The Irish Girl & The English Man escrita por Sophie Queen


Capítulo 1
The Irish Girl & The English Man


Notas iniciais do capítulo

Disclaimer: infelizmente Twilight não me pertence, muito menos a música Galway Girl, mas usar essas duas coisas juntas sim, então, respeitem!



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***THE IRISH GIRL & THE ENGLISH MAN***

 .

 Título: The Irish Girl & The English Man (A Garota Irlandesa e o Cara Inglês)

Autora: Sophie Queen

Shipper: Bella e Edward

Personagens: Humanos

Gênero: Romance

Classificação: +13

Sinopse: Flâmulas verdes. Trevos por todos os lados. Música celta tocando ao fundo. Seria um dia de St. Patrick, como qualquer outro, se não fosse por um barman inglês, se encantar por uma violinista irlandesa.

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O dia de St. Patrick sempre foi divertido, em todos os pubs que trabalhei o dia 17 de março era sempre uma comemoração ímpar. Apesar de ser barman do The Witt Scottish Pub pelos últimos dois anos, nunca tive a oportunidade de participar de uma comemoração do dia de São Patrício, por isso que estava realmente animado para a festividade, principalmente por celebrar o dia do padroeiro da Irlanda ao som de uma banda tipicamente irlandesa.

Eu era um cara inglês, que trabalha em um bar escocês no meio de Londres e, que estava animado para ouvir uma banda irlandesa.

Seria quase cômico, uma piada pronta, a multiplicidade cultural da qual estava inserido aquela noite, mas a verdade era que ver aquelas flâmulas verdes, os inúmeros trevos de três e quatro folhas, os leprechauns e até mesmo o chopp verde — que Jasper o proprietário do The Witt, como carinhosamente chamávamos, importou — me deixava entusiasmado para o que esperar daquele dia.

Rosalie, a outra bartender, que já conhecia de Leeds — minha cidade natal —, estava tão ou mais animada do que eu. Segunda ela, a banda que tocaria aquela noite, a The Celtic Twilight era fantástica.

Não era de hoje que ouvia sobre essa banda, mas nunca tive a oportunidade de ouvi-los ao vivo, porque todas as vezes que eles tocaram no pub ou eu estava visitando minha família em Leeds, ou preso fazendo coisas da universidade, ou ainda preso no relacionamento tóxico que tinha com minha ex.

Há pouco mais de três meses havia terminado um relacionamento nada saudável com Charlotte, uma londrina, filha de um banqueiro que usava de chantagem emocional para conseguir o que queria.

Não sei como fiquei três anos com ela, pois todas as vezes ou ela me colocava para baixo ou então menosprezava minhas escolhas de vida.

Sabia que ser antropólogo ou então, preferir trabalhar em um pub a um banco, não me trariam o conforto financeiro que ela estava acostumada com seus pais, mas era algo que eu realmente me identificava, me sentia bem fazendo. Afinal, quer melhor lugar para aplicar conhecimentos antropológicos que um bar?

As diversas pessoas que procuravam o conforto no pub para as mais diversas situações, fazia aquele balcão o melhor laboratório de pesquisa que poderia querer para a minha tese. Até mesmo Rosalie, que era mestranda em Psicologia, afirmava que a experiência de trabalhar em um pub, a classificava em ser uma das melhores terapeutas do Reino Unido.

— Você deveria usar mais verde. — disse Rosalie, tirando-me da minha reflexão.

A encarei confuso.

— Combina com seus olhos — disse com um sorriso torto. —, apesar de que com essa barba ruiva você parece um leprechaun. — se divertiu. — Cadê sua cartola?

Me esforcei para não rolar meus olhos, mas foi impossível.

— Sabe Rose, se eu não te conhecesse, eu diria que você está apaixonada por mim. — repliquei com um sorriso torto. Ela, somente ampliou seu sorriso.

— Oh! Edward! Como você é inteligente! — exclamou com ironia e um falso suspiro. — Vamos fugir depois do expediente em busca do seu pote de ouro!

— Emmett sabe que você flerta comigo diariamente? — provoquei.

— Meu noivo gostoso pra caralho, que está em um quartel de bombeiros, esperando por amargas horas para salvar as pessoas de incêndios, sempre tão devoto a mim e você está nesta ilusão de que estou dando bola para você?  — divertiu-se a loira de olhos azuis. — Ah! Edward! Sua soberba é ridícula!

— Por mais que eu adore ver as duas velhas fofoqueiras se provocando, precisamos terminar de pendurar essas coisas. — disse Jasper, se aproximando do balcão com uma caixa em seus braços cheias de bandeirolas verdes esmeralda.

Rosalie e eu trocamos um olhar cheio de significados, diante da forma como Jasper estava vestido e claramente nervoso.

— Alice. — dissemos em uníssono, fazendo referência a vocalista da The Celtic Twilight que Jasper vivia falando e que tinham algo que ninguém sabia definir claramente, nem mesmo eles.

— Alice é uma amiga. — replicou distraidamente.

— Uma amiga que você leva para sua cama dia sim, outro também. — provocou Rosalie entre risos.

— Deus! Por que eu continuo insistindo em você como minha funcionária? — questionou Jasper divertido.

— Porque metade dos seus fregueses vem para me ver. — disse com um sorriso torto. — Você acha que eu uso um decote todos os dias para que? Pelas gorjetas, não pelas cantadas idiotas de machos escrotos.

— Sua sinceridade é tocante. — ri, prendendo uma bandeirola atrás do bar.

— Ha-ha-ha Edward. Como se você não viesse com camisetas mais justas e seus braços tatuados em exposição, justamente para atrair mais gorjetas das mulheres, e até mesmo de alguns homens. — replicou sem pestanejar.

— Cada um usa a arma que tem Rose. — provoquei com uma piscadela, fazendo a loira rir e Jasper rolar seus olhos em descrença.

— Todos os dias eu me pergunto porque mantenho os dois aqui. Sério! Vocês são muito idiotas. — ponderou Jasper com um suspiro. — A única explicação é que eu sou idiota tanto quanto vocês. Só pode! — gargalhou.

Nós três continuamos com as provocações e algumas risadas, enquanto arrumavamos o bar para receber a festa em comemoração ao dia de São Patrício.

Quando o bar abriu, pouco depois das seis da tarde, rapidamente lotou. Era um verdadeiro caos verde — pessoas com roupas verdes, chapéus de Leprechaun, trevos de quatro folhas decorados, bandeiras da Irlanda. Risadas altas e muita bebida rolando.

Estava completamente distraído no bar, servindo bebidas e tendo breves conversas com clientes, alguns frequentes outros nem tanto, contudo, quando o som destoante de uma gaita de foles soou, dando início a apresentação da The Celtic Twilight, imediatamente ergui o olhar para vislumbrar a banda.

Não foi nenhuma surpresa que a primeira pessoa que vi, foi Alice. Se existia uma versão feminina de um Leprechaun, definitivamente era ela. Uma roupa verde brilhante com detalhes em dourado e até mesmo uma cartola.

A vocalista da banda tocava banjo com uma perícia impressionante, contudo, como o bar estava lotado, voltei a me focar nas minhas atividades curtindo somente o som da banda.

Em algum momento — quando o bar deu uma desafogada —, finalmente encarei a banda: Alice com sua roupa verde brilhante e seu banjo, cantava e se mexia pelo palco como um vagalume. Uma garota de cabelos cor de fogo tocava uma nyckleharpa. Um cara de cabelos loiros presos em um rabo de cavalo tocava acordeon, enquanto um negro com cabelo rastafári se colocava atrás da bateria. Uma garota pequena de cabelos loiros dourados tocava um clarinete — e pelo que parecia todos os outros instrumentos de sopro —, um outro rapaz de cabelos negros, muito parecido com a garota de cabelos dourados tocava guitarra.

Porém, quem realmente atraiu minha atenção foi a violinista. Além de tocar, a bela mulher de cabelos castanhos e olhos como poças de chocolate, também fazia back vocal para Alice.

Ela usava uma calça xadrez preto e verde, em um padrão tipicamente irlandês, uma camiseta preta que apesar do tom, refletia a iluminação do bar. Sua pele clara, as sardas na ponta do nariz, até mesmo sua dança tipicamente irlandesa ao lado da vocalista era envolvente.

Na realidade aquela violinista era fascinante.

E eu queria conhecê-la melhor. Por mais que meu trabalho demandasse atenção, entre um drinque e outro ou entre um chopp e outro, eu admirava aquela beleza.

Apesar da impressionante beleza da violinista, o fato era que a The Celtic Twilight era incrível.

A animação dos integrantes com os hinos irlandeses, a própria empolgação dos clientes cantando as canções tradicionais e as autorais, como se fosse natural — e talvez fosse —, uma vez que eles sempre tocavam no The Witt.

— Feliz dia de St. Patrick! — gritou Alice no meio do show, com uma caneca de chopp verde, que foi seguido por todos no pub.

As últimas duas canções da banda foram extremamente animadas, tanto que o cheiro de álcool e suor dominava todo o bar, mas não era um problema. Eu gostava demais de ver as diferenças no comportamento das pessoas quando elas estavam felizes e embriagadas.

Com o fim da apresentação, o público começou a dissipar, e por mais que ainda tivessem muitos no bar, eu precisava fazer uma pausa: seja para respirar um ar fresco, seja para um cigarro muito necessário.

— Rose! — chamei a loira, que me encarou meio distraída enquanto enchia uma caneca de chopp. — Vou fazer uma pausa, ok? — ela acenou em concordância.

Retirando o avental preto que usava para trabalhar no bar, peguei um copo de chopp pequeno e segui para a parte exterior, para saborear meu merecido cigarro.

Por mais que soubesse dos riscos de fumar, eu simplesmente não conseguia parar, mas nos últimos meses, desde que terminei com Charlotte, eu estava tentando diminuir drasticamente o consumo; alguns dias eu conseguia, outros não.

De qualquer forma, era um momento que conseguia me desligar do mundo. Tanto era, que meu pensamento estava quase em outro planeta quando um perfume de jasmim e mel inundou meus sentidos. Um pouco atordoado abri meus olhos e procurei a origem do perfume, sendo recebido pelo mais belo sorriso que já vi em minha vida.

— Oi. — a voz feminina e suave disse. — Me dá um trago? — pediu, com aquele sorriso contagiante.

— Claro. — respondi, estendendo o cigarro a ela, observando-a dar um profundo trago, antes de devolver a mim.

Um silêncio agradável caiu sobre nós. Ela bebia seu chopp com o olhar ao longe, enquanto eu fumava o cigarro consumido mais uma vez por pensamentos aleatórios.

— O que significa essa tatuagem em gaélico no seu braço, ...? — me perguntou com um sorriso. Eu sorri de volta.

Ela era linda. Deslumbrante.

— Edward. Você…? — inquiriu.

— Bella. — respondeu, estendendo a mão para o cigarro que fumava, pedindo um trago. Entreguei a ela.

— Bella… — disse reticente. — Você foi incrível. — elogiei.

Mais uma vez ela sorriu brilhantemente, me inebriando de uma maneira nunca antes sentida por mim.

— Obrigada. — respondeu divertida. — Mas você ainda não me disse o que significa essa tatuagem em gaélico no seu braço. — ponderou com atrevimento.

Sorri largamente, lembrando o motivo daquela tatuagem que ela falava.

— É uma das músicas do meu amigo.

Ela fechou os olhos em fenda, visivelmente curiosa e irritada com minha resposta evasiva.

— Um segredo, então? — provocou avidamente. Sorri enviesado.

— Não necessariamente, mas é algo que ainda prefiro não te contar. — respondi calmamente. Ela me estudou com seus olhos castanhos curiosos e intensos. — Quer beber alguma coisa? — ofereci, tomando o restante do meu chopp e percebendo que o copo dela também estava vazio.

Bella arqueou as sobrancelhas desconfiada.

— Mas você não está trabalhando? — questionou curiosa.

Sorri convencido.

— A vantagem de se trabalhar em um bar é que você pode beber uma bebida ou outra no decorrer do expediente. — respondi.

Desconfiada, mas com aquele sorriso lindo ela me respondeu:

— Ok, eu aceito seu convite. Mas você está pagando. — provocou.

Mais uma vez sorri para ela. Eu não sei realmente o que essa mulher tinha, mas ela fazia com que eu não tirasse o sorriso do rosto.

— É um convite Bella, logo, eu pago. — disse com um sorriso.

Ela rolou os olhos, e seguiu em direção ao bar. Caminhando atrás dela, tomei meu tempo admirando seu corpo.

Suas pernas eram longas e tonificadas, a curva do seu quadril e da sua cintura era sedutora. Eu facilmente via minhas mãos explorando seu corpo — apertando sua cintura contra mim, sentindo sua bunda esfregando minha ereção.

Porra! Eu não deveria estar com esses pensamentos. Primeiro: porque não era nem momento, nem lugar para ficar de pau duro. Segundo: eu nem sabia se ela queria algo comigo. E terceiro, e mais importante: é ridículo que eu esteja objetivando uma mulher. Eu tento arduamente não ser esse tipo de homem, por mais que algumas vezes meu instinto machista tente me consumir.

— Seu sotaque não parece de Londres, de onde você é? — ela perguntou, me retirando dos meus pensamentos pecaminosos.

— Leeds. E você? Que parte da Irlanda?

— Galway.

— Então, como uma boa irlandesa, você bebe bem? — perguntei sorrindo.

— Tire a prova, Edward. — replicou com uma piscadela. Gargalhei servindo canecas de chopp para ela e para mim.

Brindamos a vida e St. Patrick e bebendo um gole longo da bebida, sentindo o frescor e o amargor do chopp em minha garganta. Seus olhos castanhos eram curiosos e centrados em meu rosto, e por mais que fosse incômodo o intenso olhar, era divertido também.

— Gosta do que vê? — especulei divertido. Ela fechou seus olhos em fendas e depois de alguns segundos deu de ombros.

— É… serve. — falou sorrindo. Foi a minha vez de fechar os olhos em fendas e encará-la.

Atrevida que só ela, Bella rolou os olhos com meu olhar intenso e tomou um gole do seu chopp.

— O que você faz?

— Eu sou barman. — respondi com obviedade. Ela gargalhou.

— Estou vendo, mas fora isso? O que mais você faz?

— Terminando meu doutorado em Antropologia. — respondi com descaso. — E você? Além de tocar violino numa banda irlandesa? — questionei, sorrindo com a última sentença quando percebi que ela iria me contestar.

— Sou professora de música na St. James Elementary School.

— Então, você vive em Londres. — constatei o óbvio.

— Você pode sair da Irlanda, mas a Irlanda nunca sai de você! — recitou com uma piscadela e seu acentuado sotaque.

— Mas por que Londres? E não… Dublin? — inquiri curioso.

Ela considerou a resposta por um tempo, enquanto bebia mais um longo gole de chopp.

— Alice e eu fomos criadas juntas. Nossas mães são melhores amigas, então sempre fizemos tudo juntas. Quando entramos na faculdade, em Dublin, eu em música e ela em moda, começamos a tocar em alguns barzinhos. Por um tempo era legal viver da forma que vivemos. Até que em um desses pubs, dois anos depois conhecemos Victoria e James, e aí criamos a The Twilight. — explicou, pintando para o casal da ruiva e o loiro de cabelos presos.

"No início tocávamos mais rock dos anos 80 e 90, mas todos sabíamos tocar instrumentos celtas, então começamos a considerar criar uma banda celta." — deu de ombros.

O brilho que ela tinha nos olhos enquanto narrava sua história era impressionante, e eu que já estava deslumbrado por ela, senti completamente enfeitiçado.

— Quando estávamos para terminar a faculdade, Alice e Vicky conseguiram empregos aqui em Londres, James e eu, que éramos músicos e que não tínhamos nada a perder acompanhamos elas. James conheceu Alec e Jane no Royal Birmingham Conservatoire — ela apontou para a garota de cabelos dourados e o rapaz de cabelos negros. —,  eu conheci Laurent na St. James, e aí criamos decidimos nos dedicar em tocar música irlandesa ou celta. — ela riu consigo mesmo.

"Na verdade começamos em um dia de St. Patrick a tocar música celta em um pub em Surrey, e aí… virou o que somos hoje." — deu de ombros, finalizando sua história.

— E há quanto tempo foi isso? — perguntei curioso.

— Humm… uns 4 anos? Acho que é esse o tempo que tocamos juntos.

— Edward! — gritou Rosalie do outro lado do bar. — Vai ficar na sua pausa até quando?

— Tô indo Rose. — respondi, sorrindo em desculpas para Bella, que acenou com a mão como se não fosse nada.

— Me sirva uma dose de Jameson e uma de Jack Daniels, Edward! — ordenou com aquele seu sorriso exultante. Confuso com o pedido dela, servi em copos diferentes as doses de uísque que pediu.

O Jameson ela tomou em um gole, como se fosse água. Já o outro, ela saboreou lentamente, enquanto observava todo o bar se divertindo com a festa que rolava.

Depois de servir algumas bebidas, voltei até onde ela estava, e compartilhamos uma Guinness, da qual Bella ria a cada gole. Estávamos no meio de uma discussão sobre o último filme do Tarantino, quando pediu uma dose de uísque Powers.

Mesmo surpreso com as escolhas ousadas de bebidas que pedia, servi a dose. Bella tomou como se fosse tequila, de uma vez.

Ela era fascinante. Eu estava encantado com aquela pequena irlandesa, bela e com seu sorriso apaixonante. Não sabia ao certo o que ela tinha, mas algo nela me atraía como nunca fui atraído por outra mulher.

Com Rose saindo para o seu intervalo, e eu trabalhando mais no balcão, Bella foi até onde seus companheiros de banda estavam. Pediram algumas comidas, das quais compartilharam entre risos e brincadeiras. No meio da refeição, a morena pediu um drinque frutado e colorido, do qual tomou como se fosse um suco — e talvez para ela fosse, depois das doses que havia ingerido.

Quando seus amigos começaram a se dissipar, ou se envolver com seus pares românticos, ela foi até a velha jukebox e colocou uma música do Van Halen. Jump tocava estridentemente, e ela dançou como se estivesse sozinha no bar, e por mais que não quisesse ficar olhando, o movimento dos seus quadris era enlouquecedor.

Sei que poderia soar convencido, mas a forma como ela me olhava conforme dançava, mordiscando seu lábio inferior, eu poderia dizer com quase 100% de certeza que estávamos na mesma página.

Alice, eventualmente se juntou a ela, e juntas elas dançaram de uma maneira livre e espontânea, era contagiante, fazia até o mais inerte dos homens querer dançar.

— Ela é linda, não? — questionou Jasper do meu lado.

— Quem? Alice? — perguntei confuso, olhando a pequena mulher de cabelos negros espetados e roupa verde dançar e rir. — Ela não faz muito meu tipo. — respondi lentamente.

— Fico feliz em saber que você não está interessado em Alice, Edward, mas eu estava falando da Bella. — respondeu com seu carregado sotaque escocês e um sorriso conhecedor nos lábios. — Vi que vocês dois conversaram boa parte da noite, e até onde eu saiba ela é solteira e gata… você é solteiro…

— Pode parar aí, Jazz. — interrompi. — Ela é gata, mas as coisas não são assim… queria, sei lá… conhecer ela.

Jasper arregalou seus olhos surpresos, me encarando.

— Eu ouvi direito? — questionou Rosalie, que chegou lentamente por trás de nós. — Edward, quer conhecer melhor uma mulher? Não simplesmente levá-la para a cama? O que está acontecendo? — perguntou rindo.

— É o efeito Bella, Rose. — provocou Jasper.

— Ahh… a doce Bella. — suspirou a loira. — Ela é incrível Edward! Ela é a mulher perfeita para você. Definitivamente ela é a mulher para você! Ela é ousada, divertida, sarcástica, engraçada, de bem com a vida, viva, sabe? O seu tipo de mulher.

Virei e a encarei confuso, afinal ela era amiga de Charlotte, minha ex, e se tinha algo que Charlotte não era é divertida, sarcástica e ousada.

— Como você sabe meu tipo de mulher?

Rosalie revirou os olhos.

— Porque a Lotte era tudo o que Bella não é, e vamos lá. Depois de 3 anos, você deve saber que o tipo Charlotte, não é seu tipo.

— É um bom ponto. — dei de ombros.

Jasper e Rose ficaram mais alguns minutos rindo de mim, e por mais que me distraísse servindo as bebidas no bar, meus olhos pareciam sempre ser direcionados a Bella e a sua dança.

Com o fim do meu turno, mas querendo aproveitar um pouco do St. Patrick's Day, me aproximei de Bella, e por mais que fosse um péssimo bailarino me juntei a ela em sua dança sem sentido. Eventualmente ela cansou de dançar, e me arrastou até o jogo de dardos, onde ela com uma perícia ímpar, me venceu com facilidade.

O mesmo pode-se dizer da sinuca, onde sempre me orgulhei de ser um bom jogador, ela me derrotou com tanta desenvoltura que não consegui nem ficar chateado. Ela sorria diante do meu olhar atordoado, e seu sorriso era deslumbrante.

E foi no momento em que eu estava completamente deslumbrado por ela, ela me puxou para um beijo.

Seus lábios eram macios e cheios. Sua língua quente e úmida, envolvia a minha numa dança erótica e envolvente. Suas mãos pequenas se embrenhavam nos meus cabelos os puxando levemente. Seu corpo se moldava ao meu de uma maneira sexy e luxuriante. Minhas mãos apertavam sua cintura a trazendo mais perto de mim.

Naqueles minutos em que nos beijávamos era como se não tivéssemos em um bar lotado, era como se estivéssemos em um quarto sozinhos. E por mais insano que fosse, naqueles breves minutos eu desejava mais que tudo me perder naqueles lábios para sempre.

Quando ela se afastou de mim, seus olhos de chocolate brilhavam com um tipo de emoção atordoante. A energia que parecia nós circundar era algo eletrizante. Era como se uma carga de adrenalina que nunca senti corria por minhas veias, dando um ânimo, um vigor que em outras situações poderia me assustar, mas naquele momento era revigorante.

— Vamos pedir a saideira. — disse, me puxando para um banquinho.

Com um copo de Guinness em suas mãos, ela começou entoar tradicionais músicas irlandesas, que apesar de não conhecê-las achei cativante. As canções falavam sobre felicidade, amor, cerveja, São Patrício e até mesmo sexo. Sua descontração e ousadia era daqueles tipos que dá vontade de encapsular e tomar sempre que você se sente chateado ou para baixo.

Inesperadamente ela se levantou e começou a dançar um céilidh com graça e destreza, e por mais que fosse leigo em nas típicas danças da Irlanda, eu sabia no meu íntimo que poderia olhar ela fazendo aqueles passos o resto da minha vida. E depois, quando cantou Carrickfergus, uma canção da qual nunca me impressionou, com sua voz doce a cappella no bar, tendo somente seus pés como batida rítmica me senti completamente envolvido naquela narrativa.

Se dependesse apenas de mim, eu facilmente poderia ouvi-la por uma semana sem parar ou talvez mais, e por mais que todos que ainda continuavam no bar estivessem envolvidos com a canção que Bella entoava, eu poderia jurar a quem quer que fosse que ela estava cantando somente para mim

A observando com sua desenvoltura, em sua calça verde de tartan irlandês, com seus cabelos ondulados e revoltosos, percebi como poderia ser fácil se apaixonar por ela — se eu já não estivesse. Assim como Rose, havia dito, ela era completamente o meu tipo. Era como se ela tivesse sido feita em laboratório especialmente para mim.

Mesmo soando arrogante da minha parte, pelo seu olhar em minha direção, ele parecia dizer que ela também poderia se apaixonar por mim, que talvez eu seja, aquele cara que ela sempre procurou.

Uma garota irlandesa, que toca fiddle em uma banda irlandesa se apaixonando por um barman inglês, e vice-versa.

Com essa resolução em mente, sorri para ela, me me retribuiu com o seu contagiante. Atordoado e encantado, beijei seu pescoço e a puxei pela mão, a prendendo em meus braços. Ela jogou a cabeça para trás e seus cabelos longos fizeram cócegas em meu braço, conforme ela sorria.

— O que você quer? — perguntou divertida.

— Querida, eu só quero dançar. — disse com uma risada, sendo recebido pelo mais lindo dos sorrisos que já vi.

Dançamos até cansar, ou melhor, até o bar fechar. Eu não sabia o que ela tinha, mas ela tinha algo que despertava um lado meu que eu sequer sabia que existia. Era confortável estar com ela. O sentimento de paz e completude, que pouquíssimas vezes já senti, ao seu lado esse sentimento era potencializado.

Nossos dedos entrelaçados, os casacos cheirando fumaça, uísque e vinho, e o ar gélido de final do inverno enchendo nossos pulmões, caminhávamos pelas ruas de Londres, falando sobre tudo ou nada. Só a sua presença era suficiente, o assunto era desnecessário, por mais que fosse fantástico falar com ela.

Caminhamos até sua casa, que ficava há 20 minutos de caminhada do The Witt, em East London. Seu prédio de fachada art déco, de um tom café com leite parecia convidativo e confortável, diferente do loft contemporâneo que vivia próximo a Covent Garden.

— E aqui é meu palácio. — disse, apontando para o prédio. — Gostaria de entrar? — ofereceu. Por mais que meu lado cavalheiro me dissesse para recusar o convite, simplesmente não consegui.

— Adoraria. — sorri torto para ela.

Subimos as escadas em caracol, tentando fazer o mínimo de barulho possível, o que era difícil, pois ríamos de algo sem sentido. Ao chegarmos, finalmente no terceiro andar, a beijei com profundidade, a empurrando contra a parede. Assim, como os beijos que partilhamos no bar aquele era envolvente e apaixonante. Arfando, ela se desvencilhou dos meus braços e foi até a sua porta, que tinha um trevo de quatro folhas de pelúcia enfeitando.

— Irlanda. St. Patrick. — disse, dando de ombros, como se fosse óbvio.

Sentamos em seu sofá verde escuro e nos colocamos a assistir uma reprise de The Office, onde ríamos com Richard Gervais e companhia, comendo uns Doritos e bebendo uma garrafa de vinho.

Quando terminamos o vinho e os Doritos, e uma reprise Downtown Abbey começou, nos aproximamos e nos beijamos como se o mundo fosse acabar no alvorecer. O que começou suave, logo se tornou fogoso, intenso. Nossas mãos tateavam a pele um do outro, seja em busca de calor, seja em busca de aconchego.

Inesperadamente ela separou nosso beijo e se colocou em pé, e com aquele seu sorriso fascinante e cheia de coragem agarrou minha mão e levou até seu quarto, que era um reflexo dela.

Os cobertores verdes e dourados com símbolos celtas, refletiam sua personalidade contagiante. Assim, como sua poltrona cheia de roupas e escrivaninha com partituras e um violino sobre ela. A luz amarelada dava um ar de aconchego e calma. Tudo ali era convidativo.

— Edward? — ela me chamou acima de um sussurro, me tirando da reflexão que fazia. — Está tudo bem?

— Sim. Sim. — sussurrei, a encarando. — Você sabe… não quero forçar nada a você. — seu sorriso de compreensão foi lindo.

— Eu sei. — respondeu com simplicidade. — Mas eu quero isso… se você quiser. — falou com um dar de ombros e um leve rubor em suas bochechas.

Emoldurando seu rosto com as minhas mãos, depositei beijos cálidos em seus lábios. O suspiro que ela soltou quando separamos foi de puro contentamento.

— Não há nada que eu queria mais do que isso no momento. — pontuei suavemente.

Ela sorriu amplamente, e com uma força surpreendente me jogou na cama e praticamente pulou sobre mim, me atacando com beijos ferozes e fogosos.

Apesar do resto da noite permanecer para sempre como um agradável borrão onírico em minha memória, as sensações despertadas no meu íntimo permanecerão. Desde o deslizar suave de meus dedos através de sua pele, sob sua camisa. Nossas calças emboladas ao pé da cama.

O som de sua risada, quando ela se atrapalhou retirando uma caixinha de preservativos da gaveta da sua mesinha de cabeceira. O gosto dela em minha língua: azedo e doce. Ela ofegando em meu ouvido. A pressão suave de suas coxas em torno de meus quadris.

As cócegas que os dedos dela faziam no meu queixo, enquanto brincava com minha barba. Suas mãos apertavam meus ombros, que serviam de alavanca para o impulso de seu corpo nos movimentos ritmados que fazíamos.

O tom alto e ofegante que saiu de seus lábios quando ela chegou ao seu orgasmo, do qual foi imitado por mim, era a mais bela música. E por fim, o peso da sua cabeça, que estava deitada sobre o meu peito, onde me demorei deslizando os dedos por seus cabelos.

Naquela noite eu a amei como jamais amei qualquer outra garota em minha vida. E era a perfeição.

Quando o sol começou nascer no horizonte, e uma fresta de luz solar inundava seu quarto, com sua luz dourada, me deixei admirar pela sua beleza. Seus cabelos castanhos, com mechas ruivas naturais, sua pele alva. Ela era linda.

Então a resolução que já rondava minha cabeça a noite toda, e por mais que fosse presunçoso da minha parte eu tinha certeza que ela era a mulher para mim.

Bella, definitivamente não era uma coisa de uma noite. Essa bela e fascinante garota de Galway que eu mal conhecia, mas que algo impulsionava em fazê-la a pessoa que eu mais conhecia no mundo.

Naquele momento de reflexão e calma, com elas em meus braços, jurei a mim mesmo, que mesmo não sendo um compositor eu a colocaria em uma canção que escreveria sobre uma garota chamada Bella e de uma noite perfeita, onde essa irlandesa se apaixonou por um cara inglês, chamado Edward.

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Notas finais do capítulo

N/A: Oi gente! Eu sei, uma história bem aleatória e bem curtinha, mas resumindo: em janeiro no Twitter me propus um desafio de escrever 30 plots, no inicio eu não tinha pretensão de fazer virar fanfic, mas teve uma boa repercussão e resultou nisso. Oito plots escolhidos que virarão one-shots no decorrer do ano. Essa daqui, baseada na música Galway Girl (versão do Ed Sheeran), foi a primeira, e escolhi como primeira, porque no dia 17/03 se comemora o dia de São Patrício (St. Patrick’s Day), e o resto se você leu, entendeu o motivo. Espero que vocês tenham curtido e não esqueça de deixar aquela review linda, porque é tão bom receber amor em forma de comentário!

Obrigada por estarem comigo em mais um delírio! Fiquem seguros!

Beijos,

Carol.



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