generoso, poderia muito bem me dar uma segunda chance. - Leticia pediu e rosnei furioso, deixando claro que não lhe concederia tal pedido.

—Tudo bem. Quer lutar de igual para igual?  Realizarei a sua vontade, mas depois quando perder não vá chorando para o colinho da mamãe, como o menininho mimado que sempre foi. - ela disse furiosa e se transformou em uma loba de pelos caramelos antes de me atacar.

Antes que pudesse me atacar a acertei com uma cabeçada, que a jogou de encontro a uma árvore com força, ouvindo em seguida seus ossos sendo quebrados após o impacto. Leticia até tentou se levantar novamente, mas seus ossos quebrados a impediram de fazê-lo, deixando-a deitada no chão sem poder se defender contra mim e o medo se apossou novamente dela.

 “É bom que tenha medo de mim, pois não terei misericórdia de você. Vou fazê-la sofrer, da mesma forma que fez com os nossos irmãos...Da mesma forma que fez com a minha fêmea.” - pensei dominado pelo ódio enquanto minha prima se encolhia em minha frente, com medo do que iria lhe fazer.

“Benjamin, por favor. A verdade é que não matei a sua fêmea, nem sei se ela está viva ou morta. Tudo que fiz foi pedir para alguns dos meus homens, se infiltrarem na casa do tio Jacob, a espera de uma oportunidade de trazerem-na para mim. O plano estava saindo como imaginei, mas aconteceu um acidente e ninguém soube me dizer onde ela...” - ela começou a pensar com pressa e dor e rosnei ameaçadoramente lhe interrompendo.

“Você nunca mais vai me enganar, Leticia. Não acredito em nada do que me disser, espero que nossos ancestrais a mandem para um lugar repleto de dor e sofrimento, a mesma dor e sofrimento, que fez tantos inocentes passarem...A mesma dor, que me obrigou a sentir quando tirou minha fêmea de mim.” - pensei com ódio e avancei para atacar Leticia, mas antes que pudesse realizar meu desejo, fui atingido no meu lado esquerdo força sendo lançado alguns metros longe de onde estava.

“Não vou deixar que cometa uma loucura dessas, irmão. Você não pode se igualar a Leticia, Ben, você é melhor do que ela. Não deixe a dor cegá-lo, sua fêmea está viva...” -Ethan começou a pensar em pé perto de mim e rosnei furioso, me levantando antes de partir para cima dele, mordendo o seu pescoço em seguida.

“Benjamin...Ethan... Parem com isso agora.” -ouvi minha mãe pensar furiosa enquanto ainda atacava meu irmão mais novo, que não revidava nenhum dos meus golpes.

Logo senti alguém mordendo minha pata, tentando me puxar para longe do meu irmão evitando assim que o atacasse, o que me deixou com mais raiva.

Quando estava prestes a atacar minha mãe, senti um cheiro familiar antes de ouvir uma voz conhecida, uma que achei que nunca mais ouviria, gritando meu nome de forma desesperada.

—Benjamin. - a voz gritou desesperada novamente aparecendo na clareira e parei de atacar meus oponentes, virando em sua direção.

 “Melissa...” - pensei incrédulo enquanto a olhava correndo em minha direção, antes de parar na minha frente.

—Benjamin, sei que não quer machucar ninguém. Só está fazendo isso, porque está sofrendo por achar que me perdeu, mas amor, eu estou viva. - a voz que pertencia a garota que amava disse entre lágrimas, enquanto olhava em seus olhos e recuei alguns passos, não acreditando no que estava vendo.

Melissa estava morta, não tinha como estar aqui na minha frente tentando me convencer de que estava viva e de que não deveria atacar ninguém, aquilo só podia ser uma alucinação.

Uma alucinação, causada pela dor que estava sentindo, mas ela era tão real que me fez sofrer ainda mais pela falta dela.

—Ben, querido, por favor, não faça nada movido pela raiva ou pela dor de achar que me perdeu, porque isso não aconteceu. Eu estou viva e na sua frente...Apenas sinta o meu cheiro, o meu calor e ouça as batidas do meu coração, só assim saberá que não sou fruto da sua imaginação. -a alucinação implorou sem desviar os olhos dos meus, enquanto se aproximava com cuidado de mim, temendo não me assustar por causa de algum movimento brusco.

Resignado, fechei os olhos e respirei fundo, me concentrando nos cheiros ao meu redor, isolando-os até que um em especifico dominou todo o meu ser, me fazendo reconhecer automaticamente o cheiro de canela e avelã...O cheiro característico da minha fêmea.

Desesperado, me concentrei no som das batidas do seu coração e foi impossível conter as lágrimas, ao confirmar a verdade.

Melissa estava viva e diante de mim.

Com sua pele clara e delicada como seda, suas bochechas coradas, seus lábios vermelhos, que sempre tinham gosto de cereja todas as vezes em que a beijava, seus longos e sedosos cabelos castanhos e seus doces olhos castanhos cor de mel.

“Melissa.” -pensei olhando-a com emoção e adoração, ainda emocionado por vê-la viva na minha frente.

—Sim, sou eu meu alfa. - ela disse entre lágrimas enquanto ainda me olhava na forma de lobo.

Sem pensar em mais nada, voltei a ser humano e corri em sua direção, segurando sua cintura antes de rodá-la no ar, fazendo-a rir.

Um sorriso tão lindo e acolhedor, que foi capaz de esquentar meu corpo por inteiro, despertando meu coração adormecido, que voltou a bater acelerado por causa dela.

—Não acredito que esteja viva...- disse entre lágrimas assim que a coloquei no chão e segurei seu rosto com ambas as mãos, olhando-a como um cego que via a luz pela primeira vez. - Que esteja novamente em meus braços.

—Estou viva, meu amor, e de volta para os seus braços. - ela disse emocionada e sorri maravilhado antes de me aproximar do seu rosto, beijando cada centímetro dele fazendo-a sorrir de leve pelas cocegas involuntárias, que me barba por fazer sempre fazia em sua pele. -Eu te amo Benjamin.

—Eu te amo Melissa. -disse apaixonado antes de me inclinar em sua direção, beijando seus lábios com saudade e paixão.

Beijei Melissa de forma lenta saboreando seus lábios, com gosto de cereja, que sempre me faziam perder a razão a cada beijo que trocávamos. Só nos separamos, quando nossos pulmões reclamaram por ar.

—Quem inventou...Que precisamos de ar? - Mel sussurrou sem folego nos meus braços e sorri ao me lembrar dessas palavras, as mesmas que ela havia dito depois que nos beijamos pela primeira vez. - Senti tanta saudade de você, meu amor.

—Eu também, meu anjo. Mel, me desculpe, não devia tê-la mandando para longe de mim, devia tê-la deixado comigo. Eu prometo amor, que nunca mais a mandarei para longe de mim, porque não sei viver sem você, a dor que senti hoje só de pensar que nunca mais estaria assim com você, me deu um leve vislumbre do que seria a minha vida sem você.- disse arrependido pela decisão que havia tomado, uma que quase me levou à loucura pela dor que senti, por algumas horas.

—Shh, está tudo bem amor, você só fez o que achou ser o certo no momento, não precisa me pedir perdão, pois não há nada para perdoar. - Mel disse suave enquanto fazia carinho em minha nuca me fazendo gemer satisfeito em resposta, fazendo-a rir.

—Eu gosto, muito disso. -confessei desfrutando do seu carinho antes de encostar a minha testa na sua, acariciando meu nariz com seu.

—Eu sei disso. - ela segredou cumplice antes de beijar meus lábios com urgência, mas tive que interromper nosso beijo, pois ainda precisava resolver meu assunto inacabado com a minha prima.

Segurei a mão direita da minha esposa antes de conduzi-la para trás de mim, onde estaria segura de qualquer ameaça que pudesse surgir da minha prima ou de qualquer um.

—Fique atrás de mim, meu anjo. - pedi olhando para trás e ela concordou antes de voltar a minha atenção para Leticia, que havia voltado a forma humana.

Em seguida notei que não estávamos mais sozinhos na clareira, além da minha mãe e do meu irmão, meus parentes e irmãos de bando também estavam presentes, o que deixou minha prima assustada, pois não poderia se defender de todos nós se decidíssemos ataca-la.

—Benjamin, meu amor, por favor, não a machuque. - Mel implorou atrás de mim em favor da minha prima. Apesar de todo o mal que Leticia havia lhe feito, Melissa ainda conseguia ser generosa com ela, me implorando que não a machucasse.

—Ela não merece a sua compaixão, meu anjo. Leticia, a ameaçou desde que colocou os pés aqui, machucou e matou inúmeros inocentes e tentou tomar o meu lugar. - disse olhando com raiva para a minha prima.

Com cuidado Mel me abraçou por trás antes de beijar minhas costas nuas, fazendo meu corpo se arrepiar com seu toque e tive que controlar meu instinto desesperado, que queria puxá-la para os meus braços e beijá-la novamente até que fosse impossível respirar.

—Eu sei amor, mas ela é a sua prima, sangue do seu sangue, e todos tem o direito a uma segunda chance. O perdão faz bem tanto para quem o dá quanto para quem recebe, por isso eu te perdoo Leticia. - Mel disse olhando a minha prima por trás do meu braço, já que a impedi de sair de trás de mim. - Apesar de ter me ameaçado e mandado me matar, e quase ter matado o homem que amo, eu te perdoo por tudo que nos fez, Leticia.

—Não preciso do seu perdão garota estupida, prefiro morrer com honra do que viver sabendo que só sobrevivi, por causa de um pedido feito ao Bem, pela sua diversão do mês. - Leticia disse arrogante e a olhei severo, já sem paciência para os seus comentários desrespeitosos em relação a minha esposa.

— Já chega Leticia. Não vou mais admitir que continuei ofendendo Melissa, ela não é a minha diversão do mês. Melissa é o meu imprinting, a minha esposa, o amor da minha vida e você lhe deve respeito. Peça perdão para a Melissa, agora. - ordenei usando meu tom de alfa para a minha prima.

—Querido, não precisa disso. - Mel disse intercedendo novamente por minha prima, tentando impedi-la de passar por tal situação.

—Precisa sim. Peça perdão agora, Leticia. - ordenei furioso e minha prima nos olhou com ódio.

—Me perdoe Melissa. - Leticia rosnou com raiva e balancei a cabeça, aprovando sua atitude.

—Apesar de não ter soado sincero, reconheço o seu esforço. -disse e ela rosnou furiosa tentando se levantar para nos atacar, automaticamente puxei minha esposa para trás de mim usando meu corpo e minha altura para protegê-la, mas apesar dos  seus esforços minha prima não conseguiu ficar de pé por causa dos machucados, que não haviam cicatrizado.

—Não ouse pensar em nos atacar, ou não sairá viva daqui. - rosnei furioso usando meu tom de alfa enquanto a olhava de cima, deixando claro quem mandava ali. - Escute a sua sentença quieta, como uma boa subordinada que você nasceu para ser.

Leticia tentou me intimidar com seu olhar de ódio, mas ela não era capaz de ter tal influência ao contrario de mim, que a cada ordem a fazia obedecer sem contestar.

Odiava impor minha vontade a alguém, mas Leticia havia passado de todos os limites e não poderia arriscar deixa-la com o livre arbítrio, pois isso colocaria em risco a vida de todos os presentes na clareira e os ausentes também.

—Você, Leticia Clearwater, herdeira da linhagem de Lyva, é acusada de matar nossos irmãos, colocar em risco a vida de inúmeros inocentes e tramar contra o seu alfa, que é ligado a você por laços de sangue. Além de todos esses crimes já citados, você tentou cometer o mais grave de todos perante a lei da nossa matilha, quando ameaçou e colocou em risco a vida do meu imprinting. E para tais crimes a sentencio...- comecei a dizer e Mel apertou o meu braço com força, como se quisesse chamar minha atenção para si.

—Amor, por favor, tenha compaixão dela. Não derrame mais sangue nessa terra. - ela implorou em um sussurro para mim e virei para trás, olhando seus olhos cor de mel. - Por favor, querido, não vamos começar uma vida juntos, tendo o sangue da sua prima em nossas mãos. Não podemos combater o ódio com mais ódio, devemos combatê-lo com amor e compaixão.

Olhei nos olhos cor de mel do meu imprinting, que me pedia com o olhar para ter compaixão pela pessoa que nos prejudicou de inúmeras formas, presenciar a generosidade e altruísmo de Melissa me deixou ainda mais orgulho em tê-la ao meu lado, logo soube dentro de mim, qual decisão tomar.

—Você tem razão, meu anjo. - sussurrei amoroso para ela que sorriu grata e beijei sua testa com carinho, antes de voltar a minha atenção para a minha prima.

—A pedido da minha esposa e com o consentimento dos nossos ancestrais, irei ter misericórdia de você. Como punição por todos os crimes que cometeu, a sentencio ao exilio. Você, Leticia Clearwater, herdeira da linhagem de Lyva, perderá para sempre a sua habilidade de transfiguradora e deixará essas terras sem jamais retornar. Se voltar a colocar os pés aqui novamente, nossos ancestrais tiraram sua vida. - disse severo enquanto a olhava e Leticia negou com a cabeça.

—Você não pode fazer isso comigo. Não pode tirar meu poder de mim, muito menos me expulsar da minha terra. Quem você pensa...- Leticia começou a gritar furiosa e a interrompi severo.

—Eu sou Benjamin Clearwater, herdeiro da linhagem de Lyva, alfa e líder tribal do povo Quileute por direito de nascença, nunca mais conteste o meu direito novamente se quiser continuar viva, pois você só continua respirando, a pedido da minha fêmea e com o consentimento dos nossos ancestrais. Jamais se esqueça disso, Leticia, você só está viva pela compaixão demostrada por Melissa, porque nem eu ou nossos ancestrais queríamos lhe dar misericórdia.- destaque severo e ela rosnou furiosa, pois sabia o quanto ela odiava se sentir rebaixada a alguém ainda mais a uma humana frágil e vulnerável, quanto minha esposa.

—Calada, não quero mais ouvir os seus rosnados. - ordenei furioso fazendo-a se calar antes de sinalizar aos dois lobos que estavam atrás de Leticia, evitando que a mesma fugisse. - Ethan e Harry, escoltem Leticia para fora de nossas terras imediatamente.

—Espera, Benjamin, preciso pegar as minhas coisas, me despedir dos meus pais...- ela começou a dizer e a interrompi.

—Você perdeu esse direito, quando trouxe a guerra para a nossa terra, Leticia. -disse furioso antes dos dois segurarem um de cada lado os braços de Leticia, levantando-a contra a vontade para a fronteira de La Push.

Fiz questão de acompanhar todo o trajeto até a fronteira, onde minha prima ainda tentou me convencer a não expulsá-la, mas a minha decisão já estava tomada e não voltaria a trás. Enquanto cuidava de Leticia, os irmãos de bando que continuaram leais a mim, caçavam os aliados de minha prima. Não permiti que nenhum deles permanecesse em nossas terras, todos foram expulsos assim como suas famílias, obedecendo um pedido feito a mim por meus ancestrais, quando Mel intercedeu a favor de Leticia.

Depois que expulsei todos os traidores das nossas terras, deixei meu imprinting em segurança antes e patrulhar ao lado da minha matilha, todos os arredores de La Push em busca de algum perigo, assegurando que meu povo poderia voltar em segurança ao nosso lar.

Já em nossa casa em La Push, mamãe nos contou sobre o plano que havia feito junto com tia Alice para manter Mel segura, já que ela desconfiava de que poderia haver um traidor entre nós e as visões da minha tia Alicia, só lhe deram mais certeza do que deveria fazer.

Após ouvir o relato das duas, agradeci a elas por terem salvado a vida da minha esposa, em seguida fui até a casa de Caleb, agradecê-lo pessoalmente por ter protegido o meu imprinting e levando-a para um local seguro.

Depois que sai da casa de Caleb continuei caminhado pela rua, presenciando as pessoas da minha tribo voltarem devagar a sua normalidade enquanto ia em direção a casa do meu tio Seth, pois precisava falar com ele, lhe pedir perdão por ter expulsado sua filha das nossas terras, privando-a da companhia da sua família.

Como não sabia qual seria sua reação diante da minha presença, deixei minha esposa sob os cuidados dos meus pais e do meu irmão caçula, antes de sair da casa que possuímos em La Push.

—Será que poderíamos conversar, Tio Seth. - pedi suave me aproximando dele que estava concertando os degraus da frente.

—Claro, mas agradeceria a ajuda de mais um par de mãos, pois Harry está ajudando a mãe lá dentro. - ele disse assim que virou para me ver e concordei antes de sentar ao seu lado para ajudá-lo.

Ajudei meu tio em silêncio, pois sentia que precisávamos disso, assim que terminamos minha tia Molly trouxe uma jarra de limonada gelada para nós, segundo ela era a nossa recompensa pelo trabalho bem feito que fizemos, o que nos fez rir.

—Me perdoe, tio Seth. -disse culpado após tia Molly nos deixar a sós enquanto olhava para o copo de limonada em minhas mãos, sem coragem de olhá-lo nos olhos. - Me perdoe, por mandar sua filha embora, por privá-lo de conviver com ela, mas não tive outra alternativa. Se pudesse, jamais separaria a nossa família dessa forma.

—Benjamin, está tudo bem. Molly e eu entendemos e respeitamos, a decisão que tomou - meu tio disse suave colocando sua mão direita no meu ombro e o olhei sem entender. - Minha filha errou e precisava pagar pelas escolhas que fez.

—Não consigo entender a sua reação, tio. Se alguém afastasse minha filha de mim, seria capaz de mata-lo.- disse olhando em seus olhos e ele suspirou resignado.

—Eu também, Ben. Dói muito saber que nunca mais verei minha filhotinha, que não saberei se ela está com dor, com frio ou assustada...Se terá um lugar para dormir...Se conseguirá ser feliz, depois de tudo que fez...Meu coração de pai está sangrando por estar longe dela, mas não posso ser cego perante toda a dor que ela espalhou. Sim, eu perdi uma filha, mas sei que ela está viva em algum lugar, ao contrário de tantos outros do nosso povo que não podem ter tal certeza. - meu tio disse olhando em meus olhos e senti as lágrimas caírem dos meus olhos, emocionado por suas palavras. -Você não me deve perdoo, Benjamin, se alguém lhe deve algo aqui sou eu. Obrigado do fundo do meu coração, meu sobrinho amado, por ter poupado a vida da minha filhotinha.

—Não mereço seu agradecimento, tio. Foi a Mel que intercedeu por ela, só atendi a um pedido da minha esposa com o consentimento dos nossos ancestrais.

—Você poderia não ter ouvido sua esposa, muito menos nossos ancestrais, depois de tudo que Leticia lhe fez, mas não, você mostrou a ela o quanto é generoso, o quanto merece o lugar que nasceu para exercer.- ele disse suave antes de sorrir para mim e enxugar as minhas lágrimas, sem deixar de me olhar nos olhos.- As escolhas foram dela, e as consequências devem ser arcadas somente por ela. Benjamin, você tem toda uma vida pela frente ao lado do seu imprinting e não pode deixar que os erros da minha filha, perturbem a felicidade de vocês. Agora quero que me prometa, que jamais voltará a se culpar pelo que Leticia fez.

—Eu prometo tio. - disse com a voz embargada e ele concordou com a cabeça antes de me abraçar com carinho.

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No dia seguinte, toda a tribo participou de uma cerimônia na qual homenageamos todos aqueles que perderam suas vidas em uma guerra sem sentido, movida pela inveja que minha prima sentia por mim.

Após a cerimônia, fiz questão de visitar cada uma das famílias que haviam perdido seus entes queridos. Ver a dor da perda nos olhos de cada família atingida por Leticia, me quebrou de inúmeras formas, só não desabei porque Melissa estava ao meu lado segurando minha mão, garantindo que tudo ficaria bem.

Enquanto os outros entravam em casa ao entardecer depois da cerimônia, me sentei nos degraus da entrada sendo acompanhado por minha esposa.

—Não suporto vê-lo se sentindo triste dessa forma. - Mel disse suave antes de entrelaçar seu braço com o meu, deitando sua cabeça no meu ombro.

—Preciso fazer alguma coisa, para amenizar toda a dor que Leticia causou. Se não fizer isso, sei que não ficarei em paz comigo mesmo.- disse pensativo e Mel beijou meu ombro com carinho, tentando me tranquilizar de alguma forma.

—Vamos achar juntos uma solução, meu amor, não se preocupe. - Mel disse compreensiva e concordei enquanto continuávamos sentados lado a lado, admirando a lua e aproveitando a calmaria que havia se instalado novamente em La Push.


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