Light In Darkness escrita por Chibi Anne


Capítulo 2
Bancando o herói!


Notas iniciais do capítulo

Termos utilizados:

Arigatou - Obrigado

Nii-san - Irmão mais velho.

Shinai - Espada feita de madeira, geralmente usada para treinos.



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Hao foi para a cidade. O garoto desviava por entre os buracos da conturbada cidade tranqüilamente, e também de todas aquelas pessoas que andavam por lá atropelando umas às outras. Havia escutado sobre a construção de um grande Shopping naquela região. Porque os shoppings atraem turistas! E turistas trazem o quê ?



O maldito dinheiro.” – Pensou ele, enquanto caminhava tranqüilamente pelas ruas. Entrou na doceria com o intuito de deixar lá toda a sua pouca mesada e a do pobre irmão.



- Uhn... moça... eu gostaria de algumas barras de chocolate e algumas balas... será que pode pegar pra mim? – Disse com calma, e a moça no balcão arqueou as sobrancelhas, olhando-o.



- Mas por que você não pega, garoto? Você está tão acostumado a vir aqui, sabe que estão bem à sua frente, não se faça de cego!- Disse em um tom de brincadeira.



Provavelmente é uma funcionária nova...” – Pensou com ele mesmo. – Ah claro, como pude não enxergá-las?- Deu um gostoso riso e pegou algumas das barras. – Sabe...eu estava aqui pensando, já que venho aqui há tanto tempo, você podia me ceder duas ou três barras de chocolate e as balas... não é que eu não vá pagar...- começou com aquele joguinho, sempre dava certo!- ...é que eu só não tenho todo o dinheiro agora...e eu queria muito levar pro meu irmãozinho mais novo! Ele não fica sem doces, tem uma doença, coitado!



- Ahn... eu não posso ceder essas coisas assim... mas o que o seu irmão tem é muito grave...? – Perguntou com um mínimo de preocupação.



Heh...essa foi mais fácil de levar no papo que a última.” – Quase deixou escapar um sorriso quando abaixou o rosto, mas não o fez. Ao invés disso mostrou-se triste, desolado...- Ele não pode passar mais que um dia sem comer um doce, ou ele fica louco, começa a destruir tudo na casa... mamãe sempre me pede pra comprar, mas ultimamente andamos sem muito dinheiro... o pouco que eu tenho era pra comprar a janta de hoje..- Mexia o pézinho sem olhar para ela. Era infalível!



- Ah... pensando bem pode levar tudo sem pagar... bem... como é seu nome mesmo? – Perguntou ao garotinho enquanto embalava as coisas.



- Meu nome... é Hao, moça. – Disse sorridente quando pegou à sacola em cima do balcão. – E você acaba de fazer o meu irmão muito feliz! Arigatou!- Disse animado e saiu de lá com um risinho maldoso. A mulher por sua vez apenas ficou a olhar como se tivesse feito a boa ação do dia. Somente dias mais tarde descobriria que Hao era o garoto de que todos falavam na vizinhança. O garoto bom de papo que enganava qualquer um com suas ladainhas! O garoto mais persuasivo que conheceria em toda a sua vida. E só tinha 10 anos!



Saiu caminhando tranqüilamente pela cidade. Agora voltaria para casa, já estava com seu estoque de doces para o mês inteiro e não teria que voltar para a cidade tão cedo, a não ser que sua avó o mandasse fazer as compras. Colocou uma das mãos dentro daquela sacola de doces e retirou uma saudosa barra de chocolates, a qual desembalou com maestria, e continuou comendo enquanto caminhava.



- Vamos, passa tudo o que tem aí, gracinha! – Ouviu uma voz dizer, não muito longe dali.



- É isso mesmo! Eu to vendo que cê ta cheia de sacolas, ae!Vai, passa essas compras e o dinheiro, AGORA. – O outro disse. Eram quatro garotos no total. Deviam ter por volta de seus 15 ou 16 anos pela estatura e os pêlos na cara.



- E se eu não quiser...?-Disse de maneira cortante, olhando para os dois que estavam mais à frente. Imediatamente os quatro recuaram um passo com aquele olhar. Mas que diabos! Estavam armados com canos e pedaços de madeira e estavam com medo de uma garotinha de dez anos, no máximo?!



- Você não ta em condição de exigir nada, sacou?! Cê só tem que ser boazinha e assim não se machuca, mano! – O que aparentava ser mais velho, aproximou-se mais um passo, estalando a corrente na mão. Aquele era grande e gordo. Todos usavam toucas que cobriam o rosto, e roupas jeans, pareciam uma espécie de gangue.



- A mãe de vocês nunca ensinou que em uma dama não se bate nem com uma flor...?- Uma imensa sombra dizia da entrada do beco. Inicialmente os garotos se assustaram, mas ao verem que não passava de um garotinho de calça verde larga, all stars laranjas, uma camisa com o desenho de uma estrela vermelha e óculos de mesma cor, apenas riram.- O que é TÃO engraçado...?- Perguntou com calma enquanto mastigava a barra de chocolate, com a outra mão simplesmente segurando as compras.



- Você é engraçado...- A garota disse a fazer um negativo com a cabeça. – Você não deve ter mais idade que eu e quer bancar o herói...? Faça-me o favor. – Revirou os olhos e tornou a olhá-lo. Quem era aquele garoto...? Por que havia aparecido ali, justo naquele momento...? Fosse o que fosse era melhor que soubesse defende-la.



- Ela tem razão, tampinha! Você vai apanhar, e feio! Pra aprender o seu lugar!- Um deles foi avançando na direção de Hao. O garoto apenas abriu um sorrisinho e deu meio passo, girando o corpo num ângulo de noventa graus. Foi o suficiente para que o garoto se espatifasse contra um lixo, e ele apenas riu.



- Vamos ver quem é que vai apanhar feio aqui...-Abriu um sorrisinho sarcástico e ergueu o rosto naquela direção.



-Grrrrr! O que estão esperando pra esmagar esse tampinha?! PEGUEM-NO!- O mais velho disse com uma veia saltando na testa. Mas ele mesmo apenas viu os três caírem diante das esquivas perfeitas que aquele garotinho fazia.



E não é que ele é bom mesmo...?” – A garotinha loura pensava, enquanto segurava firmemente as compras. Viu a situação inverter-se e todos os garotos ficarem ao lado oposto do dela, enquanto aquele misterioso garoto tomava à sua frente. Apenas sorriu para ela e estendeu-lhe as compras.



- Pode segurar pra mim? Vai ser melhor brigar sem isso aqui nas mãos...



- Quero ver se não vai fazer feio...-Disse a olhaálo de modo cortante. Por que seu olhar não o afetava? Talvez não pudesse ver por causa dos óculos. Apenas segurou as compras dele e pegou um dos chocolates, começando a comê-lo enquanto via o espetáculo sem muito interesse.



- Não farei!- Disse completamente seguro de si e estendeu uma das mãos para frente, fazendo sinal para que viessem os quatro de uma vez. Claro que aquilo foi o suficiente para irritá-los, e o garoto bateu as correntes com força numa lata que havia ali, derrubando-a e espalhando o lixo. Hao franziu o cenho ao ouvir aquele barulho e recuou alguns passos.



-O que foi? A mocinha ficou com medo do barulhinho, é?- Bateu as correntes sobre mais algumas latas, e Hao levou inevitavelmente as mãos até as orelhas, tapando-as como se aquele barulho fosse ensurdecedor.- Aproveitem para pegá-lo agora que está desprotegido!- Ordenou enquanto continuava a bater as correntes ali.



O que houve com ele...? Há poucos minutos atrás lutava tão bem, mas o barulho o incomoda tanto assim?”- A garota tentava tirar alguma conclusão daquilo tudo, mas parecia impossível.



Bateram no garoto sem dó. O chutavam e batiam com o cano, porém no momento em que o barulho das correntes cessou e o garoto mais velho se aproximou dando um sorrisinho, Hao apenas esperarou o momento o oportuno – momento em que o garoto tentou bater-lhe com as correntes – para esquivar-se. Parou de pé próximo de um dos garotos e puxou um dos canos. – Mas o quê...?- O garoto mais velho disse arregalando ligeiramente os olhos. – Esse moleque...! Acabem com ele!



- Você cometeu um grande erro se metendo comigo...- Os óculos, já com as lentes quebradas, revelavam um brilho estranho... opaco, talvez. – E um erro ainda maior... por se meter com uma dama...- Empunhou o cano como se fosse uma espada, e os outros ficaram olhando para ele.



- Er... chefe... será que não é melhor deixar pra lá...?



- E você se deixar apanhar por um garotinho dessa idade?! Seus frouxos, ataquem logo ele!



-A-ahn... sim, chefe!- Disseram rapidamente, atacando o garoto, que apenas sorriu.



Os movimentos dele eram simplesmente... fantásticos... Esquivava-se dos ataques com agilidade e contra-atacava rapidamente, atingindo-os com certa força. Ao derrubar os quatro, apenas parou na frente de Anna. – Vai dar tudo certo, heh!- Sorriu para ela.



Por que ele fala desse jeito? Por que ta me protegendo como se eu fosse alguém importante? Ele nem me conhece... que patético.” – Balançou negativamente a cabeça enquanto o olhava. – Você vai demorar muito pra acabar? Eu tenho que levar essas compras pra casa.- Falava de maneira fria. Sempre fria, Hao parecia ignorar completamente, principalmente aquele olhar.



- Mas que droga! Esse garotinho ta dando uma surra na gente!- O garoto mais velho tornou a se erguer, assim como os outros. – Vamo acabá logo com isso, gente!



- Quem vai acabar logo com isso, sou eu...-Abriu mais aquele sorrisinho e voltou a empunhar o cano como se fosse um espadachim. Estava pronto para partir pra cima deles, quando o barulho infernal das obras do Shopping começou ali. Parou naquele mesmo instante, segurando o cano firmemente com as mãos. Era como se os procurasse ao mesmo tempo em que tentava livrar-se daquele barulho infernal.



- Ah... então o garotinho não suporta MESMO o barulho. – Deu ênfase à palavra “mesmo” enquanto encarava Hao com um sorrisinho. – Gente, vamo fazê bastante barulho e acabar com esse moleque!



Começaram a bater as coisas com força nas paredes, latas de lixo, tudo o que fizesse o máximo de barulho possível.



- Parem! Parem com esse barulho!- Levou ambas as mãos até as orelhas na tentativa de aliviar todo aquele som, mas foi em vão. Começaram a partir para cima de dele, atacando-o sem dó. Continuavam a bater nele e a loirinha apenas arregalou os olhos.



-Por que é que você não reage?! Por que você não faz nada?! Seu idiota!- A loirinha dizia enquanto olhava para Hao, por que ele não fazia nada...?



-Porque ele não pode.- Uma voz veio da entrada do beco. Um outro garoto muito semelhante a Hao estava parado ali. Segurava uma shinai nas mãos e olhava sério naquela direção.- Deixem o meu nii-san em paz e saiam daqui. Assim evitaremos lutas desnecessárias.- Disse o garoto da entrada do beco, ele tinha um semblante de paz que não o abandonava nunca...



- Yoh...eu não preciso que me defenda...- Hao murmurou baixinho tentando erguer-se, mas foi impedido por um pé em suas costas que deu-lhe um pisão com força.



- Cê fica aí na sua, mano! Quantos pirralhos eu vo te que deita hoje, hein?! - O mais velho disse a olhar na direção de Yoh.



"Yoh...? Foi dele que a vovó me falou há algum tempo atrás...É com ele que eu vou ter que me casar?"
- Espero que você seja melhor que o seu irmão. - Revirou os olhos e olhou de canto para Hao. Mantinha sempre aquela seriedade e aquela frieza.



- Não vai ferir o Hao olhando para ele desse jeito. - Yoh apenas abriu um sorrisinho calmo para Anna. - Eu queria tanto evitar as batalhas, mas acho que vai ser impossível...Se agredir, será agredido de volta...- Fechou os olhos e deu um longo suspiro.



- Cala essa boca, seu pirralho! - E os quatro foram atacar Yoh, sem sucesso. O garotinho não era tão ágil quanto o outro, mas tinha um ataque muito mais firme, além da precisão. Acertou a todos em pontos que os fizeram cair de imediato, mas fez uma careta ao notar um pequeno corte em seu rosto, provavelmente causado por um acerto com as correntes.



- Se o vovô visse isso, ia me matar! - Riu-se olhando para Hao. - Vocês dois estão bem? - Foi correndo até o irmão para ajudá-lo a sentar-se. Hao por sua vez, bateu com as costas da mão sobre a mão de Yoh.



- Me deixa em paz! - Disse com rispidez, baixando o rosto.



- Nii-san...- Yoh apenas suspirou pesadamente, mas logo sorriu de modo doce para Anna. - Você tá bem, né?



- Não graças a ele. - Olhou de canto para Hao. - Tanto faz...- Jogou a sacola para Yoh e apenas saiu caminhando dali, mas parou na entrada do beco. - Obrigada...aos dois. - Sumira então de vista e Yoh sorriu bobamente, acenando.

- Ela já foi...? - Hao perguntou por fim, ajeitando os óculos quebrados, que já não teriam conserto.



- Já sim, nii-san...como você está? - Disse a ajeitar as compras ali, e pegou uma das balas.



- Estou dolorido, mas acho que posso andar... - Suspirou pesadamente, fechando os olhos.



- Não de culpe por isso. - Yoh colocou o irmão sobre as costas, mesmo tendo ouvido que ele poderia andar, e pegou as compras, levando-as consigo. - Se for pra culpar alguém, culpe a mim...



- Idiota...- Disse a apoiar o rosto sobre o ombro de Yoh, e assim voltaram para casa, em pleno silêncio.


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Notas finais do capítulo

Esse é o segundo capítulo, um pouco mais longo que o primeiro xD

Acho que nesse capítulo já se explicam algumas coisas, mas no próximo já devem rolar algumas descobertas sobre o Hao e o Yoh. Ainda vai ter uma parte sobre o passado dos dois, mas não sei se ficará no capítulo 3, veremos xD

Btw, até o próximo capítulo.



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