Corações Perdidos escrita por Choi


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capitulo saindo do forninho!

Tem uma musica no meio do capitulo, recomendo ler ouvindo.

Boa leitura!



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New Orleans estava como sempre, notei isso logo quando meu carro ultrapassou os limites da cidade. Mesmo sendo tarde da tarde, eu podia ouvir a musica típica do lugar e as luzes coloridas de bares espalhados por todo canto.

O GPS acoplado ao meu carro me mostrou o caminho até o hotel, que felizmente era no centro da cidade, e eu não precisaria dirigir mais do que eu já havia dirigido o dia inteiro.

Enquanto eu estacionava no hotel, o celular preso ao vidro tocou. O nome de Esme apareceu no visor e eu suspirei, bagunçando meus cabelos que deviam estar horríveis pelo tempo de viagem. Mesmo sem vontade, atendi a chamada.

— Carlisle! – Sua voz era intensa, preocupada, e ao mesmo tempo, aliviada por eu atender – Você já chegou?

— Acabei de entrar no hotel, vou fazer o check-in – Informei, tirando a chave da ignição e brincando com o chaveiro.

— Ótimo! Eu preferia que você tivesse pegado um avião para essa conferencia, me preocupa que você tenha que dirigir mais de seis horas sem descanso algum.

— Eu parei em alguns lugares, não se preocupe. Estou cansado da mesma forma que eu estaria se viajasse de avião.

— Isso é impossível – Ela riu – Vou te deixar descansar. Boa sorte na conferência durante esses dias.

— Obrigado.

Sem mais delongas, desligamos.

Esme é minha esposa há mais de vinte anos, nos conhecemos jovens e o nosso amor deu frutos maravilhosos. Mas acho que como todo relacionamento, o nosso chegou em um nível de estranhamento, não havia mais tanto carinho, ou dialogo. Eu lutava todos os dias para não pedir o divorcio, considerando nossos filhos e nossos anos de história.

Deixei esses pensamentos de lado, decidindo que os próximos quatro dias longe da minha família seriam decisivos.

Me formei em medicina muito cedo, e logo conquistei um cargo em um dos melhores hospitais do estado de Geórgia; com o tempo e experiência, me tornei também influente no mundo acadêmico, e além de trabalhar no hospital, dava aulas em algumas universidades. Como consequência desse trabalho, muitas vezes eu viajava para outras cidades para dar palestras.

Todos os anos, essa conferencia entre médicos acontecia, e cada ano era em um lugar diferente. Durante quatro dias, médicos de diferentes especialidades se reuniam com diversos tipos de pessoas, entre eles estudantes, para passar conhecimento e trocar experiências.

Faziam dez anos que eu participava, e era uma honra. No meu primeiro ano, a conferência também havia ocorrido em New Orleans, e voltar aqui depois de tantos anos, me trazia certa nostalgia. Naquele ano, Esme havia vindo comigo e emendamos meu trabalho a uma viagem romântica.

Fiz meu check-in na recepção do hotel, e fui direcionado ao meu quarto no sexto andar. O quarto era grande e luxuoso, bancado pela universidade a qual eu sou afiliado.

Tomei um banho relaxante, e fucei minha pequena mala atrás de alguma roupa confortável. Apesar de amar dirigir, era muito cansativo.

Quando eu deitei na cama, meu celular tocou estridentemente, me assustando. Atendi sem ao menos olhar quem era.

— Dr. Cullen! – Reconheci a animada voz do Dr. James Campbell.

— Boa noite, Dr. Campbell – Cumprimentei, pensando se ele me ouviria. Do outro lado da linha, misturada a voz de James, eu podia ouvir uma musica alta.

— Espere um pouco – Ele gritou. Afastei o celular do ouvido com uma careta. Ele pareceu se afastar do barulho, pois quando tornou a falar, eu conseguia ouvir sua voz normalmente – Imagino que tenha feito uma boa viagem.

— Sim, eu fiz, obrigado.

— Claro que se tivesse vindo de avião como o restante de nós, estaria bem mais descansado.

— Eu gosto de dirigir, Dr. Campbell.

A entonação de minha voz não era uma das mais simpáticas. Eu conhecia James há menos de dois anos, quando ele se mudou e começou a trabalhar no mesmo hospital que eu, como meu junior. James é um cara jovem, um ótimo medico, mas que curte a vida como se ainda fosse um calouro na faculdade, o que me incomodava um pouco. E me incomodava ainda mais ele questionar minhas decisões, eu não havia dado essa liberdade para ele.

E, aparentemente, James percebeu que havia cruzado a linha.

— Me desculpa, Dr. Cullen – Ele riu baixo – Eu gostaria de convida-lo para uma confraternização. Não avisei antes porque foi tudo de ultima hora, espero que entenda. Estamos todos aqui, venha também.

— James, estou cansado da viagem, passarei dessa vez – Respondi sem nem pensar duas vezes.

Nunca fui o tipo de pessoa que gostava de beber, dançar com mulheres desconhecidas e acordar na manhã seguinte com alguma em minha cama – ou qualquer outra cama.

— Carlisle, por favor! Quando teremos essa oportunidade de novo? Venha curtir com os amigos!

James continuou me dando motivos para ir. Aparentemente, toda nossa equipe estava lá, e peguei a mensagem oculta de James que se eu não fosse, estaria em mal lençóis. Minha reputação não era das melhores por eu não ser tão carismático quanto James, e Aro, o diretor do hospital, pegava no meu pé por causa disso.

Acabei concordando com aquela idiotice, e James finalmente encerrou a chamada.

Levantei da cama com muito pesar, deixei meu moletom sobre a cama e vesti uma roupa mais apresentável. Ajeitei meus cabelos com gel e estava pronto.

Não precisei pegar o carro, já que o bar que eles estavam era perto do hotel, propositalmente, claro. Todos eles tinham a intenção de beber nessa noite de folga, e ninguém iria querer dirigir bêbado.

Ao sair do hotel, fui recebido pela agitação da cidade. Pessoas dos mais diversos tipos passavam ao meu lado: mulheres e homens com pouca roupa, instrumentalistas no meio da rua, pessoas se beijando abertamente debaixo de alguma luz...

A liberdade que New Orleans trazia era uma boa visão, mas poderia enganar algum tolo facilmente.

Cheguei no bar e apesar da aglomeração de pessoas, não foi difícil encontrar minha equipe.

Cinco pessoas estavam em torno de uma mesa cheia de garrafas de cervejas e algumas outras bebidas. A primeira coisa que vi foi a cabeleira ruiva de Victória, a anestesista que estava sempre comigo nas cirurgias. Além de muito competente, Victoria é uma mulher muito bela. Eu já havia percebido que James estava investindo nela, mas Victoria nunca iria querer um homem tão libertino como James.

Por falar nele, James era o mais animado da mesa. Estava de pé, e dançava com uma lata de cerveja nas mãos. Ele é considerado um galã no hospital, e era responsável por muitas desilusões amorosas entre as enfermeiras do hospital. Com um porte físico forte e cabelos loiros, James se tornava muito popular em qualquer lugar.

Ao lado dele, estava Laurent. Ele possuía minha idade, e estava no hospital há mais tempo do que eu podia me lembrar. Eu gosto dele, éramos o mais próximo de amigos. Laurent é um cara de pele negra e olhos escuros, olhava divertido para a vergonha que James passava. Ele, ao contrario do colega, não passaria por isso. Laurent é casado com uma bela mulher, e são muito felizes, apesar da escolha de não terem filhos.

Marcus também estava ali, para minha surpresa, ele geralmente não participa de eventos como esse. Ele é mais velho do que, provavelmente. É parente de Aro, e sempre foi muito reservado sobre sua vida pessoal, apesar de ser um cara legal e um ótimo medico.

Ao lado de Marcus estava Riley, e eu observei como Marcus perdia a paciência fácil com o garoto. Riley não está formado a muito tempo, e tem sede de aprender, por isso se voluntariou para a conferência, mesmo sendo apenas para assistir.

— Boa noite – Me aproximei da mesa depois de algum tempo parado apenas observando, me preparando psicologicamente para o restante da noite.

— Dr. Cullen, que surpresa – Victoria sorriu para mim, me estendendo uma cerveja gelada. Pensei em recusar, mas acho que era hora de deixar algum álcool entrar em meu sistema.

— Por favor, Victoria, me chame de Carlisle, não estamos no hospital – Sorri igualmente, pegando a garrafa de suas mãos.

— Você não me deixa chama-lo de Carlisle – James reclamou ao meu lado, obviamente bêbado.

— Você não é uma dama, portanto não preciso ser gentil – Bati minha garrafa na dele ironicamente quando ele fez uma careta para mim.

Era satisfatório jogar com James. Apesar da idade, ele agia como uma criança algumas vezes e se irritava fácil.

— Dr. Cullen parece que nasceu no século passado pelo jeito que fala – Riley riu do outro lado da mesa. Marcus fez uma careta pelo bafo que atingiu seu rosto, afastando a cadeira de Riley.

— Aprenda com ele, Sr. Biers – Disse Marcus – Como vai, Carlisle? Soube que veio de carro, deve ter sido cansativo.

Neguei com a cabeça, bebendo um gole da cerveja, evitando uma careta pelo gosto amargo. Eu definitivamente odiava álcool.

— Imagina, eu gosto de dirigir.

Antes que pudéssemos continuar a conversa, a musica parou, chamando a atenção de todos. Foi quando uma luz focou em uma garota no palco. Nossa mesa era próxima ao palco, e por isso conseguíamos vê-lo claramente.

— Boa noite, espero que todos estejam tendo uma adorável noite – A garota no palco disse, uma voz aveludada e sensual.

Não apenas a voz, ela toda era muito sensual, mas ao encarar seu rosto, me senti culpado pelos meus pensamentos. Dona de longos cabelos castanhos, um rosto delicado e corpo pequeno, ela não deveria ter mais do que dezesseis anos.

Observei meus colegas e percebi que eu não era o único esbabaçado por sua beleza, até mesmo Victoria a encarava de boca aberta.

— Eu me chamo Marie, e é uma honra recebe-los hoje.

Ela sorriu como se estivesse tímida, piscando algumas vezes.

Marie dava a impressão de uma garota tímida e inocente pela forma como mexia a cabeça e as mãos, e a forma como piscava. Claramente fazia parte de uma atuação. Usava um corpete muito justo que não deixava muito para a imaginação, e um minúsculo short, nas cores preto e vermelho, que constatavam com sua pele extremante clara.

Uma melodia sensual começou a tocar, e dançarinas vestidas como Marie apareceram atrás dela. Elas começaram a dançar, mas o foco inteiro estava em Marie, que começou a cantar.

It's what you do
It's what you see
I know if I'm haunting you
You must be haunting me

Sua voz era melodiosa e a musica acompanhava toda a sensualidade da dança. Marie dançou em um pole dance, se equilibrando em cima de saltos muito altos.

My wicked tongue
Where will it be?
I know if I'm onto you
I'm on to you
On to you, I'm on to you
On to you, you must be on to me

Ela desceu do palco e caminhou entre alguns homens, até que colocou seus olhos chocolates sobre mim. Ela sorriu, caminhando em minha direção. Sentou-se em meu colo e cantou próximo de meus ouvidos. Minhas mãos agarraram suas coxas como reflexo, para tira-la de cima de mim. Mas Marie entendeu errado, e achou que eu estava gostando daquilo, continuando a musica, que a letra me dava ainda mais asco.

You want me?
I walk down the hallway
You're lucky
The bedroom's my runway
Slap me!
I'm pinned to the doorway
Kiss, bite, foreplay

Eu poderia gostar, se ela não fosse tão jovem. Me senti nojento quando as mãos delicadas de Marie acariciaram meu peito sobre a camisa.

Porra, Marie provavelmente tem idade para ser minha filha!

It's what we see

I know if I'm haunting you

You must be haunting me

It's where we go

It's where we'll be

I know if I'm onto you, I'm onto you

Ela terminou a musica ainda sentada em meu colo. Seus dedos acariciaram meus cabelos, e ela os agarrou de repente, puxando meu rosto para bem próximo do seu.

— Você gostaria de ir para algum lugar mais calmo? – Ela perguntou. Sua voz era como um convite irrecusável, como se recusar, fosse me fazer sentir-me culpado. Mas eu já estava culpado o suficiente.

— Você entendeu errado. Eu não terei nada com uma garota da sua idade – Respondi, tentando afasta-la de cima mim, mas Marie parecia ser experiente naquilo, e grudou as pernas nas minhas.

— O que quer dizer? – Ela sorriu afetada – Eu tenho vinte e um anos, tenho idade o suficiente.

— Você mente bem, admito, mas não me convence.

Outra musica havia começado, e as dançarinas no palco se dissiparam pelo salão. Notei que James e Riley dançavam com duas delas próximos a nossa mesa, alheios à minha luta interna.

— Que tal subirmos e te mostro minha RG? – Ela perguntou com uma leve pontada de ironia. Notei que não era sua intenção ser irônica, mas talvez fosse mais forte do que ela.

— Eu realmente não...

— Meu chefe quer muito que eu te leve para um quarto. Eu estou pouco me fodendo para o que você irá fazer, mas sei que sentar nessa mesa e beber cerveja barata não está te agradando. Podemos subir? Prometo não te atacar.

Olhei para sua expressão. Marie tentava se manter passiva, mas notei um leve temor em seu olhar. Talvez fosse algo com seu chefe? Suspirei, sabendo que posteriormente me arrependeria da decisão tomada.

— Tudo bem.

Marie sorriu satisfeita e se levantou, me puxando pela mão antes que eu pudesse dizer algo ou mudar de ideia. Não olhei para Victoria ou Marcus, que viram o show inteiro, e a segui.

Marie nos guiou para uma escada que levava para o andar de cima, onde havia um espaço como se fosse um camarote, com pequenas salas abertas que davam visão exclusiva do palco. Mas ela passou reto por elas, e subiu mais um lance de escadas.

No terceiro andar, o som da musica era abafado e quase não se ouvia. Um corredor largo e extenso nos recebeu, cheio de portas, e apesar de eu ter uma noção do que acontecia dentro dali, nada se ouvia.

Marie abriu a terceira porta do lado direito e entrou, trancando-a quando eu passei por ela.

O quarto era grande. Possuía uma cama redonda no centro, com lençóis de cetim vermelho, e um dossel com tecido que caia como um véu nas laterais da cama. Eu não podia dizer com clareza se havia alguma janela, pois todas as paredes possuía cortinas igualmente vermelhas, e as luzes que vinham do teto compartilhava da mesma cor do restante do quarto.

Eu nunca havia entrado em um quarto de boate, mas era exatamente assim que imaginei que seria. Apesar do vermelho gritante em cada canto, não chegava a ser brega.

Saí de meus devaneios quando senti Marie me abraçar por tras. Suas mãos habilidosas encontraram os botões de minha camisa e as abriu com facilidade, descendo para uma área mais perigosa. Antes que ela tocasse em minha calça, eu segurei suas mãos e me virei para ela.

Marie me encarava com um sorriso conquistador.

— Eu disse que não faria nada com você.

— Isso foi na frente dos seus amigos. Aqui, estamos só nós dois. Depois você pode dizer que só conversamos – Ela riu, irônica, aproximando o rosto do meu peito, a língua para fora deixava clara suas intenções, mas novamente, eu a segurei.

— Não, Marie, não tem nada a ver com meus amigos. Eu tenho uma filha da sua idade, nunca poderia ter nada com você sem me sentir nojento – Esclareci.

Marie me encarou duvidosa, até que pareceu se conformar. Se afastou de mim, e cruzou os braços, me olhando furiosa.

— Você ainda precisa me pagar, eu poderia estar com outros clientes.

Assenti, mesmo que estivesse irritado. Pensar em Marie com outros homens me irritava, e me surpreendi por esse sentimento. Não era algo malicioso, Deus que me livre, mas eu realmente via aquela pequena garota como minha filha.

Marie me lembrava Bree de uma forma que ninguém jamais fez.

— Ok, quanto é a sua hora? – Perguntei, pegando minha carteira.

— Depende, quanto você quer me dar? – Ela sorriu interesseira, se sentando sobre uma poltrona (vermelha, claro) no canto do quarto.

Revirei os olhos e retirei da carteira trezentos dólares. Os olhos de Marie brilharam, e ela saltitou até mim, arrancando as notas antes mesmo que eu estendesse para ela. Encarou o dinheiro com um sorriso, e o guardou dentro do sutiã.

— Muito obrigada pela sua generosidade... qual é o seu nome mesmo?

— Carlisle Cullen – Respondi, me sentando no sofá próximo a parede – Agora me diga, qual é a sua verdadeira idade?

Marie abandonou o sorriso e me olhou irritada.

— Porra, seu disco está ralado? Eu já disse que tenho vinte e um, que saco.

— Eu sei que não tem – Revirei os olhos – Acho que depois desse dinheiro gordo, eu mereço pelo menos saber disso.

— Dinheiro gordo? – Ela riu irônica – Trezentos dólares eu consigo fácil em uma noite. Nem todos homens de Armani são autênticos como você, e a maioria não se importa em foder uma novinha, na verdade isso só aumenta o tesão.

Tentei não mostrar para ela como suas palavras agressivas me afetaram. Imaginei o tipo de vida que ela levava, e provavelmente não era fácil. Ninguém escolhia essa vida por hobbie.

— Eu tenho dezessete anos – Ela respondeu depois de alguns minutos em silencio. Ergui meu olhar novamente para ela, a observei se sentar e tirar as sandálias dos pés, apreciando vê-los livres.

— Você é uma criança ainda – Murmurei, chocado. Eu imaginei que ela fosse menor de dezoito anos, mas a realidade era ainda mais forte do que a imaginação.

— Eu posso ser muitas coisas, menos uma criança – Ela me olhou feio.

— Marie é seu nome verdadeiro?

Ela riu, me encarando.

— Claro que não. Eu não sou idiota.

Fiquei quieto, não havia nada do que eu pudesse dizer. Me incomodava e muito saber que ela mesmo tão nova, levava aquela vida. Meu coração doeu. Acho que meu subconsciente a associava com Bree, e eu nunca aceitaria que minha garotinha vivesse daquela forma.

Eu conseguia ver que mesmo sendo tão jovem, Marie não carregava a inocência que a maioria das garotas de sua idade possuíam.

— Vai ficar me encarando? – Ela me perguntou acusatória, e só então notei que eu não tirara meus olhos dela – Dessa forma eu vou achar que você quer alguma coisa comigo – Sorriu galanteadora.

— Estou apenas pensando na minha filha. Ela tem sua idade – Respondi – E me incomoda que você viva assim.

Assim? ­– Marie riu irônica – Sinto muito, Carlisle, se nem todo mundo teve uma vida de ouro. New Orleans pode parecer mágica, mas para muitas pessoas é um inferno.

— Imagino...

— Imagina? Eu acho que não. O que você é? Um engenheiro? Médico? Publicitário?

— Médico – Sorri para ela. Marie era uma ótima adivinhadora.

Eu imagino a sua vida. Regada de dinheiro, com uma ótima esposa, filhos que foram bem-educados, que estudaram em escolas prestigiadas... estou certa?

— Sim – Suspirei. É, eu não conseguia imaginar a vida de Marie, e isso era o pior – Há quanto tempo você... está nessa vida?

Marie pareceu levemente surpresa com a minha pergunta.

— Acredite, doutor, você não vai querer saber. Não quero estourar essa bolha que você vive.

Ela sorriu. Seus olhos fixaram em um ponto na parede acima de mim, e acompanhei seu olhar, vendo que ali estava um relógio.

— Nosso tempo acabou. A conversa foi boa, doutor – Ela tornou a calçar as sandálias e caminhou até o espelho, bagunçando os cabelos – Mas faça o favor, e volte logo para o lugar de onde você saiu.

Marie me deu um ultimo olhar e saiu do quarto, me deixando atormentado com os pensamentos sobre ela.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e não se esqueçam de comentar ♥



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