Amo te odiar escrita por Anne Claksa


Capítulo 7
Meus pensamentos. Por Maria Luiza


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Esse capítulo deu um trabalho e ficou até um pouco grande. Aqui a narradora é a nossa Malu, ela nos conta sobre seus principais pensamentos e como uma boa adolescente, adora ficar falando.
Espero que gostem e boa leitura!!!



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Olá, tudo bem? Sou a Malu. Meu nome é Maria Luíza, mas os meus amigos e a minha família preferem me chamar pelo apelido, eu adoro ser chamada assim. E aproveitando uma pequena pausa nos meus deveres, vim aqui para conversar um pouquinho com você leitor, contar sobre os meus pensamentos, sobre o que acho do colégio novo, dos novos amigos e outras coisinhas mais. Então, se aconchegue na cadeira, fique bem confortável, que teremos uma longa (talvez) conversa.

Colégio Santa Mônica.

Bom, para começar, vou falar sobre o colégio novo. Foi uma surpresa saber que iria mudar de escola, estudei no colégio Castro Alves desde os meus sete anos, fiz amizades, muitas amizades, gostava dos professores, da diretora, da faxineira, dos alunos, quer dizer, alguns alunos eu queria esquecer que existissem. Entretanto, no início do ano, minha mãe decidiu me colocar em outra escola, fiquei um pouco receosa, uma nova escola, pessoas que nem conhecia e que não me conheciam, em um ambiente totalmente diferente e estranho, poderia me sentir deslocada. Mas a minha mãe tinha a ideia de que em um colégio novo, eu conheceria novas pessoas, faria novos amigos e teria outra experiência de aprendizado. Falei de meus receios a ela, entretanto me respondeu entender a minhas inseguranças, mas pedia para confiar nela e que logo eu perceberia que mudar de escola foi o melhor a ser feito. Aceitei o argumento dela e decidi acompanha-la até a escola nova para a conhecermos melhor.

Durante o trajeto, meus pensamentos estavam a mil, não parava de pensar se eu iria gostar do colégio, se iriam gostar de mim, o que era mais importante, pois eu não iria ficar em um colégio estranho em que não gostam de mim. Outra coisa que eu pensava e bastante, é nessa história de fazer novos amigos. Tipo, eu sou um pouco nerd, sei bastante coisa. No Castro Alves, por mais que eu gostasse dos alunos e muitos eram meus amigos, tinha alguns chatos que tiravam sarro da minha cara por ser tão inteligente (lembra que falei dos alunos que queria esquecer? Então, são eles), faziam piadinha, onde eu passava, ficavam apontando e falando “olha lá, a nerd”, chegavam a até a atirar bolinhas de papel em mim. Minha mãe ficou sabendo disso, claro, contei para ela o que aconteceu, talvez esse foi o motivo dela me trocar de colégio. Desculpe, acabei fugindo do foco, mas voltando ao assunto, quem tem esse apelido de nerd costuma não ter muitos amigos, então, se ficarem sabendo que sou uma sabe tudo, podem se afastar e não quererem fazer amizade comigo. Imagina, ficar isolada em uma escola nova? Seria terrível.

Bom, finalmente chegamos ao tal colégio, o carro de minha mãe parou em frente a um portão vermelho e branco em que havia uma placa em cima com o nome escrito em vermelho, Colégio Santa Mônica, desci do carro com a minha mãe e fomos para a secretaria. Enquanto minha mãe conversava com a secretária, eu reparava no lugar, tudo muito bem organizado, muitos livros, os móveis que pareciam confortáveis e de fato eram, sem que ninguém percebesse, eu sentei em uma das cadeiras, parecia que elas estavam me chamando para sentar nelas, mas logo me levantei, não queria parecer folgada. Thiago, o diretor do colégio, conversou conosco, quer dizer, a maior parte da conversa foi com a minha mãe, eu apenas fiquei sentada na cadeira ouvindo e que conversa entediante. Meu deus, o Thiago tem cara de ser gente boa, mas fica falando, falando, não parava nunca, perdi a conta de quantas vezes eu enrolei e puxei um cacho do meu cabelo, quase dormi com aquela conversa toda, penso que dormi e nem percebi, até a minha mãe estava ficando entediada com aquele falatório.

Depois de muita conversa, Thiago nos levou para conhecer o restante da escola, levantei as mãos para o céu quando a conversa acabou, finalmente, iriamos sair daquela sala e andar um pouco. Mas penso que não foi uma boa ideia. Ao passar pelas salas de aula, percebi que os alunos foram correndo para a janela para me ver e ficavam cochichando, observando, apontando, me senti um pouco desconfortável, como um animal de zoológico em que nós ficamos olhando por horas, sabe? Não olhei de volta para eles, segui, mas, segui incomodada com os cochichos, odeio cochichos, nunca são boa coisa. Durante todo o passeio, fiquei pensando, em bons motivos para aceitar estudar aqui, era um colégio bonito, respeitável, reconhecido, apesar dos cochichos, parece que não terei problemas com os outros alunos, se bem que posso seguir tranquila sem isso, nunca me importei com o que falavam, porque me importaria agora? Mas aí, pensei nos contra, não teria os meus amigos por perto, ninguém me conhecia, podia não me adaptar, esses pensamentos estavam mexendo bastante comigo. No entanto, deixei todas essas inseguranças de lado e decidi encarar uma escola nova, tentar fazer novos amigos, é como dizem, você só saberá se uma coisa é boa ou ruim se experimentar, daria o melhor de mim para me adaptar e me dar bem com todos.

Minha mãe acertou a minha matrícula, na manhã seguinte, eu seria a mais nova aluna do Santa Mônica, para a minha surpresa e meu alívio, Cecília, uma das minhas melhores amigas, também estuda lá, vê-la tirou um peso enorme de mim, pelo menos eu não me sentiria tão sozinha e ela pode facilitar a minha aproximação com as outras meninas, sou bem tímida, sabe? Demoro a fazer amizades, as que tenho, demorei muito tempo para conquista-las.

Assim que cheguei em casa, já falava em separar o material e já estava um pouco mais empolgada com a novidade, também ainda um pouco insegura, mas, decidida a encarar o desafio. Estou no Santa Mônica a alguns meses e posso falar? Eu estou gostando bastante do colégio, me adaptei bem rápido, já até fiz alguns novos amigos. Minha mãe estava certa, mudar de escola me fez bem, me sinto até mais animada e mais solta.

Minhas amigas e amigos.

Desde criança minha melhor amiga foi, é e sempre será a Mariana, nós nos entendemos, conversamos, rimos, trocamos segredos e nos consolamos em momentos tristes, lembro de ficarmos horas e horas no telefone, só jogando conversa fora, levava altas broncas da minha mãe por ficar pendurada no telefone. Quando fiquei sabendo que iria mudar de escola, foi bem difícil de dar a notícia para ela, Mary ficou um pouco chateada, mas no final acabou entendendo e me deu todo o apoio, só me fez um pedido, que eu nunca esquecesse dela e da nossa amizade, é claro que jamais me esquecerei de Mariana, é minha amiga desde sempre, sei que nela posso confiar de olhos fechados, se eu precisar desabafar, é ela quem procuro. Sentirei saudades das gírias paraenses dela, dos “ÉGUA, MALU! ”, continuamos nos falando pelo chat, contando as novidades uma para outra, quer dizer, tem uma novidade que eu ainda não contei para ela, mas em breve, eu vou contar. Mesmo em colégios diferentes, nossa amizade permaneceu e se tornou mais forte do que antes.

Falei antes de minha insegurança em fazer amizade com as meninas do novo colégio. Bom, nisso recebi uma ajudinha, Cecília, que estudou comigo e grande amiga minha, me ajudou a me aproximar das outras meninas, não foi fácil para mim, como disse sou muito tímida e demoro a fazer amizades, mas Cecília me ajudou, chamou para fazer atividades com ela e as outras meninas, me apresentou, no intervalo, me leva para conversar nas rodinhas do pátio, foi assim que fui fazendo amizades no colégio, ela praticamente me salvou. Cecília é amiga, companheira, divertida, se precisar de um incentivo, ela está pronta para lhe dar um, tem vezes que é meio intrometida e fala umas coisas nada a ver, mas isso não estraga a amizade que tenho por ela, nós nos acostumamos com algumas coisas.

Agora vou falar sobre as amigas que fiz no Santa Mônica, a primeira delas é a Fernanda. Ela eu conheci no meu primeiro dia de aula, eu conversava com Cecília, quando ela se aproximou de nós, fui apresentada para ela e conversamos um pouco. Olha, posso contar um segredo? Cheguei a pensar que todas as garotas do colégio fossem metidas, me surpreendi com ela, foi supersimpática comigo, quis realmente fazer amizade. Fernanda, assim como eu, é tímida, quietinha, mas quando se precisa dela, ela se prontifica a ajudar. A minha amizade com ela é bem parecida com a amizade que tenho com Mariana, sinto segurança em falar algumas coisas com ela, mas ainda não sinto total segurança em falar outros assuntos. Fernanda se tornou quase que uma amiga inseparável para mim.

A Melissa, essa é um caso controverso, já vou explicar. A primeira vez que a vi, eu a achei metida, pois saía do banheiro fazendo pose, jogava os cabelos para o lado, como se houvesse algum fotógrafo por ali, muito bem maquiada e com um certo ar de metido, pronto, minha primeira impressão? É a patricinha popular da escola, que não gosta de alunos novos. Melissa se aproximou de Fernanda e Cecília, conversou com elas, o jeito dela falar também achei bem metido, e perguntou sobre mim. Eu me apresentei, disse que ela poderia me chamar de Malu e Melissa também disse que eu poderia a chamar de Mel e elogiou a minha roupa, até aí ok, minha primeira impressão sumia gradualmente, mas em alguns dias ela voltou, por isso falei que Melissa é um caso controverso. Tudo bem, ela é legal, divertida, gosta de nos chamar pelos apelidos, é amiga, adora conversar, mas tinha algo me incomodando nela, o jeito de falar comigo. E isso ficou provado há alguns meses. Ultimamente, sinto um tom de ironia ao falar Malu, olhares esquisitos para mim, um olhar de inveja, às vezes até de ciúmes, não sei o porquê disso, mas de uns tempos para cá ela está estranha comigo, não me responde direito, só fala “hm” ou “tá!".  E agora Melissa está com a mania de julgar os outros, eu acho isso terrível, é querer se intrometer demais na vida do outro, dei uma chamada de atenção nela e ela me respondeu que até concordava comigo e que também não gosta de se intrometer. E é isso que acho controverso nela, diz uma coisa e faz outra, fala que quer ser a minha amiga e depois mal fala comigo ou fica me encarando de um jeito esquisito. Diz que não querer meter na vida dos outros, mas reprova e maldiz de um comportamento diferente. Não vou perguntar o que há de errado, seria precipitado demais, vou deixar o tempo passar e ver qual é a da Melissa. Mas que ela está se tornando cada vez mais estranha comigo, ah! Isso tá!

E para fechar essa parte, vou falar dos meus outros amigos. Diego e João me divertem com suas piadas, João até me deu algumas cantadas, mas eles estão trabalhando em uma teoria, que tem me dado dor de cabeça, logo vocês vão saber o que é, tirando isso, os dois são muito legais. Leonardo é o mais quietinho, gosta de ficar no canto dele, lendo, estudando, mas é bom para se conversar e é bem legal, por conta de ser quieto demais, foi alvo de comentários nada agradáveis de Melissa (lembra que eu disse da mania de julgar? Então, a vítima foi ele), gradualmente Leonardo se tornou meu amigo e gostamos de trocar informações durante as aulas. Tem a Thaís também, essa é minha principal amiga para conversar sobre garotos, ela é uma das Marcelonáticas, logo explico. Enfim, esses são os meus amigos que fiz, eu aprendo e me divirto com eles e eles aprendem e se divertem comigo.

Marcelo, o irritante(?).

Poderia ter colocado o Marcelo como um dos meus amigos, mas nossa convivência ultrapassa a linha da amizade. Teve um dia em que percebi um certo alvoroço na escola, fiquei intrigada com aquilo e Fernanda me falou que as garotas do colégio estavam esperando por Marcelo, a meu ver, é um certo exagero ficar se derretendo por um garoto. Eu nomeei essas garotas de Marcelonáticas ou fanáticas pelo Marcelo, como preferirem. Eu ainda não conhecia esse tal garoto, pois no meu primeiro dia de aula, ele faltou, só fui conhece-lo no dia seguinte e quando o conheci, não me reconheci. Vi o Marcelo e não conseguia parar de olhar para aqueles olhos quase, cor de mel, aquele cabelo liso castanho-claro, ali entendi o motivo do alvoroço daquelas garotas, Marcelo é lindo.

Nós chegamos a conversar algumas vezes e sentia uma coisa estranha no meu peito, sentia ele quente, com o tempo, passei a conversar e conviver mais com o Marcelo e descobri muito sobre ele, por exemplo, como ele é irritante. Ah! Tem um detalhe, ele torce para o time rival do meu, sim, Marcelo é torcedor do Cruzeiro e eu sou torcedora do Atlético Mineiro, de cara nós não iriamos nos entender, a rivalidade entre nossos times é intensa, principalmente nos clássicos, mas até que nos damos bem e conversamos um pouco sobre futebol, ele também gosta do assunto.

A parte do irritante vem agora, ele me irrita, porque fica me cutucando durante a aula, fico brava com isso e até peço para ele parar, aí para me irritar, ele repete o que eu acabei de falar com voz irritante “Para, Marcelo”. E o dia que fiquei com voz dele, na minha cabeça? Ele ficou repetindo uma frase perto do meu ouvido a aula inteira, já explico, eu sento um lugar a frente dele, então, qualquer coisa que ele fala, fica na minha cabeça. Quando fui fazer os meus deveres de casa, estava tudo silêncio e vem a voz do Marcelo na minha cabeça e fiquei tentando tirar, tentava pensar em outra coisa, tentava pensar em voz alta, mas, nada adiantou, parecia que Marcelo estava dentro da minha cabeça, como eu odeio aquele garoto. Porém, ele não é irritante o tempo todo, até que é legal e por conversarmos de vez enquanto e essa mania de me irritar, criou-se na sala, uma teoria de que eu e Marcelo temos um romance e as minhas amigas dizem que eu gosto do Marcelo. Eu nego até o fim, não gosto Marcelo de um jeito romântico, para mim ele é apenas o meu colega de classe, que eu converso às vezes, e outra coisa, Marcelo é cruzeirense, eu nunca iria me apaixonar ou me interessar por um cruzeirense, por mais bonito que ele seja.

Aí vem Cecília com a conversa de que coração não vê time e que os opostos se atraem, não acredito nisso. Marcelo é legal às vezes, mas também é um chato, irritante, uma matraca que não para de falar na minha cabeça, que faz meu coração bater um pouco mais forte quando estou perto dele, me faz soltar um sorriso ao vê-lo chegar, ficar pensando nele em algumas horas do dia, e... Acho melhor eu parar de falar, porque senão até você leitor vai pensar que estou apaixonada por ele e não estou.

...

Bom, é isso! Obrigada por ter me ouvido e me perdoe se eu me alonguei demais na conversa, é que gosto muito de ter alguém para me ouvir sobre certos assuntos, por isso falo por horas.

Beijos e até a próxima!


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Notas finais do capítulo

E aí, gostou dessa conversa com a Malu? Deixe seu comentário dizendo o que achou do capítulo, ele será bem-vindo :D
Até a próxima!!!